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1 A Psicopatia e o Direito Penal Brasileiro Andressa Daniele Brandão dos Santos Souza1 Resumo Um assunto que gera muita discussão no Brasil é a Psicopatia e o Direito Penal Brasileiro. O presente artigo científico apresenta a controvérsia sobre o que é a psicopatia, ou seja, doença mental, doença moral ou transtorno de personalidade. A discussão se estende à definição se o psicopata deve ser considerado como imputável, semi-imputável ou inimputável, bem como qual seria, por consequência, a sanção penal adequada a esses indivíduos quando praticam infrações penais. O método utilizado na elaboração do artigo foi o da revisão da literatura, que consiste na exposição do pensamento de vários autores que se debruçaram sobre o tema eleito. Foi desenvolvido uma pesquisa bibliográfica, utilizando, como direção e esteio, contribuições de diversos autores sobre o assunto selecionado por meio de consulta a livros, periódicos e documentos na internet. Este trabalho se dedica a apresentar uma visão crítica quanto às vigentes avaliações de comportamento como requisito subjetivo para o deferimento de benefícios durante a execução penal, relatando os principais crimes ocorridos no Brasil. Palavras-chave: Psicopatia. Direito Penal. Crimes. Sanção Penal. Introdução O presente trabalho tem como tema a Psicopatia e o Direito Penal Brasileiro. A tratativa do assunto revela-se no fato da atual situação criminológica em que perpassa o país. Segundo Dornelles (2017, p. 111), a sociedade capitalista tende a explicar o fenômeno do crime e propor políticas criminais de combate às transgressões sociais e desvios comportamentais baseados no controle e repressão de todos os segmentos sociais que ameaçam uma ordem social baseada na desigualdade, opressão e injustiça social. Vê-se rotineiramente notícias de crimes bárbaros que ganham grande repercussão nacional e/ou internacional. Diante a essa situação, a imagem que nos vem, quanto ao autor desses crimes é de que seja um criminoso altamente perigoso, portador de alguma doença mental, sendo comum denominar esse infrator como Psicopata. 1 Pós-Graduanda em Direito Penal pela Estácio, DF. OAB/DF 61.804. E-mail: brandao.dd@gmail.com. 2 Há uma grande dificuldade em se identificar corretamente um indivíduo psicopata, entendendo-se em suma ser apenas um distúrbio de personalidade antissocial brando. O rótulo de psicopata é muito utilizado pela mídia para chamar atenção quando um crime é muito violento, e isso acaba gerando um pré-julgamento para os que recebem a notícia. É preciso uma análise dos traços de personalidade desses criminosos, que em sua maioria são assassinos e estupradores. O estudo do perfil e mente do psicopata é de suma importância para a sociedade, pois estes indivíduos devem ser tratados de uma maneira mais especial na esfera criminal, posto que comprovado o diagnóstico, o indivíduo se dará como incurável ao qual gera indiferença na realização do ato cometido. O artigo busca demonstrar que além de um diagnóstico extremamente difícil de ser realizado, pois além da análise do caso concreto, o indivíduo diagnosticado com distúrbio de personalidade antissocial é muitas vezes confundido como psicopata, na verdade é uma das ramificações deste distúrbio, como será demonstrado no decorrer do trabalho. Conceito de Psicopatia Antes de conceituar psicopatia, primeiro observa-se como alguns doutrinadores conceituam personalidade: De acordo com Henry A. Murray apud Fernandes (2002, p. 201) a personalidade é “a continuidade de formas e forças funcionais que se manifestam através de sequências de processos organizados e comportamentos manifestos, do nascimento até a morte do indivíduo”. Psicopatia no entendimento de McCORD apud Maranhão (1980, p. 419) se refere a um ser antissocial, explanando o seguinte: O psicopata é um antissocial. Sua conduta frequentemente o leva a conflitos com a sociedade. Ele é impulsionado por instintos primitivos e por ardentes desejos de excitação. Na sua busca autocentrada de prazeres, ignora as restrições da sua cultura. O psicopata é altamente impulsivo. É um homem para quem o momento que passa é um segmento de temor separado dos demais. Suas ações não são planejadas e ele é guiado pelos seus impulsos. O psicopata é agressivo. Ele aprendeu poucos meios socializados de lutar contra frustrações. Tem pequeno ou nenhum sentimento de culpa. Pode cometer os mais apavorantes atos e ainda rememorá-los sem qualquer remorso. Tem uma capacidade pervertida para o amor. Suas relações emocionais, quando existem são estéreis, passageiras e intentam apenas satisfazer seus próprios desejos. Estes dois últimos traços: ausência de amor e 3 sentimento de culpa marcam visivelmente um psicopata, como diferente dos demais homens. Para Palomba (2003, p. 515) é importante se estudar os perfis psicológicos de criminosos, de forma que há uma diferença entre psicopata e o condutopata, em que o psicopata não tem a mínima empatia com as outras pessoas, enquanto que o condutopata consegue viver no meio social, ama e é amado, leva uma vida normal, paralelamente mata o seu próximo, considerando como “próximo” os pais, os filhos, parentes, amigos e demais pessoas, praticando crimes que lhes dá a sensação de poder perante os demais. O condutopata não é uma pessoa normal, mas também não é um doente mental. Esse transtorno de comportamento é devido ao comprometimento de três estruturas psíquicas: a afetividade, a conação-volição, a capacidade crítica, mantendo-se íntegras as outras partes mentais. Molina e Gomes (2002, p. 236) descrevem as características do psicopata, explicando que essas pessoas não devem ser colocadas juntas a outros criminosos comuns, porque são doentes e não têm culpa disso: [...] diversas investigações parecem insinuar a incapacidade do psicopata para aprender algo do castigo, de modo que um substrato biológico lhe impede formar uma consciência social. Talvez seu baixo nível de ativação ou certa dificuldade para verbalizar a contingência implícita no condicionamento aversivo (punitivo) determinam o reduzido condicionamento autônomo do mesmo para aprender (para ser condicionado) por um estímulo doloroso ou aversivo (castigo). Molina e Gomes (2002) defende a ideia da teoria biológica para o comportamento psicopático, de acordo com ela, a existência de criminosos estimulados por sua composição e formação biológica, parte do funcionamento do sistema nervoso autônomo, podendo predispor a pessoa a um comportamento antissocial ou delitivo, pela importância que tem no processo de socialização. Segundo Taborda et al. (2004, p. 286) os indivíduos psicopatas apresentam algumas características, enumerando-as do seguinte modo: Assim enumera as características dos indivíduos que apresentam psicopatia: indiferença e insensibilidade diante dos sentimentos alheios; atitude persistente de irresponsabilidade e desprezo por normas, regras e obrigações sociais estabelecidas; incapacidade de manter relacionamentos estabelecidos, baixa tolerância à frustração e baixo limiar para a deflagração de agressividade e violência; incapacidade de experimentar culpa e grande dificuldade de aprender com a experiência ou com a punição que lhe é aplicada; tendência a culpar os outros e a apresentar argumentações e 4 racionalizações plausíveis para explicar um comportamento que leva o portador desse tipo de transtorno a entrar em conflito com a sociedade. Diante disso, a definição de psicopatia (transtorno de personalidade antissocial) deve ser extraída das ciências ligadas à área da saúde mental (psiquiatria, psicologia e neurociências), fornecendo aos operadores do Direito Penal subsídio para qualificarem esses autores de crimes em imputáveis, semi-imputáveis ou inimputáveis, permitindo a aplicação da sanção penal adequada em cada caso. O transtorno de personalidade antissocial está presente no Manual de diagnóstico e estatístico dos transtornos mentais-IV (DSM-IV TR) e na Classificação Internacional de Doenças (CID-10).A psicopatia não está incluída em nenhum desses manuais, o (DSM-IV) apresenta o transtorno de personalidade antissocial ressaltando os critérios comportamentais, no entanto, a psicopatia não é só desenvolvida por questões comportamentais, mas também interpessoais e afetivas. Refere-se a transtorno de personalidade quando, traços significativos da personalidade do indivíduo o tornam inflexível ou desadaptado em diferentes ambientes ou situações (MIRANDA, 2012). A personalidade é apenas parte de um complexo psíquico descoberto por Freud. Embora os termos psicopatia e transtorno de personalidade antissocial estejam relacionados, esses constructos possuem muitas diferenças que devem ser ressaltadas. Vale ressaltar que há diferentes graus de conduta antissocial, variando desde: 1 – comportamentos antissociais menos prejudiciais, por serem esporádicos e influenciados pelo ambiente; 2 – comportamentos antissociais mal adaptativos, demonstrados no Transtorno de Personalidade Antissocial (TPAS) ou em outros Transtornos de Exteriorização e 3 – condutas mais extremas observadas nas psicopatias. Desse modo, pode ser dado a um indivíduo um diagnóstico de TPAS, sem que esse apresente psicopatia, da mesma maneira que um psicopata pode não ter critérios suficientes para o diagnóstico de TPAS (DEL-BEN, 2005; GABBARD, 2006, apud COSTA, 2008). O DSM-IV TR (2002) utiliza os seguintes critérios para classificar um indivíduo como portador de personalidade antissocial: incapacidade de se adequar às normas sociais; propensão para enganar, usar nomes falsos ou ludibriar os outros; 5 impulsividade ou fracasso para fazer planos para o futuro; instabilidade e agressividade; desrespeito irresponsável pela segurança própria ou alheia; irresponsabilidade consistente; ausência de remorso. A psicopatia, conforme o CID-10 (Classificação Internacional de Doenças da Organização Mundial da Saúde) pode ser tratada como transtornos específicos de personalidade, envolvendo a consciência e a personalidade do indivíduo como um todo, que pode ser considerado um modelo particular de personalidade. A deficiência cognitiva está presente no campo de afetos que se for comparado com um cérebro normal os indivíduos diagnosticados com esse transtorno tem estruturas ligadas na razão e menor atividade ligada nas emoções. Um diagnóstico clínico da psicopatia pode ser definido como: Personalidade dissocial - transtorno de personalidade caracterizado por um desprezo das obrigações sociais, falta de empatia para com os outros. Há um desvio considerável entre o comportamento e as normas sociais estabelecidas. O comportamento não é facilmente modificado pelas experiências adversas, inclusive pelas punições. Existe uma baixa tolerância à frustração e um baixo limiar de descarga da agressividade, inclusive da violência. Existe uma tendência a culpar os outros a fornecer racionalizações plausíveis para explicar um comportamento que leva o sujeito a entrar em conflito com a sociedade (RIBEIRO, 2015). Assim sendo, verifica-se que a pessoa acometida pelo transtorno mental psicopata apresenta sentimentos antissociais e não demonstra arrependimento ou remorso, com isso tem-se que a tratativa em casos como esses dissocia-se com a metodologia sob o qual um indivíduo “normal” leva. Características do psicopata Segundo Christian Costa (2010) apud Oliveira (2015), a personalidade antissocial é um transtorno de personalidade caracterizado por um desprezo das obrigações sociais e a falta de empatia com as outras pessoas. O grande questionamento não está em quem são ou em como identificá-los, mas em explicitar se os mesmos são doentes mentais ou se possuem apenas um transtorno comportamental. 6 O transtorno de personalidade aprisiona principalmente os indivíduos com transtorno de personalidade antissocial, em sua grande maioria, que têm uma história de transtorno de conduta na adolescência e um padrão de comportamentos irresponsáveis e socialmente ameaçadores, os quais têm continuidade na idade adulta (HARE, 2013). As pessoas com Transtorno de Personalidade Antissocial têm uma visão de mundo pessoal, isto é, em termos sócio cognitivos, elas não conseguem assumir o ponto de vista do outro, pensam de maneira linear. Os indivíduos com Transtorno de Personalidade Antissocial criam problemas mais amplos para a sociedade porque estes transtornos incorporam atos criminais que ameaçam e ferem a sociedade, sendo o único transtorno que não pode ser diagnosticado na infância (BECK et al., 2005). Porém, para Hare (2013), a maioria dos psicopatas começam a exibir graves problemas de comportamento ainda bem cedo e afirma que, normalmente, quando crianças apresentam esse tipo comportamental grave, o mesmo se desenvolve, chegando à fase adulta com os mesmos comportamentos. Ademais, é essencial elucidar que o diagnóstico da psicopatia é dado após o indivíduo atingir a maioridade, sendo considerado um ser capaz e de personalidade formada, e que uma criança pode até apresentar algumas características psicopáticas, mas que são avaliadas apenas como um transtorno de conduta e que pode evoluir, com o passar dos anos, para a psicopatia. Dentre as principais características encontra-se: ausência de ética social e moral; ausência de sentimento de culpa ou remorso; raiva e agressividade; manipulação e controle da vítima. Os psicopatas podem ter vínculos sociais, no entanto, terão dificuldade de estabelecer relação afetiva prolongada, pela alta dose de indissociabilidade. Em muitos casos, revela-se total déficit de responsabilidade ética e moral, nos seus comportamentos, são considerados frios, manipuladores, violentos, egoístas, tendenciosos a terem tédio, estão sempre em busca de novos prazeres ou estímulos para completar esse desvio do traço de personalidade. Sua forma de agir é bem analítica, elabora e planeja bem suas ações de médio e longo prazo. Observam modelos, pessoas, tipos de personalidades para 7 que a sua vítima possa ser construída em sua mente. Passa a se aproximar e extrair o máximo possível de interesse comum para criar um simples relacionamento social. Assim, desvendará os pontos fracos e fortes da pessoa, criando assim confiabilidade (OLIVEIRA, 2009). É interessante notar que, os psicopatas não tem dificuldade no juízo moral da situação. Ele sabe o que é certo e errado, o prejuízo que será acarretado para a família, e mesmo sabendo de tudo isso, por livre escolha resolve praticar o crime. Eles não conseguem ter uma conduta ética, mas tem plena capacidade de entender o caráter ilícito e decide determinado de acordo com esse entendimento. O psicopata pode estar em qualquer lugar, classe social, como local de trabalho, local de lazer, entre outros. Identificação e Diagnóstico da Psicopatia Existe um problema muito sério no diagnóstico, principalmente quando depende do próprio paciente para analisar se é ou não psicopata, depende da manifestação verbal. E o psicopata tem de manipular informações e esconder traços psicológicos próprios, afetando o diagnóstico. Morana (2019) explica que existem dois tipos de testes mais usados, são eles: - Checklist do Robert Hare, que é constituído em duas partes, com 20 questões que visa saber ponto a ponto da personalidade do psicopata. E a outra é buscar informações de pessoas que convivem, familiares, passado, histórico, para saber se tem personalidade de psicopata e se ele tem probabilidade de reincidência. - Teste de Rorschach, que apresenta para o periciado dez pranchas com borrões de tinta, perguntando o que ele vê nos borrões de tintas, dependendo da resposta que se pode fazer a análise. Explica, ainda, sobre os critérios diagnósticos pelos quais se avalia a psicopatia, atentando-se aos recursos afetivos, interpessoais e comportamentais. Embora esse não seja o método único de avaliar a psicopatia a escala Hare (PCL-R) tornou-se a medida padrão de conhecimento. Seus critérios diagnósticos abrangem os recursos afetivos, interpessoaise comportamentais. O PCL-R é constituído por uma escala classificatória para uso clínico, contendo um total de 12 itens. Cada item é avaliado em uma nota de zero (ausente ou leve), um (moderada) ou dois (grave). A soma total determina o grau de psicopatia de uma pessoa. Fator 1 - Narcisismo agressivo 1. Sedutora / Charme superficial 2. Grandioso senso de autoestima / egocêntrico 3. Mentira patológica https://pt.wikipedia.org/wiki/Auto-estima https://pt.wikipedia.org/wiki/Mentira_patol%C3%B3gica 8 4. Esperteza / Manipulação 5. Falta de remorso ou culpa 6. Superficialidade emocional 7. Insensibilidade / Falta de empatia 8. Falha em aceitar a responsabilidade por ações próprias 9. Agressão a animais Fator 2 - Estilo de vida socialmente desviantes 1. Necessidade por estimulação / tendência ao tédio e depressão 2. Estilo de vida parasitário tentando ser sustentado e mantido por seus manipulados. 3. Falta de metas de longo prazo possíveis ou realistas (incapacidade de enxergar as consequências das ações no futuro) 4. Impulsividade 5. Irresponsabilidade e desonestidade frequente Fator 3 - Estilo de comportamentos irresponsáveis 1. Controle comportamental pobre 2. Versatilidade criminal* 3. Delinquência juvenil* 4. Problemas comportamentais precoces 5. Revogação da liberdade condicional (MORANA, 2019). O primeiro fator está associado à extroversão e a aspectos positivos, porém, o segundo fator está associado a traços de personalidade como a ansiedade, criminalidade, raiva, violência impulsiva e o risco superior de suicídio. Mas o teste só pode ser considerado válido quando administrado por um clínico experiente e qualificado (HARE, 2013). Os psicólogos forenses são responsáveis por marcar as alternativas que estão presentes e identificar se o sujeito apresenta características significativas de psicopatia. Mas é preciso avaliar muito mais que isso, é preciso avaliar como foi a infância, a que estresse ela foi submetido, a que tipo de abuso, o modus operandi do crime, se é contumaz na prática daquele crime, que tipo de crime, comportamento geral, o seu funcionamento na sociedade. São vários elementos da entrevista clínica e foge um pouco dos testes já preconizados. Muito se sabe que os processos psicopáticos surgem devido a dificuldades de adaptação ao meio ambiente como as necessidades e aspirações (família, escola, mundo profissional, sociedade, estado). Uma das generalizações mais conhecidas da psicopatia é a noção de que ela resulta de algum trauma psicológico ou experiências vividas. https://pt.wikipedia.org/wiki/Manipula%C3%A7%C3%A3o https://pt.wikipedia.org/wiki/Remorso https://pt.wikipedia.org/wiki/Culpa https://pt.wikipedia.org/wiki/Delinqu%C3%AAncia_juvenil 9 Dessa forma, Hare (2013, p. 15) destaca que: “Crianças que passam ou passaram por experiências traumáticas têm uma propensão maior do que as outras a agir de modo violento”. Ballone (2008) sustenta que a psicopatia não é uma enfermidade mental porque as doenças desse grupo estão bem delimitadas. Além disso, os doentes mentais não têm consciência de seus atos por não possuírem compreensão da realidade, já que sofrem, em sua maioria, processos de alucinação. Os psicopatas, ao contrário, compreendem a realidade, mas não conseguem evitar a prática de certos atos, como se sua razão fosse sufocada pela sua emoção. Psicopata clássico e o Sociopata Psicopatas e sociopatas sofrem de Transtorno de Personalidade Antissocial (TPAS) e a principal diferença entre os dois está no modo com que eles desenvolveram a doença. A psicopatia é considerada uma condição inata do indivíduo, ou seja, a pessoa já nasce psicopata. Por outro lado, a sociopatia é desenvolvida durante a vida, por meio da educação, relações sociais e traumas. Apesar dos psicopatas e sociopatas possuírem várias características em comum, a origem desse transtorno gera algumas diferenças em suas personalidades (Senado Notícias, 2010). É preciso entender o cérebro por trás de todos os criminosos. Se ele será um criminoso não se pode afirmar, mas que socialmente ele terá um comportamento desviante, com certeza. Na legislação penal brasileira não há previsão expressa, não há entendimento pacífico sobre o caminho que se deve dar ao psicopata. Psicopata: Imputável, semi-imputável ou inimputável Na legislação pátria, é no art. 26 do Código Penal (BRASIL, 1940) que se encontram descritas as situações que envolvem a inimputabilidade e semi-imputabilidade. Art. 26. É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. 10 Parágrafo único. A pena pode ser reduzida de 1 (um) a 2/3 (dois terços), se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. O caput do artigo traz a possibilidade de inimputabilidade, ou seja, a isenção de pena em razão de característica pessoal do autor do fato, e o parágrafo único do mesmo artigo traz a semi-imputabilidade, que seria a aplicação de pena de forma diferenciada, que pode ser traduzida em redução de seu tempo ou na aplicação de medida de segurança. Nucci (2007, p. 259) enumera duas características básicas para que seja apurada a imputabilidade penal: a higidez biopsíquica e maturidade. O primeiro item refere-se à saúde mental do indivíduo, inexistindo qualquer causa que o impeça de compreender o ato que está praticando e que este é crime. Já o item maturidade refere-se ao desenvolvimento mental e psicológico suficiente para decidir sobre sua conduta. Existem posições que levam à imputabilidade, outras que levam à semi-imputabilidade, que na verdade é a maioria. Contudo, como verificado, o artigo 26, parágrafo único do Código Penal Brasileiro prevê a semi-imputabilidade do indivíduo e a redução de sua pena, bem como a possibilidade de substituição da pena por medida de segurança para o indivíduo semi-imputável. Há um desconhecimento da figura do psicopata, sendo um grande problema para o direito penal. Justifica-se o fato de não haver essa especificação, um posicionamento firme do direito, de não estabelecer essa definição do psicopata que causa grande problema na relação da sanção penal. Questão da imputabilidade e semi-imputabilidade O psicopata é penalmente imputável, pois existem dois critérios. Primeiro, a capacidade de entendimento, se tem juízo moral das situações, ideia do que é ético, mas decide seguir o caminho antiético. Porém, tem os transtornos mentais, no qual a pessoa cometeu o ilícito, mas não estava em capacidade de entendimento ou não estava com capacidade de determinação, de acordo com aquele entendimento. 11 Nestes casos, se houver abolição completa da capacidade de entendimento ou determinação devido ao momento, expressando o transtorno mental, então ele vai se tornar imputável. O semi-imputável é quando ele tinha capacidade não plena, mas alguma capacidade de entendimento, porém não total ou de determinação. O juiz depois de receber um laudo psiquiátrico, avaliar a capacidade moderada de entendimento e determinação, irá colocá-lo como semi-imputável. O Instituto da Imputabilidade e da Semi-imputabilidade vem previsto no artigo 26 do Código Penal, é preciso que sejam preenchidos os três elementos, causal, consequencial e temporal. O elemento causal à imputabilidade é a doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado. Na semi-imputabilidade é a perturbação da saúde mental e o desenvolvimento mental incompleto ou retardado. A consequência para ser considerado inimputável é que, ele seja inteiramente incapaz de conhecer o caráter ilícito do fato ou determinar-se de acordo com esse entendimento e da mesma forma o semi-imputável só que sendo parcialmente incapaz. O elementotemporal é que todas as situações, o elemento causal, consequencial tenham sido presentes no momento dos fatos, na ação ou na omissão. A jurisprudência de decisões monocráticas tem se posicionado sobre a semi-imputabilidade do psicopata, porque o psicopata não é doente mental, apesar de estar no CID 10 que é classificação internacional de doenças, na parte de doenças mentais ele não é considerado um doente mental. Apesar do sentido etimológico da expressão psicopatia, que vem do grego psique e patos doenças da mente, pode traduzir como doença mental e a partir daí já podem excluir a inimputabilidade. A semi-imputabilidade depende da perturbação da saúde mental. A tendência em considerar a psicopatia semi-imputável está justamente no elemento sequencial. A semi-imputabilidade ou responsabilidade diminuída é definida por Fernando Capez (2011, p. 346) como: É a perda de parte da capacidade de entendimento e autodeterminação, em razão de doença mental ou de desenvolvimento incompleto ou retardado. Alcança os indivíduos em que as perturbações psíquicas tornam menor o poder de autodeterminação e mais fraca a resistência interior em relação à prática do crime. Na verdade, o agente é imputável e responsável por ter alguma noção do que 12 faz, mas sua responsabilidade é reduzida em virtude de ter agido com culpabilidade diminuída em consequência das suas condições pessoais. Em relação à consequência da semi-imputabilidade Capez (2011) ainda dispõe que, não exclui a imputabilidade, de modo que o agente será condenado pelo fato típico e ilícito que cometeu. Constatada a redução na capacidade de compreensão ou vontade, o juiz terá duas opções: reduzir a pena de 1/3 a 2/3 ou impor medida de segurança (mesmo aí a sentença continuará sendo condenatória). Portanto, a semi-imputabilidade não exclui a capacidade de entendimento, porém se for constatada redução na capacidade de compreender a gravidade da conduta praticada ou na vontade do agente o juiz poderá reduzir a pena ou aplicar a medida de segurança. A jurisprudência, os juízes tem entendido que o agente entende que o que ele está praticando é ilícito, mas não é inteiramente capaz de parar quando deve, a capacidade de autodeterminação de acordo com esse entendimento. A resposta do Estado aos portadores de Psicopatia O juiz na justiça brasileira pode declarar o psicopata imputável sendo um criminoso comum, ou semi-imputável aquele indivíduo que não tem controle dos seus atos embora tenha consciência deles. A legislação brasileira não possui uma disposição específica para o psicopata possuindo apenas a medida de segurança como melhor alternativa para a ressocialização na sociedade sabendo que não é eficaz. Segundo Raine (2015), a psicopatia é o evento clínico de maior proeminência no sistema jurídico penal. É de suma importância lembrar que indivíduos portadores da psicopatia não assimilam os efeitos da pena aplicada, muitos destes, ficam encarcerados pela sanção máxima imputada de 30 anos, todavia voltam a cometer os mesmos crimes ou em alguns casos até mais. Segundo Morana (2006) estes reincidem até três vezes mais que os criminosos normais, justamente por acharem que não estão fazendo nada de errado. O tratamento ambulatório não é aceitável, pois esses indivíduos não possuem possibilidade alguma de ressocialização e indivíduos encaminhados para hospitais de custódia são criminosos curáveis o que não é o caso desses, seria o caso de 13 pacientes que no decorrer do tempo com ajuda de medicamentos e terapias conseguiria se reintegrar na sociedade. Para Christian Costa (2008, p. 10) a solução para o problema estaria na criação de prisões especificamente destinadas a psicopatas, onde estes ficariam isolados dos presos comuns, de maneira que não poderiam controlá-los. Esta prisão deveria receber uma atenção especial do governo, contando sempre com equipe médica e psicológica para acompanhamento permanente, caso contrário o que seria a resolução do problema, acabaria sendo verdadeira bomba prestes a estourar. Na impossibilidade de prisões específicas para os dissociais o autor afirma que “o compartilhamento de instituições prisionais com presos comuns também surtiria efeitos, se psicopatas e presos comuns não fossem colocados em contato, a partir de uma escala de horários diferenciada, e de celas equidistantes” (2008). Percebe-se que a legislação brasileira ainda possui várias falhas quanto à aplicabilidade de penas quando se trata de psicopata, que dentre os meios presentes na nossa atualidade, a medida de segurança é a que se mostra mais eficaz dentre as outras, pelo simples fato de remover o indivíduo do contexto social, destinando a este um tratamento cabível ao delito cometido. Entretanto, a esperança é que reverta esse quadro de falhas na legislação penal, para que seja dado direitos iguais a indivíduos comuns e especiais. E ainda se indaga, é possível curar um psicopata? Especialistas reafirmam que não há cura, apenas o tratamento. O melhor é mantê-lo afastado da sociedade. O erro mais comum é condenar um criminoso com esse diagnóstico a penas corporais, como a detenção. O mais sensato é a medida de segurança, que permite tratamento e estabilização do quadro diagnosticado. O tratamento do psicopata é a administração do comportamento dele. Os casos de assassinos que chocaram o Brasil com seus crimes. Criminosos em série são aqueles que reincidem em seus crimes, matando sempre em sequência tendo o mínimo o lapso de tempo entre eles. Tendem a ter um tipo certo de vítima, com as mesmas características, mesma faixa etária e porte físico, sempre com circunstâncias que se assemelham, planejam cada detalhe. Também chamados de serial killer, são diferenciados em comparação aos outros 14 assassinos, os mesmos preferem matar com as mãos ou através de outros métodos geralmente com utilização que agonize as vítimas evitando o uso de armas de fogo. Caso 1 - Tiago Henrique Gomes da Rocha (Serial killer de Goiânia) (G1, 2014) O vigilante de 26 anos foi preso no dia 14 de outubro de 2014, após meses de investigação da polícia sobre uma série de mortes na capital de Goiânia. Apesar de ser chamado de serial killer, ele não seguia um método específico e nem todas as vítimas tinham uma característica em comum. Entre os crimes ligados a ele estão assassinatos de mulheres por um motociclista, mortes de homossexuais e moradores de rua. Em outubro de 2014, pouco antes de ser transferido para a penitenciária de Aparecida de Goiânia, Tiago passou por uma avaliação psicológica informal, que não fez parte do processo, que o definiu como tendo o perfil de um assassino em série, com um comportamento diferente dos psicopatas comuns. No início de fevereiro de 2015, Tiago foi avaliado por dois psiquiatras da Junta Médica do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, por um pedido formal dos juízes que presidem o processo. Nesta avaliação oficial, cujo laudo foi divulgado três semanas depois, Tiago foi diagnosticado como psicopata, mas considerado imputável (que é responsável legalmente e pode ser julgado pelos atos praticados). Caso 2 - Ronis de Oliveira Bastos (Serial Killer de Itaquaquecetuba/SP) (UOL., 2015) Ronis de Oliveira Bastos, 22 anos de idade, trabalhava na feira. Um dos assassinos em série mais conhecido do Brasil, matou 8 pessoas e deixou 2 pessoas feridas, em curto tempo de dois meses na cidade de Itaquaquecetuba. No ano de 2011, o histórico de mortes apresentava as mesmas características, todas as vítimas eram homens entre 20 e 50 anos. Todas as cápsulas eram deixadas ao lado do corpo da vítima. Os crimes aconteciam no mesmo local, com a mesma forma de abordagem. Usando sempre um moletom cinza, uma mochila preta e uma bicicleta azul. Deixando sua assinatura em todos os crimes, um verdadeiro matador em série. https://pt.wikipedia.org/wiki/Assassino_em_s%C3%A9rie https://pt.wikipedia.org/wiki/Assassino_em_s%C3%A9rie https://pt.wikipedia.org/wiki/Tribunal_de_Justi%C3%A7a_do_Estado_de_Goi%C3%A1shttps://pt.wikipedia.org/wiki/Psicopata 15 A Justiça considerou que o ex-feirante sofre de transtornos mentais graves e não pode ser responsabilizado pelos crimes, mas determinou a internação em um hospital psiquiátrico por tempo indeterminado, ainda ressaltou que o réu apresenta elevado risco de voltar a cometer crimes e necessita de ambiente protegido. Ronis foi considerado inimputável. Caso 3 - Francisco de Assis Pereira (Maníaco do Parque) (ALCALDE; SANTOS, 2000) Condenado a uma soma de 268 anos de prisão, Francisco de Assis Pereira, conhecido como o maníaco do parque estuprou e matou pelo menos seis mulheres e tentou assassinar outras nove em 1998. Seus crimes ocorreram no Parque do Estado, situado na região sul da capital do estado de São Paulo, Brasil, onde atraía as mulheres com a promessa de uma sessão de fotografias que as tornaria modelos. Francisco cobria todas de elogios, se identificava como um caça-talentos de uma importante revista; oferecia um bom cachê e convidava as moças para uma sessão de fotos em um ambiente ecológico. Dizia que era uma oportunidade única, algo predestinado, que não poderia ser desperdiçado. É o serial killer brasileiro que mais recebeu cartas na prisão. O presidiário inclusive se casou com uma admiradora, tendo separado tempos depois com relatos da ex-noiva, de estranheza em suas ações e personalidade. Francisco será liberado em 2028 após completar os máximos 30 anos de reclusão exigidos pela legislação Brasileira, psiquiatras notórios indicam a certeza de que irá delinquir novamente em função de seu estado mental pseudopsicopata, irreversível. Caso 4 - Wellington Menezes de Oliveira (Atirador de Realengo/RJ) (Portal IG, 2011) Wellington Menezes de Oliveira tinha 23 anos quando entrou armado na Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo na cidade do Rio Janeiro, e atirou contra os alunos da escola. No episódio conhecido como a tragédia de Realengo, 12 crianças foram mortas (10 meninas e 2 meninos) e 13 ficaram feridas (10 meninas e 3 meninos) – todas com idade entre 13 e 16 anos. O atirador era ex-aluno da escola e levava 2 revólveres e munição. Após ter atirado nos alunos e a entrada da polícia na escola, um policial tentou render Wellington, mas logo se suicidou. https://pt.wikipedia.org/wiki/Parque_do_Estado https://pt.wikipedia.org/wiki/Parque_do_Estado https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A3o_Paulo_(estado) https://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil 16 Houve muitas análises e interpretações por parte de teólogos, psicólogos e especialistas da justiça quando se soube da carta deixada por Wellington. Embora seu primeiro trecho nos apresenta citações de aspectos comuns a diferentes religiões, certos especialistas disseram que o texto, porém, não traz "referências diretas a uma crença específica e não pode ser lido como discurso religioso autêntico". Segundo o psiquiatra forense Talvane de Moraes, o atirador sofria de Esquizofrenia paranoide. Segundo Talvane, ele era movido por um sentimento doentio que era uma pessoa muito pura, boa, que vai para uma missão importante e que os outros são os covardes. Caso 5 - Mateus da Costa Meira (Atirador do Shopping) (Redação Super, 2015) Mateus da Costa Meira, mais conhecido como o atirador do cinema ou atirador do shopping, protagonizou um ataque em uma sala de cinema em um shopping de São Paulo. Estudante, usuário de droga, solitário e escutava vozes para que ele cometesse o delito. Então, entra no cinema e começa os disparos, mas por desconhecimento da arma, não consegue fazer a troca do pente e fica sem munição. Nessa falha, algumas pessoas do cinema conseguem detê-lo. O estudante de medicina, sem motivo aparente, descarrega uma submetralhadora na plateia do cinema no dia 3 de novembro de 1999, deixando cinco pessoas feridas e três pessoas mortas. O crime cometido por Mateus inaugura uma modalidade no Brasil, que era comum em outros países, matador em massa. Mateus foi diagnosticado com esquizofrenia, que é um tipo de psicose, nada mais é que a ruptura com a realidade, tendo como características alucinações auditivas, gerando ordens e partindo para o cometimento do delito. Foi julgado a 120 anos de prisão em regime fechado e totalmente capaz, mas logo tentou matar seu colega de cela, sendo assim considerado incapaz (inimputável) por sofrer de doenças mentais atestadas por laudos médicos. Com tal decisão, Mateus foi encaminhado para o Hospital de Custódia e Tratamento (HCT) de Salvador, onde permanece até hoje. Caso 6 - Suzane Von Richthofen (G1, 2014) https://pt.wikipedia.org/wiki/Doen%C3%A7as_mentais 17 Nascida em 1983 em uma família de classe média alta paulistana, filha de uma psicóloga com um engenheiro, Suzane viveu uma infância normal e recebeu ótima educação em casa e nas escolas que frequentou. Na época do crime, cursava Direito na PUC-SP. Na madrugada de 31 de outubro de 2002, Suzane guiou Daniele e o cunhado, Cristian, para o quarto dos pais, acendeu a luz e desceu para a biblioteca. Os irmãos Cravinhos atacaram o casal com barras de ferro. Eles foram golpeados na cabeça. Marísia (Mãe de Suzane) resistiu e foi sufocada com uma toalha. O revólver de Manfred (Pai de Suzane) foi colocado ao lado de seu corpo. Suzane ficou na biblioteca durante a execução. Ela ajudou a recolher as barras ensanguentadas e mostrou sangue frio ao espalhar os documentos pelo quarto (para simular um assalto). De acordo com a reconstituição do crime, ela ficou no térreo onde aproveitou para roubar o dinheiro em espécie que havia na casa, guardado dentro de uma pasta de couro com código. Suzane abriu a maleta, pois sabia o segredo, mas Daniel depois cortou a pasta com uma faca para forjar o roubo de R$ 8.000,00, 6.000 euros e $ 5.000,00. Eles ainda abriram um cofre do casal, onde estavam joias e um revólver, localizado no quarto. Os bastões ensanguentados foram lavados na piscina e tudo que foi usado no crime foi colocado dentro de sacos de lixo, tendo os três inclusive trocados de roupa. Após deixar Cristian perto da casa dele, os namorados seguiram para um motel, na tentativa de forjar um álibi para a noite do crime. Mais tarde, com o irmão Andreas, Suzane finge surpresa ao saber do suposto assalto e telefona pedindo ajuda a Daniel. Após suspeitar da compra de uma moto nova por Cristian Cravinhos poucos dias após os assassinatos, a polícia o prendeu preventivamente, enquanto interrogava Daniel. No dia 8 de novembro de 2002, Cristian, Daniel e Suzane confessaram o assassinato do casal. Suzane e Daniel Cravinhos foram condenados a 39 anos e 6 meses de prisão; A pena-base foi de 16 anos, mais 4 pelos agravantes, para cada uma das mortes. Ambos tiveram sua pena reduzida em um ano; Cristian Cravinhos foi condenado a 38 anos e 6 meses de reclusão. Sua pena-base foi de 15 anos, mais 4 pelos agravantes, também para cada uma das mortes. Ele também teve sua pena reduzida em um ano por ter confessado o crime. https://pt.wikipedia.org/wiki/%E2%82%AC 18 CONCLUSÃO O desenvolvimento do presente estudo possibilitou uma análise de como o diagnóstico da psicopatia é importante para o ordenamento jurídico. A psicopatia é um transtorno mental que não tem cura. E é muito importante definir o nível em que a psicopatia é enquadrada. Para todos os casos deve-se determinar o tratamento adequado a fim de amenizar os sintomas e permitir que o psicopata consiga ter uma vida funcional. É importante saber que nem toda pessoa que comete delitos tem psicopatia, e nem todo psicopata é psicótico. Muitos dos psicopatas estão camuflados e integrados à sociedade. Desmistificar seus quadros e seus comportamentos é muito importante para que a sociedade não sofra com seus golpes geniais. Os delitos apresentam a cada ano um nível mais alto de violência, despertando interesse dos estudiosos do comportamento do ser humano a se aprofundar nessa questão que ainda se encontra obscura. Observa-se uma grande dificuldade para encontrar um consenso em diagnosticaro psicopata, a luz do direito. Os psicopatas precisam de atenção especial do governo, pois uma vez investidos em celas com demais presos pode ser considerado um risco, uma vez com o poder de liderança que possuem, poderiam certamente incitar a desordem e incentivar a prática de condutas delituosas no estabelecimento prisional. Especialistas dizem que o psicopata nasce psicopata. A delinquência não cessa, pois, a vontade de matar está na necessidade de efetivar o crime, e logo que são postos em liberdade voltam a cometer os delitos, sendo assim, reincidentes. São indivíduos irrecuperáveis para a sociedade. Sabe-se que a simples prisão não iria cumprir a sua finalidade de reeducação, ou seja, a prisão não vai recuperá-los e inseri-los novamente na sociedade, razão pela qual se faz necessário um tratamento diferenciado, com uma política criminal voltada aos psicopatas. A partir desse entendimento e, superando inesgotáveis debates acerca do que seja inimputável, imputável ou semi-imputável, a justiça brasileira deverá aprofundar melhor em questão da sanção penal a eles aplicados, mesmo em discordância de alguns 19 juristas e psiquiatras que segue apoiando a imputabilidade nesses determinados casos. Uma das soluções para amenizar essa atual situação seria a criação de estabelecimentos apropriados para a custódia desses indivíduos, onde poderia ocorrer a divisão de indivíduos psicopatas e não psicopatas, como infelizmente ocorre essa junção no país. REFERÊNCIAS ALCALDE, Luísa; SANTOS, Luís Carlos dos. Caçada ao maníaco do Parque. São Paulo: Editora Escritura, 2000. AMERICAN PSYQCHIATRIC ASSOCIATION – DSM-IV TR. Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. Trad. Dornelles, C. 4 ed., rev. Porto Alegre, Artmed, 2002. BALLONE, Gj. Depressão. Disponível em: <http://www.psiqweb.med.br/dep-texto.html>. Acesso em: 15 out. 2019. 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