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CENTRO UNIVERSITARIO LUTERANO DE JI-PARANÁ – CEULJI FRANCISCO DURAN PEDROSA DE ARAUJO PSICOPATAS HOMICIDAS E A MELHOR APLICABILIDADE DO SISTEMA PENAL Ji-Paraná 2016 FRANCISCO DURAN PEDROSA DE ARAUJO PSICOPATAS HOMICIDAS E A MELHOR APLICABILIDADE DE SISTEMA PENAL Centro Universitário Luterano de Ji-Paraná - CEULJI, para obtenção de grau acadêmico de Bacharel em Direito. Professor: Elói Lopes da Silva Ji-Paraná 2016 FRANCISCO DURAN PEDROSA DE ARAUJO PSICOPATAS HOMICIDAS E A MELHOR APLICABILIDADE DO SISTEMA PENAL Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Centro Universitário Luterano de Ji-Paraná - CEULJI, para obtenção de grau acadêmico de Bacharel em Direito. Professor Orientador: Elói Lopes da Silva Ji-Paraná, 14 de dezembro de 2016. AVALIADORES ______________________________ - ________ Elói Lopes da Silva - CEULJI Nota _______________________________ - ________ Emerson Oliveira de Faria - CEULJI Nota _______________________________ - _______ Newton Sérgio de Sá Vieira - CEULJI Nota _________________ Média Ji-Paraná 2016 À minha família, com devoção. Aos meus amigos, com carinho. Aos leitores, com humidade. AGRADECIMENTOS Obrigado meu Deus por me amparar durante a trajetória de minha vida, principalmente, nesses anos de lutas e batalhas constantes, rumo a concretização de um sonho realizado; a tão sonhada graduação no curso de Direito. Agradeço ao meu pai, Ivon A. Lacerda, que me ensinou a lutar e batalhar sempre pelos meus objetivos, que sempre estará comigo, meu herói e amor eterno. Agradeço a minha mãe, Mª de Fátima P. Lacerda, que sempre foi minha base, meu alicerce e sem ela nada seria possível, pelo seu amor, doçura e paciência com que sempre cuidou e cuida da nossa família, meu amor. Aos professores que tive a honra de tê-los, e em especial o orientador deste trabalho, Elói Lopes da Silva, pela paciência e dedicação. A piedade e a generosidade das pessoas boas podem se transformar em uma folha de papel em branco assinada nas mãos de um psicopata. Quando sentimos pena, estamos vulneráveis emocionalmente, e é essa a maior arma que os psicopatas podem usar contra nós. “Ana Beatriz Barbosa Silva” RESUMO ARAUJO, Francisco Duran Pedrosa de. PSICOPATAS HOMICIDAS E A MELHOR APLICABILIDADE DO SISTEMA PENAL. 2016. 73 folhas. Monografia de conclusão de curso em Direito. Centro Universitário Luterano de Ji-Paraná (CEULJI/ULBRA), 2016. O presente trabalho versa sobre psicopatas homicidas e a melhor aplicabilidade do sistema penal. A problemática da pesquisa visa esclarecer qual sistema punitivo seria mais adequado para o indivíduo classificado como psicopata homicida. A hipótese norteadora é que os psicopatas necessitam de clínicas especializadas para tratamento psiquiátrico ao invés de serem mantidos em presídios. O objetivo principal da presente pesquisa é esclarecer a dinâmica acerca da psicopatia, e identificar no ordenamento jurídico como se enquadra a semi-imputabilidade do agente psicopata. Para a realização da pesquisa, foi adotado o método bibliográfico, empregando-se o método de raciocino dedutivo/indutivo, tendo por base o levantamento doutrinário que versa sobre o assunto. Diante das considerações expostas, o psicopata homicida deve ser considerado um semi-imputável, logo a medida de segurança é o sistema mais adequado para puni-lo. Dentro dos limites estabelecidos pela lei, como a internação em hospitais psiquiátricos, privando-o do convívio social e também submete-lo a um criterioso tratamento psiquiátrico, tendo o tempo máximo para mantê-lo internado permitido por lei, em 30 anos, sendo assim desinternado após cessado este lapso temporal. Palavras-chave: Psicopatas. Direito Penal. Semi-imputabilidade. ABSTRATO ARAUJO, Francisco Duran Pedrosa de. PSYCHOPATHS MURDERERS AND BEST APPLICABILITY OF CRIMINAL SYSTEM. 2016. 73 leaves. Course conclusion monograph in law. Lutheran University Center Ji-Parana (CEULJI / ULBRA), 2016. This work is about homicidal psychopaths and better applicability of the penal system. The research problem is to clarify which punitive system would be more appropriate for the individual classified as a homicidal psychopath. The guiding hypothesis is that psychopaths require specialized clinics for psychiatric treatment rather than being kept in prisons. The main objective of this research is to clarify the dynamics about psychopathy, and identify the legal system as it relates to semi-imputability of psychotic agent. For the research, the qualitative approach was adopted, using the method of deductive / inductive I reason, based on the doctrinal survey that deals with the subject. In the face of the above, the homicidal psychopath should be considered a semi- attributable, then the security measure is the most appropriate system to punish him. Within the limits established by the law, such as hospitalization in psychiatric hospitals, depriving them from society and also submit it to a careful psychiatric treatment, and the maximum time to keep them admitted permitted by law, in 30 years, thus release ceased after this time lapse. Keywords: Psychopaths. Criminal Law. Semi-accountability. SUMÁRIO INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 10 1 PSICOPATIA ......................................................................................................... 12 1.1 Origem e conceito ............................................................................................... 12 1.2 Diagnóstico e o perfil do psicopata ...................................................................... 17 1.2.1 Características do perfil do psicopata .............................................................. 18 1.2 Psicopatas homicidas .......................................................................................... 25 1.3 A ciência explica .................................................................................................. 29 1.4 Tratamento .......................................................................................................... 31 1.6 Casos brasileiros de psicopatas .......................................................................... 32 1.6.1 Febrônio Índio do Brasil .................................................................................... 32 1.6.2 Pedro Rodrigues Filho – Pedrinho Matador ..................................................... 34 1.6.5 Marcelo Costa de Andrade – Vampiro de Niterói ............................................. 37 1.6.6 Laerte Patrocínio Orpinelli ................................................................................ 37 1.6.7 Sebastião Antonio de Oliveira .......................................................................... 38 1.6.8 Jorge Negromonte da Silveira .......................................................................... 38 1.6.9 Fortunato Botton Neto ...................................................................................... 39 1.6.10 Tiago Henrique Gomes da Rocha .................................................................. 40 2 LEGISLAÇÃO PENAL BRASILEIRA .................................................................... 42 2.1 Conceitode direito penal ..................................................................................... 42 2.2 Crime ................................................................................................................... 43 2.3 Responsabilidade penal ...................................................................................... 45 2.4 Da culpabilidade .................................................................................................. 46 2.4.1 Imputabilidade, semi-imputabilidade e inimputabilidade .................................. 47 2.5 Penas privativas de liberdade ............................................................................. 51 2.6 Medidas de segurança ........................................................................................ 52 2.6.1 Espécies de medidas de segurança ................................................................. 54 3 SISTEMA PUNITIVO ADEQUADO PARA OS PSICOPATAS HOMICIDAS ......... 57 3.1 Pena de prisão .................................................................................................... 57 3.2 Medidas de segurança ........................................................................................ 62 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 65 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 69 APÊNDICE ................................................................................................................ 74 10 INTRODUÇÃO Trata-se o presente trabalho de conclusão de curso, bacharelado em direito, do tema psicopatas homicidas e a melhor aplicabilidade do sistema penal, em função do bacharelando ser filho de pai médico, atuando profissionalmente na área da saúde mental, o mesmo demonstrou-se fascinado pela incógnita que é a mente humana. O interesse pelo tema surgiu muito antes de entrar na área acadêmica, após ler o livro, Mentes Perigosas – o psicopata mora ao lado, da autora Ana Beatriz Barbosa Silva, deparei-me com o pensamento acerca de uma pessoa cometer crimes hediondos com índices de crueldade, e, não ser capaz de sentir remorso pelo seu ato criminoso. Inúmeros são os casos de homicídios registrados todos os dias nas delegacias espalhadas pelo país, assassinatos executados com tanta crueldade, que a sociedade fica perplexa com tamanha barbaridade. Os psicopatas homicidas cometem crimes hediondos sem demonstrar nenhum tipo de arrependimento, remorso ou culpa. Logo, a presente pesquisa pretende-se analisar e responder a seguinte problemática acerca do tema: Qual o sistema punitivo seria mais adequado para o indivíduo classificado como psicopata homicida? A hipótese norteadora que a presente pesquisa tenta demonstrar, é que, necessariamente, os indivíduos classificados como psicopatas homicidas necessitam de clínicas especializadas para tratamento psiquiátrico ao invés de serem mantidos em presídios, juntamente, com os criminosos comuns, devido a falta de capacidade técnica especializada perante o sistema penitenciário brasileiro para punir e ressocializar o criminoso psicopata homicida. O objetivo principal do presente trabalho é esclarecer a dinâmica acerca da psicopatia, bem como identificar no ordenamento jurídico, como se enquadra a semi- imputabilidade do agente psicopata, e as formas de penalidades atualmente impostas 11 a eles. Verificar o perfil do psicopata e compreender como ele se comporta perante a sociedade. Justifica-se a presente pesquisa pelo fato da sociedade não entender o termo psicopata, levando ao conceito impróprio e vulgar sem subsídios para compreender o que leva o indivíduo a ser classificado como psicopata. Deste modo, cria-se a necessidade de produção acadêmica e a discussão intelectual sobre a temática para melhor esclarecer o que venha ser o psicopata homicida. Lembrando-se que o estudo ainda se justifica pelas incertezas e controvérsias a respeito do assunto no âmbito jurídico. A metodologia a ser adotada consistirá na pesquisa bibliográfica, empregando-se o método de raciocínio dedutivo/indutivo, tendo por base o levantamento doutrinário e jurisprudencial que versam sobre o assunto, tais como livros, periódicos, revistas, artigos científicos e a própria legislação. Para realizar a presente pesquisa foi desenvolvido três capítulos. No primeiro, tratar-se-á do estudo acerca da origem e do conceito da psicopatia, bem como, sua característica no contexto do perfil do indivíduo psicopata, e também expor sobre o tratamento e diagnóstico deste transtorno de personalidade antissocial. O segundo capítulo tem por finalidade discorrer sobre a legislação penal brasileira acerca da psicopatia, esclarecendo como é tratado e penalizado o indivíduo psicopata, bem como diferenciar o que é medida de segurança e a sanção penal de prisão impostas pelo Estado. No terceiro capítulo, apresentar-se-á o sistema mais adequado para penalizar e ressocializar o indivíduo psicopata homicida, comparando-se: medida de segurança como a internação do agente em hospital de custodia e tratamento, versus a sanção de pena de prisão. 12 1 PSICOPATIA No presente capítulo, será abordado acerca da psicopatia, esclarecendo a compreensão de sua origem e evolução histórica, bem como, averiguar como é feito seu diagnóstico e tratamento. Vale ressaltar também, sobre os apontamentos acerca do perfil do indivíduo diagnosticado como psicopata. E demonstrar os casos mais importantes e de grande repercussão no Brasil. 1.1 Origem e conceito Historicamente, Millon descreve que a psicopatia é um termo que era utilizado para nomear uma série de comportamentos que eram vistos pela sociedade como sendo moralmente repulsivo. (Apud OLIVEIRA, 2016) No fim do século XVIII, foi quando iniciou a discussão acerca da psicopatia. Alguns filósofos e psiquiatras começaram a estudar e examinar minuciosamente sobre o assunto, analisando a relação de livre arbítrio e transgressões morais, tendo como principal questionamento se alguns desses indivíduos seriam capazes de compreender e entender a consequência de seus atos. (OLIVEIRA, 2016) A respeito disto, um dos primeiros médicos psiquiatra a apontar sobre psicopatas no século XIX foi o francês Philippe Pinel. Os indivíduos psicopatas envolvidos em atos impulsivos e violentos, tinham seu lado racional completamente intacto e a consciência plena de seu ato irracional. O termo Mania sem delírio, foi utilizado para descrever um comportamento marcado por absoluta falta de remorso e uma completa ausência de emoções. Philippe Pinel acreditava que este comportamento era um padrão daquelas ações que os psicopatas costumavam fazer. (OLIVEIRA, 2016). 13 No tocante a este ponto, o termo psicopata pode literalmente dar uma falsa impressão de que se trata de indivíduos loucos ou que tenham algum tipo de doença mental. Diante disto, a psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva (p.37, 2008) esclarece que: A palavra psicopata literalmente significa doença da mente (do grego, psyche = mente; e pathos = doença). No entanto, em termos médico-psiquiátricos, a psicopatia não se encaixa na visão tradicional das doenças mentais. Esses indivíduos não são considerados loucos, nem apresentam qualquer tipo de desorientação. Também não sofrem de delírios ou alucinações (como a esquizofrenia) e tampouco apresentam intenso sofrimento mental (como a depressão ou o pânico, por exemplo). A psicopatia é definida para os médicos-psiquiatras como sendo uma desordem de personalidade cuja característica principal é a falta de empatia, incapacidade de sentir qualquer tipo de emoção ou sentimento por umoutro indivíduo. (SANTOS, 2012). Acerca da psicopatia existem, basicamente, três correntes sobre o seu conceito. Sendo que a primeira corrente considera como uma doença mental. A segunda doutrina considera como uma doença moral e pôr fim a última corrente considera a psicopatia como sendo um transtorno de personalidade. Conforme a primeira corrente que entende a psicopatia sendo uma doença mental, pois originariamente a psicopatia significa doença da mente. No entanto, uma grande maioria dos profissionais psiquiátricos forenses criticam esse entendimento, pois entendem que, A parte cognitiva dos indivíduos psicopatas é perfeita e íntegra, por isso sabem perfeitamente o que estão fazendo. Quanto aos sentimentos, porém, são absolutamente deficitários, pobres, ausentes de afeto e de profundidade emocional. (SILVA, 2008. p.18). Para Jorge Trindade (2012, p. 162), 14 Em realidade, o termo personalidade psicopática, atualmente de uso corrente, foi introduzido no final do século XVIII, para designar um amplo grupo de patologias de comportamento sugestivas de psicopatologia, mas não classificáveis em qualquer outra categoria de desordem ou transtorno mental. Doença moral é o que a segunda corrente prega, para Hales (2006) segundo esta visão, “a responsabilidade penal dos psicopatas poderia ser abrandado em virtude dessa suposta incapacidade de observar as regras jurídicas e sociais”. (Apud PALHARES; CUNHA, 2012) Entretanto, devido os avanços das ciência acerca da saúde metal, a terceira corrente é majoritária considerando a psicopatia como um transtorno de personalidade antissocial, envolvendo a consciência, o caráter e a personalidade do indivíduo. (PALHARES; CUNHA, 2012). Trindade (2012, p. 161), esclarece que: Esse transtorno, historicamente, foi conhecido por diferentes nomes: a) Insanidade sem delírio (Pinel, 1806); b) Insanidade moral (Prichard, 1837); c) Delinquencia nata (Lombroso, 1911); d) Psicopatia (Koch, 1891); e) Sociopatia (Lykken, 1957). Atualmente, é conhecido por Transtorno de Personalidade Antissocial. Psicopata, conforme o dicionário brasileiro é o nome dado à pessoa que sofre de um distúrbio mental, definido por comportamentos antissociais, pela falta de moral, arrependimento ou remorso, sendo incapaz de criar laços afetivos ou de sentir amor pelo próximo. (DICIO, 2016) Mesmo sendo portador de um transtorno mental, segundo o DSM-IV (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), o indivíduo psicopata sabe muito bem distinguir o certo do errado e comete maldades de forma consciente sabendo exatamente o que está fazendo. Infiltrados na sociedade, os indivíduos psicopatas podem ser encontrados disfarçados de boas pessoas, religiosos, amigos, vizinhos, pais de família. Estão em todos os meios sociais, credo, raça, sexualidade. São capazes de arruinar e destruir 15 famílias. Entretanto, muitos são dificilmente descobertos ou diagnosticados, não costumam levantar suspeita de quem realmente são e do que são capazes. (SILVA, 2008). Conforme Jessica Medeiros Santos (2012), especialista em Ciências Forenses e Perícia Criminal, diz que: Para os médicos-psiquiatras, a psicopatia não é uma doença mental e os psicopatas tampouco são considerados loucos, pois não apresentam nenhuma característica, dentro do padrão convencional da psiquiatria dos portadores de personalidade antissocial como a perda da consciência ou qualquer tipo de desorientação e muito menos sofrem delírios ou alucinações, como na esquizofrenia ou apresentam um intenso sofrimento mental e/ou emocional como no caso da depressão ou do pânico, pelo contrário, os atos criminosos dos psicopatas, são decorrentes de um raciocínio frio e calculista combinado com a incapacidade de tratar os outros, como seres humanos pensantes, com vontade própria e sentimentos. Desta forma eles são indivíduos frios e completamente calculistas, inescrupulosos, dissimulados, mentirosos e que visam apenas o próprio benefício e sua satisfação pessoal sem se importar o mínimo, com as outras pessoas. Outro dado importante é que eles são incapazes de estabelecer vínculos afetivos ou de se colocar no lugar do outro. Esses indivíduos são completamente desprovidos de qualquer tipo de culpa ou remorso e, muitas vezes, revelam-se agressivos e violentos capazes de qualquer coisa quando se sentem ameaçados. (SILVA, 2008). Ana Beatriz B. Silva elucida em que, Todos nós dotados de consciência podemos, em um momento qualquer da vida, magoar ou insultar o próximo; cometer injustiças ou equívocos e, em casos extremos, matar alguém sob forte impacto emocional. Afinal, somos humanos e nem sempre estamos com nossa consciência funcionando a 100%: somos influenciados pelas circunstâncias ou pelas necessidades. (2008, p. 38). Desta forma, pelo entendimento de Silva conclui-se que, toda pessoa provida de consciência é capaz de cometer qualquer tipo de crime sob forte circunstância ou influência, porém não significa que ela seja um psicopata. 16 A CID 10 - Classificação Internacional de Doenças da Organização Mundial da Saúde, diz que os psicopatas são os indivíduos portadores de Transtornos específicos das personalidade. Trata-se de distúrbios graves da constituição caracterológica e das tendências comportamentais do indivíduo, não diretamente imputáveis a uma doença, lesão ou outra afecção cerebral ou a um outro transtorno psiquiátrico. Estes distúrbios compreendem habitualmente vários elementos da personalidade, acompanham-se em geral de angústia pessoal e desorganização social; aparecem habitualmente durante a infância ou a adolescência e persistem de modo duradouro na idade adulta. (PALHARES; CUNHA, 2012) Conforme Robert D. Hare (2013. p. 38), A maioria dos médicos e dos pesquisadores não usa o termo psicopata desse modo; eles sabem que a psicopatia não pode ser compreendida a partir da visão tradicional da doença mental. Os psicopatas não são pessoas desorientadas ou que perderam o contato com a realidade; não apresentam ilusões, alucinações ou a angústia subjetiva intensa que caracterizam a maioria dos transtornos mentais. Ao contrário dos psicóticos, os psicopatas são racionais, conscientes do que estão fazendo e do motivo por que agem assim. Seu comportamento é resultado de uma escolha exercida livremente. No tocante a este ponto, uma pessoa classificada com esquizofrenia desrespeita as normas e condutas sociais, no sentido de matar uma pessoa, logo se conclui que ela não seria responsável por motivo de insanidade. No entanto, um indivíduo classificado como psicopata desrespeita as mesmas ordens, ele é considerado uma pessoa sã, tendo exatamente a ciência do que está fazendo. (HARE, 2013). Sendo assim, uma pessoa para cometer o crime de homicídio com total brutalidade, tortura e requintes de crueldade, só pode ser realmente "louca". Mas, nem sempre no sentido legal e psiquiátrico do termo. Em sua obra “The Mask of Sanity”, Cleckley descreve suas próprias reflexões clínicas vividas sobre o comportamento do psicopata, O psicopata não se familiariza com os fatos ou dados primários do que chama de valores pessoais e é completamente incapaz de compreender essas questões. É impossível para ele desenvolver um mínimo interesse que seja 17 por uma tragédia ou diversão ou o anseio pela humanidade como apresentado na literatura ou arte sérias. Ele também é indiferente a todas as matérias da vida em si. Beleza e feiura, exceto em um sentido superficial, bondade, maldade, amor, horror e humor não têm nenhum significado real, nenhuma força que o mova. Além disso, não tem capacidade de entender como os outros são tocados por essas coisas. É como se fosse cego a cores, a esse aspecto da existência humana, embora tenha uma inteligência aguçada. Ele não pode entender nadadisso porque não há nada, em nenhum ponto de sua consciência, que possa preencher a lacuna necessária a uma comparação. Ele pode repetir as palavras e dizer com loquacidade que esta compreendendo, mas não tem como saber que não compreende. (Apud Hare, 2013. p, 43). Assim, o grande problema da sociedade é reconhecer o psicopata, como ele age, seus modos e aonde ele se encontra. Logo, compreende-se que estamos vulneráveis a este indivíduo; podendo ser qualquer pessoa: o amigo; o(a) pai/mãe; o irmão; o chefe do trabalho ou seu vizinho. 1.2 Diagnóstico e o perfil do psicopata Em sua obra “Mentes Perigosas – o psicopata mora ao lado” SILVA elucida acerca do diagnóstico, Com base nos estudos de Cleckley, o psicólogo canadense Robert Hare (professor da University of British Columbia) dedicou anos de sua vida profissional reunindo características comuns de pessoas com esse tipo de perfil, até conseguir montar, em 1991, o sofisticado questionário denominado escala Hare e que hoje se constitui no método mais confiável na identificação de psicopatas. (2008, p. 67). Assim, a escala Hare é um questionário que foi elaborado pelo psiquiatra Hobert Hare, após anos de pesquisas ele reuniu várias características comuns de indivíduos com o perfil de psicopatas, desta forma, o questionário é um método mais confiável na identificação de um indivíduo psicopata. A escala de Hare recebe o nome de PCL-R (Psychopathy Checklist – Revised) “e sua aceitação e relevância tem levado diversos países de todo o mundo a utilizá-la como um instrumento de grande valor no combate à violência e na melhoria ética da sociedade”. (SILVA, 2008, p.68). 18 Jorge Trindade (2011, p. 171) também concorda em que, “o PCL-R é o mais adequado instrumento, sob a forma de escala, para avaliar psicopata e identificar fatores de risco de violência”. O psychopathy checklist, sua principal finalidade é examinar detalhadamente os diversos aspectos da personalidade psicopática, sendo os relacionados aos sentimentos e os relacionamentos interpessoais levando até o estilo de vida dos psicopatas e seus comportamentos antissociais. (SILVA, 2008). O PCL permite descrever as características dos psicopatas, diferenciando tais condutas como um simples desvio social ou criminal ou muito menos, de simplesmente rotular indivíduos que apenas violou a lei por qualquer outro motivo. Maurício Horta (2016, p. 8), nos diz que: Segundo a Associação Americana de Psiquiatria (APA), 3% dos homens e 1% das mulheres são incapazes de internalizar regras sociais. São portadores do que a bíblia dos psiquiatras – o Manual de Diagnóstico e Estatística de Transtornos Mentais da APA – chama de transtorno de personalidade antissocial (TPAS). Ou do que o psicólogo canadense Robert Hare, maior especialista do assunto, chama de psicopatia. Embora os dois conceitos sejam comumente usados como sinônimos, há uma diferença em seu diagnóstico. O TPAS é identificado a partir do comportamento antissocial; já a psicopatia e a sociopatia – que são termos equivalentes – dizem respeito tanto ao comportamento quanto a um conjunto de traços de personalidade. 1.2.1 Características do perfil do psicopata Importante salientar que, mesmo que sejam identificados alguns sintomas não é ferramenta suficiente para diagnosticar a psicopatia. 1.2.1.1 Aspectos ligados aos sentimentos e relacionamentos interpessoais Estes aspectos são o modo como os psicopatas sentem e pensam sobre si e a respeito das outras pessoas, sintomas emocionais e interpessoais. a) Eloquente e superficial 19 Eles costumam ser completamente flexíveis, fazendo com o que uma simples conversa se torne um grande bate papo, uma conversa completamente agradável e divertida. (HARE, 2013) Em suas respostas eles são simplesmente fantásticos e inteligentes, sendo capazes de contar e elaborar histórias envolventes e convincentes, porém, sempre se colocando no papel de bom mocinho. Geralmente, a maioria das pessoas acabam caindo em suas lábias, exatamente, pelo fato deles serem sem sombra de dúvida muito convincentes em suas histórias. Quando se apresentam às pessoas, tendem a se mostrar muito emotivo e afetivo, tornando uma pessoa agradável, atraente, sedutora e de boa índole. (SILVA, 2008). Outra característica bastante importante dentro do contexto da eloquência é o que explica Silva, Outro sinal muito característico desse comportamento é a total falta de preocupação ou constrangimento que esses psicopatas apresentam ao serem desmascarados como farsantes. Não demonstram a menor vergonha caso sejam flagrados em suas mentiras. Ao contrário, podem mudar de assunto com a maior tranquilidade ou dar uma resposta totalmente fora do contexto. (SILVA, 2008, p 69). Assim, como foi explicado, o psicopata não tem nenhuma preocupação caso for descoberto por alguma mentira. b) Egocêntrico e grandioso Extremamente com visões narcisistas, eles enxergam o mundo como se fosse o centro das atenções, um egocentrismo além da realidade, acreditam que têm o direito a tudo, que são superiores a qualquer outra pessoa e que têm o direito de viver de acordo com o que achar melhor, seguindo suas próprias regras e leis. (HARE, 2013) “Para os psicopatas, matar, roubar, estuprar, fraudar, não é nada grave. Embora eles saibam que estão violando os direitos básicos dos outros, por escolha, reconhecem somente as suas próprias regras e leis”. (SILVA, 2008, p. 70). 20 Sempre com habilidade em culpar as outras pessoas pelos seus atos, tirando- se sua total responsabilidade. Para os psicopatas a culpa é sempre de outra pessoa. c) Ausência de remorso ou culpa Com a grande falta de preocupação com os efeitos que suas ações devastadoras podem causar a outra pessoa, esses indivíduos não possuem a menor falta de preocupação com isso. Desta forma, assumem com toda a tranquilidade de que não sentem nenhum tipo de culpa e muito menos remorso diante de suas ações e de fato não veem motivo algum para se preocupar. (SILVA, 2008). A respeito disso Hare (p. 56, 2013) esclarece, A falta de remorso ou de culpa do psicopata está associada com uma incrível habilidade de racionalizar o próprio comportamento e de dar de ombros para a responsabilidade pessoal por ações que causam desgosto e desapontamento a familiares, amigos, colegas, e a outras pessoas que seguem as regras sociais. Em geral, os psicopatas têm desculpas prontas para o próprio comportamento e, às vezes, até negam completamente que o fato tenha acontecido. d) Falta de empatia A maioria das características apresentadas por esses indivíduos, em especial egocentrismo, ausência de remorso, falta de emoções e falsidade, estão relacionadas com uma profunda falta de empatia. Eles são incapazes de se colocar no lugar do outro, a não ser no sentido puramente intelectual. Os sentimentos das outras pessoas não são preocupações para os psicopatas. As pessoas são praticamente objetos para eles, que devem ser usados para sua própria satisfação e prazer. (SILVA, 2008). Conforme Hare (p. 59, 2013): Os psicopatas, no entanto, apresentam uma falta generalizada de empatia. São indiferentes aos direitos e ao sofrimento de estranhos e também aos dos 21 próprios familiares. Quando mantêm algum laço com a esposa e os filhos, isso acontece apenas porque consideram os membros da própria família como um bem que lhes pertence, como aparelhos de som ou automóveis. Exatamente pela falta de entender os sentimentos das outas pessoas, alguns psicopatas podem agir de forma completamente horrenda, sendo capazes de torturar e mutilar suas vítimas sem nenhum tipo de remorso. e) Enganador e manipulador São talentos naturais desses indivíduos, mentir, enganar e manipular. Sua imaginação é exclusivamente voltada apenas para elespróprios. Os psicopatas parecem não se intimidar nem um pouco e muito menos se preocupar que pode haver a possibilidade de serem descobertos. Vale ressaltar que, “temos que considerar que todo mundo mente, uns mais outros menos. (SILVA, 2008, p. 75). Não é por isto que, alguém que conta uma mentira necessariamente será um psicopata. Porém, o psicopata mentiroso frequente utiliza da tática de enganar para se dar bem. Como já enunciado, dificilmente ficam constrangidos quando são descobertos ou confrontados com a mentira que eles contam, eles agem normalmente e são capazes de mudar a história contada, retrabalhando os fatos para que pareçam consistentes com a mentira. Dada sua eloquência e facilidade em mentir, não causa surpresa o fato de os psicopatas enganarem, trapacearem, fraudarem, iludirem e manipularem as pessoas sem o menor escrúpulo. (HARE, 2013). f) Emoções Sendo quase incapazes de sentir certos tipos de sentimentos, os psicopatas sofrem de algum tipo de pobreza emocional que limita esses sentimentos como amor, a compaixão e o respeito pelas outras pessoas. (HARE, 2013) 22 Eles dizem que sentem essas emoções, no entanto, eles sequer sabem diferenciar as nuances existentes entre elas. Confundem os sentimentos, como o amor com a pura excitação sexual, tristeza com frustração e raiva com irritabilidade. Ana Beatriz Barbosa Silva (2008, p. 78) descreve a seguinte situação: Alguns presidiários identificados como psicopatas foram submetidos à visualização de cenas de conteúdo chocante. Esse conjunto de imagens editadas mostrava, entre outras coisas, corpos decapitados, torturas com eletrochoques, crianças esquálidas com moscas nos olhos e gritos de desespero. Enquanto as pessoas comuns só de imaginar tais situações ficariam arrepiadas e com reações físicas de medo, esses psicopatas não apresentaram sequer variação de seus batimentos cardíacos. 1.2.1.2 Aspectos do estilo de vida e comportamento antissocial Neste tópico será demonstrado o tipo de estilo de vida e o comportamento antissocial que os psicopatas demonstram perante a sociedade. a) Impulsividade Completamente impulsivos os psicopatas não pesam em uma determinada ação, eles apenas agem. Seu desejo incontrolado de alcançar prazer, satisfação ou um alívio imediato diante de uma determinada situação é o que os impulsiona para agirem sem pensar sobre as consequências que isso poderá levar, diante de qualquer sentimento de culpa ou arrependimento. (HARE, 2013) O psicopata diante de uma simples pergunta, responde o seguinte: - Por que você fez isso? A resposta mais comum será: - Porque me deu vontade. Sendo assim, extremamente impulsivos, os psicopatas vivem o presente sem se importar com o futuro, buscando simplesmente sua satisfação imediata dos seus desejos. (SILVA, 2008). b) Autocontrole deficiente 23 A grande maioria de nós controlamos nossos comportamentos diante de uma situação de frustração ou uma provocação, mesmo que tenhamos vontade imediata de responder com agressão ou qualquer tipo de violência, não o façamos mediante a função de sermos capazes de exercer nosso autocontrole. (HARE, 2013). Com os níveis de controle completamente reduzidos, para os psicopatas basta uma simples provocação para rompê-los. Sendo assim, podendo responder qualquer tipo de frustração com ameaça, desaforos ou com súbita violência. Ana Beatriz Barbosa Silva (2008, p.85) fala: Um psicopata, quando “perde o controle”, sabe exatamente até onde ele quer ir, no sentido de magoar, amedrontar ou machucar uma pessoa. Apesar de tudo isso, eles se recusam a admitir que tenham problemas em controlar seu temperamento. Eles descrevem seus episódios agressivos como uma resposta natural à provocação a que foi submetido. Daí a se colocar como vítima de toda a situação é um passo muito pequeno! Mesmo diante da explosão de agressividade e a violência ser completamente intensa, elas ocorrem em um curto espaço de tempo, após o qual os psicopatas voltam a se comportar como se nada tivesse acontecido. (HARE, 2013). c) Necessidade de excitação Eles não admitem o tédio ou qualquer tipo de situações rotineiras e maçantes. Esses indivíduos necessitam de algum tipo de excitação excessiva, eles tendem sempre a viver no limite da ação, sendo que na maioria dos casos, envolvem-se em situações ilegais. (HARE, 2013) “Muitos psicopatas procuram nos atos perigosos, proibidos ou ilegais que praticam o suspense e a excitação que esses atos provocam. Para eles, tudo não passa de mero prazer e diversão imediatos, sem qualquer outra conotação”. (SILVA, 2008, p. 86) d) Falta de responsabilidade 24 Completamente irresponsáveis, os psicopatas não sabem lidar com obrigações e compromissos, para eles isso não significam nada. Sua incapacidade de ser responsáveis e confiáveis se estendem para todas as áreas de suas vidas. Em geral os psicopatas afirmam, com palavras bem colocadas, que se importam muito com sua família, mas suas atitudes contradizem totalmente o seu discurso. Eles não hesitam em usar seus familiares e amigos para se livrarem de situações difíceis ou tirarem vantagens. Quando dizem que amam ou demonstram ciúmes, na realidade tem apenas um senso de posse como com qualquer objeto. Eles tratam as pessoas como “coisas” que, quando não servem mais, são descartadas da mesma forma que se faz com uma ferramenta usada. (SILVA, 2008, p.87). Eles não se intimidam com qualquer possibilidade de que suas ações possam resultar em sofrimento ou risco para outra pessoa. e) Problemas comportamentais precoces Desde criança a maioria dos psicopatas começam a demonstrar graves problemas de comportamentos, como: mentiras persistentes, fraudes, roubo, incêndio criminoso, vadiagem, perturbação de aula na escola, abuso de substâncias, vandalismo, violência, bullying, fuga e sexualidade precoce. (SILVA, 2008). A respeito disso Robert D. Hare (p.78, 2013) diz que: Uma vez que muitas pessoas exibem alguns desses comportamentos de vez em quando, em especial aquelas educadas em bairros violentos ou em famílias desagregadas ou abusivas, é importante enfatizar que, no histórico de um psicopata, esses comportamentos são muito mais extensivos e graves do que no histórico da maioria das outras pessoas, mesmo quando comparados com o de irmãos e amigos criados em ambientes similares. Em decorrência deste enfoque, muito importante salientar que “ninguém vira psicopata da noite para o dia: eles nascem assim e permanecem assim durante toda a sua existência”. (SILVA, 2008, p. 89). f) Comportamento transgressor no adulto 25 Os psicopatas não apenas transgridem as normas socais como também as ignoram e as consideram meros obstáculos, considerando as regras e as expectativas da sociedade inconvenientes e insensatas. (HARE, 2013). Sendo que, as regras e normas da sociedade nada mais são que obstáculos a ser superados na conquista de suas ambições e seus prazeres. Essas leis e regras sociais não intimidam os psicopatas. Pode-se considerar que isso, na trajetória de vida destes indivíduos psicopatas, o comportamento transgressor e antissocial é uma constante que vai da infância a fase adulta. A respeito disto Ana Beatriz Barbosa Silva (2008, p.90) diz que: Pesquisas têm constatado que a aparição precoce do comportamento antissocial (infância e adolescência) é um forte indicador de problemas transgressores e criminalidade no adulto. Vale ressaltar que o psicopata sempre vai revelar ausência de consciência genuína frente às demais pessoas: são incapazes de amar e nutrir o sentimento de empatia. Eles jamais deixarão de apresentar comportamentos antissociais; o que pode mudar é a forma de exercer suas atividades ilegais durante a vida (roubos, golpes, desvio de verba, estupro, sequestro,assassinato etc.). Em outras palavras, a maioria dos psicopatas não é expert numa atividade criminal especifica, mas sim “passeia” pelas mais diversas categorias de crimes, o que Hare denomina versatilidade criminal. No tocante a este ponto, tem-se observado que muitos criminosos comuns possuem algumas destas características. Porém, mesmo que seja evidenciado algumas características, não significa que estes indivíduos são psicopatas. O indivíduo só será considerado psicopata quando possuir a maioria das características acima descritos, conforme a escala Hare. 1.2 Psicopatas homicidas Conforme pesquisas, há 69 milhões de psicopatas no mundo, o que dá 1% da população em geral. Com este índice a penitenciária é o lugar em que se encontram muitos psicopatas. Eles são 20% da população carcerária e 86,5% dos serial killers. (HORTA, 2011). 26 Em decorrência deste enfoque, vale ressaltar que nem todos os criminosos são psicopatas, e nem todos os psicopatas são criminosos. Ana Beatriz Barbosa Silva, em uma entrevista diz o seguinte: Existem uma certeza de que determinadas pessoas nascem com uma índole mais perversa e outras não, na raiz disso está muito mais ligada na biologia no DNA. Existem uma afirmação na ciência atual que o “senso moral” vem no DNA, e outras pessoas não vem com o senso moral, não vem com a capacidade de, se pôr no lugar do outro, de empatia, ou, sofrer por outro, e essas pessoas são capazes de cometer qualquer tipo de perversidade. (Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=-GtnVlLQNVo. Acesso em 21 out. 2016). Todos os dias as delegacias de todo o país registram inúmeros casos de homicídios desumanos, crimes completamente bárbaros que atingem nossa sociedade; crimes cometidos com tamanha crueldade, capazes de chocar qualquer pessoa, menos o Psicopata. Os psicopatas matam por prazer; eles sentem uma vontade, uma fome, um instinto de matar, de fazer com que suas vítimas sintam dor, que sejam humilhadas. E para isso eles não medem e nem fazem a menor questão de que meios usar para realização de suas vontades. São capazes de qualquer coisa: degolar, esfaquear, esquartejar, mutilar ou retalhar uma vítima com a maior tranquilidade, como se estivessem cortando um bife para o almoço. Inicialmente quando ouvimos falar em psicopatas, logo imaginamos há imagem de um homem. Isto ocorre pelo fato dos noticiários abordarem crimes violentos que foram executados por mais homens do que mulheres. No entanto, pesquisas apontam que homens comentem mais crimes a sangue frio do que as mulheres. Mesmo assim, não tenham dúvidas que elas são capazes de cometerem crimes bárbaros e cruéis tanto quanto os homens. Os psicopatas que cometem homicídio é o caso mais grave da psicopatia. Os que cometem vários assassinatos são denominados Serial Killers, termo utilizado para definir comportamento criminoso. 27 Ilana Casoy em na sua obra “Serial Killers: Made in Brazil” faz a definição de serial killers, São os assassinos que cometem uma série de homicídios com algum intervalo de tempo entre eles. Suas vítimas têm o mesmo perfil, a mesma faixa etária, são escolhidas ao acaso e mortas sem razão aparente. Para criminosos desse tipo, elas são objeto da sua fantasia. Infelizmente, eles só param de matar, até onde se sabe, quando são presos ou mortos. (2014, p. 23). No mesmo sentido, “os seriais killers são assassinos que, através de um modo especifico e pessoal, matam uma série de pessoas cujas características em comum se assemelham”, indica o neuropsicólogo Fábio Roesler. (Apud SANTOS, 2014, p. 6). As vítimas dos Serial Killers são pessoas desconhecidas, vulneráveis, frágeis e o comportamento delas não tem importância para eles. O que eles necessitam é de controle e dominação perante sua vítima. Há um certo período de tempo entre um assassinato e outro. Sempre escolhem indivíduos aparentemente mais fracos que se encaixem a algum tipo de estereótipo e muitas vezes levam alguma coisa como troféu do assassinato. Ilana Casoy (2014, p. 24) esclarece a respeito dos Serial Killers organizados e desorganizados: Os seriais killers organizados são seres solitários por se sentirem superiores às demais pessoas: ninguém é bom o bastante para eles. São socialmente competentes e, muitas vezes, casados. Conseguem bons empregos porque parecem confiáveis e aparentam saber mais do que na realidade sabem. Quando usam drogas, as preferidas são maconha e álcool. Para eles, o crime é um jogo. Retornam ao local onde mataram para acompanhar os trabalhos da perícia e da polícia, estão atentos aos noticiários e são os últimos suspeitos, por serem charmosos e carismáticos. Planejam o crime com cuidado, carregam o material necessário para cumprir suas fantasias, interagem com a vítima e se gratificam com o estupro e a tortura. Deixam pouquíssimas evidências no local do crime, escondem ou queimam o cadáver e levam um pertence daquele que matou como lembrança ou troféu. Os seriais killers desorganizados também são solitários, mas por terem comportamento considerado estranho, esquisito. Sua desorganização é geral: com a casa, com o carro, com o trabalho, com a aparência e com o estilo de vida. Não são atléticos, são introvertidos e não têm condição de planejar um crime com eficiência. De forma geral, agem por impulso e perto de onde moram, usando as armas ou os instrumentos encontrados no local de ação. É comum manterem um diário com anotações sobre suas atividades e vítimas, trocam de emprego com frequência e tentam seguir carreira militar ou similar mas não bem-sucedidas. É raro manter algum contato com a vítima 28 antes de agir; agem com fúria, gratificam-se com estupro ou mutilação post mortem e, nesse grupo, é comum encontrarmos canibais e necrófilos. Têm mínimo interesse no noticiário sobre seus crimes e deixam muitas evidências no local em que matam. Assim, está em evidência que existem certas diferenças entre o serial killers organizado do desorganizado, porém o que realmente importa para os dois é cometerem o assassinato. Neste sentido, os seriais killers são divididos em quatro tipos: Quadro 1 - Os tipos dos serial killers Visionário É um indivíduo completamente insano, psicótico. Ouve vozes dentro de sua cabeça e lhes obedece. Pode também sofrer de alucinações ou ter visões. Missionário Socialmente não demonstra ser um psicótico, mas em seu interior tem a necessidade de “livrar” o mundo do que julga imoral ou indigno. Escolhe certo tipo de grupo para matar, como prostitutas, homossexuais, mulheres ou crianças. Emotivo Mata por pura diversão. Dos quatro tipos estabelecidos, é o que realmente tem prazer em matar e utiliza requintes sádicos e cruéis, obtendo prazer no próprio processo de planejamento do crime. Sádico / Libertinos É o assassino sexual. Mata por desejo. Seu prazer será diretamente proporcional ao sofrimento da vítima sob tortura. A ação de torturar, mutilara e matar lhe traz prazer sexual. Canibais e necrófilos fazem parte deste grupo. Fonte: Casoy, 2014, p. 21. O sadismo é o que se assemelha a estes assassinos, uma desordem crônica que só se estende. Para o Dr. Joel Norris, existem sete fases nesse progresso homicida: Fase áurea: o sujeito está sendo dominado por suas fantasias. Ainda não realizou atos importantes para materializá-las, mas em sua mente já brotaram as imagens de morte. Externamente continua aparentando normalidade. Fase de pesca: começa a frequentar os locais em que suas possíveis vítimas se encontram. Fase de sedução: decidido a materializar sua fantasia, entra em contato com a vítima demonstrando seus encantos pessoais. Fase de captura: a vítima já foi capturada e o agressor se deleita com seus sofrimento. É o momento tão ansiado, anterior ao assassinato. Fase do assassinato: o agressor mata a vítima. Fase fetichista: o assassinocomprova que a morte da vítima não corresponde ao esperado e leva um objeto ou parte do corpo para rememorar o crime na intimidade e prolongar o prazer obtido. Fase depressiva: cometido o crime, seu autor abandona a cena do assassinato e pensa sobre o ocorrido, porque não obteve a gratificação sonhada. (Apud RÁMILA, 2012, p. 63). 29 Logo que o psicopata entra na fase de depressão, se inicia novamente o processo, voltando à fase áurea. No tocante a este ponto, Casoy menciona sobre as vítimas, As vítimas do serial killer são escolhidas aleatoriamente ao acaso ou por algum tipo de estereótipo que tenha significado simbólico para ele. Diferentemente de outros homicídios, a ação da vítima não precipita a ação do assassino. Ele é sádico por natureza e procura prazeres perversos ao torturar suas presas, [...]. Tem necessidade de dominar, controlar e possuir a pessoa. Quando a vítima morre, o assassino é novamente abandonado à sua misteriosa fúria e ódio por si mesmo. Esse círculo vicioso continua em andamento, até que sejam capturados ou mortos. [...] o serial killer enxerga suas vítimas como objetos. Para humilhá-las ao máximo, torturá-las fisicamente e matá-las, [...] Sente-se bem ao saber que as fez se sentirem mal. (2014, p. 23). Assim, extremamente sádico ele procura prazeres perversos torturando, dominando e controlando suas vítimas, podendo fazer com elas o que quiser, até o momento que sua vítima morre. 1.3 A ciência explica A ciência diz que a psicopatia é causada por uma anomalia orgânica no cérebro, associado ao transtorno de personalidade antissocial. Conforme a ciência, o psicopata é diagnosticado com grande índice de falta de empatia, culpa e remorso. (RODRIGUES, 2016). O psicólogo Breno Rososotolato explica que, O neurocientista da Universidade do Novo México, Kent Kiehl, estudou o cérebro dos psicopatas e constatou que possui níveis pequenos de densidade no sistema límbico. Esse sistema é formado por várias partes, entre elas a amígdala e o hipotálamo, e é responsável pelo processamento das emoções. Está falta de emoções e um comportamento antissocial é uma construção, ou melhor, uma desconstrução do afeto desde a infância e tende a ser mais evidente na adolescência. (Apud RODRIGUES, 2016, p. 9) 30 BEM – Bateria de Emoções é um teste desenvolvido pelo neuropsíquio Ricardo de Oliveira Souza e neurorradiologista Jorge Moll, utilizando a tecnologia de Ressonância Magnética funcional (RMf). O objetivo deste teste é verificar como o cérebro dos indivíduos se comporta aos julgamentos morais, envolvendo emoções, como o arrependimento, culpa e compaixão. (SILVA, 2008). Os resultados destes testes demonstram que: diferentemente das pessoas comuns, os psicopatas apresentam atividade cerebral reduzida nas estruturas relacionadas às emoções em geral. Entretanto, evidenciaram aumento de atividade nas regiões responsáveis pela cognição (capacidade de racionalizar). Desta forma, conclui-se que os psicopatas são muito mais racionais do que emocionais. (SILVA, 2008). Assim, no cérebro a amígdala é uma, Pequena estrutura em forma de amêndoa, situada dentro da região antero- inferior do lobo temporal, se interconecta com o hipocampo, os núcleos septais, a área pré-frontal e o núcleo dorso-medial do tálamo. Essas conexões garantem seu importante desempenho na mediação e controle das atividades emocionais de ordem maior, como amizade, amor e afeição, nas exteriorizações do humor e, principalmente, nos estados de medo e ira e na agressividade. (CEREBRO MENTE, 2016). Neste sentido Rodrigues (2016, p. 9) fala que “a amígdala está envolvida no condicionamento aversivo e na aprendizagem instrumental por punição e recompensa, por exemplo, além da resposta ao medo e a expressões faciais tristes”. Sendo assim, a amígdala é fundamental para a autopreservação, por ser o centro identificador do perigo, gerando medo e ansiedade e colocando o indivíduo em situação de alerta. [...] A lesão da amígdala faz, entre outras coisas, com que o indivíduo perca o sentido afetivo [...]. (CEREBRO MENTE, 2016). Conforme a neurologista Marcela Amaral Avelino elucida, Assim, sugere-se que a distinção da amígdala é um dos mecanismos centrais envolvidos na patologia da psicopatia. Alguns estudos evidenciaram redução do volume da amígdala em indivíduos com escores elevados para psicopatia, o que torna essa hipótese ainda mais provável. (Apud RODRIGUES, 2016, p.9). 31 O cérebro de um psicopata apresenta ainda um déficit de funcionamento no sistema órbito-frontal, responsável por processar emoções humanas como a empatia, a solidariedade e o amor. Em uma imagem de Pet-Scan (Positron Emission Tomography) esta região se mostra azul, o que quer dizer pouca ou nenhuma atividade. Se colocar um psicopata diante de uma linda paisagem, como por exemplo, um pôr do sol em um campo lindo e florido ou uma imagem de uma criança sendo maltratada e torturada, sua reação diante dessas imagens são exatamente a mesma, ou melhor dizendo, ele não tem nenhuma reação. (RODRIGUES, 2016) 1.4 Tratamento Logo após o diagnóstico da psicopatia, sendo obtido através do PCL-R, o indivíduo que possui esse transtorno de personalidade deve ser encaminhado para tratamento. A priori, cabe lembrar, mesmo que o indivíduo possua características psicopáticas ele não é ou será necessariamente um criminoso, mas tendo grandes chances de se tornar um. Na grande maioria dos casos, o tratamento segue uma linha focada na convivência familiar e social, aonde são áreas afetadas pelo transtorno. (AGUIAR, 2016). É de grande importância salientar que, “não existe um tratamento para curar a psicopatia, mas um tratamento que visa de certa forma ajudar o indivíduo a respeitar as regras e normas sociais, evitando assim que ele cometa transgressões graves”. (AGUIAR, 2016). De acordo com Erika Aidar, “a psicopatia, pode ser tratada com psicoterapia focada na vida emocional do paciente, que poderá retornar ao convívio social, nos casos leves”. (Apud AGUIAR, 2016). Os medicamentos para este tratamento, apenas ajudam a melhorar o funcionamento cerebral, enquanto a psicoterapia tenta amenizar a manifestação do comportamento transgressor. Segundo a psicóloga Márcia Mathias, 32 Os pacientes chamados de intratáveis devem ser isolados do convívio social por terem cometido algum tipo de crime grave, geralmente são avaliados por psicólogos e médicos forenses, após julgamento dos atos que cometeram, e encaminhados para o manicômio judiciário, onde devem receber todos os recursos médicos e psicoterápicos possíveis. (Apud AGUIAR, 2016) Os medicamentos mais utilizados para tentar tratar os psicopatas são os antidepressivos, lítio, anticonvulsivantes entre outros; entretanto não são eficazes. Pesquisas mostram que o sal de lítio pode diminuir o comportamento impulsivo e explosivo, porém causam efeitos colaterais fortes. (ADEB, 2016) Os psicopatas costumam não cooperar com as terapias, geralmente, eles tentam fraudar e burlar os tratamentos, fazendo-se assim que as tentativas para tratar sejam desapontadoras para os especialistas. Sendo assim, não existe definitivamente tratamento e cura para o psicopata. 1.6 Casos brasileiros de psicopatas Neste tópico, apresentamos alguns casos de homicídios mais conhecidos e divulgados pela mídia e que foram de grande repercussão no Brasil. 1.6.1 Febrônio Índio do Brasil Figura 1 – Febrônio Índio do Brasil Fonte: Disponível em: <http://quadrosaovivo.blogspot.com.br/2016/04/as-revelacoes-do-principe-do- fogo.html>. Acesso em 10 out. 2016 Nascido provavelmente em 14 de Janeiro de 1895, na cidade de São Miguel de Jequitinhonha/MG. Filho de Theodoro Simões de Oliveira e Reginalda Ferreira de Mattos. Estima-se que seu verdadeiro nomeera Febrônio Ferreira de Mattos, entretanto, se apresentava para todos como Febrônio Índio do Brasil – o Filho da Luz. 33 Na infância, Febrônio muitas vezes presenciou a violência que seu pai cometia com sua mãe, que era espancada com muita frequência. Seu pai também era muito violento com os filhos. Febrônio era o segundo filho do casal em um total de 14 filhos. Fugiu de casa aos 12 anos de idade. Em agosto de 1927, saiu a primeira notícia do que seria chamado por toda a imprensa de – O hediondo crime da ilha do Ribeiro. No dia anterior, a polícia foi avisada sobre um cadáver encontrado naquele local, sendo de Alamiro José Ribeiro, rapaz de aproximadamente 20 anos. Em exame superficial, os peritos logo perceberam que o rapaz havia sido estrangulado, o corpo tinha marcas acentuadas de atos de crueldade, como contusões fortes nas nádegas e ferimento na cabeça. Perto do corpo, a polícia apreendeu uma bolsa de fumo e um boné. Um dos investigadores do caso logo se lembrou de um detento que saíra havia poucos dias da Casa de Detenção. Com pressa de resolver o caso, dirigiu-se para lá e não demorou para que o colega de cela do suspeito confirmasse que os objetos eram de Febrônio Índio do Brasil. Febrônio, vulgo Tenente, usava nomes diferentes: Teborde Simões de Mattos Índio do Brasil, Fabiano Índio do Brasil, Pedro de Souza, Pedro João de Souza, José de Mattos, Febrônio Simões de Mattos e Bruno Ferreira Gabina. Em 7 de setembro de 1927 foram encontrados os restos mortais de João Ferreira, o Jonjoca. Estava em adiantado estado de decomposição, embaixo de uma moita de capim, de barriga para cima, o braço esquerdo recolhido na altura da cabeça e a mão esquerda aberta virada com a palma para cima. O braço direito estava estendido perpendicularmente e a mão direito apoiada no chão. Na delegacia, Febrônio declarou nada saber sobre o assassinato de Alamiro e o sumiço de Jonjoca. Disse que quando saiu da cadeia, dirigiu-se a Petrópolis, onde exercia a função de cirurgião-dentista, tendo sido preso e encarcerado por vários dias. Quando liberto, foi ao RJ localizar seu diploma de dentista, em data após o desaparecimento das duas vítimas. No dia 08 de setembro de 1927, Febrônio finalmente confessou sua responsabilidade pelo homicídio de João Ferreira. Febrônio disse que foi levado a cometer esses crimes por meio de revelações que recebia constantemente, convencendo-o a sacrificar vítimas em benefício do Deus Vivo, símbolo de sua religião. Foi denunciado pelo Ministério Público em 19 de setembro de 1927. Febrônio foi avaliado pelo psiquiatra Heitor Carrilho, que concluiu pela inimputabilidade e recomendou que ele ficasse internado pelo resto da vida. Febrônio foi absolvido, mas recolhido como primeiro habitante do Manicômio Judiciário do Rio de Janeiro, criado este em função de seu caso. Deu entrada no manicômio judiciário, procedente da Casa de Detenção, no dia 06 de junho 34 de 1929. Lá, ficaria em prisão perpétua até sua morte em 27 de agosto de 1984. Sendo a causa da morte por enfisema pulmonar. (AQUINO, 2016. Disponível em: <http://faceobscura.blogspot.com.br/2013/10/febronio-indio-do-brasil-o-filho-da- luz.html>. Acesso em: 10 out. 2016). 1.6.2 Pedro Rodrigues Filho – Pedrinho Matador Figura 2 – Pedro Rodrigues Filho Fonte: Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Pedrinho_Matador>. Acesso em 10 de out. 2016. Aos 14 anos, assassinou o vice-prefeito da cidade, que acusara seu pai de furtar merenda da escola onde trabalhava. O político levou dois tiros de espingarda na frente de casa. Em seguida, matou o vigia, que supunha ser o verdadeiro ladrão. Se envolveu com o tráfico de drogas. Casou-se e sua mulher estava gravida quando foi morta por traficantes. Pedrinho juntou quatro amigos e invadiu o casamento de um dos adversários para se vingar. Matou sete pessoas e deixou 16 feridos. Em 1973, com apenas 18 anos, foi preso e condenado a 128 anos de prisão. E continuou a matança: fez 47 vítimas nas cadeias onde esteve. Uma delas foi o próprio pai. Para se vingar de seu pai, Pedrinho o esfaqueou e arrancou um pedaço de seu coração, mastigou e o cuspiu. Outro preso morreu porque roncava demais, mas a maioria era de estupradores e agressores de mulheres. Para o matador, crianças e mulheres são coisas sagradas. Foi condenado pela morte de 71 pessoas. Por ele mesmo, estima- se que foram mais de 100 vítimas entre as décadas de 1970 e 1980. Para ele, todas mereceram, dizia que só matava os maus. Apesar do currículo, em 2007 ele cumpriu 30 anos de prisão, o máximo permitido pela lei brasileira, e foi solto. Quatro anos depois, aos 57 anos, foi preso novamente pela participação em motins. Pode sair em 2019, quando termina de cumprir pena. (Disponível em < https://pt.wikipedia.org/wiki/Pedrinho_Matador>. Acesso em 10 out. 2016) 1.6.3 Francisco das Chagas Rodrigues de Brito – Meninos Emasculados 35 Figura 3 – Francisco das C. Rodrigues Brito Fonte: Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Francisco_das_Chagas_Rodrigues_de_Brito. Acesso em 12 out. 2016. Aquino relata que nos anos de 1989 e 2004, uma onda de horror tomou conta das cidades de Altamira, no Pará, e de São Luís, no Maranhão, devido ao desaparecimento e assassinato de aproximadamente 42 meninos, com idades entre 8 e 14 anos. Sequestradas, as crianças eram encontradas mortas nuas, algumas com orifícios de arma de fogo, queimaduras de cigarro, olhos arrancados, pulsos cortados, órgãos sexuais extirpados cirurgicamente, sofreram abuso sexual e sevícias. Em setembro de 91, foi encontrado uma criança morta com 10 anos com os órgãos genitais extirpados, perfurações nas costas, vários hematomas, olhos e lábios lesionados por instrumento pontiagudo e cortante. Havia muita semelhança entre os casos de Altamira e de São Luís, como a extirpação dos órgãos genitais e a idade dos meninos assassinados. Desaparecido desde 06/12/2003, Jonnathan Silva Vieira foi convidado por Francisco das Chagas, mecânico de bicicletas, para apanhar açaí na mata, fato que comentou com sua irmã antes de sair de casa, levando sua bicicleta. No mesmo dia, Chagas foi visto horas mais tarde empurrando duas bicicletas. Em 25 de março de 2004 foram encontradas três ossadas enterradas no chão da casa de Chagas e algumas roupas. Chagas, então, confessou seus crimes mas dizia não se lembra do que acontecia durante os assassinatos. No ano de 2011, Francisco das Chagas Rodrigues de Brito já contabilizava cerca de 250 anos de prisão, por nove assassinatos. Está preso desde 2003 na Penitenciária de Pedrinhas, em São Luís, no Maranhão. (Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Francisco_das_Chagas_Rodrigues_de_Brito. Acesso em 12 out. 2016). 1.6.4 Francisco de Assis Pereira – O maníaco do parque 36 Figura 4 - Francisco de Assis Pereira Fonte: Disponível em http://noitesinistra.blogspot.com.br/2015/10/francisco-de-assis-pereira- o-maniaco-do.html#.V_7--8lKV0w. Acesso em 12 out. 2016. O motoboy Francisco de Assis Pereira ficou conhecido como o “maníaco do parque” após cometer, em 1998, uma série de estupros e assassinatos no parque do Estado, em São Paulo. Ele se tornou um dos assassinos em série mais famosos do Brasil. Francisco de Assis Pereira nasceu no ano de 1967 no estado de São Paulo. Segundo ele, em depoimentos concedidos na época em que foi preso, ele tivera uma infância difícil. Preso, o motoboy afirmou que havia sido abusado por uma tia materna, o que o fez desenvolver uma “fixação por seios”. Já mais velho, teria sido assediado por um patrão, passando então a ter relações homossexuais. Ele abordava suas vítimas e se apresentava como agente de modelos, cobria as mulheres de elogios e propunha uma sessão de fotos no meio da natureza. Uma vez isolados no meio da mata, o motoboy estupravae matava suas vítimas por estrangulamento. Em meio às investigações, a polícia encontrou três mulheres que haviam registrado tentativas de estupro no parque. Com base nos depoimentos, foi feito um retrato falado do suspeito. Ao ver o desenho, um homem ligou para a polícia dizendo ter o número do telefone de alguém muito parecido. Logo após sua prisão, Pereira disse ter matado nove mulheres. Em seguida, orientado por sua advogada, afirmou ser inocente, mas acabou voltando atrás e confessou que tinha matado dez mulheres. Em avaliação psicológica, o motoboy foi considerado imputável, ou seja, tinha pleno juízo dos seus atos enquanto cometia os crimes. Acusado de sete mortes e outros nove estupros, além de roubo e ocultação de cadáver, Pereira teve três julgamentos. No total, foi sentenciado a 271 anos de prisão. Em depoimento durante seu último julgamento, em 2002, o motoboy disse ter matado onze mulheres. Ele afirmou que agia "de forma possessiva" e que era dominado por uma "força maligna" quando cometia os crimes. (Conteúdo disponível em < https://pt.wikipedia.org/wiki/Man%C3%ADaco_do_Parque>. Acesso em 12 out. 2016. 37 1.6.5 Marcelo Costa de Andrade – Vampiro de Niterói Figura 5 – Marcelo Costa de Andrade Fonte: Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Marcelo_Costa_de_Andrade. Acesso em 12 out. 2016. Matou brutamente 13 meninos entre 6 e 13 anos no Rio de Janeiro, entre 1991 e 1992. O assassino atraía suas vítimas para áreas desertas, estuprava-as e as estrangulava. Depois de matá-las, bebia seu sangue “para ficar bonito e jovem como elas” e ainda fazia sexo com seus corpos, praticando a necrofilia. Foi preso após ser denunciado por uma de suas vítimas, um menino de 10 anos que conseguiu fugir depois de ter sido violentado e de ter presenciado a morte do irmão de 6 anos. O serial agiu ao longo de nove meses, até ser capturado. Quando confessou os crimes, Marcelo disse que preferia garotos porque eles eram melhores e tinham a pele macia. Foi absolvido pela justiça por ser considerado inimputável e enviado para o Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico Henrique Roxo, em Niterói, sem previsão de libertação. (MOBÍLIO, 2014, p. 30) 1.6.6 Laerte Patrocínio Orpinelli Figura 6 – Laerte Patrocínio Orpinelli Fonte: disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Man%C3%ADaco_da_Bicicleta. Acesso em 25 out. 2016. Foi condenado a cem anos de prisão por raptar, abusar sexualmente e assassinar pelo menos 10 crianças no interior de São Paulo, no início dos anos 1990. 38 Ficou conhecido como Maníaco da Bicicleta. À polícia, testemunhas disseram que Orpinelli era um andarilho que engraxava portas e, em uma bicicleta vermelha, abordava crianças entre 3 e 11 anos oferecendo doces. Em seguida, o maníaco sequestrava as vítimas, abusava sexualmente delas e as matava, muitas vezes por asfixia. Com a infância problemática, Laerte tinha nove irmãos e possuía um comportamento agressivo com familiares, vizinhos e, sobretudo, com a própria mãe, que na tentativa de puni-lo, amarrava-o ao pé da mesa, provocando ainda mais sua ira. O serial killer ficou preso durante 13 anos e morreu e janeiro de 2013. (MOBÍLIO, 2014, p. 29). 1.6.7 Sebastião Antonio de Oliveira Figura 7 – Sebastião Antonio de Oliveira Fonte: Disponível em http://grandesenigmasdahumanidade.blogspot.com.br/p/blog-page_67.html. Acesso em 25 out. 2016. Também chamado de Bastião Orelha, confessou o assassinato de 4 crianças em Bragança Paulista, no interior de São Paulo, na década de 70. O serial ficou conhecido como Monstro de Bragança ou Anormal de Bragança. Após escaparem dos ataques, duas vítimas ajudaram a fazer um retrato falado do criminoso: ele tinha uma cicatriz no abdômen e pedia esmola em prol de um tratamento de saúde. Sebastião foi encontrado na cidade de Amparo/SP e confessou que matou as crianças por asfixia, alegando que ouvia “vozes do mal”. Ele também contou que chegou a tirar pedaços das nádegas dos corpos para comer a carne. Os cadáveres das vítimas foram encontrados em estado avançado de decomposição. Bastião Orelha se suicidou pouco tempo depois no Hospital Presídio de Franco da Rocha. (MOBÍLIO, 2014, p. 30) 1.6.8 Jorge Negromonte da Silveira 39 Figura 8 – Isabel Cristina Pires, Jorge Negromonte da Silveira e Bruna Cristina de OIiveira Fonte: Disponível em http://www.ibtimes.co.uk/trio-who-ran-brazilian-cannibal-bakery-sentenced- 1475083. Acesso em 25 out. 2016 Em abril de 2002, um caso de canibalismo deixou o Brasil em choque, com a prisão de um homem e duas mulheres em Garanhuns/PE por homicídio e consumo de carne humana. Uma das detidas vendia salgados com restos de carne humana. Jorge, 50 anos, casado com Isabel Cristina Pires, 51 anos, também vivia com Bruna Cristina de Oliveira da Silva, 25 anos. Segundo os próprios criminosos, eles seriam membros de um grupo comprometido em diminuir a quantidade de pessoas no mundo. Isabel, que vendia os salgados, confessou os crimes e mostrou à polícia onde estavam enterrados os restos mortais de duas pessoas. O trio teria matado pelo menos três mulheres para se alimentar de suas vísceras, além de fazer empadas para vender. Em confissão, Jorge descreveu o assassinato e a retirada das vísceras das vítimas com bastante frieza. (MOBÍLIO, 2014, p. 31). 1.6.9 Fortunato Botton Neto Figura 9 – Fortunato Botton Neto Fonte: disponível em http://faceobscura.blogspot.com.br/2014/03/fortunato-botton-neto-o-maniaco- do.html. Acesso em 25 out. 2016 Na década de 80, o garoto de programa que atuava na região do Trianon, em São Paulo, matou 13 homens, com idade entre 30 e 60 anos. Quando foi preso, 40 confessou os crimes com detalhes de embrulhar o estômago. Depois de combinar o preço do programa, ele seguia para o apartamento das vítimas, onde bebia com elas até que ficassem totalmente alcoolizadas. Então, amarrava os tornozelos e os pulsos, amordaçava e matava por estrangulamento, golpes de faca ou chave de fenda. Terminado o serviço, ele vasculhava o apartamento da vítima à procura de dinheiro e objetos valiosos que pudessem ser vendidos facilmente. Em seus depoimentos, o maníaco disse: “matar é como tomar sorvete: quando acaba o primeiro, dá vontade de tomar mais, e a coisa não para nunca”. Neto foi condenado por três dos sete crimes que confessou. Morreu na prisão em fevereiro de 1997 em decorrência de AIDS. (MOBÍLIO, 2014, p. 31) 1.6.10 Tiago Henrique Gomes da Rocha Figura 10 – Tiago Henrique Gomes da Rocha Fonte: Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Tiago_Henrique_Gomes_da_Rocha. Acesso em 13 out. 2016. O caso mais recente de serial killer no Brasil foi descoberto este ano. Tiago é um assassino em série brasileiro que, ao ser preso, confessou ter assassinado 39 pessoas, a maioria mulheres, entre os anos de 2011 e 2014, na cidade de Goiânia, Goiás. Entre os homens, alguns seriam moradores de rua e homossexuais. A partir do final de 2013 passou a matar apenas mulheres, a maioria jovens, escolhidas aleatoriamente e pilotando uma motocicleta. Abandonado pelo pai foi criado pelos avós e pela mãe, que teve um relacionamento com outro homem. Nos depoimentos iniciais, afirmou que na infância havia sido abusado sexualmente por um vizinho e que teria sofrido bullying na escola e desilusões amorosas. Estes fatos, segundo disse, teriam provocado nele um acentuado sentimento de raiva. No dia 2 de agosto de 2014, minutos após o assassinato da adolescente Ana Lídia Gomes, de 14 anos em um ponto de ônibus do Setor Morada Nova, em Goiânia, a motocicleta que Tiago pilotava foi fotografada ao passar acima da velocidade permitida em um radar no Bairro São 41 Francisco que fica nas proximidades. Como a placa do veículo era roubada, não foi um fato conclusivo para se chegar ao autor. Em 4 de agosto,foi implantada uma força- tarefa pela polícia civil, da qual participaram dezesseis delegados, trinta investigadores e dez escrivães. A prisão ocorreu no dia 14 de outubro de 2014 e Tiago foi encaminhado à Delegacia Estadual de Investigação de Homicídios (DIH) de Goiânia, onde foi interrogado e confessou os crimes. No início de fevereiro de 2015, Tiago foi avaliado por dois psiquiatras da Junta Médica do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, por um pedido formal dos juízes que presidem o processo. Nesta avaliação oficial, cujo laudo foi divulgado três semanas depois, Tiago foi diagnosticado como psicopata, mas considerado imputável. (Conteúdo disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Tiago_Henrique_Gomes_da_Rocha. Acesso em 13 out. 2016) 42 2 LEGISLAÇÃO PENAL BRASILEIRA Para Mirabete (2007, p. 1) “a vida em sociedade exige um complexo de normas disciplinadoras que estabeleça as regras indispensáveis ao convívio entre os indivíduos que a compõem”. Este capítulo é destinado à compreensão da legislação penal brasileira acerca da psicopatia, esclarecendo como é tratado e penalizado o indivíduo psicopata, bem como diferenciar o que é medida de segurança e a sanção penal de prisão. 2.1 Conceito de direito penal Ao se falar em direito penal, consequentemente falamos na ideia de violência. Durkheim afirma que “o delito não ocorre somente na maioria das sociedades de uma ou outra espécie, mas sim em todas as sociedades constituídas pelo ser humano”. (Apud BITENCOURT, 2012, p. 39). O Bitencourt concorda com a outra afirmação de Durkheim em que: As relações humanas são contaminadas pela violência, necessitando de normas que as regulem. E o fato social que contrariar o ordenamento jurídico constitui ilícito jurídico, cuja modalidade mais grave é o ilícito penal, que lesa os bens mais importantes dos membros da sociedade. (Apud BITENCOURT, 2012, p. 39) Entretanto, para que existisse um ótimo convívio entre indivíduos em sociedade, foi necessário criar um conjunto de normas disciplinadoras que pudesse estabelecer as regras e normas para se conviver em sociedade. Essas regras e normas, deverão ser cumpridas por todos os indivíduos do grupo social, sendo então previstas consequências e sanções aos que violarem essas regras, esses previstos normativos. A definição do direito penal segundo Mirabete (2007, p. 1) é: À reunião das normas jurídicas pelas quais o Estado proíbe determinadas condutas, sob ameaça de sanção penal, estabelecendo ainda os princípios 43 gerais e os pressupostos para a aplicação das penas e das medidas de segurança, dá-se o nome de Direito Penal. Por sua vez, Capez (2013, p. 19) também conceitua o direito penal da seguinte forma: É o segmento do ordenamento jurídico que detém a função de selecionar os comportamentos humanos mais graves e perniciosos à coletividade, capazes de colocar em risco valores fundamentais para a convivência social, e descrevê-los como infratores penais, cominando-lhes, em consequência, as respectivas sanções, além de estabelecer todas as regras complementares e gerais necessárias à sua correta e justa aplicação. Portanto, a legislação penal brasileira tem a finalidade de proteger os bens mais importantes e necessários para a própria sobrevivência da sociedade, essenciais ao indivíduo e à comunidade. É ramo do ordenamento jurídico que define o que são crimes, comina as penas e prever medidas de segurança aplicáveis aos autores das condutas incriminadoras. Viver em sociedade geram fatos sociais, entretanto, quando esses fatos sociais lesionam alguns bens jurídicos, eles se tornam passiveis de punição. Logo, “direito penal é um conjunto de normas jurídicas que regula o poder de punir do Estado por meio da tipificação de crimes e da cominação de penas”. (RODRIGUES; CAPOBIANCO, 2008, p. 17). O direito penal, tem por função principal a proteção de bens jurídicos; sobretudo, os mais relevantes para o convívio em sociedade. A partir destes conceitos, pode-se considerar que o direito penal destina-se a proteção da sociedade e dos bens jurídicos fundamentais como à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade entre outros. 2.2 Crime No Brasil, a Lei de Introdução ao Código Penal Brasileiro (Decreto-Lei n. 3.914/41) define crime da seguinte forma: 44 Considera-se crime a infração penal a que a lei comina pena de reclusão ou detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa; contravenção, a infração a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas, alternativa ou cumulativamente. (BRASIL, 2015, p. 457). Bitencourt explica está definição: Essa lei de introdução, sem nenhuma preocupação científico-doutrinária, limitou-se apenas a destacar as características que distinguem as infrações penais consideradas crimes daquelas que constituem contravenções penais, as quais, como se percebe, restringem-se à natureza da pena de prisão aplicável. (2012, p. 331). A infração penal no Brasil, comporta duas espécies: crime e contravenção penal. “[...] A diferença entre essas espécies não é qualitativa, ontológica ou de essências, pois ambas são espécies do mesmo gênero, mas sim quantitativa, ou seja, de pena, conforme preceitua o art. 1º da LICP.” (RODRIGUES; CAPOBIANCO, 2008, p. 31). Sendo assim, conceitua-se o crime sob três aspectos: formal, material e analítico. Sob o aspecto formal, Pimentel apud Mirabete elucida o seguinte conceito, “Crime é uma conduta (ação ou omissão) contrária ao direito, a que a lei atribui uma pena”. (2007, p. 81). Para Maggiore, “Crime é qualquer ação legalmente punível”. (Apud MIRABETE, 2007, p. 81). Desta forma, sobre os conceitos mencionados acima, crime é a violação da lei penal. No aspecto material, “o conceito de crime resulta da mera subsunção da conduta ao tipo legal e, portanto, considera-se infração penal tudo aquilo que o legislador descrever como tal, pouco importando o seu conteúdo”. (CAPEZ, 2013, p. 134). Para Nucci (2014, p. 137) “É a concepção da sociedade sobre o que pode e deve ser proibido, mediante a aplicação de sanção pena. [...] a conduta que ofende um bem juridicamente tutelado, merecedora de pena”. 45 Assim, seguindo esta linha de raciocínio o conceito material de crime é todo fato humano que lesa ou expõe a perigo bens penalmente protegidos. O aspecto analítico Capez (2014, p. 134) explica: É aquele que busca, sob um prisma jurídico, estabelecer os elementos estruturais do crime. A finalidade deste enfoque é propiciar a correta e mais justa decisão sobre a infração penal e seu autor, fazendo com que o julgador ou intérprete desenvolva o seu raciocínio em etapas. Sob esse ângulo, crime é todo fato típico e ilícito. Dentro do aspecto analítico, existem duas correntes acerca da concepção finalista, formando dois conceitos: a) teoria tripartida, segundo a qual crime é ação típica, antijurídica e culpável; e b) teoria bipartida, pela qual o crime é ação típica e antijurídica, a culpabilidade não integra o conceito de crime, sendo apenas um pressuposto de aplicação da pena. (MIRABETE, 2007). Estas duas teorias, são majoritárias e causam polêmicas e controvérsias referente ao assunto no âmbito penal. O direito penal brasileiro adota a teoria bipartida, fato ilícito e antijurídico. 2.3 Responsabilidade penal É a obrigação ou o dever jurídico de responder pela ação que for considerada um crime ou uma contravenção penal perante a lei, que recai sobre o indivíduo imputável. (GUIMARÃES, 2007). Desta forma, se um indivíduo cometer um ato ilícito, antijurídico e culpável e se for considerado responsável será submetido a uma pena. Segundo Palomba, existem três condições para que
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