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Hanseniase A hanseníase, antigamente conhecida como lepra, é uma doença infecciosa causada por uma bactéria chamada Mycobacterium leprae ou bacilo de Hansen. - É uma das doenças mais antigas, com registros de casos há 4000 anos, na China. A doença tem cura, mas, se não tratada, pode deixar sequelas. - No mundo todo é oferecido tratamento gratuito, para que deixe de ser um problema de saúde pública. • A transmissão do M. leprae se dá por meio de convivência muito próxima e prolongada com o doente da forma transmissora, chamada multibacilar, que não se encontra em tratamento, por contato com gotículas de saliva ou secreções do nariz. • Tocar a pele do paciente não transmite a hanseníase. A maneira como ela se manifesta varia de acordo com a genética de cada pessoa. Histórico: Lepra (lepros do latim) significa sujeira/poluído; Atribuída como um castigo divino, por isso que quando essas pessoas que contraiam a letra eram isoladas da sociedade, ninguém poderia ter acesso. Era um fardo grande para as pessoas que contraiam hanseníase, já que eram deixadas de lado pela sociedade, além de ser consideradas pecadoras. • 1970: foi quando no Brasil foi mudado o termo de Lepra para Hanseníase ou Mal de Hansen; Agente Etiológico: Bacilo de multiplicação lenta (11-16 dias) - Parasita intracelular obrigatório. E tem tropismo por macrófagos e células de Schwann. (esse tropismo vai ser importante tanto para classificar a doença como para a sintomatologia que a doenças vai causar, já que as células de Schwann fazem parte do sistema neural) - Apesar de ser um bacilo que possa ser encontrado em outros lugares, como em esquilos, macacos e tatus, o homem é o único lugar em que ele se desenvolve e torna fonte de infecções. - Período de incubação do bacilo é de 2 a 7 anos. Esse patógeno pertence à ordem Actinomycetales e à família Mycobacteriaceae, e seu tamanho fica em torno de 1 µm a 8 µm de comprimento e 0,3 µm de diâmetro. Sintomas: Pode se apresentar com manchas mais claras, vermelhas ou mais escuras, que são pouco visíveis e com limites imprecisos, com alteração da sensibilidade no local associado à perda de pelos e ausência de transpiração. - Quando o nervo de uma área é afetado, surgem dormência, perda de tônus muscular e retrações dos dedos, com desenvolvimento de incapacidades físicas. - Nas fases agudas, podem aparecer caroços e/ou inchaços nas partes mais frias do corpo, como orelhas, mãos, cotovelos e pés. Também pode aparecer sintomas como: - Pele seca, inchaço e dor nas articulações, olhos ressecados. Feridas, sangramento e ressecamento no nariz. Febre e mal-estar geral • Complicações da hanseníase: A hanseníase, se não tratada inicialmente, pode evoluir para incapacitações físicas. Entre as sequelas deixadas pela doença, estão: • Incapacidade de elevar o pé (“pé caído”); • Incapacidade de extensão dos dedos e do punho (“mão caída”); • Incapacidade de fechar os olhos (lagoftalmo); • Necrose e ulceração da cartilagem do nariz (“nariz desabado”). Classificação: Pela Conferência em Madri, a classificação era: indeterminada, tuberculoide, boderline e vichowiana. Pela OMS em 1988 mudou a classificação e ficou: Paucibacilar e Multibacilar • Paucibacilar: 1- Hanseníase indeterminada: estágio inicial da doença, com um número de até cinco manchas de contornos mal definidos e sem comprometimento neural. 2- Hanseníase tuberculoide: manchas ou placas de até cinco lesões, bem definidas, com um nervo comprometido. Podendo ocorrer neurite (inflamação do nervo). • Multibacilar 1- Hanseníase borderline ou dimorfa: manchas e placas, acima de cinco lesões, com bordas às vezes bem ou pouco definidos, com comprometimento de dois ou mais nervos, e ocorrência de quadros reacionais com maior frequência. 2- Hanseníase virchowiana: forma mais disseminada da doença. Há dificuldade para separar a pele normal da danificada, podendo comprometer nariz, rins e órgãos reprodutivos masculinos. Pode haver a ocorrência de neurite e eritema nodoso (nódulos dolorosos) na pele. Transmissão: Acontece com o contato intimo e prolongado principalmente com partículas expelidas no ar pelas vias áreas, e também em contato com alguns tipos de lesões. Grande parte dos bacilos, como é pelas vias áreas que é transmitido, fica retido em nossas vias áreas superiores e expelidos pelo muco, espirro ou tosse, por isso que é preciso de um contato prolongado para contrair o bacilo. É considerado o período de transmissibilidade desde o início das manifestações da doença até a primeira dose de Rifampicina (porque 99% dos bacilos são eliminados assim que toma o remédio, por isso que é considerado como um não mais transmissor da doença. • A transmissão da hanseníase ocorre principalmente por meio dos pacientes chamados de multibacilares, os quais apresentam uma grande carga bacilar. Pacientes paucibacilares (com menor carga bacilar) não são considerados uma importante fonte de transmissão. Patogenia: 80-90% cura espontânea; a evolução da doença depende do sistema imunológico de cada pessoa - O bacilo de Hansen destaca-se por ser capaz de infectar uma grande quantidade de indivíduos, entretanto, poucos dos infectados realmente adoecem, o que significa que ele apresenta baixa patogenicidade. Fatores de riscos: homens por conta de maus hábitos de higiene, e crianças (mas a doença só será manifestada em adultos) Epidemiologia: O Brasil é o segundo maior do mundo em incidência, somente atras da Índia. - Entre 2012 e 2016 foram 151.764 novos casos. Sendo que houve uma pequena prevalência do sexo masculino, com 55,6% - Só em 2016, o Ministério da Saúde registrou no Brasil mais de 28.000 casos novos da doença. - Em 2019 foram contabilizados 23.612 casos da doença no Brasil (de acordo com o boletim epidemiológico de hanseníase no Brasil em 2020) • Por grau de incapacidade: Grau 2/ Multibacilar: 10,53 casos/ 1 milhão 15,17 casos/ 1 milhão de homens 6,07 casos/ 1 milhão de mulheres • Por região do Brasil: Maior prevalência: Centro-Oeste 37,27/100.000 – Mato Grosso Norte 34,26/100.00 – Tocantins Menor prevalência: Sul 3,75/100.000 – Rio Grande do Sul Diagnóstico: A OMS vai autorizar o diagnóstico de hanseníase principalmente em áreas endêmicas. Em casos de: - lesões de pele com alterações de sensibilidade; - acometimento dos nervos; - baciloscopia positiva Alterações de sensibilidade tem etapas para ser verificada: Começa com térmica evolui para dolorosa evolui para tátil; O exame baciloscopia do raspado intradérmico é utilizado para verificar se há a presença de bacilos, mas o resultado negativo do teste não descarta a possibilidade da doença caso o paciente apresente os sintomas. O diagnóstico de caso de hanseníase é inicialmente clínico e epidemiológico. Ou seja, realizado por meio de exames dermatológicos e neurológicos para identificar lesões ou áreas de pele com alteração de sensibilidade e/ou comprometimento de nervos periféricos, com alterações sensitivas e/ou motoras e/ou autonômicas. • Exames: Os principais exames para confirmação da hanseníase são: - Exame baciloscópico de esfregaço cutâneo; - Biópsia cutânea; - Pesquisa do DNA da bactéria em fragmentos de tecido (PCR); - Pesquisa de anticorpos anti-PGL-1 no sangue (exame só disponível em laboratórios de pesquisa); Diagnóstico Diferencial: Além dos 4 tipos de hanseníase também tem as manifestações neurológicas, como neuropatias periféricas do diabetes, alcoolismo, infecção pelo HIV, induzidas por drogas, tumores dos nervos periféricos, neurite intersticial hipertrófica e outras. E também, doenças deformantes: camptodactilia, doenças de Dupuytren, artrite reumatoide e psoriasica,esclerose sistêmica, epidermolise bolhosa, tromboangeite obliterante. • Diagnóstico diferencial das reações encontradas da hanseníase: - Reação do tipo 1 = erisipela, celulite, farmacodermias, urticarias, psoríase, sarcoidose, linfomas e paralisias súbitas (facial do tio periférico, garras, pé caído, mão caída e a própria recidiva da hanseníase. - Reação do tipo 2 = febre de origem indeterminada, linfomas, lúpus eritematoso sistêmico, vasculites necrotizantes, diferencial do eritema nodoso, diferencial das episclerites e iridociclites. Surtos Reacionais: Os surtos reacionais representam episódios inflamatórios que se intercalam no curso crônico da hanseníase. Devem ser prontamente diagnosticados e tratados. • REAÇÃO TIPO 1 OU REAÇÃO REVERSA (RR): O episódio da RR envolve principalmente mecanismos da imunidade mediada por células ou de hipersensibilidade tardia. Estas reações ocorrem com maior frequência nas formas dimorfas. O processo inflamatório da RR envolve, principalmente, a pele e nervos invadidos pelo bacilo. O comprometimento múltiplo ou isolado de troncos nervosos mantém relação com as formas clínicas, extensão da invasão bacilar e resposta imune. A intensidade da agressão e deterioração neural decorre da interação entre o bacilo e o hospedeiro, envolvidos no processo inflamatório imune-mediado em resposta à invasão tecidual. A exuberância e predomínio da resposta inflamatória granulomatosa, ou reação imunológica tipo IV, podem resultar na formação de abscesso neural e úlceras cutâneas. Episódios de reação reversa têm sido associados a fatores de risco como: doença extensa, indicada pelo número de áreas corpóreas envolvidas, grupo dimorfo, lesões faciais, vacinação BCG. Gestação também é um fator de risco. • REAÇÃO TIPO 2 OU ERITEMA NODOSO HANSÊNICO (ENH): A reação tipo 2 é uma reação inflamatória aguda, sistêmica, que envolve a formação de imunocomplexos que circulam pelo sangue periférico, e tem como manifestação clínica mais frequente o Eritema Nodoso Hansênico. Acomete pacientes multibacilares, agravando o quadro relacionado à hanseníase, sendo responsável por morbidade considerável, particularmente, o eritema nodoso recorrente. Episódios reacionais de ENH podem envolver muitos órgãos e sistemas, dependendo da gravidade e extensão da reação imunológica. A avaliação clínica e laboratorial do surto reacional deve compreender uma investigação voltada para alterações de pele, nervos, olhos, articulações, rins, testículos, vias áreas superiores, entre outras. Tratamento: O tratamento é gratuito e fornecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Varia de seis meses nas formas paucibacilares a um ano nos multibacilares, podendo ser prorrogado ou feita a substituição da medicação em casos especiais. O tratamento é eficaz e cura. Após a primeira dose da medicação não há mais risco de transmissão durante o tratamento e o paciente pode conviver em meio à sociedade. O tratamento da hanseníase é administrado por via oral, consiste na associação de dois ou três medicamentos e é denominado poliquimioterapia • Medicamentos para hanseníase: Os medicamentos usualmente utilizados no tratamento são a rifampicina, dapsona e clofazimina. • Às vezes, antibióticos de manutenção por toda a vida. E embora o tratamento possa curar a doença e evitar a sua progressão (piora), não reverte os danos nos nervos ou a desfiguração física que podem ter ocorrido antes do diagnóstico. Assim, é muito importante que a doença seja diagnosticada o mais cedo possível, antes que ocorra qualquer lesão permanente do sistema nervoso. Prevenção: Naturalmente, ter hábitos saudáveis, alimentação adequada, evitar o álcool e praticar atividade física associada a condições de higiene, contribuem para dificultar o adoecimento pela Hanseníase. • A melhor forma de prevenção é o diagnóstico precoce e o tratamento adequado, assim como o exame clínico e a indicação de vacina BCG para melhorar a resposta imunológica dos contatos do paciente. Desta forma, a cadeia de transmissão da doença pode ser interrompida. • A vacina BCG é composta pelo bacilo de Calmette e Guérin (daí o nome BCG), obtido pela atenuação do Mycobacterium bovis, umas das bactérias que causam a tuberculose. No Brasil, a vacina faz parte do calendário obrigatório. (recém-nascido) • É utilizada a vacina contra a tuberculose, pois tanto a hanseníase quanto a tuberculose são causadas pelas bactérias do mesmo gênero. (é uma proteção, mas não é aplicada com a finalidade de proteger contra a hanseníase) Referências: sbd.org.br/dermatologia/pele/doencas-e- problemas/hanseniase/9/ (Sociedade Brasileira de Dermatologia) Aula de infectologia – hanseníase – SanarFlix OPAS: organização pan-americanas da saúde. Site: minha vida Manual MSD https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0037- 86822003000300010&script=sci_arttext&tlng =pt
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