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Iniciacao-a-Filosofia- Unidade XI - A Ciência Cap 30

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CAPÍTULO 30 A ciência na história
Lição de anatomia do Dr. Tulp (1632), óleo sobre tela de Rembrandt (1606-1669).
As três principais concepções 
de ciência___________________
Historicamente, três têm sido as principais con­
cepções de ciência ou de ideais de cientificidade: a 
racionalista, cujo modelo de objetividade é a mate­
mática; a empirista, que toma o modelo de objetivi­
dade da medicina grega e da história natural do sé­
culo XVII; e a construtivista, cujo modelo de objeti­
vidade advém da ideia de razão como conhecimen­
to aproximativo.
A concepção racionalista — que se estende dos 
gregos até o final do século XVII — afirma que a 
ciência é um conhecimento racional dedutivo e de­
monstrativo como a matemática, portanto, capaz de 
provar a verdade necessária e universal de seus enun­
ciados e resultados, sem deixar nenhuma dúvida.
Uma ciência é a unidade sistemática de axiomas, 
postulados e definições, que determinam a natureza 
e as propriedades de seu objeto, e de demonstrações, 
que provam as relações de causalidade que regem o 
objeto investigado.
O objeto científico é uma representação intelectual 
universal, necessária e verdadeira das coisas represen­
tadas, e corresponde à própria realidade, porque esta é 
racional e inteligível em si mesma. As experiências cien­
tíficas são realizadas apenas para verificar e confirmar 
as demonstrações teóricas, e não para produzir o co­
nhecimento do objeto, pois este é conhecido exclusi­
vamente pelo pensamento. O objeto científico é mate­
mático, porque a realidade possui uma estrutura ma­
temática, ou, como disse Galileu, "o grande livro da 
natureza está escrito em caracteres matemáticos".
302 - UNIDADE XI - A ciência
A concepção empirista — que vai da medicina 
grega e Aristóteles até o final do século XIX — afirma 
que a ciência é uma interpretação dos fatos baseada 
em observações e experimentos que permitem esta­
belecer induções e que, ao serem completadas, ofe­
recem a definição do objeto, suas propriedades e 
suas leis de funcionamento. A teoria científica resul­
ta das observações e dos experimentos, de modo que 
a experiência não tem simplesmente a função de 
verificar e confirmar conceitos, mas a de produzi-los. 
Eis por que, nesta concepção, sempre houve grande 
cuidado para estabelecer métodos experimentais ri­
gorosos, pois deles dependia a formulação da teoria 
e a definição da objetividade investigada.
Essas duas concepções de cientificidade possuíam 
o mesmo pressuposto, embora o realizassem de ma­
neiras diferentes. Ambas consideravam que a teoria 
científica era uma explicação e uma representação 
verdadeira da própria realidade, tal como esta é em 
si mesma. A ciência era uma espécie de raio X da 
realidade.
A concepção racionalista era hipotético-dedutiva, 
isto é, definia o objeto e suas leis e disso deduzia 
propriedades, efeitos posteriores, previsões. A con­
cepção empirista era hipotético-indutiva, isto é, apre­
sentava suposições sobre o objeto, realizava obser­
vações e experimentos e chegava à definição dos 
fatos, às suas leis, suas propriedades, seus efeitos 
posteriores e a previsões.
A concepção construtivista — iniciada em nos­
so século — considera a ciência uma construção de 
modelos explicativos para a realidade e não uma re­
presentação da própria realidade. O cientista com­
bina dois procedimentos — um vindo do racionalis- 
mo, outro vindo do empirismo — e a eles acrescen­
ta um terceiro, vindo da ideia de conhecimento 
aproximativo e corrigível.
Como o racionalista, o cientista construtivista exi­
ge que o método lhe permita e lhe garanta estabele­
cer axiomas, postulados, definições e deduções sobre 
o objeto científico. Como o empirista, o construtivis­
ta exige que a experimentação guie e modifique axio­
mas, postulados, definições e demonstrações. No 
entanto, porque considera o objeto uma construção 
lógico-intelectual e uma construção experimental 
feita em laboratório, o cientista não espera que seu 
trabalho apresente a realidade em si mesma, mas 
ofereça estruturas e modelos de funcionamento da 
realidade, explicando os fenômenos observados. Não 
espera, portanto, apresentar uma verdade absoluta
e sim uma verdade aproximada que pode ser corri­
gida, modificada, abandonada por outra mais ade­
quada aos fenômenos. São três as exigências de seu 
ideal de cientificidade:
1. que haja coerência (isto é, que não haja contradições) 
entre os princípios que orientam a teoria;
2. que os modelos dos objetos (ou estruturas dos fenôme­
nos) sejam construídos com base na observação e na 
experimentação;
3. que os resultados obtidos possam não só alterar os mo­
delos construídos, mas também alterar os próprios prin­
cípios da teoria, corrigindo-a.
Diferenças entre a ciência 
antiga e a clássica ou moderna
Quando apresentamos os ideais de cientificidade, 
dissemos que tanto o ideal racionalista como o em­
pirista se iniciaram com os gregos. Isso, porém, não 
significa que a concepção antiga e a clássica ou mo­
derna (século XVII) de ciência sejam idênticas.
Entre as várias diferenças, devemos mencionar 
uma, talvez a mais profunda: a ciência antiga era 
uma ciência teorética, ou seja, apenas contemplava 
os seres naturais, sem jamais imaginar intervir neles 
ou sobre eles por meios técnicos; a ciência clássica 
é uma ciência que visa não só ao conhecimento 
teórico, mas sobretudo à aplicação prática ou téc­
nica. Francis Bacon dizia que "saber é poder", e 
Descartes escreveu que "a ciência deve tornar-nos 
senhores da natureza". A ciência clássica ou mo­
derna nasce vinculada à ideia de intervir na nature­
za, de conhecê-la para apropriar-se dela, para con­
trolá-la e dominá-la. A ciência não é apenas con­
templação da verdade, mas é sobretudo o exercício 
do poderio humano sobre a natureza. Numa socie­
dade em que o capitalismo está surgindo e, para 
acumular o capital, deve ampliar a capacidade do 
trabalho humano para modificar e explorar a natu­
reza, a nova ciência será inseparável da técnica.
Na verdade, é mais correto falar em "tecnologia" 
do que em"técnica". De fato, a técnica é um conhe­
cimento empírico, que, graças à observação, elabora 
um conjunto de receitas e práticas para agir sobre as 
coisas. A tecnologia, porém, é um saber teórico que 
se aplica praticamente.
Por exemplo, um relógio de sol é um objeto téc­
nico que serve para marcar horas seguindo o movi­
mento solar no céu. Um cronômetro, porém, é um
A ciência na história - CAPÍTULO 30 303
objeto tecnológico: por um lado, sua construção pres­
supõe conhecimentos teóricos sobre as leis do mo­
vimento (as leis do pêndulo) e, por outro, seu uso 
altera a percepção empírica e comum dos objetos, 
pois serve para medir aquilo que nossa percepção 
não consegue perceber. Uma lente de aumento é um 
objeto técnico, mas o telescópio e o microscópio são 
objetos tecnológicos, pois sua construção pressupõe 
o conhecimento das leis científicas definidas pela 
óptica. Em outras palavras, um objeto é tecnológico 
quando sua construção pressupõe um saber cientí­
fico e quando seu uso interfere nos resultados das 
pesquisas científicas. A ciência moderna tornou-se 
inseparável da tecnologia.
As mudanças científicas
Vimos até aqui duas grandes mudanças na ciên­
cia. A primeira delas se refere à passagem do racio- 
nalismo e do empirismo ao construtivismo, isto é, 
de um ideal de cientificidade baseado na ideia de 
que a ciência é uma representação da realidade tal 
como ela é em si mesma, a um ideal de cientifici­
dade baseado na ideia de que o objeto científico é 
um modelo construído e não uma representação do 
real, uma aproximação sobre o modo de funciona­
mento da realidade, mas não o conhecimento ab­
soluto dela. A segunda mudança refere-se à passa­
gem da ciência antiga — teorética, qualitativa — à 
ciência clássica ou moderna — tecnológica, quan­
titativa. Por que houve tais mudanças no pensamen­
to científico?
Durante certo tempo, julgou-se que a ciência (co­
mo a sociedade) evolui e progride. Evolução e pro­
gressosão duas ideias muito recentes — datam dos 
séculos XVIII e XIX —, mas muito aceitas pelas pes­
soas. Basta ver o lema da bandeira brasileira para 
perceber como as pessoas acham natural falar em 
"Ordem e Progresso".
As noções de evolução e de progresso partem 
da suposição de que o tempo é uma linha contínua 
e homogênea (como a imagem do rio, que vimos 
ao estudar a metafísica). O tempo seria uma su­
cessão contínua de instantes, momentos, fases, 
períodos, épocas, que iriam se somando uns aos 
outros, acumulando-se de tal modo que o que 
acontece depois é o resultado melhorado do que 
aconteceu antes. Contínuo e cumulativo, o tempo 
seria um aperfeiçoamento de todos os seres (na­
turais e humanos).
Evolução e progresso são a crença na superiori­
dade do presente em relação ao passado e do futuro 
em relação ao presente. Assim, os europeus civiliza­
dos seriam superiores aos africanos e aos índios, a 
física galilaico-newtoniana seria superior à aristoté- 
lica, a física quântica seria superior à de Galileu e à 
de Newton.
Evoluir significa tornar-se superior e melhor do 
que se era antes. Progredir significa ir num rumo 
cada vez melhor na direção de uma finalidade su­
perior.
Evolução e progresso também supõem o tempo 
como uma série linear de momentos ligados por 
relações de causa e efeito, em que o passado é cau­
sa e o presente, efeito, vindo a tornar-se causa do 
futuro. Vemos essa ideia aparecer quando, por exem­
plo, os manuais de história apresentam as "in­
fluências" que um acontecimento anterior teria tido 
sobre um outro, posterior.
Evoluir e progredir pressupõem uma concepção 
da história semelhante à que a biologia apresenta 
quando fala em germe, semente ou larva. O germe, 
a semente ou a larva são entes que contêm em si 
mesmos tudo o que lhes acontecerá, ou seja, o fu­
turo já está contido no ponto inicial de um ser cuja 
história ou cujo tempo nada mais é do que o des­
dobrar ou o desenvolver pleno daquilo que ele já 
era potencialmente.
Essa ideia encontra-se presente, por exemplo, 
na distinção entre países desenvolvidos e subde­
senvolvidos. Quando digo que um país é ou está 
desenvolvido, digo que sei que alcançou a finalida­
de à qual estava destinado desde que surgiu. Quan­
do digo que um país é ou está subdesenvolvido, 
estou dizendo que a finalidade — que é a mesma 
para ele e para o desenvolvido — ainda não foi, mas 
deverá ser alcançada em algum momento do tempo. 
Não por acaso, as expressões "desenvolvido" e 
"subdesenvolvido" foram usadas para substituir 
duas outras, tidas como ofensivas e agressivas: paí­
ses "adiantados"e países "atrasados", isto é, países 
"evoluídos" e "não evoluídos", países "com pro­
gresso" e "sem progresso".
Em resumo, evolução e progresso pressupõem 
continuidade temporal, acumulação causal dos 
acontecimentos, superioridade do futuro e do pre­
sente com relação ao passado, existência de uma 
finalidade a ser alcançada. Supunha-se que as mu­
danças científicas indicavam evolução ou progresso 
dos conhecimentos humanos.
304 UNIDADE XI - A ciência
Desmentindo a evolução 
e o progresso científicos_______
A filosofia das ciências, estudando as mudanças 
científicas, impôs um desmentido às ideias de evo­
lução e progresso. Isso não quer dizer que a filo­
sofia das ciências viesse a falar em atraso e regres­
são científica, pois essas duas noções são idênticas 
às de evolução e progresso, apenas com o sinal 
trocado (em vez de caminhar causal e continua­
mente para a frente, caminhar-se-ia causai e con­
tinuamente para trás). O que a filosofia das ciên­
cias compreendeu foi que as elaborações científicas 
e os ideais de cientificidade são diferentes e descon­
tínuos.
Quando, por exemplo, comparamos a geome­
tria clássica ou geometria euclidiana (que opera 
com o espaço plano) e a geometria contemporâ­
nea ou topológica (que opera com o espaço tri­
dimensional), vemos que não se trata de duas 
etapas ou de duas fases sucessivas da mesma 
ciência geométrica, e sim de duas geometrias di­
ferentes, com princípios, conceitos, objetos, de­
monstrações completamente diferentes. Não
houve evolução e progresso de uma para outra, 
pois são duas geometrias diversas e não geome­
trias sucessivas.
Quando comparamos as físicas de Aristóteles, 
Galileu-Newton e Einstein, não estamos diante de 
uma mesma física, que teria evoluído ou progredido, 
mas diante de três físicas diferentes, baseadas em 
princípios, conceitos, demonstrações, experimenta­
ções e tecnologias completamente diferentes. Em 
cada uma delas, a ideia de natureza é diferente; em 
cada uma delas os métodos empregados são dife­
rentes; em cada uma delas o que se deseja conhecer 
é diferente.
Quando comparamos a ciência da linguagem do 
século XIX (que era baseada nos estudos de filologia, 
isto é, nos estudos da origem e da história das pala­
vras) com a linguística contemporânea (que, como 
vimos no capítulo dedicado à linguagem, estuda es­
truturas), vemos duas ciências diferentes. E o mesmo 
pode ser dito de todas as ciências.
Verificou-se, portanto, uma descontinuidade e 
uma diferença temporal entre as teorias científicas 
como consequência não de uma forma mais evoluí­
da, mais progressiva ou melhor de fazer ciência, mas
Isaac Newton e a antimaçã, desenho que brinca com a ideia de que a lei da natureza é 
necessária e universal.
A ciência na história - CAPÍTULO 30 305
como resultado de diferentes maneiras de conhecer 
e construir os objetos científicos, de elaborar os mé­
todos e inventar tecnologias. O filósofo Gaston Ba- 
chelard criou a expressão ruptura epistemológica 
para explicar essa descontinuidade no conhecimen­
to científico.
—■ epistemologia
A palavra epistemologia é composta de dois termos gre­
gos: episteme, que significa “ciência”, e logia, vinda de 
logos, que significa “conhecimento”. Epistemologia é o 
conhecimento filosófico sobre as ciências.
Rupturas epistemológicas_____
Um cientista ou um grupo de cientistas come­
çam a estudar um fenômeno empregando teorias, 
métodos e tecnologias disponíveis em seu campo 
de trabalho. Pouco a pouco, descobrem que os 
conceitos, os procedimentos, os instrumentos 
existentes não explicam o que estão observando 
nem levam aos resultados que estão buscando. 
Encontram, diz Bachelard, um "obstáculo episte- 
mológico".
Para superar o obstáculo epistemológico, o 
cientista ou o grupo de cientistas precisam ter a 
coragem de dizer "não". Precisam dizer "não" à 
teoria existente e aos métodos e tecnologias exis­
tentes, realizando a ruptura epistemológica. 
Esta conduz à elaboração de novas teorias, novos 
métodos e tecnologias, que afetam todo o campo 
de conhecimentos existentes. Assim, uma nova 
concepção científica emerge, levando tanto a in­
corporar nela os conhecimentos anteriores quan­
to a afastá-los inteiramente. Isso significa que, 
para Bachelard, a história das mudanças científi­
cas é feita de descontinuidades (novas teorias, no­
vos modelos, novas tecnologias que rompem com 
os antigos) mas também comporta continuidades, 
quando se considera que o novo foi suscitado pe­
lo antigo e que parte deste é incorporada por 
aquele.
Da mesma maneira, Granger propõe que distin- 
gamos entre dois tipos de descontinuidades cientí­
ficas: uma externa e outra interna.
A descontinuidade é externa quando há um hia­
to radical entre uma situação científica caótica, em 
que os conhecimentos estão dispersos e são inveri-
ficáveis, e o surgimento de uma disciplina científica 
cujos conceitos, métodos e técnicas conseguem "pôr 
ordem no caos". Essa disciplina ordenadora, rigoro­
sa e sistemática não muda a ciência anterior, apenas 
a reorganiza.
A descontinuidade é interna quando, mantida 
uma mesma visão objetiva de um campo de fatos, 
teorias diferentes se sucedem no interior desse cam­
po. No livro A ciência e as ciências, escreve Granger:
Tomando o exemplo da mecânica, vemos que a mecânica 
da relatividade restrita está em ruptura com a mecânica newto- 
niana clássica, e isso não apenas em pontos isolados. Orefe­
rencial do espaço e do tempo, que serve, digamos, de decoração 
de fundo para uma mecânica, é fundamentalmente modificado, 
com os procedimentos de medida dos espaços e dos tempos 
passando a depender, então, do movimento relativo do obser­
vador e do observado. A velocidade da propagação do fenôme­
no luminoso toma-se, em compensação, uma constante univer­
sal absoluta. Todas as demais modificações do sentido operató- 
rio dos conceitos físicos decorrem dessa mudança do quadro da 
descrição dos fenômenos.
Quando há descontinuidade interna, não há, po­
rém, ruptura total, pois, diz Granger, como é manti­
da a mesma visão objetiva de um campo de fatos, a 
teoria anterior é incorporada como um caso particu­
lar (às vezes até diminuto) da nova teoria, mas uni­
versal. Há descontinuidade, mas não há destruição 
da teoria anterior.
Revoluções científicas________
Diversamente de Bachelard, o filósofo da ciên­
cia Thomas Kuhn considera que a história da 
ciência é feita de descontinuidades e de rupturas 
radicais. Kuhn designa os momentos de ruptura 
e de criação de novas teorias com a expressão 
revolução científica, como, por exemplo, a revolu­
ção copernicana, que substituiu a explicação geo- 
cêntrica de Ptolomeu pela heliocêntrica de Co- 
pérnico.
Segundo Kuhn, um campo científico é criado 
quando métodos, tecnologias, formas de observa­
ção e experimentação, conceitos e demonstrações 
formam um todo sistemático, uma teoria que per­
mite o conhecimento de inúmeros fenômenos. A 
teoria se torna um modelo de conhecimento ou 
um paradigma científico. O paradigma se torna o 
campo no qual uma ciência trabalha normalmen­
te, sem crises.
306 UNIDADE XI - A ciência
Kuhn usa a expressão ciência normal para referir- 
-se ao trabalho científico no interior de um para­
digma estabelecido. Em tempos normais, um cien­
tista, diante de um fato ou de um fenômeno ainda 
não estudado, o explica usando o modelo ou o pa­
radigma científico existente. Em contraposição à 
ciência normal, ocorre a revolução científica. Uma 
revolução científica acontece quando o cientista 
descobre que o paradigma disponível não consegue 
explicar um fenômeno ou um fato novo, sendo ne­
cessário produzir um outro paradigma, até então 
inexistente e cuja necessidade não era sentida pelos 
investigadores. Numa revolução científica, não só 
novos fenômenos são descobertos e conhecimentos 
antigos são abandonados, mas há uma mudança 
profunda na maneira de o cientista ver o mundo, 
como se passasse a trabalhar num mundo comple­
tamente diferente.
A ciência, portanto, não caminha numa via linear 
contínua e progressiva, mas por saltos ou revoluções. 
Assim, quando a ideia de próton-elétron-nêutron en­
tra na física, a de vírus entra na biologia, a de enzima 
entra na química ou a de fonema entra na linguística, 
os paradigmas existentes são incapazes de alcançar, 
compreender e explicar esses objetos ou fenômenos, 
exigindo a criação de novos modelos científicos.
Por que, então, temos a ilusão de progresso e de 
evolução? Por dois motivos principais:
1. do lado do cientista, porque este sente que sabe mais e 
melhor do que antes, já que o paradigma anterior não lhe 
permitia conhecer certos objetos ou fenômenos. Como 
trabalhava com uma tradição científica e a abandonou, 
tem o sentimento de que o passado estava errado, era 
inferior ao presente aberto por seu novo trabalho. Não é 
ele, mas o filósofo da ciência que percebe a ruptura e a 
descontinuidade e, portanto, a diferença temporal. Do 
lado do cientista, o progresso é uma vivência subjetiva;
2. do lado dos não cientistas, porque vivemos sob a ideolo­
gia do progresso e da evolução, do "novo" e do "fantás­
tico". Além disso, vemos os resultados tecnológicos das 
ciências: naves espaciais, computadores, satélites, fomos 
de micro-ondas, telefones celulares, cura de doenças jul­
gadas incuráveis, objetos plásticos descartáveis, e esses
DIÁLOGOS FILOSÓFICOS
Taylorismo
O pé de cada pedreiro deve ocupar uma posição 
determinada em relação à parede, ao balde de ar­
gamassa e à pilha de tijolos. A altura do balde e da 
pilha de tijolos deve ser aquela que possibilite um 
maior conforto ao pedreiro e minimize o número de 
movimentos necessários para assentar cada tijolo. 
Todos eles (o pedreiro e os materiais) ficarão em 
cima de um andaime que é ajustado por um operá­
rio especificamente treinado, alocado para ir subin­
do o andaime conforme a parede for-se elevando.
Um outro operário especificamente treinado de­
ve ir preparando baldes de argamassa e substituir 
os baldes vazios de cada pedreiro, de modo que eles 
não precisem descer do andaime. Enquanto isso, 
um outro operário especificamente treinado deve ir 
selecionando e colocando em pilhas os tijolos que 
forem descarregados pelo terceiro operário espe­
cificamente treinado na melhor forma de descarre­
gar os tijolos do caminhão. Este será dirigido por 
um motorista especificamente treinado na condução 
de caminhões de tijolos.
Ao lado de todos estes trabalhadores especifi­
camente treinados estão os gerentes, aqueles que
dominam a ciência do assentamento dos tijolos e 
portanto os que podem determinar o que e como 
cada trabalhador deve fazer. São os gerentes que 
treinam os operários para trabalharem com os no­
vos métodos. São eles que explicam, auxiliam, en­
corajam cada trabalhador individualmente, ao mes­
mo tempo que controlam a produção de cada um 
a fim de recompensar monetariamente aqueles que 
seguiram corretamente as normas de trabalho im­
postas. Por outro lado, são também eles que deci­
dem pela dispensa daqueles operários cuja ignorân­
cia e preconceito impedem de perceber as vanta­
gens das normas científicas do trabalho para ambas 
as partes.
Este pequeno exemplo serve para nos dar uma 
primeira ideia do que é usualmente chamado de 
taylorismo, o conjunto de estudos desenvolvidos 
por Frederick Winslow Taylor (1856-1915) e apli­
cados nas indústrias de todo o mundo, determi­
nando a organização do processo de trabalho 
contemporâneo.
RAGO, Luzia Magalhães; MOREIRA, Eduardo F. P. 
O que é taylorismo. 10. reimpr. São Paulo, Brasiliense, 
2003. P. 13-4. Coleção Primeiros Passos.
A ciência na história - CAPÍTULO 30 307
resultados tecnológicos são apresentados pelos governos, 
pelas empresas e pela propaganda como "signos do pro­
gresso" e não da diferença temporal. Do lado dos não 
cientistas, o progresso é uma crença ideológica.
Há, porém, uma razão mais profunda para nos­
sa crença no progresso. Desde a Antiguidade, co­
nhecer sempre foi considerado o meio mais precio­
so e eficaz para combater o medo, a superstição e 
as crendices. Ora, no caso da modernidade, o vín­
culo entre ciência e aplicação prática dos conheci­
mentos (tecnologias) fez surgirem objetos que não 
só facilitaram a vida humana (meios de transporte, 
de iluminação, de comunicação, de cultivo do solo, 
etc.), mas aumentaram a esperança de vida (remé­
dios, cirurgias, etc.). Do ponto de vista dos resulta­
dos práticos, sentimos que estamos em melhores 
condições que os antigos e por isso falamos em evo­
lução e progresso.
Entretanto, Kuhn não recusa totalmente a ideia 
de um progresso científico. Julga que, evidentemen­
te, não se pode aceitar a velha ideia do progresso em 
que se supunha que, com o passar do tempo e o 
acúmulo de conhecimentos, a ciência se aproximava 
cada vez mais da verdade; mas pode-se falar em pro­
gresso toda vez que um novo paradigma ou uma 
nova teoria se mostram capazes de resolver um maior 
número de problemas do que os anteriores e de fazer 
mais e melhores previsões do que eles.
Falsificação x revolução_______
Vimos que a ciência contemporânea é construti­
vista, julgando que fatos e fenômenos novos podem 
exigir a elaboração de novos métodos, novas tecno­
logias e novas teorias.
Alguns filósofos da ciência, entre os quais Karl 
Popper, afirmaram que a reelaboração científica de­
corre do fato de ter havido uma mudança no concei­
to filosófico-científico da verdade. Esta, como já vi­
mos,foi considerada durante muitos séculos a cor­
respondência exata entre uma ideia ou um conceito 
e a realidade. Vimos também que, no século XX, foi 
proposta uma teoria da verdade como coerência in­
terna entre conceitos. Na concepção anterior, o falso 
acontecia quando uma ideia não correspondia à coi­
sa que deveria representar. Na nova concepção, o 
falso é a perda da coerência de uma teoria, a existên­
cia de contradições entre seus princípios ou entre 
estes e alguns de seus conceitos.
Popper afirma que as mudanças científicas são 
uma consequência da concepção da verdade como 
coerência teórica. E propõe que uma teoria cientí­
fica seja avaliada pela possibilidade de ser falsa ou 
falsificada. A falsificação se apoia na ideia anterior 
da verdade como correspondência entre as ideias e 
as coisas. Ou seja, Popper considera que a antiga 
noção de verdade não serve para confirmar uma 
teoria — uma teoria se mantém confirmada graças 
à sua coerência interna —, mas serve para refutar 
uma teoria.
Para explicar essa diferença entre confirmação 
(ou verificação) e refutação (ou falsificação), Popper 
usa o seguinte exemplo: uma teoria científica que 
disser que "todos os cisnes são brancos" não pode 
ser verificada ou confirmada porque nenhum ser 
humano jamais viu ou verá todos os cisnes; todavia, 
basta que alguém veja um único cisne negro para 
refutar (ou falsificar) essa teoria.
Uma ciência formula hipóteses para resolver 
problemas e as conserva até que sejam refutadas ou 
falsificadas por algum fato. Essas hipóteses são ver­
dades provisórias mantidas até que sejam contes­
tadas ou não consigam explicar novos problemas.
Uma teoria científica é boa, diz Popper, quanto 
mais aberta estiver a fatos novos que possam tornar 
falsos os princípios e os conceitos em que se basea­
va. Assim, o valor de uma teoria não se mede por
O físico brasileiro e codescobridor do méson pi, Cesar Lattes 
(1924-2005), em foto de 1980.
308 UNIDADE XI - A ciência
sua verdade, mas pela possibilidade de ser falsa. A 
falseabilidade seria o critério de avaliação das teorias 
científicas e garantiria a ideia de progresso científi­
co, pois é a mesma teoria que vai sendo corrigida por 
fatos novos que a falsificam.
A maioria dos filósofos da ciência, entre os quais 
Kuhn, demonstrou o absurdo da posição de Popper. 
De fato, dizem eles, jamais houve um único caso 
em que uma teoria pudesse ser falsificada por fatos 
científicos. Jamais houve um único caso em que um 
fato novo garantisse a coerência de uma teoria, bas­
tando impor a ela mudanças totais.
Cada vez que novos fatos provocaram verdadei­
ras e grandes mudanças teóricas, essas mudanças 
não foram feitas com o objetivo de "melhorar" ou 
"aprimorar" uma teoria existente, mas com o obje­
tivo de abandoná-la por uma outra. O papel do 
fato científico não é o de falsear ou falsificar uma 
teoria, mas o de provocar o surgimento de uma no­
va teoria verdadeira. É o verdadeiro e não o falso 
que guia o cientista, seja a verdade entendida como 
correspondência entre ideia e coisa, seja entendida 
como coerência interna das ideias.
Classificação das ciências_____
Ciência, no singular, refere-se a um modo e a um 
ideal de conhecimento que examinamos até aqui. 
Ciências, no plural, refere-se às diferentes maneiras 
de realização do ideal de cientificidade segundo os 
diferentes fatos investigados e os diferentes métodos 
e tecnologias empregados.
A primeira classificação sistemática das ciên­
cias de que temos notícia foi a de Aristóteles, à 
qual já nos referimos no início deste livro. O filó­
sofo grego empregou três critérios para classificar 
os saberes:
• critério da ausência ou presença da ação humana nos seres 
investigados, levando à distinção entre as ciências teoré- 
ticas (conhecimento dos seres que existem e agem inde­
pendentemente da ação humana) e ciências práticas 
(conhecimento de tudo quanto existe como efeito das 
ações humanas);
• critério da imutabilidade ou permanência e da mutabili- 
dade ou movimento dos seres investigados, levando à 
distinção entre metafísica (estudo do Ser enquanto Ser, 
fora de qualquer mudança), física ou ciências da nature­
za (estudo dos seres constituídos por matéria e forma 
e submetidos à mudança ou ao movimento) e matemá­
tica (estudo dos seres dotados apenas de forma, sem
matéria, imutáveis, mas existindo nos seres naturais e 
conhecidos por abstração);
• critério da modalidade prática, levando à distinção entre 
ciências que estudam a práxis (a ação ética, política e 
econômica, que tem o próprio agente como fim) e as 
técnicas (a fabricação de objetos artificiais ou a ação que 
tem como fim a produção de um objeto diferente do 
agente).
Com pequenas variações, essa classificação foi 
mantida até o século XVII, quando então os conhe­
cimentos se separaram em filosóficos, científicos e 
técnicos. Após esse período, a filosofia tende a desa­
parecer nas classificações científicas (é um saber di­
ferente do científico), assim como delas desaparecem 
as técnicas. Das inúmeras classificações propostas, 
as mais conhecidas e utilizadas foram feitas por filó­
sofos franceses e alemães do século XIX, baseando- 
-se em três critérios: tipo de objeto estudado, tipo de 
método empregado, tipo de resultado obtido. Desses 
critérios e da simplificação feita sobre as várias clas­
sificações anteriores resultou aquela que se costuma 
usar até hoje:
• ciências matemáticas ou lógico-matemáticas (arit­
mética, geometria, álgebra, trigonometria, lógica, física 
pura, astronomia pura, etc.);
• ciências naturais (física, química, biologia, geologia, 
astronomia, geografia física, paleontologia, etc.);
• ciências humanas ou sociais (psicologia, sociologia, 
antropologia, geografia humana, economia, linguística, 
psicanálise, arqueologia, história, etc.);
• ciências aplicadas (todas as ciências que conduzem 
à invenção de tecnologias para intervir na natureza, 
na vida humana e nas sociedades, como, por exemplo, 
direito, engenharia, medicina, arquitetura, informáti­
ca, etc.).
Cada uma das ciências subdivide-se em ramos 
específicos, com nova delimitação do objeto e do 
método de investigação. Assim, por exemplo, a fí­
sica subdivide-se em mecânica, acústica, óptica, etc.; 
a biologia, em botânica, zoologia, fisiologia, gené­
tica, etc.; a psicologia subdivide-se em psicologia 
do comportamento, do desenvolvimento, psicologia 
clínica, psicologia social, etc., e assim sucessivamen­
te, para cada uma das ciências. Por sua vez, os pró­
prios ramos de cada ciência subdividem-se em dis­
ciplinas cada vez mais específicas, à medida que 
seus objetos conduzem a pesquisas cada vez mais 
detalhadas e especializadas.
A ciência na história - CAPÍTULO 30 309
A FILOSOFIA NAS ENTRELINHAS
Leia o texto e em seguida responda às questões:
A ciência e suas visões de mundo
No âmbito das ciências, distinguimos entre ciências naturais e todas as outras. Antigamente, essas 
outras eram chamadas de ciências do espírito, ou seja, humanidades. Mas isso ocorria somente na Alema­
nha, porque lá se acreditava no espírito e nas ciências. Hoje isso é considerado até embaraçoso. É por isso 
que nos países anglo-saxões não se fala de ciências; as disciplinas que tratam do homem e de sua cultura 
são chamadas humanities; analogamente, os alemães também falam de ciências humanas. As ciências da 
sociedade, ou ciências sociais, separaram-se das antigas ciências humanas, as filologias, que na Alemanha 
são preferencialmente chamadas de “ciências do texto”.
Comparadas à filosofia ou até mesmo à ideologia, as ciências são consideradas extremamente sólidas. 
A filosofia sempre implica especulação, e a ideologia é uma religião política de “salvação”. Em oposição a 
elas, encontram-se as "ciências exatas”.
Ao pensarmos em ciências, o que naturalmente nos vem à cabeça em primeiro lugar são as ciências 
naturais. Elas dispõem de dois meios para aferir a veracidade de seus enunciados, que frequentemente 
estão interligados aos experimentos e cálculos matemáticosde seus objetos.
Uma das inexplicáveis maravilhas do mundo é o fato de a natureza se expressar na linguagem da mate­
mática pura. Isso constitui um milagre, porque a matemática possui uma gramática que não mostra a 
menor consideração para com o mundo externo, mas obtém suas regras unicamente da lógica das relações 
internas. Portanto, é o oposto da natureza, ou seja, é puro espírito. Entretanto, a natureza finge dominar 
todas as leis da matemática e orientar-se por elas.
(SCHWANITZ, Dietrich. Cultura geral - Tudo o que se deve saber. São Paulo: Martins Fontes, 2007. p. 325.)
Explique as seguintes expressões extraídas do texto:
a) “A filosofia sempre implica especulação”:
b) "... a matemática possui uma gramática que não mostra a menor consideração para com o mun­
do externo...”;
c) “[A matemática]... é o oposto da natureza, ou seja, é puro espírito”.
310
Imagem do telescópio Hubble em abril de 2009. 
UNIDADE XI - A ciência
Questões
1. Quais as três principais concepções de ciência?
2. Explique brevemente a concepção racionalista de ciência.
3. Explique brevemente a concepção empirista de ciência.
4. Explique brevemente a concepção construtivista de ciência.
5. Explique o que significam as expressões “hipotético-dedutivo” e “hipotético-indutivo”.
6. Quais os princípios do ideal de cientificidade na concepção construtivista de ciência?
7. Qual a principal diferença entre a ciência antiga e a ciência clássica ou moderna?
8. Qual a diferença entre técnica e tecnologia?
9. Explique as ideias de progresso e evolução científicos e a concepção de história pressuposta por elas.
10. Dê alguns exemplos que indiquem a descontinuidade dos conhecimentos científicos.
11. Que significam as expressões “ruptura epistemológica” e “obstáculo epistemológico”, criadas por Gaston 
Bachelard para se referir às mudanças científicas?
12. Quais os tipos de descontinuidade científica apresentados por Granger?
13. 0 que Thomas Kuhn entende por revolução científica? Quando ela acontece? Por que ela é uma ruptura 
radical com relação à ciência anterior?
14. 0 que é um paradigma científico e uma ciência normal?
15. Explique o que é uma crise de paradigma científico.
16. Por que, apesar das rupturas e descontinuidades, continuamos acreditando no progresso das ciências?
17. Que justificativa oferece Kuhn para admitirmos, com algumas restrições, a ideia de progresso científico?
18. Como Karl Popper explica a mudança de uma teoria científica?
19. Quais as críticas feitas a Popper por outros filósofos da ciência?
20. Quais os critérios usados por Aristóteles para classificar as ciências?
21. Quais os critérios usados a partir do século XVII para classificar as ciências?
INDICAÇÃO DE FILME
O pesadelo de Darwin (Áustria, Bélgica, Canadá, Fin­
lândia, França, Suécia, 2004). Direção de Hubert Sauper. 
Documentário que mostra e põe em discussão os efeitos 
sociais e ambientais provocados pela indústria da pesca 
no Lago Vitória, na Tanzânia, o maior lago tropical do 
mundo. Nos anos 1950, como experiência científica, a 
indústria pesqueira introduziu no Lago Vitória a perca, 
um predador voraz que em poucas décadas eliminou as 
outras espécies autóctones do lago. Por trás desse de­
sastre ecológico, no entanto, estão os interesses comer­
ciais (exportação para o hemisfério norte), em detrimen­
to da vida do povo local, que vive em situação de miséria. 
0 filme não deixa de ser uma crítica à globalização.
Cartaz do filme O pesadelo de Darwin, 
de Hubert Sauper.
A ciência na história - CAPÍTULO 30 - 311

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