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PSICOPATOLOGIA-E-JUSTIÇA

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2 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 4 
2 A Psicologia Jurídica como interface entre Psicologia e Direito .................. 5 
3 CRIME ........................................................................................................ 6 
3.1 Culpabilidade ........................................................................................ 8 
3.2 Imputabilidade, Semi-imputabilidade e Inimputabilidade .................... 10 
4 PSICOPATOLOGIAS ................................................................................ 12 
4.1 A Sociopatia x a Psicopatia ................................................................ 13 
4.2 Psicopatia e sociopatia: distinções ..................................................... 14 
4.3 Ramificações dos transtornos de personalidade antissociais: 
assassinos em massa versus assassinos em série ............................................... 15 
4.4 Transtornos de personalidade antissociais, início na tenra idade ...... 15 
4.5 Transtornos de personalidade antissociais: fatores biológicos ........... 16 
4.6 Transtornos de personalidade antissociais: fatores psicossociais ..... 17 
5 PSICOPATA CRIMINOSO ........................................................................ 18 
5.1 Perfil dos psicopatas e transtornos de personalidade ........................ 20 
5.2 Identificando um Psicopata ................................................................ 21 
5.3 Possíveis causas ao desencadeamento da psicopatia ...................... 22 
5.4 Classificação dos psicopatas ............................................................. 24 
5.5 Serial Killer ......................................................................................... 28 
5.6 O conceito e definições de Psicopata e Psicopatia sob a ótica dos 
psiquiatras e psicólogos......................................................................................... 29 
6 O SISTEMA JURÍDICO BRASILEIRO E A PSICOLOGIA ........................ 32 
6.1 Classificação Jurídica da psicopatia ................................................... 34 
6.2 Psicopatia – estudo multidisciplinar – psicologia forense ................... 35 
6.3 Psicopatia no direito penal brasileiro .................................................. 37 
 
3 
 
6.4 Imputabilidade penal do psicopata no ordenamento jurídico brasileiro
 39 
6.5 O enquadramento do criminoso psicopata na legislação penal brasileira
 40 
6.6 Tratamentos dado pelo ordenamento jurídico a psicopatia ................ 44 
6.7 Tratamento específico a psicopatia .................................................... 46 
6.8 Meios de tratamentos utilizados ......................................................... 46 
6.9 Laudos psicológicos ........................................................................... 49 
6.10 Adaptações à sociedade ................................................................. 51 
7 BIBLIOGRAFIA ......................................................................................... 55 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
1 INTRODUÇÃO 
Prezado aluno! 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - 
um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é 
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a 
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas 
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em 
tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que 
lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
2 A PSICOLOGIA JURÍDICA COMO INTERFACE ENTRE PSICOLOGIA E 
DIREITO 
 
 
 
 
 
 
Fonte: cambury.br 
A Psicologia Jurídica é definida a partir da aplicação dos conhecimentos 
científicos da Psicologia junto a agentes ou clientela de instituições relacionadas à 
aplicação e/ou execução de leis, abrangendo, portanto, o estudo, as técnicas e 
práticas vinculadas a temas específicos do universo jurídico. O estudo desenvolvido 
na área da Psicologia Jurídica deve possuir uma perspectiva psicológica que resultará 
num conhecimento específico, este vinculado ao Direito e à aplicação da lei, conforme 
OLIVEIRA H; (2011). 
 Nesse esforço pode, no entanto, valer-se de todo o conhecimento produzido 
pela ciência psicológica como forma de buscar responder aos questionamentos 
jurídicos. Há a necessidade da atuação da Psicologia Jurídica sempre que aspectos 
psíquicos ou psicológicos forem suscitados ou como fatos jurídicos ou como 
fatores de extinção, modificação ou constituição da convicção acerca da conduta 
sub judice, conforme OLIVEIRA H; (2011). 
 
 
 
6 
 
São diversas as áreas de aplicação da Psicologia Jurídica, as quais se 
destacam: Infância e Juventude (adoção, casos de negligência paterna, infrações, 
medidas socioeducativas); Família (separação, casos de paternidade, disputa de 
guarda, acompanhamento de visitas); Testemunhas (falsas memórias, proteção); 
Cível (interdições, indenizações, dano psíquico); Policial(seleção e formação, 
atendimento psicológico); Direito Penal (perícia, insanidade mental, delinquência); 
Penitenciárias (penas alternativas, intervenção junto aos reeducandos, egressos 
e agentes de segurança) e Mediação (sequestros) , conforme OLIVEIRA H; (2011). 
3 CRIME 
 
Fonte: unidaspelaeducacao.com 
Inicialmente, convém tratarmos especificadamente do conceito de crime, do 
ponto de vista formal, crime seria “toda conduta descrita na lei e sujeita a uma pena”. 
Este conceito é utilizado por todo o direito penal, e sujeita-se a vários princípios, tais 
como a anterioridade e a legalidade. Desta forma “não há crime sem lei anterior que 
o defina e nem pena sem prévia cominação legal, conforme DUARTE T; (2018). 
Já do ponto de vista material, “seria a lesão ou ameaça de lesão a um bem 
jurídico relevante para o corpo social, como a vida, a integridade física, honra e 
outros”. Entretanto, tais conceitos são insuficientes para a dogmática penal, uma vez 
que esta necessita de um conceito analítico, que ponha à mostra os aspectos 
 
7 
 
essenciais e estruturais do crime. Neste sentido, crime seria a ação típica, ilícita e 
culpável, conforme DUARTE T; (2018). 
Assim, a base estrutural do conceito de crime abrange a conduta humana (ação 
ou omissão), a tipicidade, ilicitude e culpabilidade. A conduta humana compreende o 
comportamento do homem, comissivo ou omissivo (atividade ou inatividade), que 
intervenha no mundo exterior. Este comportamento, para ganhar a roupagem de 
crime, deve ser feito voluntariamente pelo indivíduo. Nos casos em que há presença 
de caso fortuito ou força maior, não há imputação no direito penal, conforme DUARTE 
T; (2018). 
Assim, podemos extrair que “Dentro de uma concepção jurídica, a ação é, pois, 
o comportamento humano, dominado ou dominável pela vontade, dirigido para a lesão 
ou para exposição a perigo de lesão de um bem jurídico, ou, ainda, para a causação 
de uma possível lesão a um bem jurídico”. O tipo é a descrição de uma conduta 
considerada proibida. Ressalte-se que há os tipos incriminadores, em que se descreve 
a conduta proibida, mas também há os tipos permissivos, em quese descrevem as 
condutas permissivas, sendo essas as excludentes de ilicitude (veremos adiante), 
conforme DUARTE T; (2018). 
Temos então que o tipo envolve um agente, uma conduta proibida, o objeto da 
ação e seu resultado. Todos esses elementos, associados, ao estarem em 
conformidade com um tipo legal (previsto em lei), estaremos diante de um crime. 
Dessa forma, conforme afirma Toledo, tipicidade seria a justaposição de uma conduta 
da vida real a um tipo legal de crime, conforme DUARTE T; (2018). 
Ilicitude, por sua vez, que também é trazida com o termo “antijuridicidade”, é 
tida como a conduta contrária ao ordenamento jurídico. Francisco de Assis Toledo 
assim a define: “Relação de antagonismo que se estabelece entre uma conduta 
humana voluntária e o ordenamento jurídico, de sorte a causar lesão ou expor a perigo 
de lesão um bem jurídico tutelado, conforme DUARTE T; (2018). 
Assim, são necessários o preenchimento de três pressupostos para estarmos 
diante de um fato ilícito: a existência de uma conduta humana, seja ela comissiva ou 
omissiva, que esteja em desconformidade com a ordem legal, e que traga dano ao 
meio social. Dos quatro pressupostos mencionados que englobam o conceito de crime 
(conduta humana, tipicidade, ilicitude e culpabilidade), a culpabilidade é a que mais 
 
8 
 
nos interessa para o presente estudo, motivo pelo qual a abordaremos em capítulo 
específico, conforme DUARTE T; (2018). 
3.1 Culpabilidade 
A Culpabilidade, conforme mencionado acima, é um dos elementos do conceito 
jurídico de crime. Inicialmente, cumpre apresentar que a culpabilidade, 
simplificadamente, deve ser entendida como o juízo de reprovação jurídica, apoiado 
na ideia de que o homem, em certas condições, poderia ter agido de outro modo, mas 
não o fez. Ela está diretamente relacionada a possibilidade de se evitar uma condita 
ilícita, e não evitando, ao agente será emitido um juízo de reprovação, conforme 
DUARTE T; (2018). 
Além disso, conforme bem pontua Fábio Guedes “o objeto de reprovação deve-
se ao fato cometido pelo sujeito, e não em razoes às qualidades deste. ” Hans Welzel, 
jurista e filósofo do Direito Alemão, desenvolveu a definição acerca do instituto da 
culpabilidade, que é aceita e compreendida até os dias de hoje em nosso Direito 
Penal. Ele preceituou que a ação humana consciente deve ser revestida de uma 
finalidade (Teoria Finalista), de modo que a conduta do agente seja avaliada para o 
cometimento do delito. Para ele, os elementos psicológicos, quais sejam dolo e culpa, 
integram apenas o fato típico. A partir disso, entende-se a culpabilidade como algo 
intrínseco ao próprio fato, conforme DUARTE T; (2018). 
Neste sentido, Welzel nos dá a seguinte lição, [...] culpabilidade é a 
reprovabilidade da configuração da vontade. A culpabilidade deve ser concebida como 
reprovação, mais precisamente, como juízo de reprovação pessoal que recai sobre o 
autor, por ter agido de forma contrária ao Direito, quando podia ter autuado em 
conformidade com a vontade da ordem jurídica, conforme DUARTE T; (2018). 
De acordo com a Teoria Normativa, a culpabilidade, depende de três elementos 
fundamentais para ser configurada. São eles a imputabilidade, que é a capacidade do 
agente para delinquir, para ser considerado culpado. É a capacidade de agir, de 
compreender a ação, de escolher agir de acordo com seus valores, de determinar-se 
de acordo com seus sentidos, de “agir segundo sua autodeterminação racional”. No 
Brasil o parâmetro para determinar a imputabilidade é a idade legal de 18 (dezoito 
anos), conforme DUARTE T; (2018). 
 
9 
 
Temos ainda a potencial consciência da ilicitude, que é possibilidade de o 
agente compreender ou não se sua conduta era proibida ou não por lei, no momento 
em que este delinquiu. Ou seja, o agente tem que ter o tempo do fato, higidez 
biopsíquica (saúde mental) necessária para compreensão do injusto. Ressalte-se que 
aqui estamos tratando de a possibilidade de o indivíduo ter consciência da ilicitude do 
ato dentro uma situação concreta reconstruída, e não no momento em que está 
agindo, conforme DUARTE T; (2018). 
E por fim, conforme já tratado e não menos importante, a exigibilidade de 
conduta diversa, que é a expectativa social de um comportamento diferente daquele 
que foi adotado pelo agente. Percebe-se, portanto, que se excluem como imputáveis 
os menores de dezoito anos e os doentes mentais incapazes inteiramente de entender 
a ilicitude da sua conduta. Miguel Reale Junior esclarece, acerca da culpabilidade, 
que esta se trata de uma reprovabilidade da vontade da ação. Isto porque, para o 
autor, “se era exigível a adequação, a vontade é reprovável. [...] reprovação da opção 
realizada pelo agente, conforme DUARTE T; (2018). 
Por sua vez, Nucci afirma que a censura recai não somente sobre o autor do 
fato típico e antijurídico, mas igualmente sobre o fato. A reprovação é inerente ao que 
foi feito e a quem fez. Este, por sua vez, deverá ser censurado somente se for 
imputável, tiver atuado com consciência potencial da ilicitude e com exigibilidade e 
possibilidade de atuação conforme as regras impostas pelo Direito. Em outras 
palavras, há roubos (fatos) mais reprováveis que outros, bem como autores (agentes) 
mais censuráveis que outro, conforme DUARTE T; (2018). 
Trata-se, portanto, da não utilização de um poder (poder de um agir diferente), 
que não estava impedido de ser exercido. Ou seja, o agente agiu, ou deixou de agir, 
de forma diferente do que podia fazer na situação concreta, e essa ação ou omissão 
o colocou em confronto com a norma legal, causando um dano a um bem jurídico, 
conforme DUARTE T; (2018). 
De acordo com DUARTE T; (2018), tudo isso leva a um juízo de reprovabilidade 
ante a confrontação da realidade dos fatos com a norma. A culpabilidade também está 
prevista e positivada no art. 59 do Código Penal Brasileiro (CP), que assim dispõe: 
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta 
social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e 
consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima, 
estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e 
prevenção do crime: 
 
10 
 
I - As penas aplicáveis dentre as cominadas;(Redação dada pela Lei nº 7.209, 
de 11.7.1984) 
II - A quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos;(Redação 
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 III - O regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade;(Redação 
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) IV - a substituição da pena privativa da 
liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível. 
Podemos afirmar que a culpabilidade é, ao mesmo tempo, a reprovação da 
conduta do agente, e o ius puniendi do Estado. Isso porque, é por ela, conforme 
expressamente traz artigo acima exposto, que se exterioriza a reprovação por meio 
da sanção aplicada, sendo utilizada na teoria da pena, como uma “restrição da 
gradação da censura, para efeito de aplicação de maior ou menor punição, à 
culpabilidade de fato – e não simplesmente à culpabilidade de autor”, conforme 
DUARTE T; (2018). 
Diante disto, este instituto deve ser tido como fundamento e limite da pena, e 
integrante do conceito de crime, de forma que é a base, o motivo e a razão para 
aplicação da sanção, conforme DUARTE T; (2018). 
3.2 Imputabilidade, Semi-imputabilidade e Inimputabilidade 
Imputar, no sentido literal da palavra, significa atribuir algo a alguém. 
Imputabilidade, no Direito Penal, consiste na capacidade do indivíduo (agente) de 
entender o caráter ilícito de sua conduta e ser penalmente responsável por ela. Temos 
então que “sempre que o agente for imputável, será penalmente responsável, em 
certa medida; e se for responsável, deverá prestar contas pelo fato crime a que der 
causa, sofrendo, na proporção direta de sua culpabilidade, as consequências jurídico-
penais previstas em lei. ”,conforme DUARTE T; (2018). 
A imputabilidade penal está prevista nos artigos 26 a 28 do CP. Eles dispõem 
que o agente, para ser imputável, deve possuir ao tempo da ação ou omissão, 
mentalidade psíquica para compreender o ilícito e orientar-se de acordo com essa 
compreensão, e seja maior de dezoito anos, conforme DUARTE T; (2018). 
In verbis: 
Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou 
desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou 
da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de 
determinar-se de acordo com esse entendimento. (Redação dada pela Lei nº 
7.209, de 11.7.1984). 
 
11 
 
Redução de pena 
Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, 
em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental 
incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter 
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. 
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984). 
Menores de dezoito anos 
 Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, 
ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação especial. (Redação 
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984). 
Emoção e paixão 
Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal: (Redação dada pela Lei nº 
7.209, de 11.7.1984) 
I - A emoção ou a paixão; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984). 
Embriaguez 
II - A embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos 
análogos. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 
1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de 
caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, 
inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se 
de acordo com esse entendimento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) § 
2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por 
embriaguez, proveniente de caso fortuito ou força maior, não possuía, ao 
tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o caráter 
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. 
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984). 
Assim, pode-se afirmar que há três degraus acerca da imputabilidade. São eles 
a imputabilidade total, a semi-imputabilidade e a inimputabilidade. Há imputabilidade 
para os indivíduos que tenham 18 (dezoito) anos ou mais e que sejam mentalmente 
sadios no momento do fato. A semi-imputabilidade existe para aqueles que possuam 
18 (dezoito) anos ou mais, mas que são mentalmente perturbados, ou estejam sob 
influência de embriaguez por caso fortuito ou força maior. E há inimputabilidade aos 
menores de 18 (dezoito) anos, aos mentalmente doentes (totalmente incapazes) e 
aos que estejam totalmente sob embriagues decorrente de caso fortuito ou força 
maior, conforme DUARTE T; (2018). 
Tem-se, portanto, que em sendo o agente imputável, este responderá 
penalmente pelo fato que praticou, lhe sendo aplicado a pena prevista regularmente 
no tipo penal. Sendo ele semi-imputável, o agente também responderá pelo crime, no 
entanto, com a diminuição prevista no parágrafo único do art. 26, CP, por 
responsabilidade penal diminuída. Nestes casos, entende-se que não há inteira 
condição psíquica, mas sim parcial. Assim, a responsabilidade penal também deverá 
ser parcial, proporcional a este entendimento, conforme DUARTE T; (2018). 
 
12 
 
Já na inimputabilidade, não haverá punição pelo crime. Ao agente não haverá 
condenação a uma pena. Ressalte-se, entretanto, que poderá lhe ser imposta medida 
de segurança, nos termos dos arts. 96 a 99 do CP, conforme DUARTE T; (2018). 
4 PSICOPATOLOGIAS 
 
Fonte: ceusb.com.br 
Etimologicamente o nome psicopatologia advém do grego Psykhé (alma), 
Pathos (doença) e Logos (estudo), significando, portanto, um estudo das doenças da 
alma, ou seja, do estado mental patológico. Numa teoria comportamental, quem 
possui psicopatologia é o mesmo de que possui Transtorno de Personalidade, 
Antissocial (TPA) ou mental, sendo então termos semelhantes, conforme RIBEIRO L; 
et al., (2014). 
No estudo de pacientes com TPA foram identificas várias características em 
seu modo de agirem em situação de crise, podendo ser da necessidade de violação 
de regras (roubo ou destruição) para desfruto de prazer próprio ou para uma 
compensação de um “vazio”. É, portanto, de natureza deles a antissocialidade e que 
passem a adquirir um aspecto vingativo e hostil, falso, ambicioso para uma melhor 
capacidade de alienação das pessoas ao seu redor, o qual pode ser um terceiro 
qualquer ou o próprio familiar. Além disso, devido à carência de emoções, caso sejam 
descobertos podem simplesmente continuarem a agir com indiferença, falsidade ou 
 
13 
 
ainda mesmo aumentar o desejo do cometimento de crimes até conseguirem o que 
realmente almejam, conforme RIBEIRO L; et al., (2014). 
De acordo com as características apresentadas, pode ser dividida a 
psicopatologia em dois grupos de estudo: a neurose, na qual o indivíduo tem 
capacidade de construir relações de afeição com a sociedade e não é considerada 
uma doença mental, e a psicose. Na psicose se estuda os distúrbios mentais atípicos 
da mente humana, onde este incapacita o indivíduo em tomadas de decisões e de 
elaborar ideias acarretando, assim, em um prejuízo nos vínculos sociais. Dentre os 
distúrbios psicóticos, duas delas que costumam ser confundidas são a sociopatia e 
psicopatia, conforme RIBEIRO L; et al., (2014). 
Em relação aos transtornos de personalidades, sabemos que existem vários 
tipos e cada tipo contém as suas características e formas de tratamento. Entretanto, 
iremos entender a diferença entre a sociopatia x psicopatia, porém, o foco principal 
que será abordado daqui em diante é sobre a psicopatia sendo a mesma associada 
com a área da psicologia jurídica. 
4.1 A Sociopatia x a Psicopatia 
A psicopatia pode ser dividida em 3 graus: leve, moderado e grave (SILVA, 
2017 apud MASNINI L; et al., 2019). Psicopatia grau leve: o indivíduo aplica 
pequenos golpes em pessoas “de boa índole”, que tem dificuldade em distinguir a 
maldade e a bondade de quem as cerca, coloca-se no papel de vítima, culpando 
sempre os outros por suas atitudes. São os psicopatas que não chegam efetivamente 
a cometer crimes violentos e correspondem à maior parte dos portadores do 
transtorno. Quando crianças apresentam comportamentos cruéis e torturantes em 
animais, agridem colegas de escola e mentem. São difíceis de ser diagnosticados, 
fazem parte do nosso convívio, mas nos manipulam por meio de sua inteligência, 
sedução e mentiras e não preenchem todos os critérios estabelecidos. 
Psicopatia grau moderado: o indivíduo apresenta características 
semelhantes aos de grau leve, porém seus golpes e trapaças são aplicados em escala 
maior, causando danos financeiros maiores e em mais vítimas. Esses indivíduos 
apresentam sentimentos de tédio, sintomas de depressão, de transtornos de 
 
14 
 
ansiedade e enjoam facilmente das coisas, por isso procuram sempre novas 
atividades, dificilmente concluindo-as, conforme MASNINI L; et al., (2019). 
Psicopatia grau grave: o indivíduo apresenta perigo à sociedade, pois seus 
comportamentos comprometem a integridade física da vítima, muitas vezes ceifando 
sua vida de modo friamente planejado. São indivíduos que apresentam um prazer 
incontrolável em enganar, torturar e matar e planejam suas ações visando despertar 
o maior sofrimento possível na vítima, conforme MASNINI L; et al., (2019). 
4.2 Psicopatia e sociopatia: distinções 
Os termos psicopatia e sociopatia definem um indivíduo com personalidade 
antissocial que pode ter sido causada por uma relação entre fatores genéticos/ 
biológicos/fisiológicos e fatores ambientais, entretanto, alguns autores diferenciam 
esses conceitos (FERNANDES, 2018 apud MASNINI L; et al., 2019). 
O autorsupracitado também comenta que alguns estudos alegam que a 
psicopatia se origina por fatores genéticos, enquanto a sociopatia se origina por 
fatores socioambientais, ou seja, a sociopatia pode ser resultado de fatores sociais 
negativos ou desfavoráveis ocorridos no contexto ambiental do indivíduo, tais como: 
negligência parental, delinquência, pobreza, maus tratos, etc., conforme MASNINI L; 
et al., (2019). 
Fernandes (2018 apud MASNINI L; et al., 2019) considera que alguns 
estudiosos acreditam que a sociopatia e um resultado de um caso mais 
declarado e aberto de disfunções no relacionamento interpessoal, ou seja, o 
comportamento de um sociopata é menos dissimulado e menos teatral do 
que de um psicopata, e ainda, os sociopatas criam mais transtornos e 
conflitos com as demais pessoas e estão mais associados à criminalidade e 
os psicopatas agem de forma mais dissimulada, tornando-se mais perigosos 
por serem capazes de ocultar melhor suas verdadeiras intenções. 
Estudos mostram que os sociopatas são menos estáveis emocionalmente 
(gerando um comportamento mais irregular) e seus crimes - violentos ou não – são 
impulsivos, resultando em mais pistas deixadas pela falta de paciência e de 
planejamento. Já os psicopatas planejam detalhadamente os seus crimes, tomando 
cuidado para evitar a detecção e por serem menos impulsivos deixam menos pistas 
(RABELLO, 2015 apud MASNINI L; et al., 2019). 
 
15 
 
Para Daynes e Fellowes (2012 apud MASNINI L; et al., 2019) os termos 
psicopatia e sociopatia são sinônimos, sua distinção se fez apenas porque alguns 
psicólogos consideram psicopata muito parecido com “psicótico”. 
4.3 Ramificações dos transtornos de personalidade antissociais: assassinos 
em massa versus assassinos em série 
Segundo Rámila (2012 apud MASNINI L; et al., 2019), psicopata, serial killer 
ou assassino em série são diferenciados de assassinos em massa pelo espaço de 
tempo entre um crime e outro. Assassinos em massa matam várias pessoas em 
poucas horas e assassinos em série deixam um intervalo de tempo entre um crime e 
outro (pode ser horas, dias ou até mesmo anos. 
Casoy (2014 apud MASNINI L; et al., 2019), divide os assassinos em série em 
4 tipos: 
O missionário: não aparenta ser psicótico, mas tem um desejo interno de se 
livrar de tudo que julga imoral ou indigno, escolhendo um grupo específico para matar 
(judeus, prostitutas, homossexuais), conforme MASNINI L; (2019). 
O emotivo: mata por diversão, com meios cruéis, sádicos e torturantes, 
conforme MASNINI L; (2019). 
O libertino: é o “assassino sexual”, mata por excitação. Quanto mais a vítima 
sofre, mais sente prazer. Neste tipo encaixam-se os necrófilos e os canibais, conforme 
MASNINI L; (2019). 
Assassinos em massa matam várias pessoas em poucas horas e assassinos 
em série realizam pelo menos 3 homicídios com um intervalo de tempo entre um crime 
e outro (pode ser horas, dias ou até mesmo anos) e em locais diferentes 
(SCHECHTER, 2013 apud MASNINI L; et al., 2019). 
4.4 Transtornos de personalidade antissociais, início na tenra idade 
Freire (2016 apud MASNINI L; 2019) constata que os indícios de psicopatia 
podem estar presentes desde a infância: crianças na faixa etária de 2 a 3 anos que se 
frustram rapidamente por não conseguirem atingir seus objetivos, vivenciando 
acessos de fúria e comportamentos cruéis sem qualquer sentimento de remorso. 
 
16 
 
Para Roland (2014 apud MASNINI L; 2019), as crianças que apresentam 
agressões aos colegas ou a animais de estimação podem indicar desprezo por outras 
pessoas quando maiores, principalmente se sofrerem abusos físicos, mentais ou 
sexuais. 
Essas crianças são consideradas “diferentes” das demais: começam a sair dos 
limites impostos pelos responsáveis, burlando as regras, mentindo e desafinando-
lhes, muitas vezes praticando vandalismos e atividades incendiárias (HARE, 2003 
apud MASNINI L; 2019). 
Segundo Hemerly (2016 apud MASNINI L; 2019) pode-se atestar que a maior 
parte dos criminosos violentos sofreu de algum modo abuso durante sua infância ou 
sua adolescência e nesta fase a estrutura mental do indivíduo ainda está vulnerável, 
podendo-se então associar a vivência de abusos ao comportamento violento 
apresentado posteriormente, pois o meio social pode interferir no padrão de 
comportamento futuro, visto que no início da vida a criança costuma associar e 
assimilar aspectos do contexto em que vive, com o objetivo de compor sua própria 
identidade e personalidade futura. 
4.5 Transtornos de personalidade antissociais: fatores biológicos 
Freire (2016 apud MASNINI L; 2019) explicita que alguns comportamentos 
sociais são controlados pelo lobo pré-frontal. Observou-se que uma pessoa saudável, 
com comportamentos dentro dos padrões, após um acidente atingindo o córtex, pode 
apresentar comportamentos antissociais, que a autora chama de “psicopatia 
adquirida”, reforçando a ideia de que há um componente cerebral envolvido na 
psicopatia. A autora vai além pontuando de que exames de neuroimagem verificaram 
que a diminuição de massa cinzenta no lobo pré-frontal, a diminuição do volume do 
hipocampo posterior e o aumento de matéria branca do corpo caloso contribuem para 
o surgimento de comportamentos agressivos. 
A teoria mais aceita acerca da psicopatia afirma que o Sistema Límbico (parte 
do cérebro responsável por emoções e comportamentos sociais) em psicopatas está 
praticamente desativado, porém em pessoas que não apresentam indícios do 
transtorno o sistema límbico e o lobo frontal (parte do cérebro responsável pela razão) 
 
17 
 
atuam juntos, proporcionando equilíbrio entre razão e emoção (DAYNES; 
FELLOWES, 2012 apud MASNINI L; 2019). 
A Ressonância Magnética Funcional (RMF) é responsável por constatar quais 
áreas do cérebro são ativadas em determinados momentos e através dela pode-se 
comprovar a ausência de emoções, pois os psicopatas apresentam o mesmo tipo de 
reação diante tanto de imagens agradáveis quanto de perversas (PIRES; LEITES, 
2011 apud MASNINI L; 2019). 
4.6 Transtornos de personalidade antissociais: fatores psicossociais 
A Psicanálise entende que adolescentes com maior dificuldade para expressar 
seus sentimentos podem estar reprimindo seus afetos e suas emoções e quase tudo 
que é emocionalmente reprimido encontrará um meio de se exteriorizar. Essa 
exteriorização poderia se dar em forma de dor, tristeza, angústia, ansiedade, 
depressão, vivências psicossomáticas ou comportamentos violentos (SOUZA, 2013 
apud MASNINI L; 2019). 
A relação parental é de suma importância para o desenvolvimento da 
personalidade e quando esta é conturbada pode resultar em um trauma que aflora na 
adolescência por meio de comportamentos delituosos (LUZES, 2010 apud MASNINI 
L; 2019). A autora supracitada cita como fatores para o desenvolvimento de 
comportamentos violentos fatores psicológicos e sociais, tais como: dificuldade em 
direcionar a atenção, acessos de raiva e déficit em habilidades sociais e interpessoais, 
negligência parental, abuso físico ou mental, envolvimento em lutas físicas, exposição 
prolongada a conflitos ou situações violentas, ausência de controle comportamental, 
agressividade. 
Alguns autores dividem a psicopatia em primária e secundária, diferenciando-
as por sua estrutura. A primária está relacionada à estrutura biopsíquica, estando 
presente desde a gestação, sendo genética e revelando-se em sua personalidade. A 
secundária está relacionada à decorrência da aprendizagem psicossocial, sendo 
produto das vivências negativas e do ambiente em que está inserido, desenvolvendo-
se com o passar do tempo (PALHARES; CUNHA, 2010 apud MASNINI L; 2019). 
 
18 
 
5 PSICOPATA CRIMINOSO 
 
Fonte: revistagalileu.globo.com 
Não se pode generalizar afirmando que todo psicopata tem relação direta com 
o crime. Nem todos os psicopatas irão burlar normas e regras jurídicas e sociais. De 
acordo com o pesquisador Hare (2013 apudSANTANA L; 2018), da quantidade total 
dos psicopatas, somente 1% são delituosos. Mesmo a pessoa apresentando 
diagnóstico de psicopatia é capaz de ela não cometer atos contra a lei, agindo apenas 
contra a moral e bons costumes sociais. 
É, de fato, o ambiente um influenciador nos comportamentos tanto positivo 
como negativo dos psicopatas, se for negativo, a tendência ao elevado grau de 
psicopatia só tende a aumentar. Em sendo um ambiente contrário a isso, sendo mais 
favorável com uma educação exemplar ainda sim existiria a psicopatia neste 
indivíduo, porém de forma mais leve e mediana, conforme SANTANA L; (2018). 
Para Hare (2013, p.43 apud SANTANA L; 2018) dentre os sintomas-chave da 
psicopatia estão o emocional (eloquente e superficial; egocêntrico e grandioso; 
ausência de remorso ou culpa; falta de empatia; enganador e manipulador; emoções 
“rasas”) e desvio social (impulsivo; fraco controle de comportamento; necessidade de 
excitação; falta de responsabilidade; problemas de comportamento precoces; 
comportamento adulto antissocial). 
 
 
19 
 
No meio judicial, o criminoso neurótico é confundido com o criminoso psicopata 
devido as suas particularidades consideráveis. Tanto no criminoso psicopata quanto 
no criminoso neurótico há intensas emoções sexuais compreendendo a genitora e 
aversão a figura paterna. No caso do neurótico, ele importuna a si mesmo de forma 
violenta e desagradável, já o psicopata importuna outras pessoas manipulando-as que 
nem marionetes na maior tranquilidade, conforme SANTANA L; (2018). 
Sob a perspectiva da psiquiatria, o neurótico delituoso não possui o 
discernimento dos resultados de suas condutas, porém o psicopata, apesar de 
enxergar na sociedade o motivo e causa dos seus atos, apresenta pleno gozo mental 
do que é certo e errado perante a legislação Penal. Uma vez no cárcere, as pessoas 
dotadas de personalidade psicopáticas são inaptas a aprendizagem, ou seja, a 
punição imposta a eles pelo Estado não surte o efeito esperado. Psicopatas não 
compreendem o que é a punição, conforme SANTANA L; (2018). 
Para os psicopatas, as penitenciárias brasileiras funcionam como um espaço 
para praticarem uma verdade distorcida da realidade e conseguirem vantagem própria 
e os criminosos comuns acabam sendo as cobaias para esse fim. De forma frequente, 
o psicopata, uma vez passado pelo cárcere e cumprido a punição estabelecida, tem 
tendência a reincidir. Criminosos psicopatas expressam índices repetitivos de atitudes 
contra a lei, mais especificamente, o dobro a mais em relação aos criminosos comuns. 
Referente a delitos com alto grau de agressividade, o crescimento chega a ser o triplo, 
conforme SANTANA L; (2018). 
Hare (1993, p. 105) realizou análises com homens que praticavam violência 
doméstica contra suas companheiras. Esse estudo demostrou que, com base em 
dados, 25% deles apresentavam o transtorno de psicopatia. Uma forma rápida de 
identificá-los está na presença e demonstração da agressividade e violência. O ditador 
Josef Stalin, o iraquiano Saddam Hussein e Uday Hussein são, para Robert Hare, 
pessoas que fizeram parte da história mundial e que seriam tidas como psicopatas 
pelos seus atos que marcaram negativamente o mundo, conforme SANTANA L; 
(2018). 
 
 
20 
 
5.1 Perfil dos psicopatas e transtornos de personalidade 
 Sobre os transtornos da personalidade, Câmara dispõe (2001, p.1 apud 
BORGES T; 2015), que a personalidade apresenta um transtorno quando seu 
desenvolvimento se fixa num padrão anormal permanente, que para ser observado 
deve excluir efeitos fisiológicos de alguma substância e alterações cerebrais que 
justifiquem o desvio. Tais transtornos não apenas estabelece um conflito essencial 
entre o indivíduo e a norma cultural, étnica e social em que vive, como também deveria 
ser reconhecido em qualquer outra cultura, sociedade e etnia diversa daquelas em 
que vive. 
Esses transtornos não são doenças propriamente ditas, sendo considerados 
no âmbito jurídico como perturbação da saúde mental. Podem causar alterações 
comportamentais, mas segundo a psiquiatria eles não têm o condão de levar as 
pessoas para um mundo imaginário e distante da realidade. A psicopatia se enquadra 
no transtorno de personalidade, mas em nível mais elevado. São indivíduos 
desprovidos de empatia, o que é essencial para a boa convivência social. Contraria 
os anseios sociais e visa sua satisfação pessoal, conforme BORGES T; (2015). 
Calha destacar que de acordo com Silva (2208, p. 40 apud BORGES T; 2015), 
os psicopatas em geral são indivíduos frios, calculistas, inescrupulosos, dissimulados, 
mentirosos, sedutores e que visam apenas o próprio benefício. Eles são incapazes de 
estabelecer vínculos afetivos ou de se colocar no lugar do outro. São desprovidos de 
culpa ou remorso e, muitas vezes, revelam-se agressivos e violentos. 
Ainda, menciona-se que “os psicopatas possuem uma visão narcisista e 
supervalorizada de seus valores e importância. Eles se veem como o centro do 
universo e tudo deve girar em torno deles. Pensam e se descrevem com pessoas 
superiores aos outros” (SILVA, 2008, p.78 apud BORGES T; 2015). 
 Ressalta-se que nem toda pessoa que se encontra permeada em meio 
social violento, como favelas, e é incentivada à prática delituosa pode ser 
taxada como psicopata. A principal distinção que se verifica é que os 
psicopatas são indiferentes com os companheiros que o auxiliam no crime 
(comparsas), ao contrário dos criminosos comuns, não demonstrando, assim, 
qualquer tipo de lealdade, conforme BORGES T; (2015). 
 
21 
 
5.2 Identificando um Psicopata 
Ao longo de estudos realizados por profissionais na área da saúde, observou-
se que os psicopatas começam a transgredir as regras sociais logo no início de sua 
infância, de forma muito precoce, praticando crimes de baixo potencial ofensivo, ou 
mesmo, agindo de forma a se beneficiar em cima de outras pessoas, conforme 
OLIVEIRA F; et al., (2019). 
Os psicopatas costumam demonstrar interesse pelas pessoas a sua volta e 
também pela comunidade onde habitam sendo sempre solícitos e dispostos a ajudar, 
porém, em alguns momentos de contrariedade a sua vontade, quando em 
determinados momentos é notória a mudança de comportamento emocional, e onde 
se pode observar mesmo que de maneira sútil, a sua verdadeira personalidade 
doentia, conforme OLIVEIRA F; et al., (2019). 
Outra característica destacada nesses agentes é a facilidade em contar 
mentiras, e o ego inflado, tentando sempre se colocar em um lugar de importância e 
destaque frente a outras pessoas. Usam de suas mentiras para manipular todos a sua 
volta e manter a imagem de boas pessoas, conforme OLIVEIRA F; et al., (2019). 
Ana Beatriz Barros diz que sinal bastante característico do comportamento dos 
Psicopatas é a total falta de preocupação ou constrangimento que eles apresentam 
ao serem desmascarados como farsantes. Não demonstram a menor vergonha caso 
sejam descobertos. Esses tipos de Psicopatas são muito comuns no mercado de 
trabalho, muitas vezes, fingindo ser profissionais qualificados em áreas que nunca 
atuaram, conforme OLIVEIRA F; et al., (2019). 
O comportamento dos psicopatas não é percebido por se destacarem em 
determinada conduta, muito pelo contrário, raras vezes é possível identificar o 
psicopata sem ajuda de um profissional da área de saúde, seja ele um médico ou 
psicólogo. A psicopatia atinge de 3% a 5% da população, e tem como principal 
característica a falta de senso moral do agente, embora, gostem de ter uma posição 
confortável frente a sociedade qual vivem, eles sequer demonstram arrependimento 
de seus atos, conforme OLIVEIRA F; et al., (2019). 
Dentre a população carcerária brasileira, estima-se que cerca de 20% é 
composta por psicopatas. O número se torna expressivo quando avaliada a 
capacidade desses agentes em persuadir outros presos, e chegar a alcançar êxito em 
seus planejamentos futuros,conforme OLIVEIRA F; et al., (2019). 
 
22 
 
No âmbito penal, o meio mais utilizado para a averiguação de um agente como 
sendo psicopata ou não, se dá pela avaliação feita através do Psychopathy Checklist. 
Através dessa avaliação pode auferir se o agente é ou não psicopata, conforme 
OLIVEIRA F; et al., (2019). 
5.3 Possíveis causas ao desencadeamento da psicopatia 
Alguns estudos indicam que a psicopatia está relacionada com agressividade 
precoce na infância, se desenvolvendo para um comportamento agressivo crônico, 
que pode ser estabilizado no final da adolescência e durante a vida adulta. Como 
vimos anteriormente, o psicopata tem pouca empatia, ausência de culpa ou remorso 
e restrita inibição do seu comportamento ao agir contra o direito do próximo. Não se 
incomoda em gastar sua energia e seu tempo em busca de benefício próprio, ganho 
material, poder, sexo, satisfação ou drogas, muitas vezes se destacando em históricos 
de fraudes, conforme OLIVEIRA F; et al., (2019). 
Os psicopatas elaboram crimes muito bem planejados, conseguem manipular 
suas vítimas com seu afeto superficial e mascarado. Esses indivíduos são 
potencialmente perigosos, pois através de sua aparente normalidade, conseguem agir 
com premeditação, frieza e inteligência, o que os diferenciam dos delinquentes 
comuns, que geralmente são motivados por algum sentimento de frustração, raiva, 
provocações, entre outros, conforme OLIVEIRA F; et al., (2019). 
Os psicopatas estão constantemente em busca de novas emoções e 
sensações, necessitam de constantes estímulos, pois não conseguem ter uma vida 
comum e normal. Essa busca pode se direcionar ao cometimento de crimes, 
especialmente para a violência sexual. Devido à sua instabilidade, agressividade e 
impulsividades, os psicopatas não conseguem manter relacionamentos duradouros e 
podem apresentar alguns transtornos sexuais. Segundo estudos realizados por 
Cleckley, um dos pioneiros da psicopatia no século XX, estima-se de cerca de 7% a 
30% dos crimes sexuais no mundo são cometidos por psicopatas, e dos criminosos 
reincidentes, metade possui esse transtorno, conforme OLIVEIRA F; et al., (2019). 
Indivíduos com comportamento violento desde a infância até o início da vida 
adulta podem ser distinguidos por algumas características: pais antissociais podem 
ter filhos com comportamento antissocial; famílias com baixo status socioeconômico; 
 
23 
 
atitudes atrevidas; falta de concentração e impulsividade. Outros agentes podem estar 
mais ligados a abusos sexuais: maus tratos, violência doméstica ou exploração. 
Estudos indicam que a cada hora, cerca de 15 crianças sofrem algum tipo de violência, 
porém esse número pode ser muito maior, pois nem todos os casos são denunciados, 
e esse tipo de violência tem grande relevância na forma de agir de um psicopata, 
conforme OLIVEIRA F; et al., (2019). 
Por isso, na convivência familiar é extremamente importante a supervisão e a 
disciplina parental. Por supervisão parental entende-se como o grau de 
monitoramento dos pais em relação às atividades dos filhos, e seu nível de vigilância. 
A falta da supervisão adequada dos pais é um forte atenuante para um futuro 
comportamento infrator. A disciplina parental se relaciona com o modo como os pais 
reagem ao comportamento inadequado do filho. Disciplina errada ou inconsistente 
pode ser um fator preditivo de delinquência, e essas crianças podem crescer 
desprovidas de afetividade, conforme OLIVEIRA F; et al., (2019). 
Segundo Jorge Trindade, crianças que sofrem humilhações psicológicas, 
abandono e violência física podem, mais tarde, apresentar uma necessidade de 
repetir ativamente o que vivenciaram de maneira passiva. A modificação do papel 
passivo para o ativo acaba por estabelecer um processo defensivo, como forma de 
sobreviver ao abuso, e a vítima se identificaria com o agressor se convertendo em 
molestador e perturbando com violência novas vítimas. Muitas vezes essa violência 
parte de um dos pais ou de ambos. Ficam indiferentes ao mau comportamento do 
filho, ou cometem punições excessivas e inadequadas, conforme OLIVEIRA F; et al., 
(2019). 
De acordo com a Teoria da Continuidade, crianças que foram negligenciadas e 
abusadas fisicamente tendem a se tornarem agressores na vida adulta, também 
apresentam maior razão de chances para problemas como crimes sexuais e, mostram 
maiores riscos para Transtornos de Personalidades Antissociais na vida adulta. Os 
maus tratos, na infância e na adolescência, podem trazer consequências e se 
manifestar através de distúrbios de conduta, fugas de casa, dificuldades de 
ajustamento, isolamento social, déficit de linguagem e aprendizagem, baixo 
autoestima, uso de álcool, de drogas, suicídio e comportamento agressivo, que é o 
caso dos Psicopatas, conforme OLIVEIRA F; et al., (2019). 
 
24 
 
Estudos indicam que o conflito parental e interparental é preditor de 
comportamento antissocial. O testemunho da violência no lar pode aumentar a 
violência do indivíduo, pois a pessoa que presencia constantes situações de violência, 
tende a diminuir sua sensibilidade e promover uma banalização da situação. Existem 
outros fatores de risco importantes: baixo QI verbal e não verbal e baixa escolaridade, 
ambos relacionados a elevados escores do PCL-R (Escala de Avaliação de Psicopatia 
de Hare), preferência por atividades de risco, baixa capacidade de concentração, 
agitação e impulsividade, também são compatíveis com psicopatia na vida adulta, 
conforme OLIVEIRA F; et al., (2019). 
Vale ressaltar que para alguns estudiosos sobre psicopatia, características 
como crueldade, falta de empatia, arrogância, desonestidade e afeto superficial, não 
indicam necessariamente comportamento criminoso. Uma pequena minoria daqueles 
que se envolvem com comportamento criminoso são psicopatas. A contribuição das 
características de personalidade do comportamento antissocial é uma questão que 
somente pode ser respondida se ambos puderem ser identificados separadamente. 
Muitos dos psicopatas são criminosos crônicos, mas somente um número 
relativamente pequeno de criminosos é, de fato, psicopata, conforme OLIVEIRA F; et 
al., (2019). 
O comportamento antissocial, segundo a classificação clínica de psicopatia, 
não indica uma característica central de sintoma do transtorno, visto que muitos 
psicopatas não se encaixam em históricos de abuso ou comportamento antissocial. O 
exame da manifestação de conduta do indivíduo, deve ser elaborado em função da 
personalidade do mesmo com o contexto social em que ele se insere, estudando os 
fatores ambientais que podem ter forjado o desenvolvimento da personalidade 
psicopática, conforme OLIVEIRA F; et al., (2019). 
5.4 Classificação dos psicopatas 
A psicopatia apresenta diversos níveis e os indivíduos com esse transtorno 
podem ter características, embora semelhantes, possíveis de serem diagnosticas 
pelos profissionais da saúde mental e ainda pode-se classificar a psicopatia em graus, 
sendo ele: leve, moderado e grave, conforme OLIVEIRA F; et al., (2019). 
 
25 
 
Os psicopatas considerados de grau leve, conhecidos como psicopatas 
comunitários, não estão completamente rotulados no Transtorno de Personalidade 
Antissocial (TPAS). Encontram-se na maioria nos núcleos socais, não praticam 
grandes atos ilícitos e dificilmente chegam a cometer assassinatos, porém são os que 
tem o diagnóstico mais difícil, pois passam despercebidos na sociedade. 
Normalmente se chegarem a serem presos por alguma infração, conseguem ter 
comportamento exemplar durante o cumprimento da pena, aparentando serem 
inofensivos. Conseguem manipular a todos com o objetivo de conseguir a redução de 
pena. Possuem características como: egocentrismo, manipulação, ausência de 
sentimento de culpa e de empatia, poder de articulação, entre outros, conforme 
OLIVEIRA F; et al., (2019). 
O indivíduo conhecido como psicopata antissocial, é aqueleconsiderado com 
grau moderado a grave. É aquele agente que se enquadra em quase todos os critérios 
de transtorno de personalidade antissocial e podem chegar ao que chamamos de 
serial killers. Em geral possuem as mesmas características do psicopata de grau leve, 
mas têm atitudes que agridem a sociedade com delitos moderados e graves e atraem 
logo a atenção por sua personalidade diferenciada, acabando facilmente sendo 
presos. Nesta classificação, o indivíduo se apresenta agressivo, mentiroso, impulsivo, 
frio e sádico, podendo a chegar a autoria de grandes golpes ou assassinatos, 
conforme OLIVEIRA F; et al., (2019). 
Os Psicopatas de grau moderado encontram-se geralmente no meio dos jogos 
compulsivos, das drogas, do álcool, vandalismos e golpes de estelionatos. Os 
Psicopatas de grau mais grave se destacam por assassinatos com crueldade, por 
obterem prazer em visualizar o sofrimento alheio, pela sua necessidade de busca 
constante de estímulos devido ao sentimento de vazio existencial e tédio. Muitos deles 
sofreram grandes traumas na infância e foram crianças introvertidas e reservadas, 
conforme OLIVEIRA F; et al., (2019). 
Alguns teóricos defendem a subclassificação dos transtornos de grau leve, 
moderado e grave, também conhecida como subtipos. Entre eles, destaca-se 
Blackburn que identificou um modelo de dois subtipos, psicopatia primária e psicopatia 
secundária. Contudo, o teórico Karpman estabeleceu distinção entre esses tipos de 
psicopatia. O psicopata primário age direta e propositalmente para conquistar seus 
objetivos, são naturalmente cruéis, possuem déficit de emoção, são produto de uma 
 
26 
 
condição hereditária. O psicopata secundário, atua tipicamente como revanche, como 
uma resposta às experiências negativas vividas, como trauma, abuso ou negligência. 
Possuem sentimento de raiva e alto nível de ansiedade. Resultam de influências 
ambientais e experiências vividas na infância, conforme OLIVEIRA F; et al., (2019). 
Observa-se que os psicopatas mais inteligentes tendem a não utilizar 
mecanismos violentos, pois possuem habilidades para conseguir recursos 
alternativos. Os psicopatas menos inteligentes, que aparentemente são a maioria, 
utilizam meios violentos para compensar sua falta de habilidades, geralmente sem 
sucesso em seu objetivo, devido às decisões precipitadas, conforme OLIVEIRA F; et 
al., (2019). 
De acordo com OLIVEIRA F; et al., (2019), segundo os mais recentes teóricos, 
podemos classificar a Psicopatia nos principais subtipos: 
Psicopata Carente de Princípios: possuem personalidade narcisista e 
histérica, demonstram socialmente sentimento de arrogância, de autovalorização e 
com um estilo social continuamente fraudulento, intencionalmente tendem a explorar 
os demais, geralmente são indiferentes às regras e normas da sociedade, não se 
importando com os direitos do próximo. Possuem grande poder de manipular as 
pessoas utilizando ar de inocência ou de vítima, mascarando suas atitudes conforme 
a exigência da situação. Têm capacidade de aprimorar suas técnicas ao serem 
“descobertos” ou castigados por seus erros, conforme OLIVEIRA F; et al., (2019). 
Psicopata Malévolo: são indivíduos vingativos e cruéis. Possuem impulsos de 
desafio maligno e destrutivo na sociedade, com excessiva desconfiança aos 
sentimentos do próximo, crendo sempre que estão a enganá-lo. Muitos deles se 
transformam em assassinos e até em Serial Killers, conforme OLIVEIRA F; et al., 
(2019). 
Ao serem condenados por algum delito, o tempo em que ficarem detidos só 
aumentará seu desejo de vingança, e não irá corrigi-lo. Como possuem conhecimento 
ético, facilmente conseguem os limites para seus próprios atos e interesses, 
controlando cada situação e sendo oportunistas e persuasivos para dissimular seus 
atos. Isso faz com que diante das autoridades judiciais, ajam ao contrário dos 
portadores do transtorno, aparentando um ser centrado, conforme OLIVEIRA F; et al., 
(2019). 
 
27 
 
Psicopata Dissimulado: possui grande capacidade em se disfarçar para 
conquistar amizades e aparentar empatia, com um estilo de vida socialmente teatral. 
São sedutores e buscam constantemente serem o foco das atenções. Como os 
demais tipos de psicopatas, tendem a mentir e conspirar, fazendo sempre que seus 
atos e culpas sejam direcionados a terceiros. Não medem esforços para conquistar 
seus objetivos. Uma característica que o difere do Psicopata Carente de Princípios ou 
do Psicopata Malévolo é que sentem prazer nos jogos de sedução, se excitando com 
suas conquistas. Seu estilo manipulador pode ser consequência da convicção íntima 
de não ser possível ser amado ou protegido por alguém. Geralmente, sob pressão 
tendem a ser agressivos e premeditar vingança, conforme OLIVEIRA F; et al., (2019). 
Psicopata Ambicioso: possuem a convicção de que não possuem tudo o que 
merecem e que as demais pessoas são mais bem-sucedidas que ele. Isso faz com 
que se motivem por realizar atos de roubo e destruição como forma de compensação, 
sem se importarem em infringir leis e costumes da sociedade. Sentem maior prazer 
no fato de estarem tomando algo de alguém do que efetivamente em ter. Nunca se 
sentem satisfeitos, e estão constantemente em busca de algo para preencher seu 
vazio. Apesar de possuírem características semelhantes ao Psicopata Carente de 
Princípios, é motivado pela inveja e desejo de se apropriar das coisas alheias. 
Provavelmente, esse sentimento pode ter sido desenvolvido por falta de amor na 
infância, conforme OLIVEIRA F; et al., (2019). 
Psicopata Explosivo: se caracteriza pela hostilidade imprevista, fúria 
incontrolável e ataques até mesmo à sua família. Essa explosão imediata e 
precipitada, faz com que suas vítimas não tenham tempo suficiente de reação. Essas 
características o tornam distintos dos demais tipos de psicopatas, pois não são sutis 
e explodem sem controle, conforme OLIVEIRA F; et al., (2019). 
Matador de Massa: capaz de matar quatro ou mais vítimas em uma mesma 
ocasião, geralmente em vingança a algum grupo que o tenha ameaçado ou oprimido, 
conforme OLIVEIRA F; et al., (2019). 
Serial Killer: Cometem uma série de homicídios dolosos, normalmente com 
algum intervalo entre eles, que pode ser de meses ou até anos. Seus crimes 
costumam ter semelhança entre as vítimas, como idade, sexo ou raça. Escolhe 
aleatoriamente quem irá atacar, sem ter nenhuma razão aparente para o delito, 
conforme OLIVEIRA F; et al., (2019). 
 
28 
 
5.5 Serial Killer 
 Tal denominação é um pouco inovadora, inicialmente, não é despiciendo 
salientar que o serial killer pode ser dividido em quatro grupos. Nesse sentido, Souza 
(2013, p. 42 apud BORGES T; 2015) elucida, visionário (ele é insano e psicótico, ouve 
vozes em sua cabeça, sofre alucinações e tem visões), missionário (é socialmente 
normal, mas pensa ter a missão de libertar o mundo, da imoralidade, geralmente 
escolhe suas vítimas, como prostitutas, etc.), emotivos (tem prazer em matar 
sadicamente e cruelmente) e os libertinos (são os assassinos sexuais, matam por que 
sentem excitação com a tortura, mutilação e sofrimento da vítima). 
Para identificá-lo é imprescindível que haja o conhecimento de sua infância, 
pois grande parte deles teve condutas anormais para as crianças da mesma idade, 
como maltratar sadicamente animais, crianças, colocar veneno em comida, etc. 
Assim, quando adultos, tornaram-se pessoas desprovidas de sentimentos, se 
caracterizando como pessoas frias e egocêntricas, conforme BORGES T; (2015). 
Importante se faz destacar que, a deficiência deles (e é aí que mora o perigo) 
está no campo dos afetos e das emoções. Assim, para eles, tanto faz ferir, 
maltratar ou até matar alguém que atravesse o seu caminho ou os seus 
interesses, mesmo que esse alguém faça parte de seu convívio íntimo 
(SILVA, 2008, p.44 apud BORGES T; 2015). 
 Eles disfarçam muito bem para manter um bom convívio social, mas são 
incapazesde se colocar no lugar de seu semelhante, se mostrando muito astutos e 
habilidosos. Lombroso baseava-se nas características físicas para identificar a 
psicopatia, mas como é de conhecimento comum isso não mais perdura nos dias 
atuais, conforme BORGES T; (2015). 
 As ações desse tipo de psicopata são praticadas pela ausência de controle e 
movidos pelo desejo incansável de satisfazer suas vontades. Em sua mente vigora 
fantasias, sendo que conforme dispõe Casoy (2004, p. 18 apud BORGES T; 2015), 
para os seriais killers a fantasia é compulsiva e complexa. Acaba se transformando 
no centro de seu comportamento, em vez de ser uma distração mental. O crime é a 
própria fantasia do criminoso, planejada e executada por ele na vida real. A vítima é 
apenas o elemento que reforça a fantasia. 
 
 
29 
 
Cometem os crimes mais horrendos, sendo que para desvendá-los a psicologia 
exerce um papel fundamental. Nesse sentido, ela leva alguns aspectos em 
consideração, quais sejam, coerência interpessoal (as semelhanças, sejam físicas ou 
emocionais que a vítima possui com o agressor), a hora e o local do crime (a escolha 
de ambos, principalmente do local, pode identificar significância para o serial killer), a 
carreira criminal (outros crimes que ele possa estar envolvido), a vitimologia (faz uma 
análise da vítima, buscando o porquê, como, onde e quando ela foi escolhida) 
(SOUZA, 2013, p. 44 apud BORGES T; 2015). 
 Os seriais killers perpetram os piores delitos, sendo imprescindível que o 
psicólogo analise seu comportamento e entenda as causas de suas atitudes. Assim, 
não se pode negar a relevante função desse profissional no campo jurídico, conforme 
BORGES T; (2015). 
5.6 O conceito e definições de Psicopata e Psicopatia sob a ótica dos 
psiquiatras e psicólogos 
Até as definições e conceitos atuais relativos à Psicopatia, houve um longo e 
conturbado caminho. No início, acreditava-se que a conduta cruel e violenta destes 
indivíduos se dirigia em caminho oposto aos comportamentos em que a sociedade 
acreditava ser o correto, conforme suas crenças e religião, norteadores de conduta 
em destaque na Idade Média entre os séculos V e XV, conforme ÁVILA A; (2019). 
Estudos antropológicos revelam que a psicopatia em tal época, não estava 
ligada à medicina, mas sim, a divindades, ao sobrenatural e até mesma à 
magia negra, conforme Dotti, (2002, p.123 apud ÁVILA A; 2019) discorre, nas 
sociedades primitivas, o tabu era a proibição aos profanos de se relacionarem 
com pessoas, objetos ou lugares determinados, ou deles se aproximarem, 
em virtude do caráter sagrado dessas pessoas, objetos e lugares cuja 
violação acarretava ao culpado ou a seu grupo o castigo da divindade. 
Os indivíduos que apresentavam comportamentos característicos da 
psicopatia, em seu estado, eram acusados de estar possuídos por algum “ser” não 
identificado que haveria entrado no corpo do agente e causado nele vários distúrbios. 
A sociedade primitiva então, devota e totalmente crente no que se refere as suas 
divindades, caracterizava as atitudes dos indivíduos a locais e objetos que 
consequentemente levá-los-ia a ser castigados, conforme ÁVILA A; (2019). 
 
30 
 
Na Roma Antiga houve a primeira classificação dos delinquentes, dividindo-
os em três estados, como tipo de transtorno mental: possuídos, demoníacos 
e energúmenos. (SILVA, J., 2007, p.01 apud ÁVILA A; 2019). 
Deste modo, acreditava-se que somente a religião poderia salvar e recuperar 
estes indivíduos, contudo, com o passar dos anos, com o interesse da população e 
das comunidades médicas no assunto, bem como o desenvolvimento tecnológico, é 
que então, a Psicopatia desligou-se da religião e veio a ser estudada e definida pela 
comunidade médica, conforme ÁVILA A; (2019). 
 A interpretação da psicopatia, de origem grega, nasceu dentro da Medicina 
Legal, no século XIX, onde até então, todos os sujeitos que vinham a apresentar 
problemas ou doenças mentais eram considerados psicopatas, até que, 
posteriormente, médicos descobriram que inúmeros criminosos cruéis e perversos, 
não apresentavam quaisquer tipos de loucura, foi a partir dessa constatação que 
iniciou-se a chamada “tradição clínica da psicopatia” baseada em estudos de casos, 
entrevistas e observações dos reais psicopatas (COIMBRA e GARDENAL, 2018 apud 
ÁVILA A; 2019). 
Chamado por muitos como o “pai da psiquiatria”, Phillipe Pinel é considerado o 
precursor nessa área, pois ele seria o médico pioneiro a identificar diversas 
perturbações mentais, e também, fora ele quem expos descrições científicas de 
padrões comportamentais e afetivos que se aproximam do que hoje se entende em 
linhas gerais como psicopatia, associando o conceito de "mania sem delírio", que 
descrevia pacientes que, mesmo exibindo comportamentos violentos, podiam 
assimilar o caráter irracional de suas ações, no entanto, ainda não podiam ser 
considerados delirantes. Nos anos seguintes, as pesquisas e estudos do assunto se 
aprofundaram e até a década de 1940 foi formado um vasto entendimento entre os 
estudiosos e especialistas em relação à sua elucidação, mas o quadro estabelecido 
para o diagnóstico ainda necessitava de uma especificidade sólida (ALMEIDA F. M., 
2017 apud ÁVILA A; 2019). 
Então surgem as pesquisas de grande relevância relativas a psicopatas 
realizadas por Hervey Cleckley, renomado psiquiatra norte-americano, e divulgadas 
em 1941, através da obra The mask of sanity (a máscara da sanidade) o qual 
descrevia entrevistas clínicas com seus próprios pacientes. Tais estudos possuem 
grande valor e relevância até os dias atuais, conforme ÁVILA A; (2019). 
 
31 
 
No ano de 1991, baseado nos estudos elaborados por Hervey, o psicólogo 
canadense Robert Hare criou uma espécie de questionário com o objetivo de 
identificar psicopatas, denominado Escala Hare ou PCL-R Psycopathy Checklist 
Revised, que compreende em um diagnóstico desenvolvido por um profissional 
psiquiatra com base em exames clínicos e do histórico do paciente, atribuindo 
pontuação de 0 a 2 a uma sequência de características, como: dissimulação, ego 
inflamado, mentira desenfreada, anseio por adrenalina, impulsividade, falta de culpa, 
sentimentos superficiais, comportamento antissocial, ausência de empatia, má 
conduta na infância e irresponsabilidade. A soma dos pontos determina o grau da 
psicopatia (COELHO, 2017 apud ÁVILA A; 2019). 
Destarte, pode-se afirmar que as leis que vigoram no Brasil, remam de certa 
forma, contra as definições e características dos Psicopatas conforme os especialistas 
médicos. O conceito de Psicopatia entre os psiquiatras e especialistas não é unanime, 
porém, em sua grande maioria segue a linha de que Psicopatia se trata de um 
transtorno de personalidade, entrelaçado a natureza do sujeito, sem relação com 
qualquer enfermidade mental, ou seja, sem sofrer de alucinações ou problemas de 
identidade mental, como apresentado por portadores de esquizofrenia, conforme 
ÁVILA A; (2019). 
Tais especialistas adeptos ao conceito supramencionado, afirmam que 
Psicopatas possuem uma escassez sentimental, emocional e a total ausência 
de culpa, condição que está presente tanto nos sujeitos ambiciosos quanto 
nos cruelmente impiedosos. Possuem um alto nível de inteligência, podem 
ser sedutores e simpáticos e utilizam destes meios para saciar seus mais 
perversos desejos. Nesse sentido, a percepção de Hare (2013, p. 38 apud 
ÁVILA A; 2019) se destaca, os psicopatas não são pessoas desorientadas ou 
que perderam o contato com a realidade; não apresentam ilusões, 
alucinações ou a angústia subjetiva intensa que caracterizam a maioria dos 
transtornos mentais. Ao contrário dos psicóticos, os psicopatas são racionais, 
conscientes do que estão fazendo e do motivo por que agem assim. 
Diverso do enfermo mental, os psicopatas são racionais, conscientes das 
responsabilidades de suas ações e dos motivos do porquê agem assim. Acredita-se 
que acondição de psicopatia seja congênita, ocasionada de uma imperfeição genética 
que afeta o desenvolvimento de partes do cérebro relacionadas às emoções, controle 
de impulsos, empatia e moralidade, assim, também se destaca que os sujeitos 
psicopatas, por todas essas características, não apresentam arrependimentos frente 
aos crimes que cometem, logo, não se obtém o impacto desejado pelos órgãos 
jurisdicionais ao aplicar as sanções convencionais a estes indivíduos, seja por 
 
32 
 
restrição de liberdade, seja por internações em manicômios, hospitais ou tratamentos 
ambulatoriais (SILVA, M., 2010 apud ÁVILA A; 2019). 
Em conformidade com a psiquiatra brasileira Hilda Morana (2003, p. 26 apud 
ÁVILA A; 2019), entende-se ainda que, o comportamento dos transgressores 
diagnosticados como psicopatas difere de modo fundamental dos demais 
criminosos nos seguintes aspectos: os primeiros são os responsáveis pela 
maioria dos crimes violentos em todos os países; iniciam a carreira criminal 
em idade precoce; cometem diversos tipos de crimes e com maior frequência 
que os demais criminosos; são os que recebem o maior número de faltas 
disciplinares no sistema prisional; apresentam insuficiente resposta aos 
programas de reabilitação; e apresentam os mais elevados índices de 
reincidência criminal. 
Esta corrente majoritária no âmbito medicinal, defende que o sujeito psicopata 
não deve ser tratado como um indivíduo enfermo, ou, agente infrator no qual teve seu 
cruel ato relacionado há uma incapacidade mental decorrente de alguma enfermidade 
ou incapacidade ambulatorial, conforme ÁVILA A; (2019). 
É evidente que os mesmos possuem totais capacidades mentais, e em alguns 
casos, com estas habilidades psicológicas mais desenvolvidas frente a pessoas que 
não são psicopatas, logo, este infrator utiliza, de forma racional, das suas habilidades 
para cometer atos e crimes com requintes de crueldade e ausência de empatia, de 
forma completamente sã e conhecedor das consequências e resultado das suas 
ações para atingir seus objetivos e/ou saciar seus desejos, conforme ÁVILA A; (2019). 
6 O SISTEMA JURÍDICO BRASILEIRO E A PSICOLOGIA 
 
Fonte: omegapsicologia.es 
 
33 
 
É fato que a avaliação psicológica dos agentes que transcorreram as leis penais 
é de suma importância. Tendo em vista que existe uma graduação no cumprimento 
da pena, onde os agentes devem ser reabilitados para retornar ao convívio social, a 
análise psicológica é peça fundamental nesse caminho. Além disso, com estudos 
realizados através das análises psicológicas, é possível uma análise comportamental 
desses delinquentes, bem como, um mapeamento do que os leva a transgredir, 
conforme OLIVEIRA F; et al., (2019). 
Com o advento da Lei de Execução Penal de 1984, a psicologia, que já 
trabalhava em conexão com o direito, foi dividida em vários ramos, com o fim de 
detalhar especificamente sobre cada tema desta divisão, como exemplo: a psicologia 
criminal, a psicologia forense, a psicologia clínica e a psicologia jurídica. Cada ser tem 
individualmente aspectos que estudados podem contribuir com o sistema jurídico, 
uma vez que a leis devem se adequar à sociedade e também suprir suas as 
necessidades sociais. A psicologia jurídica vem para contribuir, justamente, nesse 
sentido, conforme OLIVEIRA F; et al., (2019). 
É arriscado manter agentes psicopatas encarcerados em conjunto com 
agentes que não possuem o mesmo transtorno, uma vez, que por serem 
extremante manipuladores, podem influenciar ao cometimento de outras 
atrocidades, como se pode observar na fala de Ana Beatriz Barros, qual 
dispõe, estudos revelam que a taxa de reincidência criminal (capacidade de 
cometer novos crimes) dos psicopatas é cerca de duas vezes maior que as 
dos demais criminosos. E quando se trata de crimes associados à violência, 
a reincidência cresce para três vezes mais (SILVA, 2008, p113 apud 
OLIVEIRA F; et al., 2019). 
Com a elaboração de estudos nessa área, já se observa que a aplicação da 
pena a agentes psicopatas deveria se dar por um método diferenciado, o que 
infelizmente ainda ocorre. Portanto, a perícia psiquiátrica tem o papel de colaborar 
com aqueles que devem aplicar a lei, e melhor adequá-la aos que corromperam os 
ditames legais. Para Trindade, os psicopatas são refratários, insuscetíveis de 
aprender com qualquer experiência vivida, e a iminência de punição estatal como 
resposta à prática de ilícitos não caracteriza freio inibidor de condutas delitivas, mas, 
ao revés, possui um efeito, por diversas vezes, atrativo, conforme OLIVEIRA F; et al., 
(2019). 
Para o sistema penal brasileiro, os agentes podem ser classificados em 
imputáveis, semi-imputáveis e inimputáveis. O que é importante salientar neste 
momento é, que a avaliação desses agentes e a forma como a eles recai a 
 
34 
 
responsabilidades pelos seus atos, deriva, justamente, da avaliação realizada pela 
psicologia jurídica. Utiliza-se do estudo chamado PCL-R – Psychopathy Checklist 
Revissed. Esse estudo consegue escalonar o transtorno dos agentes infratores, e 
desta forma, avaliar seu grau de periculosidade e levar ao conhecimento dos juízes 
responsáveis pela execução criminal, qual o melhor tratamento a ser aplicado, como 
por exemplo, o nível de segurança da penitenciaria qual o agente cumprirá sua pena 
Desta forma, cada vez mais a psicologia atuante na área criminal vai se 
desenvolvendo, e atendendo as necessidades advindas do meio jurídico, 
principalmente no âmbito criminal, conforme OLIVEIRA F; et al., (2019). 
6.1 Classificação Jurídica da psicopatia 
O código penal brasileiro ainda faz a utilização da expressão doença mental, e 
infelizmente está utilização está sendo aplicada de forma geral, pois atingi aqueles 
infratores que sofrem de transtorno de personalidade. O que assusta aos psiquiatras 
e alguns profissionais do direito é que está classificação foi feita na década de 40, 
englobando todas as doenças mentais e distúrbios de personalidade, sem haver 
qualquer distinção entre elas (VASCONCELOS, 2013 apud MAGALHÃES A; 2019). 
Fazendo uma análise a respeito da culpabilidade do agente psicopata, 
compreendemos que não há consenso, nem na doutrina e nem nos Tribunais, acerca 
da existência ou não de total consciência da ilicitude do ato praticado por um indivíduo 
diagnosticado com o transtorno de psicopatia. Em certas situações, os juízes 
declaram os psicopatas como imputáveis, já em outras situações os consideram como 
semi-imputáveis, tipificando uma situação de grave insegurança jurídica (RUSSO, 
2017 apud MAGALHÃES A; 2019). 
Acredita-se que esta classificação tenha se dado com o entendimento de que 
portador do transtorno de personalidade é capaz de entender o caráter ilícito de seus 
atos, porém não possui condição para fazer julgamento moral de sua conduta, como 
também, mencionar as consequências. Portanto, presumisse que os legisladores 
deixaram a mercê esta situação por não conseguirem classifica-la, deixando assim, 
relativa para a aplicação ser conforme o entendimento de cada juiz (BORGES, s/d 
apud MAGALHÃES A; 2019). 
 
35 
 
Mediante laudo médico, o juiz irá deferir o pedido de Habeas Corpus se o 
indivíduo tiver o nível de periculosidade baixa, pois se o sujeito possui o nível de 
periculosidade alta, estará colocando em risco a sociedade. Enquanto o sujeito estiver 
em reclusão, os exames devem ser feitos anualmente para estar sempre atualizado 
os resultados do agente portador de psicopatia (BORGES, s/d apud MAGALHÃES A; 
2019). 
Se analisarmos bem, não encontramos nenhuma espécie normativa relevante 
que faça menção sobre algum tipo de tratamento que, de forma isolada das demais 
doenças psíquicas, deva tratar o infrator portador do transtorno de personalidade 
antissocial de forma diferenciada (RUSSO, 2017 apud MAGALHÃES A; 2019). 
6.2 Psicopatia – estudo multidisciplinar – psicologia forense 
A psicologia forense é uma área de estudoda psicologia que consiste em 
aplicar os conhecimentos psicológicos no âmbito jurídico, principalmente no que diz 
respeito à sanidade mental do indivíduo, conforme PEREIRA G; (2018). 
Carla Pinheiro define a psicologia da seguinte maneira, é um ramo da 
psicologia portador de conteúdos tendentes a contribuir na elaboração de 
normas jurídicas socialmente adequadas, assim como promover a efetivação 
dessas normas ao colaborar com a organização do sistema de aplicação das 
normas jurídicas. (2013, p.34 apud PEREIRA G; 2018). 
Esse ramo da ciência busca entender a psicopatia desde o fim do séc. XVIII, 
naquele tempo os filósofos já se perguntavam se alguns indivíduos eram capazes de 
entender a gravidade de seus atos e que tipo de consequências trariam, passaram 
então a estudar a relação entre livre arbítrio e transgressões morais. (MILLON, 1998 
apud PEREIRA G; 2018). 
No Brasil, o termo Psicologia Jurídica é o mais adotado, mas o termo Psicologia 
Forense também está correto e pode ser encontrado em alguns livros e artigos. O 
termo Psicologia Forense é relativo ao foro judicial, assim o psicólogo forense atua 
nos processos criminais ocorridos no foro e Varas Especiais da Infância e da 
Juventude. A palavra “jurídica” torna-se mais apropriada, pois se refere aos 
procedimentos ocorridos nos tribunais, de interesse do Direito, e frutos da decisão 
judicial (CROCE, 2010 apud PEREIRA G; 2018). 
 
36 
 
A psicologia jurídica defende que o psicopata não é um doente mental. Eles 
sustentam essa ideia partindo do princípio de que de forma geral, o indivíduo possui 
discernimento sobre o que é certo e o que é errado, agindo segundo esse 
entendimento. Millon, Simonsen, Birket-Smith e Davis identificam a psicopatia, como 
o primeiro transtorno de personalidade a ser reconhecido. No entanto, psicopatia é 
utilizada agora para especificar um constructo clínico ou uma forma específica de 
transtorno da personalidade antissocial que é prevalente em indivíduos que cometem 
uma variedade de atos criminais e geralmente se comportam de forma irresponsável. 
(1998, apud HUSS, 2011, p. 91 apud PEREIRA G; 2018). 
Após muito se escrever sobre o tema depois de muitos anos de evolução, 
para Costa, a personalidade psicopática se caracteriza pela falta de 
sentimentos afetuosos, destacando-se a falta de adaptação social. O 
psicopata seria um indivíduo que age com falta de respeito pelos direitos 
alheios pois irão transgredir as leis apenas para satisfazer suas 
necessidades. (COSTA, 2008 apud PEREIRA G; 2018). 
Diferente da opinião da medicina legal onde a psicopatia é desvinculada do 
crime, alguns estudiosos da psicologia dizem que é da natureza do psicopata viver 
distante da lei, mesmo aquele que não mata ou estupra. Seria apenas um indivíduo 
esperando o momento propício para transgredir uma norma, conforme PEREIRA G; 
(2018). 
Psicopatas não criminosos podem apresentar uma forma de violência tácita, 
intimidação e autopromoção, mentira e manipulação, através da qual eles 
podem tirar vantagem sem que seja necessário o confronto direto com a 
polícia ou com a justiça, tornando-se extremamente, violentos somente 
quando seus planos e desejos são obstaculizados e quando vem à tona a 
sua baixa tolerância à frustração (TRINDADE, 2011, p. 23 apud PEREIRA G; 
2018). 
Este tipo de psicopata seria tão perverso quanto o que mata e estupra, pois, 
suas ações nunca serão detectadas pela lei. Uma vertente da psicologia trata como 
possível a influência genética como causadora do comportamento psicopático, devido 
a uma alteração gênica, que pode desencadear um efeito cascata do comportamento 
cerebral, alterando o comportamento psicótico do indivíduo. (CARVALHO; 2002 apud 
PEREIRA G; 2018). 
Analisando as informações obtidas através da pesquisa sobre a psicopatia do 
ponto de vista da psicologia forense, percebemos que o comportamento do psicopata 
não o isenta de compreender a ilicitude do delito por ele praticado, uma vez tendo o 
 
37 
 
discernimento sobre o certo e o errado. O psicopata é conhecido na sociedade como 
um indivíduo imoral, que não é capaz de reconhecer seus erros, que age sem remorso 
ou pena, um indivíduo sem sentimentos por si e pela sociedade, incapaz de manter 
vínculos afetivos com outras pessoas. Suas principais características são: a falta de 
caráter, facilidade em manipular as pessoas, boa inteligência, ausência de delírios, 
atraente, incapaz de mostrar seu comportamento antissocial. (HUSS, 20112002 apud 
PEREIRA G; 2018). 
Sobre atuação do psicólogo forense nas tomadas de decisões judiciais, essa 
vem através das conclusões tomadas a partir de informações levantadas do indivíduo, 
podendo apontar alternativas de solução para o processo judicial. Nesse sentido o 
psicólogo forense ou jurídico, nada mais é que um auxiliar da justiça na qual sua 
função é examinar minuciosamente a personalidade do indivíduo e relacionar a 
psicologia ao sistema legal, conforme PEREIRA G; (2018). 
Em breve conclusão com base no que foi visto, a psicologia forense é uma 
ciência que pode ser considerada nova no Brasil e por esse motivo ainda tem muito o 
que evoluir. E foi possível constatar também as divergências ou falta de definição ao 
se tratar da psicopatia pela psicologia, medicina legal e o nosso ordenamento jurídico, 
conforme PEREIRA G; (2018). 
6.3 Psicopatia no direito penal brasileiro 
O direito penal nada mais é do que um conjunto de leis que proíbe a prática de 
determinadas condutas, estando o indivíduo que as desrespeitar sujeito a sanção 
penal. Buscaremos expor o tipo de tratamento previsto neste código para o portador 
da psicopatia, considerando a ausência de normas que tratam desse assunto. 
(MIRABETE, 2010 apud PEREIRA G; 2018). 
Em breve análise histórica da aplicação da pena é possível perceber que a 
princípio era aplicada sem organização, sem um propósito definido, de forma 
desproporcional e com forte influência da religião. Com a evolução do Direito Penal, 
aplicação da sanção evoluiu até a pena privativa de liberdade. (NUCCI,2013 apud 
PEREIRA G; 2018). 
Lembrando o que já foi abordado no primeiro capítulo do presente trabalho, no 
que diz respeito à aplicação das sanções penais, as penas poderão ser aplicadas aos 
 
38 
 
imputáveis e semi-imputáveis e as medidas de segurança são aplicáveis aos 
inimputáveis e, excepcionalmente, aos semi-imputáveis, quando necessitam 
tratamento especial ou curativo. (BITTENCOURT, 2012 apud PEREIRA G; 2018). 
O conceito básico de imputabilidade diz que além do indivíduo ter a 
capacidade de entender o caráter ilícito do fato, deve ter capacidade física, 
psicológica, mental e moral de saber que está cometendo um ilícito penal. 
Mas não é só. Além do entendimento o indivíduo deve ter controle sobre suas 
vontades. De forma mais clara, não basta somente a capacidade intelectual 
se o infrator não tiver total controle sobre sua vontade. (CAPEZ, 2014 apud 
PEREIRA G; 2018). 
Sendo assim, é de extrema importância nos utilizarmos das informações que a 
medicina legal e a psicologia forense nos trazem, para podermos identificar se o 
indivíduo em questão é portador da psicopatia ou do transtorno de personalidade 
antissocial e após essa análise aplicar a sanção penal mais adequada. “A maioria dos 
psicopatas preenche os critérios para transtorno antissocial, mas nem todos os 
indivíduos que preenchem os critérios para transtorno antissocial são 
necessariamente psicopatas”. (MORANA, 2004, online apud PEREIRA G; 2018). 
Alguns doutrinadores defendem a corrente de que os psicopatas são 
imputáveis pelo fato de compreenderem o caráter lícito ou ilícito dos atos, porém, sua 
pena deve ser reduzida considerando suas condições pessoais e referências morais. 
(FABBRINI, 2010 apud PEREIRA G; 2018). Para a doutrina de Cezar Roberto 
Bitencourt acerca da diminuição de pena da seguinte forma: 
A culpabilidade diminuída dá como solução a pena diminuída, na proporção

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