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REGIOES DO ABDOME A divisão mais utilizada é a que divide o abdome em quatro quadrantes e nove regiões. A divisão em quadrantes é feita traçando-se duas linhas, vertical e horizontal, perpendiculares, na cicatriz umbilical Formam-se: quadrante superior direito, quadrante superior esquerdo, quadrante inferior direito e quadrante inferior esquerdo Já as nove regiões são: hipocôndrios direito e esquerdo; flancos (ou lateral) direito e esquerdo; fossas ilíacas (ou inguinal) direita e esquerda; epigástrio; mesogástrio ou região umbilical, e hipogástrio. INSPECAO DO ABDOME É preciso boa iluminação, desnudamento da região, conhecimento de suas características normais e projeção dos órgãos na parede abdominal. Semiologia Abdominal Por: Tárcila Lorrane Fernandes de Souza Soares – UFSB, 2021 - @irmas.named Deve-se investigar, lesões, coloração da pele, presença de estrias, manchas hemorrágicas, distribuição dos pelos, observar a existência de diástase (afastamento) dos músculos retos anteriores e hérnias. Para observar a diástase ou hérnias, realizar a manobra: estando o paciente em decúbito dorsal, pede-se a ele para contrair a musculatura abdominal, seja elevando as duas pernas estendidas, seja levantando do travesseiro a cabeça, sem mover o tórax. Investigar forma e volume do abdome, cicatriz umbilical, abaulamentos ou retrações localizadas, veias superficiais, cicatrizes e movimentos. Tipos de abdome - Abdome normal ou atípico: simétrico e levemente abaulado. - Abdome globoso ou protuberante: globalmente aumentado, com predomínio nítido do diâmetro anteroposterior sobre o transversal. Observado na gravidez avançada, ascite, distensão gasosa, obesidade, obstrução intestinal. - Abdome em ventre de batráquio: estando o paciente em decúbito dorsal, observa- se franco predomínio do diâmetro transversal sobre o anteroposterior. Pode ser observado na ascite em fase de regressão e é consequência da pressão exercida pelo líquido sobre as paredes laterais do abdome. - Abdome pendular ou ptótico: estando o paciente de pé, as vísceras pressionam a parte inferior da parede abdominal, produzindo neste local uma protrusão. Sua causa mais comum é a flacidez do abdome no período puerperal. Ocorre, também, em pessoas emaciadas cuja parede abdominal tenha perdido sua firmeza. - Abdome em avental: comum em obesidade de grau elevado, por acúmulo de tecido gorduroso na parede abdominal. A parede abdominal pende como um avental sobre as coxas do paciente. - Abdome escavado (escafoide ou côncavo): parede abdominal retraída. Próprio de pessoas emagrecidas, portadoras de doenças como neoplasias do sistema digestivo. Cicatriz umbilical É normalmente plana ou retraída. Importante valor se encontrar uma protrusão que geralmente indica hérnia ou acúmulo de líquido nessa região. SINAL DE CULLEN: equimose periumbilical, resultante de hemorragia retroperitoneal. Pode surgir na pancreatite aguda e na ruptura de gravidez ectópica. SINAL DE GRAY-TURNER: Equimose dos flancos. Pode ocorrer na pancreatite necro- hemorrágica e indica grave comprometimento da víscera. Abaulamentos ou retrações localizadas Torna o abdome assimétrico. As principais causas são: hepatomegalia, esplenomegalia, útero gravídico, tumores no ovário e útero, retenção urinária, tumores renais. O dado semiológico fundamental é a localização. Veias superficiais O padrão venoso superficial é pouco perceptível, se as veias ficarem visíveis, pode-se caracterizar circulação colateral (circulação onde há comunicação (anastomose) entre artérias e veias entre si que, servem como desvio para o fluxo sanguíneo, ou seja, são canais opcionais de fluxo sanguíneo). Movimentos Três tipos de movimentos podem ser encontrados no abdome: movimentos respiratórios, pulsações, e movimentos peristálticos. MOVIMENTOS RESPIRATÓRIOS: Normalmente, sobretudo em homens, observa-se movimentos respiratórios no andar superior do abdome, caracterizando a respiração toracoabdominal. Esses movimentos costumam desaparecer nos processos inflamatórios do peritônio que se acompanham de rigidez da parede abdominal. Nas afecções dolorosas do andar superior do abdome também se inverte a forma da respiração, a qual passa a ser puramente torácica, como no sexo feminino, em condições normais. PULSAÇÕES: Podem ser observadas (e palpadas) no abdome de pessoas magras e quase sempre refletem as pulsações da aorta abdominal. Quando há hipertrofia do ventrículo direito, podem surgir pulsações na região epigástrica. Os aneurismas da aorta abdominal provocam pulsações na área correspondente à dilatação. MOVIMENTOS PERISTÁLTICOS VISÍVEIS: Movimentos peristálticos visíveis indicam obstrução em algum segmento do tubo digestivo; por isso, ao encontra-los, o examinador deve analisar as duas características semiológicas que orientam o raciocínio diagnóstico: a localização e a direção das ondas peristálticas. AUSCULTA É importante realizar a ausculta abdominal, antes da percussão e da palpação, pois, estas podem estimular o peristaltismo e encobrir uma hipoatividade dos ruídos hidroaéreos. Em condições normais, ocorrem mais ou menos a cada 5 a 10 s ruídos de timbre agudo, de localização variável e de aparecimento imprevisível, decorrentes da movimentação dos líquidos e gases contidos no trato gastrintestinal. Nos casos de diarreia e de oclusão intestinal, os ruídos hidroaéreos tornam- se mais intensos em função do aumento do peristaltismo e são denominados borborigmos. O contrário ocorre no íleo paralítico, síndrome caracterizada pelo desaparecimento do peristaltismo intestinal. PERCUSSAO Pode-se observar os seguintes sons: timpanismo, hipertimpanismo, macicez e submacicez Som timpânico: presença de ar em uma víscera oca. Em condições normais é percebido em quase todo o abdome, porém é nítido no espaço de traube (projeção do fundo do estômago). Hipertimpanismo: aumento da quantidade de ar nos segmentos digestivos (gastrectasia, meteorismo, obstrução intestinal, pneumopertiôneo). Som submaciço: menor quantidade de ar ou superposição de uma víscera maciça sobre uma alça intestinal. Som maciço: ausência de ar, observado nas áreas de projeção do fígado, baço e útero gravídico. Ascite: abdome com aspecto globoso devido à grande quantidade de líquido (+/- 1500 ml), aumento da resistência da parede abdominal, cicatriz umbilical plana ou protusa. O dado semiotécnico essencial é obtido pela percussão de piparote. Com o paciente em decúbito dorsal, o examinador instrui para que ele posicione a região ulnar da mão sobre a linha mediana do abdome, o examinador se coloca do lado direito e repousa a mão esquerda no flanco esquerdo. Golpeia-se com o indicador a face lateral do hemiabdome direito, se houver líquido em quantidade suficiente na cavidade peritoneal, a mão esquerda captará os choques das ondas líquidas. Quando o sinal de piparote é negativo, utiliza-se a técnica denominada pesquisa de macicez móvel. A primeira etapa consiste em percutir todo o abdome. Este procedimento possibilita a determinação de macicez nos flancos e som timpânico na parte média do abdome, o que levanta a suspeita de haver uma determinada quantidade de líquido na cavidade peritoneal. Posiciona-se o paciente em decúbito lateral direito e percute-se todo o abdome; havendo ascite, encontra-se timpanismo no flanco esquerdoe macicez no flanco direito. Em seguida, o paciente adota o outro decúbito lateral, percutindo-se de novo todo o abdome; se, de fato, houver ascite, o resultado desta percussão será o contrário do obtido na etapa anterior da manobra, ou seja, haverá timpanismo no hemiabdome direito e macicez no esquerdo. PALPACAO Realiza-se com o paciente em decúbito dorsal, com a técnica da mão espalmada. Objetiva avaliar o estado da parede abdominal, explorar a sensibilidade abdominal, reconhecer as condições anatômicas das vísceras e detectar alterações de consistência. A palpação sistemática é feita em quatro etapas: palpação superficial, palpação profunda, palpação do fígado, do baço e de outros órgãos, manobras especiais. Palpação Superficial Investiga a sensibilidade, a resistência da parede, a continuidade da parede abdominal, as pulsações e o reflexo cutâneo-abdominal. SENSIBILIDADE: Passar de leve ou roçar a parede abdominal com objeto pontiagudo, se a manobra despertar dor, existe hiperestesia cutânea. Pontos dolorosos: os principais são: pontos gástricos, ponto cístico ou biliar, ponto apendicular, ponto esplênico e pontos ureterais. - Pontos gástricos: ponto xifoidiano e epigástrico. Dor no ponto xifoidiano é observada na cólica biliar e afecções do esôfago, estômago e duodeno (esofagites, úlceras e neoplasias). O ponto epigástrico é sensível nos processos inflamatórios do estômago (gastrite), ulcerosos e tumorais - Ponto biliar ou cístico: ao se comprimir o local, pede-se ao paciente para respirar profundamente. Assim, o diafragma fará o fígado descer, fazendo com que a vesícula biliar alcance a extremidade do dedo que está comprimindo a área. Na colecistite aguda, essa manobra desperta dor inesperada que obriga o paciente a interromper subitamente a inspiração. Esse ocorrido chama-se sinal de Murphy. - Ponto apendicular: quando se suspeita de apendicite aguda esse comprimi-se o lado oposto a esse ponto, fazendo pressão progressiva, lenta e contínua, procurando-se averiguar se isso causa sensação dolorosa (sinal de Rovsing). Sinal de Blumberg: dor que ocorre à descompressão brusca da parede abdominal RESISTÊNCIA DA PAREDE ABDOMINAL Normalmente possui resistência de um músculo descontraído Se encontrar musculatura contraída, deve-se preocupar em diferenciar em voluntária e involuntária Para cessar a contração voluntária, desvia-se a atenção do paciente (conversar, respirar profundamente, flexionar as pernas). A contratura muscular involuntária obedece a um reflexo visceromotor que se origina no peritônio inflamado (peritonite) CONTINUIDADE DA PAREDE ABDOMINAL Deve-se avaliar a continuidade da parede abdominal deslocando-se a mão que palpa por toda a parede e, ao encontrar uma área de menor resistência, tenta-se insinuar uma ou mais polpas digitais naquele local. Desse modo, é possível reconhecer diástases e hérnias. A diástase dos músculos retos consiste na separação desses músculos, quer abaixo ou acima da cicatriz umbilical, sendo possível insinuar-se um ou mais dedos entre eles. Quando o paciente está de pé e faz esforço, uma porção do intestino penetra pela abertura. Hérnias são alterações da parede abdominal caracterizadas por haver, em alguma parte, uma solução de continuidade por onde penetram uma ou mais estruturas intraabdominais. Há tumefação na região da hérnia, e, à palpação, consegue-se reconhecer o orifício ou a área da parede abdominal. Deve-se pedir ao paciente que tussa, observando-se as regiões inguinal, umbilical e femoral. Os tipos mais comuns de hérnia são inguinal, femoral ou crural, escrotal, umbilical, ventrolateral e incisional. PULSAÇÕES As pulsações da parede abdominal podem ser visíveis e palpáveis, ou apenas palpáveis, e representam a transmissão à parede de fenômenos vasculares intra-abdominais Dados essenciais: localização e características táteis da palpação As pulsações epigástricas podem ser a transmissão das contrações do ventrículo direito hipertrofiado ou pulsações da aorta abdominal. Palpação profunda Em condições normais não se consegue distinguir o estômago, o duodeno, o intestino delgado, as vias biliares e os cólons ascendente e descendente, ao passo que o ceco, o transverso e o sigmoide são facilmente palpáveis. O encontro de órgãos, massas palpáveis ou “tumorações” obriga o examinador a analisar as seguintes características: localização, forma, volume, sensibilidade, consistência, mobilidade e pulsatilidade. Palpação do fígado: Paciente em decúbito dorsal. Palpar o hipocôndrio direito, o flanco direito e o epigástrio, partindo do umbigo até a reborda costal. Na palpação junto à reborda, a mão esquerda se posiciona no dorso a nível do rim, a mão direita do examinador na inspiração comprime e movimenta-se para cima para palpar a borda hepática. Outra forma é o examinador se posicionar à direita do tórax do paciente e com as mãos paralelas no hipocôndrio direito e com os dedos em forma de garra, tenta-se palpar o fígado na inspiração profunda. - Hepatomegalia: Aumento do volume hepático. As causas mais frequentes são: insuficiência cardíaca direita, cirrose, hepatite, neoplasias etc. Palpação do baço: Examina-se o quadrante superior esquerdo fazendo a mesma manobra descrita para a palpação do fígado. O examinador deve posicionar a mão esquerda na porção posterolateral e inferior do tórax esquerdo do paciente, em seguida iniciar a palpação com as polpas digitais a partir da região periumbilical em sentido diagonal esquerdo, até o hipocôndrio esquerdo, tentando notar o baço na inspiração profunda. Caso não consiga, pode-se optar pela posição de Schuster: decúbito lateral direito; com a perna direita estendida e a esquerda fletida, eleva-se o braço esquerdo sobre a cabeça; realiza-se a palpação da mesma forma.
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