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Direito penal e a psicopatia no direito brasileiro

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1
A Psicopatia e o Direito Penal Brasileiro
Andressa Daniele Brandão dos Santos Souza1
Resumo
Um assunto que gera muita discussão no Brasil é a Psicopatia e o Direito Penal
Brasileiro. O presente artigo científico apresenta a controvérsia sobre o que é a
psicopatia, ou seja, doença mental, doença moral ou transtorno de personalidade. A
discussão se estende à definição se o psicopata deve ser considerado como
imputável, semi-imputável ou inimputável, bem como qual seria, por consequência, a
sanção penal adequada a esses indivíduos quando praticam infrações penais. O
método utilizado na elaboração do artigo foi o da revisão da literatura, que consiste
na exposição do pensamento de vários autores que se debruçaram sobre o tema
eleito. Foi desenvolvido uma pesquisa bibliográfica, utilizando, como direção e
esteio, contribuições de diversos autores sobre o assunto selecionado por meio de
consulta a livros, periódicos e documentos na internet. Este trabalho se dedica a
apresentar uma visão crítica quanto às vigentes avaliações de comportamento como
requisito subjetivo para o deferimento de benefícios durante a execução penal,
relatando os principais crimes ocorridos no Brasil.
Palavras-chave: Psicopatia. Direito Penal. Crimes. Sanção Penal.
Introdução
O presente trabalho tem como tema a Psicopatia e o Direito Penal Brasileiro.
A tratativa do assunto revela-se no fato da atual situação criminológica em que
perpassa o país. Segundo Dornelles (2017, p. 111), a sociedade capitalista tende a
explicar o fenômeno do crime e propor políticas criminais de combate às
transgressões sociais e desvios comportamentais baseados no controle e repressão
de todos os segmentos sociais que ameaçam uma ordem social baseada na
desigualdade, opressão e injustiça social. Vê-se rotineiramente notícias de crimes
bárbaros que ganham grande repercussão nacional e/ou internacional. Diante a
essa situação, a imagem que nos vem, quanto ao autor desses crimes é de que seja
um criminoso altamente perigoso, portador de alguma doença mental, sendo comum
denominar esse infrator como Psicopata.
1 Pós-Graduanda em Direito Penal pela Estácio, DF. OAB/DF 61.804. E-mail: brandao.dd@gmail.com.
2
Há uma grande dificuldade em se identificar corretamente um indivíduo
psicopata, entendendo-se em suma ser apenas um distúrbio de personalidade
antissocial brando. O rótulo de psicopata é muito utilizado pela mídia para chamar
atenção quando um crime é muito violento, e isso acaba gerando um pré-julgamento
para os que recebem a notícia. É preciso uma análise dos traços de personalidade
desses criminosos, que em sua maioria são assassinos e estupradores.
O estudo do perfil e mente do psicopata é de suma importância para a
sociedade, pois estes indivíduos devem ser tratados de uma maneira mais especial
na esfera criminal, posto que comprovado o diagnóstico, o indivíduo se dará como
incurável ao qual gera indiferença na realização do ato cometido.
O artigo busca demonstrar que além de um diagnóstico extremamente difícil
de ser realizado, pois além da análise do caso concreto, o indivíduo diagnosticado
com distúrbio de personalidade antissocial é muitas vezes confundido como
psicopata, na verdade é uma das ramificações deste distúrbio, como será
demonstrado no decorrer do trabalho.
Conceito de Psicopatia
Antes de conceituar psicopatia, primeiro observa-se como alguns
doutrinadores conceituam personalidade:
De acordo com Henry A. Murray apud Fernandes (2002, p. 201) a
personalidade é “a continuidade de formas e forças funcionais que se manifestam
através de sequências de processos organizados e comportamentos manifestos, do
nascimento até a morte do indivíduo”.
Psicopatia no entendimento de McCORD apud Maranhão (1980, p. 419) se
refere a um ser antissocial, explanando o seguinte:
O psicopata é um antissocial. Sua conduta frequentemente o leva a conflitos com a sociedade. Ele é
impulsionado por instintos primitivos e por ardentes desejos de excitação.
Na sua busca autocentrada de prazeres, ignora as restrições da sua cultura.
O psicopata é altamente impulsivo. É um homem para quem o momento
que passa é um segmento de temor separado dos demais. Suas ações não
são planejadas e ele é guiado pelos seus impulsos. O psicopata é
agressivo. Ele aprendeu poucos meios socializados de lutar contra
frustrações. Tem pequeno ou nenhum sentimento de culpa. Pode cometer
os mais apavorantes atos e ainda rememorá-los sem qualquer remorso.
Tem uma capacidade pervertida para o amor. Suas relações emocionais,
quando existem são estéreis, passageiras e intentam apenas satisfazer
seus próprios desejos. Estes dois últimos traços: ausência de amor e
3
sentimento de culpa marcam visivelmente um psicopata, como diferente dos
demais homens.
Para Palomba (2003, p. 515) é importante se estudar os perfis psicológicos de
criminosos, de forma que há uma diferença entre psicopata e o condutopata, em
que o psicopata não tem a mínima empatia com as outras pessoas, enquanto que o
condutopata consegue viver no meio social, ama e é amado, leva uma vida normal,
paralelamente mata o seu próximo, considerando como “próximo” os pais, os filhos,
parentes, amigos e demais pessoas, praticando crimes que lhes dá a sensação de
poder perante os demais. O condutopata não é uma pessoa normal, mas também
não é um doente mental. Esse transtorno de comportamento é devido ao
comprometimento de três estruturas psíquicas: a afetividade, a conação-volição, a
capacidade crítica, mantendo-se íntegras as outras partes mentais.
Molina e Gomes (2002, p. 236) descrevem as características do psicopata,
explicando que essas pessoas não devem ser colocadas juntas a outros criminosos
comuns, porque são doentes e não têm culpa disso:
[...] diversas investigações parecem insinuar a incapacidade do psicopata para aprender algo do
castigo, de modo que um substrato biológico lhe impede formar uma
consciência social. Talvez seu baixo nível de ativação ou certa dificuldade
para verbalizar a contingência implícita no condicionamento aversivo
(punitivo) determinam o reduzido condicionamento autônomo do mesmo
para aprender (para ser condicionado) por um estímulo doloroso ou aversivo
(castigo).
Molina e Gomes (2002) defende a ideia da teoria biológica para o
comportamento psicopático, de acordo com ela, a existência de criminosos
estimulados por sua composição e formação biológica, parte do funcionamento do
sistema nervoso autônomo, podendo predispor a pessoa a um comportamento
antissocial ou delitivo, pela importância que tem no processo de socialização.
Segundo Taborda et al. (2004, p. 286) os indivíduos psicopatas apresentam
algumas características, enumerando-as do seguinte modo:
Assim enumera as características dos indivíduos que apresentam psicopatia: indiferença e
insensibilidade diante dos sentimentos alheios; atitude persistente de
irresponsabilidade e desprezo por normas, regras e obrigações sociais
estabelecidas; incapacidade de manter relacionamentos estabelecidos,
baixa tolerância à frustração e baixo limiar para a deflagração de
agressividade e violência; incapacidade de experimentar culpa e grande
dificuldade de aprender com a experiência ou com a punição que lhe é
aplicada; tendência a culpar os outros e a apresentar argumentações e
4
racionalizações plausíveis para explicar um comportamento que leva o
portador desse tipo de transtorno a entrar em conflito com a sociedade.
Diante disso, a definição de psicopatia (transtorno de personalidade
antissocial) deve ser extraída das ciências ligadas à área da saúde mental
(psiquiatria, psicologia e neurociências), fornecendo aos operadores do Direito Penal
subsídio para qualificarem esses autores de crimes em imputáveis, semi-imputáveis
ou inimputáveis, permitindo a aplicação da sanção penal adequada em cada caso.
O transtorno de personalidade antissocial está presente no Manual de
diagnóstico e estatístico dos transtornos mentais-IV (DSM-IV TR) e na Classificação
Internacional de Doenças (CID-10).A psicopatia não está incluída em nenhum
desses manuais, o (DSM-IV) apresenta o transtorno de personalidade antissocial
ressaltando os critérios comportamentais, no entanto, a psicopatia não é só
desenvolvida por questões comportamentais, mas também interpessoais e afetivas.
Refere-se a transtorno de personalidade quando, traços significativos da
personalidade do indivíduo o tornam inflexível ou desadaptado em diferentes
ambientes ou situações (MIRANDA, 2012).
A personalidade é apenas parte de um complexo psíquico descoberto por
Freud. Embora os termos psicopatia e transtorno de personalidade antissocial
estejam relacionados, esses constructos possuem muitas diferenças que devem ser
ressaltadas.
Vale ressaltar que há diferentes graus de conduta antissocial, variando desde:
1 – comportamentos antissociais menos prejudiciais, por serem esporádicos e
influenciados pelo ambiente; 2 – comportamentos antissociais mal adaptativos,
demonstrados no Transtorno de Personalidade Antissocial (TPAS) ou em outros
Transtornos de Exteriorização e 3 – condutas mais extremas observadas nas
psicopatias. Desse modo, pode ser dado a um indivíduo um diagnóstico de TPAS,
sem que esse apresente psicopatia, da mesma maneira que um psicopata pode não
ter critérios suficientes para o diagnóstico de TPAS (DEL-BEN, 2005; GABBARD,
2006, apud COSTA, 2008).
O DSM-IV TR (2002) utiliza os seguintes critérios para classificar um indivíduo
como portador de personalidade antissocial: incapacidade de se adequar às normas
sociais; propensão para enganar, usar nomes falsos ou ludibriar os outros;
5
impulsividade ou fracasso para fazer planos para o futuro; instabilidade e
agressividade; desrespeito irresponsável pela segurança própria ou alheia;
irresponsabilidade consistente; ausência de remorso.
A psicopatia, conforme o CID-10 (Classificação Internacional de Doenças da
Organização Mundial da Saúde) pode ser tratada como transtornos específicos de
personalidade, envolvendo a consciência e a personalidade do indivíduo como um
todo, que pode ser considerado um modelo particular de personalidade. A
deficiência cognitiva está presente no campo de afetos que se for comparado com
um cérebro normal os indivíduos diagnosticados com esse transtorno tem estruturas
ligadas na razão e menor atividade ligada nas emoções. Um diagnóstico clínico da
psicopatia pode ser definido como: Personalidade dissocial - transtorno de
personalidade caracterizado por um desprezo das obrigações sociais, falta de
empatia para com os outros. Há um desvio considerável entre o comportamento e as
normas sociais estabelecidas. O comportamento não é facilmente modificado pelas
experiências adversas, inclusive pelas punições. Existe uma baixa tolerância à
frustração e um baixo limiar de descarga da agressividade, inclusive da violência.
Existe uma tendência a culpar os outros a fornecer racionalizações plausíveis para
explicar um comportamento que leva o sujeito a entrar em conflito com a sociedade
(RIBEIRO, 2015).
Assim sendo, verifica-se que a pessoa acometida pelo transtorno mental
psicopata apresenta sentimentos antissociais e não demonstra arrependimento ou
remorso, com isso tem-se que a tratativa em casos como esses dissocia-se com a
metodologia sob o qual um indivíduo “normal” leva.
Características do psicopata
Segundo Christian Costa (2010) apud Oliveira (2015), a personalidade
antissocial é um transtorno de personalidade caracterizado por um desprezo das
obrigações sociais e a falta de empatia com as outras pessoas. O grande
questionamento não está em quem são ou em como identificá-los, mas em explicitar
se os mesmos são doentes mentais ou se possuem apenas um transtorno
comportamental.
6
O transtorno de personalidade aprisiona principalmente os indivíduos com
transtorno de personalidade antissocial, em sua grande maioria, que têm uma
história de transtorno de conduta na adolescência e um padrão de comportamentos
irresponsáveis e socialmente ameaçadores, os quais têm continuidade na idade
adulta (HARE, 2013).
As pessoas com Transtorno de Personalidade Antissocial têm uma visão de
mundo pessoal, isto é, em termos sócio cognitivos, elas não conseguem assumir o
ponto de vista do outro, pensam de maneira linear. Os indivíduos com Transtorno de
Personalidade Antissocial criam problemas mais amplos para a sociedade porque
estes transtornos incorporam atos criminais que ameaçam e ferem a sociedade,
sendo o único transtorno que não pode ser diagnosticado na infância (BECK et al.,
2005).
Porém, para Hare (2013), a maioria dos psicopatas começam a exibir graves
problemas de comportamento ainda bem cedo e afirma que, normalmente, quando
crianças apresentam esse tipo comportamental grave, o mesmo se desenvolve,
chegando à fase adulta com os mesmos comportamentos.
Ademais, é essencial elucidar que o diagnóstico da psicopatia é dado após o
indivíduo atingir a maioridade, sendo considerado um ser capaz e de personalidade
formada, e que uma criança pode até apresentar algumas características
psicopáticas, mas que são avaliadas apenas como um transtorno de conduta e que
pode evoluir, com o passar dos anos, para a psicopatia.
Dentre as principais características encontra-se: ausência de ética social e
moral; ausência de sentimento de culpa ou remorso; raiva e agressividade;
manipulação e controle da vítima.
Os psicopatas podem ter vínculos sociais, no entanto, terão dificuldade de
estabelecer relação afetiva prolongada, pela alta dose de indissociabilidade. Em
muitos casos, revela-se total déficit de responsabilidade ética e moral, nos seus
comportamentos, são considerados frios, manipuladores, violentos, egoístas,
tendenciosos a terem tédio, estão sempre em busca de novos prazeres ou estímulos
para completar esse desvio do traço de personalidade.
Sua forma de agir é bem analítica, elabora e planeja bem suas ações de
médio e longo prazo. Observam modelos, pessoas, tipos de personalidades para
7
que a sua vítima possa ser construída em sua mente. Passa a se aproximar e extrair
o máximo possível de interesse comum para criar um simples relacionamento social.
Assim, desvendará os pontos fracos e fortes da pessoa, criando assim confiabilidade
(OLIVEIRA, 2009).
É interessante notar que, os psicopatas não tem dificuldade no juízo moral da
situação. Ele sabe o que é certo e errado, o prejuízo que será acarretado para a
família, e mesmo sabendo de tudo isso, por livre escolha resolve praticar o crime.
Eles não conseguem ter uma conduta ética, mas tem plena capacidade de entender
o caráter ilícito e decide determinado de acordo com esse entendimento.
O psicopata pode estar em qualquer lugar, classe social, como local de
trabalho, local de lazer, entre outros.
Identificação e Diagnóstico da Psicopatia
Existe um problema muito sério no diagnóstico, principalmente quando
depende do próprio paciente para analisar se é ou não psicopata, depende da
manifestação verbal. E o psicopata tem de manipular informações e esconder traços
psicológicos próprios, afetando o diagnóstico.
Morana (2019) explica que existem dois tipos de testes mais usados, são
eles:
- Checklist do Robert Hare, que é constituído em duas partes, com 20 questões que visa saber ponto
a ponto da personalidade do psicopata. E a outra é buscar informações de
pessoas que convivem, familiares, passado, histórico, para saber se tem
personalidade de psicopata e se ele tem probabilidade de reincidência.
- Teste de Rorschach, que apresenta para o periciado dez pranchas com borrões de tinta,
perguntando o que ele vê nos borrões de tintas, dependendo da resposta
que se pode fazer a análise.
Explica, ainda, sobre os critérios diagnósticos pelos quais se avalia a
psicopatia, atentando-se aos recursos afetivos, interpessoais e comportamentais.
Embora esse não seja o método único de avaliar a psicopatia a escala Hare
(PCL-R) tornou-se a medida padrão de conhecimento. Seus critérios
diagnósticos abrangem os recursos afetivos, interpessoaise
comportamentais. O PCL-R é constituído por uma escala classificatória para
uso clínico, contendo um total de 12 itens. Cada item é avaliado em uma
nota de zero (ausente ou leve), um (moderada) ou dois (grave). A soma total
determina o grau de psicopatia de uma pessoa.
Fator 1 - Narcisismo agressivo
1. Sedutora / Charme superficial
2. Grandioso senso de autoestima / egocêntrico
3. Mentira patológica
https://pt.wikipedia.org/wiki/Auto-estima
https://pt.wikipedia.org/wiki/Mentira_patol%C3%B3gica
8
4. Esperteza / Manipulação
5. Falta de remorso ou culpa
6. Superficialidade emocional
7. Insensibilidade / Falta de empatia
8. Falha em aceitar a responsabilidade por ações próprias
9. Agressão a animais
Fator 2 - Estilo de vida socialmente desviantes
1. Necessidade por estimulação / tendência ao tédio e depressão
2. Estilo de vida parasitário tentando ser sustentado e mantido por
seus manipulados.
3. Falta de metas de longo prazo possíveis ou realistas (incapacidade
de enxergar as consequências das ações no futuro)
4. Impulsividade
5. Irresponsabilidade e desonestidade frequente
Fator 3 - Estilo de comportamentos irresponsáveis
1. Controle comportamental pobre
2. Versatilidade criminal*
3. Delinquência juvenil*
4. Problemas comportamentais precoces
5. Revogação da liberdade condicional (MORANA, 2019).
O primeiro fator está associado à extroversão e a aspectos positivos, porém, o
segundo fator está associado a traços de personalidade como a ansiedade,
criminalidade, raiva, violência impulsiva e o risco superior de suicídio. Mas o teste só
pode ser considerado válido quando administrado por um clínico experiente e
qualificado (HARE, 2013).
Os psicólogos forenses são responsáveis por marcar as alternativas que
estão presentes e identificar se o sujeito apresenta características significativas de
psicopatia.
Mas é preciso avaliar muito mais que isso, é preciso avaliar como foi a
infância, a que estresse ela foi submetido, a que tipo de abuso, o modus operandi do
crime, se é contumaz na prática daquele crime, que tipo de crime, comportamento
geral, o seu funcionamento na sociedade. São vários elementos da entrevista clínica
e foge um pouco dos testes já preconizados.
Muito se sabe que os processos psicopáticos surgem devido a dificuldades de
adaptação ao meio ambiente como as necessidades e aspirações (família, escola,
mundo profissional, sociedade, estado). Uma das generalizações mais conhecidas
da psicopatia é a noção de que ela resulta de algum trauma psicológico ou
experiências vividas.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Manipula%C3%A7%C3%A3o
https://pt.wikipedia.org/wiki/Remorso
https://pt.wikipedia.org/wiki/Culpa
https://pt.wikipedia.org/wiki/Delinqu%C3%AAncia_juvenil
9
Dessa forma, Hare (2013, p. 15) destaca que: “Crianças que passam ou
passaram por experiências traumáticas têm uma propensão maior do que as outras
a agir de modo violento”.
Ballone (2008) sustenta que a psicopatia não é uma enfermidade mental
porque as doenças desse grupo estão bem delimitadas. Além disso, os doentes
mentais não têm consciência de seus atos por não possuírem compreensão da
realidade, já que sofrem, em sua maioria, processos de alucinação. Os psicopatas,
ao contrário, compreendem a realidade, mas não conseguem evitar a prática de
certos atos, como se sua razão fosse sufocada pela sua emoção.
Psicopata clássico e o Sociopata
Psicopatas e sociopatas sofrem de Transtorno de Personalidade Antissocial
(TPAS) e a principal diferença entre os dois está no modo com que eles
desenvolveram a doença.
A psicopatia é considerada uma condição inata do indivíduo, ou seja, a
pessoa já nasce psicopata. Por outro lado, a sociopatia é desenvolvida durante a
vida, por meio da educação, relações sociais e traumas. Apesar dos psicopatas e
sociopatas possuírem várias características em comum, a origem desse transtorno
gera algumas diferenças em suas personalidades (Senado Notícias, 2010).
É preciso entender o cérebro por trás de todos os criminosos. Se ele será um
criminoso não se pode afirmar, mas que socialmente ele terá um comportamento
desviante, com certeza.
Na legislação penal brasileira não há previsão expressa, não há entendimento
pacífico sobre o caminho que se deve dar ao psicopata.
Psicopata: Imputável, semi-imputável ou inimputável
Na legislação pátria, é no art. 26 do Código Penal (BRASIL, 1940) que se
encontram descritas as situações que envolvem a inimputabilidade e
semi-imputabilidade.
Art. 26. É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou
retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento.
10
Parágrafo único. A pena pode ser reduzida de 1 (um) a 2/3 (dois terços), se o agente, em virtude de
perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou
retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou
de determinar-se de acordo com esse entendimento.
O caput do artigo traz a possibilidade de inimputabilidade, ou seja, a isenção
de pena em razão de característica pessoal do autor do fato, e o parágrafo único do
mesmo artigo traz a semi-imputabilidade, que seria a aplicação de pena de forma
diferenciada, que pode ser traduzida em redução de seu tempo ou na aplicação de
medida de segurança.
Nucci (2007, p. 259) enumera duas características básicas para que seja
apurada a imputabilidade penal: a higidez biopsíquica e maturidade. O primeiro item
refere-se à saúde mental do indivíduo, inexistindo qualquer causa que o impeça de
compreender o ato que está praticando e que este é crime. Já o item maturidade
refere-se ao desenvolvimento mental e psicológico suficiente para decidir sobre sua
conduta.
Existem posições que levam à imputabilidade, outras que levam à
semi-imputabilidade, que na verdade é a maioria.
Contudo, como verificado, o artigo 26, parágrafo único do Código Penal
Brasileiro prevê a semi-imputabilidade do indivíduo e a redução de sua pena, bem
como a possibilidade de substituição da pena por medida de segurança para o
indivíduo semi-imputável.
Há um desconhecimento da figura do psicopata, sendo um grande problema
para o direito penal. Justifica-se o fato de não haver essa especificação, um
posicionamento firme do direito, de não estabelecer essa definição do psicopata que
causa grande problema na relação da sanção penal.
Questão da imputabilidade e semi-imputabilidade
O psicopata é penalmente imputável, pois existem dois critérios. Primeiro, a
capacidade de entendimento, se tem juízo moral das situações, ideia do que é ético,
mas decide seguir o caminho antiético. Porém, tem os transtornos mentais, no qual
a pessoa cometeu o ilícito, mas não estava em capacidade de entendimento ou não
estava com capacidade de determinação, de acordo com aquele entendimento.
11
Nestes casos, se houver abolição completa da capacidade de entendimento
ou determinação devido ao momento, expressando o transtorno mental, então ele
vai se tornar imputável.
O semi-imputável é quando ele tinha capacidade não plena, mas alguma
capacidade de entendimento, porém não total ou de determinação.
O juiz depois de receber um laudo psiquiátrico, avaliar a capacidade
moderada de entendimento e determinação, irá colocá-lo como semi-imputável.
O Instituto da Imputabilidade e da Semi-imputabilidade vem previsto no artigo
26 do Código Penal, é preciso que sejam preenchidos os três elementos, causal,
consequencial e temporal.
O elemento causal à imputabilidade é a doença mental ou desenvolvimento
mental incompleto ou retardado. Na semi-imputabilidade é a perturbação da saúde
mental e o desenvolvimento mental incompleto ou retardado. A consequência para
ser considerado inimputável é que, ele seja inteiramente incapaz de conhecer o
caráter ilícito do fato ou determinar-se de acordo com esse entendimento e da
mesma forma o semi-imputável só que sendo parcialmente incapaz.
O elementotemporal é que todas as situações, o elemento causal,
consequencial tenham sido presentes no momento dos fatos, na ação ou na
omissão. A jurisprudência de decisões monocráticas tem se posicionado sobre a
semi-imputabilidade do psicopata, porque o psicopata não é doente mental, apesar
de estar no CID 10 que é classificação internacional de doenças, na parte de
doenças mentais ele não é considerado um doente mental. Apesar do sentido
etimológico da expressão psicopatia, que vem do grego psique e patos doenças da
mente, pode traduzir como doença mental e a partir daí já podem excluir a
inimputabilidade.
A semi-imputabilidade depende da perturbação da saúde mental. A tendência
em considerar a psicopatia semi-imputável está justamente no elemento sequencial.
A semi-imputabilidade ou responsabilidade diminuída é definida por Fernando Capez
(2011, p. 346) como:
É a perda de parte da capacidade de entendimento e autodeterminação, em razão de doença mental
ou de desenvolvimento incompleto ou retardado. Alcança os indivíduos em
que as perturbações psíquicas tornam menor o poder de autodeterminação
e mais fraca a resistência interior em relação à prática do crime. Na
verdade, o agente é imputável e responsável por ter alguma noção do que
12
faz, mas sua responsabilidade é reduzida em virtude de ter agido com
culpabilidade diminuída em consequência das suas condições pessoais.
Em relação à consequência da semi-imputabilidade Capez (2011) ainda
dispõe que, não exclui a imputabilidade, de modo que o agente será condenado pelo
fato típico e ilícito que cometeu. Constatada a redução na capacidade de
compreensão ou vontade, o juiz terá duas opções: reduzir a pena de 1/3 a 2/3 ou
impor medida de segurança (mesmo aí a sentença continuará sendo condenatória).
Portanto, a semi-imputabilidade não exclui a capacidade de entendimento, porém se
for constatada redução na capacidade de compreender a gravidade da conduta
praticada ou na vontade do agente o juiz poderá reduzir a pena ou aplicar a medida
de segurança.
A jurisprudência, os juízes tem entendido que o agente entende que o que ele
está praticando é ilícito, mas não é inteiramente capaz de parar quando deve, a
capacidade de autodeterminação de acordo com esse entendimento.
A resposta do Estado aos portadores de Psicopatia
O juiz na justiça brasileira pode declarar o psicopata imputável sendo um
criminoso comum, ou semi-imputável aquele indivíduo que não tem controle dos
seus atos embora tenha consciência deles. A legislação brasileira não possui uma
disposição específica para o psicopata possuindo apenas a medida de segurança
como melhor alternativa para a ressocialização na sociedade sabendo que não é
eficaz.
Segundo Raine (2015), a psicopatia é o evento clínico de maior proeminência
no sistema jurídico penal. É de suma importância lembrar que indivíduos portadores
da psicopatia não assimilam os efeitos da pena aplicada, muitos destes, ficam
encarcerados pela sanção máxima imputada de 30 anos, todavia voltam a cometer
os mesmos crimes ou em alguns casos até mais.
Segundo Morana (2006) estes reincidem até três vezes mais que os
criminosos normais, justamente por acharem que não estão fazendo nada de errado.
O tratamento ambulatório não é aceitável, pois esses indivíduos não possuem
possibilidade alguma de ressocialização e indivíduos encaminhados para hospitais
de custódia são criminosos curáveis o que não é o caso desses, seria o caso de
13
pacientes que no decorrer do tempo com ajuda de medicamentos e terapias
conseguiria se reintegrar na sociedade.
Para Christian Costa (2008, p. 10) a solução para o problema estaria na
criação de prisões especificamente destinadas a psicopatas, onde estes ficariam
isolados dos presos comuns, de maneira que não poderiam controlá-los. Esta prisão
deveria receber uma atenção especial do governo, contando sempre com equipe
médica e psicológica para acompanhamento permanente, caso contrário o que seria
a resolução do problema, acabaria sendo verdadeira bomba prestes a estourar.
Na impossibilidade de prisões específicas para os dissociais o autor afirma
que “o compartilhamento de instituições prisionais com presos comuns também
surtiria efeitos, se psicopatas e presos comuns não fossem colocados em contato, a
partir de uma escala de horários diferenciada, e de celas equidistantes” (2008).
Percebe-se que a legislação brasileira ainda possui várias falhas quanto à
aplicabilidade de penas quando se trata de psicopata, que dentre os meios
presentes na nossa atualidade, a medida de segurança é a que se mostra mais
eficaz dentre as outras, pelo simples fato de remover o indivíduo do contexto social,
destinando a este um tratamento cabível ao delito cometido. Entretanto, a esperança
é que reverta esse quadro de falhas na legislação penal, para que seja dado direitos
iguais a indivíduos comuns e especiais.
E ainda se indaga, é possível curar um psicopata? Especialistas reafirmam
que não há cura, apenas o tratamento. O melhor é mantê-lo afastado da sociedade.
O erro mais comum é condenar um criminoso com esse diagnóstico a penas
corporais, como a detenção. O mais sensato é a medida de segurança, que permite
tratamento e estabilização do quadro diagnosticado. O tratamento do psicopata é a
administração do comportamento dele.
Os casos de assassinos que chocaram o Brasil com seus crimes.
Criminosos em série são aqueles que reincidem em seus crimes, matando
sempre em sequência tendo o mínimo o lapso de tempo entre eles. Tendem a ter um
tipo certo de vítima, com as mesmas características, mesma faixa etária e porte
físico, sempre com circunstâncias que se assemelham, planejam cada detalhe.
Também chamados de serial killer, são diferenciados em comparação aos outros
14
assassinos, os mesmos preferem matar com as mãos ou através de outros métodos
geralmente com utilização que agonize as vítimas evitando o uso de armas de fogo.
Caso 1 - Tiago Henrique Gomes da Rocha (Serial killer de Goiânia) (G1, 2014)
O vigilante de 26 anos foi preso no dia 14 de outubro de 2014, após meses de
investigação da polícia sobre uma série de mortes na capital de Goiânia.
Apesar de ser chamado de serial killer, ele não seguia um método específico
e nem todas as vítimas tinham uma característica em comum. Entre os crimes
ligados a ele estão assassinatos de mulheres por um motociclista, mortes de
homossexuais e moradores de rua.
Em outubro de 2014, pouco antes de ser transferido para a penitenciária de
Aparecida de Goiânia, Tiago passou por uma avaliação psicológica informal, que
não fez parte do processo, que o definiu como tendo o perfil de um assassino em
série, com um comportamento diferente dos psicopatas comuns. No início de
fevereiro de 2015, Tiago foi avaliado por dois psiquiatras da Junta Médica
do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, por um pedido formal dos juízes que
presidem o processo. Nesta avaliação oficial, cujo laudo foi divulgado três semanas
depois, Tiago foi diagnosticado como psicopata, mas considerado imputável (que é
responsável legalmente e pode ser julgado pelos atos praticados).
Caso 2 - Ronis de Oliveira Bastos (Serial Killer de Itaquaquecetuba/SP) (UOL.,
2015)
Ronis de Oliveira Bastos, 22 anos de idade, trabalhava na feira. Um dos
assassinos em série mais conhecido do Brasil, matou 8 pessoas e deixou 2 pessoas
feridas, em curto tempo de dois meses na cidade de Itaquaquecetuba.
No ano de 2011, o histórico de mortes apresentava as mesmas
características, todas as vítimas eram homens entre 20 e 50 anos. Todas as
cápsulas eram deixadas ao lado do corpo da vítima. Os crimes aconteciam no
mesmo local, com a mesma forma de abordagem. Usando sempre um moletom
cinza, uma mochila preta e uma bicicleta azul. Deixando sua assinatura em todos os
crimes, um verdadeiro matador em série.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Assassino_em_s%C3%A9rie
https://pt.wikipedia.org/wiki/Assassino_em_s%C3%A9rie
https://pt.wikipedia.org/wiki/Tribunal_de_Justi%C3%A7a_do_Estado_de_Goi%C3%A1shttps://pt.wikipedia.org/wiki/Psicopata
15
 A Justiça considerou que o ex-feirante sofre de transtornos mentais graves e
não pode ser responsabilizado pelos crimes, mas determinou a internação em um
hospital psiquiátrico por tempo indeterminado, ainda ressaltou que o réu apresenta
elevado risco de voltar a cometer crimes e necessita de ambiente protegido. Ronis
foi considerado inimputável.
Caso 3 - Francisco de Assis Pereira (Maníaco do Parque) (ALCALDE; SANTOS,
2000)
Condenado a uma soma de 268 anos de prisão, Francisco de Assis Pereira,
conhecido como o maníaco do parque estuprou e matou pelo menos seis mulheres
e tentou assassinar outras nove em 1998. Seus crimes ocorreram no Parque do
Estado, situado na região sul da capital do estado de São Paulo, Brasil, onde atraía
as mulheres com a promessa de uma sessão de fotografias que as tornaria
modelos. Francisco cobria todas de elogios, se identificava como um caça-talentos
de uma importante revista; oferecia um bom cachê e convidava as moças para uma
sessão de fotos em um ambiente ecológico. Dizia que era uma oportunidade única,
algo predestinado, que não poderia ser desperdiçado.
É o serial killer brasileiro que mais recebeu cartas na prisão. O presidiário
inclusive se casou com uma admiradora, tendo separado tempos depois com relatos
da ex-noiva, de estranheza em suas ações e personalidade. Francisco será liberado
em 2028 após completar os máximos 30 anos de reclusão exigidos pela legislação
Brasileira, psiquiatras notórios indicam a certeza de que irá delinquir novamente em
função de seu estado mental pseudopsicopata, irreversível.
Caso 4 - Wellington Menezes de Oliveira (Atirador de Realengo/RJ) (Portal IG, 2011)
Wellington Menezes de Oliveira tinha 23 anos quando entrou armado na
Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo na cidade do Rio Janeiro, e atirou
contra os alunos da escola. No episódio conhecido como a tragédia de Realengo, 12
crianças foram mortas (10 meninas e 2 meninos) e 13 ficaram feridas (10 meninas e
3 meninos) – todas com idade entre 13 e 16 anos. O atirador era ex-aluno da escola
e levava 2 revólveres e munição. Após ter atirado nos alunos e a entrada da polícia
na escola, um policial tentou render Wellington, mas logo se suicidou.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Parque_do_Estado
https://pt.wikipedia.org/wiki/Parque_do_Estado
https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A3o_Paulo_(estado)
https://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil
16
Houve muitas análises e interpretações por parte de teólogos, psicólogos e
especialistas da justiça quando se soube da carta deixada por Wellington. Embora
seu primeiro trecho nos apresenta citações de aspectos comuns a diferentes
religiões, certos especialistas disseram que o texto, porém, não traz "referências
diretas a uma crença específica e não pode ser lido como discurso religioso
autêntico". Segundo o psiquiatra forense Talvane de Moraes, o atirador sofria de
Esquizofrenia paranoide. Segundo Talvane, ele era movido por um sentimento
doentio que era uma pessoa muito pura, boa, que vai para uma missão importante e
que os outros são os covardes.
Caso 5 - Mateus da Costa Meira (Atirador do Shopping) (Redação Super, 2015)
Mateus da Costa Meira, mais conhecido como o atirador do cinema ou
atirador do shopping, protagonizou um ataque em uma sala de cinema em um
shopping de São Paulo. Estudante, usuário de droga, solitário e escutava vozes
para que ele cometesse o delito. Então, entra no cinema e começa os disparos, mas
por desconhecimento da arma, não consegue fazer a troca do pente e fica sem
munição. Nessa falha, algumas pessoas do cinema conseguem detê-lo. O estudante
de medicina, sem motivo aparente, descarrega uma submetralhadora na plateia do
cinema no dia 3 de novembro de 1999, deixando cinco pessoas feridas e três
pessoas mortas.
O crime cometido por Mateus inaugura uma modalidade no Brasil, que era
comum em outros países, matador em massa.
Mateus foi diagnosticado com esquizofrenia, que é um tipo de psicose, nada
mais é que a ruptura com a realidade, tendo como características alucinações
auditivas, gerando ordens e partindo para o cometimento do delito.
Foi julgado a 120 anos de prisão em regime fechado e totalmente capaz, mas
logo tentou matar seu colega de cela, sendo assim considerado incapaz
(inimputável) por sofrer de doenças mentais atestadas por laudos médicos. Com tal
decisão, Mateus foi encaminhado para o Hospital de Custódia e Tratamento (HCT)
de Salvador, onde permanece até hoje.
Caso 6 - Suzane Von Richthofen (G1, 2014)
https://pt.wikipedia.org/wiki/Doen%C3%A7as_mentais
17
Nascida em 1983 em uma família de classe média alta paulistana, filha de
uma psicóloga com um engenheiro, Suzane viveu uma infância normal e recebeu
ótima educação em casa e nas escolas que frequentou. Na época do crime, cursava
Direito na PUC-SP. Na madrugada de 31 de outubro de 2002, Suzane guiou Daniele
e o cunhado, Cristian, para o quarto dos pais, acendeu a luz e desceu para a
biblioteca. Os irmãos Cravinhos atacaram o casal com barras de ferro. Eles foram
golpeados na cabeça. Marísia (Mãe de Suzane) resistiu e foi sufocada com uma
toalha. O revólver de Manfred (Pai de Suzane) foi colocado ao lado de seu corpo.
Suzane ficou na biblioteca durante a execução. Ela ajudou a recolher as barras
ensanguentadas e mostrou sangue frio ao espalhar os documentos pelo quarto
(para simular um assalto). De acordo com a reconstituição do crime, ela ficou no
térreo onde aproveitou para roubar o dinheiro em espécie que havia na casa,
guardado dentro de uma pasta de couro com código. Suzane abriu a maleta, pois
sabia o segredo, mas Daniel depois cortou a pasta com uma faca para forjar o roubo
de R$ 8.000,00, 6.000 euros e $ 5.000,00. Eles ainda abriram um cofre do casal,
onde estavam joias e um revólver, localizado no quarto. Os bastões ensanguentados
foram lavados na piscina e tudo que foi usado no crime foi colocado dentro de sacos
de lixo, tendo os três inclusive trocados de roupa.
Após deixar Cristian perto da casa dele, os namorados seguiram para um
motel, na tentativa de forjar um álibi para a noite do crime. Mais tarde, com o irmão
Andreas, Suzane finge surpresa ao saber do suposto assalto e telefona pedindo
ajuda a Daniel.
Após suspeitar da compra de uma moto nova por Cristian Cravinhos poucos
dias após os assassinatos, a polícia o prendeu preventivamente, enquanto
interrogava Daniel. No dia 8 de novembro de 2002, Cristian, Daniel e Suzane
confessaram o assassinato do casal.
 Suzane e Daniel Cravinhos foram condenados a 39 anos e 6 meses de
prisão; A pena-base foi de 16 anos, mais 4 pelos agravantes, para cada uma das
mortes. Ambos tiveram sua pena reduzida em um ano; Cristian Cravinhos foi
condenado a 38 anos e 6 meses de reclusão. Sua pena-base foi de 15 anos, mais 4
pelos agravantes, também para cada uma das mortes. Ele também teve sua pena
reduzida em um ano por ter confessado o crime. 
https://pt.wikipedia.org/wiki/%E2%82%AC
18
CONCLUSÃO
O desenvolvimento do presente estudo possibilitou uma análise de como o
diagnóstico da psicopatia é importante para o ordenamento jurídico.
A psicopatia é um transtorno mental que não tem cura. E é muito importante
definir o nível em que a psicopatia é enquadrada. Para todos os casos deve-se
determinar o tratamento adequado a fim de amenizar os sintomas e permitir que o
psicopata consiga ter uma vida funcional.
É importante saber que nem toda pessoa que comete delitos tem psicopatia, e
nem todo psicopata é psicótico. Muitos dos psicopatas estão camuflados e
integrados à sociedade.
Desmistificar seus quadros e seus comportamentos é muito importante para
que a sociedade não sofra com seus golpes geniais.
Os delitos apresentam a cada ano um nível mais alto de violência,
despertando interesse dos estudiosos do comportamento do ser humano a se
aprofundar nessa questão que ainda se encontra obscura.
Observa-se uma grande dificuldade para encontrar um consenso em
diagnosticaro psicopata, a luz do direito.
Os psicopatas precisam de atenção especial do governo, pois uma vez
investidos em celas com demais presos pode ser considerado um risco, uma vez
com o poder de liderança que possuem, poderiam certamente incitar a desordem e
incentivar a prática de condutas delituosas no estabelecimento prisional.
Especialistas dizem que o psicopata nasce psicopata. A delinquência não
cessa, pois, a vontade de matar está na necessidade de efetivar o crime, e logo que
são postos em liberdade voltam a cometer os delitos, sendo assim, reincidentes.
São indivíduos irrecuperáveis para a sociedade. Sabe-se que a simples prisão não
iria cumprir a sua finalidade de reeducação, ou seja, a prisão não vai recuperá-los e
inseri-los novamente na sociedade, razão pela qual se faz necessário um tratamento
diferenciado, com uma política criminal voltada aos psicopatas. A partir desse
entendimento e, superando inesgotáveis debates acerca do que seja inimputável,
imputável ou semi-imputável, a justiça brasileira deverá aprofundar melhor em
questão da sanção penal a eles aplicados, mesmo em discordância de alguns
19
juristas e psiquiatras que segue apoiando a imputabilidade nesses determinados
casos. Uma das soluções para amenizar essa atual situação seria a criação de
estabelecimentos apropriados para a custódia desses indivíduos, onde poderia
ocorrer a divisão de indivíduos psicopatas e não psicopatas, como infelizmente
ocorre essa junção no país.
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