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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO – UEMA NUCLEO DE TECNOLOGIAS PARA EDUCAÇÃO – UEMANET CURSO: LICENCIATURA EM GEOGRAFIA DISCIPLINA: GEOGRAFIA AGRARIA PROFESSOR: CRISTIANO NUNES ALVES TUTOR PRESENCIAL: DARLIANNY MAGALHÃES TUTOR A DISTÂNCIA: NÍVIA MARIA CAVALCANTE DE ANDRADE Formação socioespacial e estrutura fundiária brasileira e Reforma agrária. ARARI-MA 2019 THYELLEN LAUANDA REGO LIMA Formação socioespacial e estrutura fundiária brasileira e Reforma agrária. Atividade apresentada para avaliação na disciplina de Geografia Agraria do Curso Licenciatura em Geografia da Universidade Estadual do Maranhão – Núcleo de tecnologias para educação – UEMANET, para obtenção de nota. Professor: Cristiano Nunes Alves ARARI-MA 2019 A expansão comercial da Europa, financiada pela colonização da América, África e Ásia, foi primordial para a formação geográfica do territorial brasileiro. Diferentemente de outras ocupações desencadeadas através de conflitos e tensões demográficos, a ocupação do território se deu exclusivamente por questões políticas e econômicas. No cenário das grandes navegações da época, tínhamos a Espanha e Portugal como protagonistas da luta pela expansão territorial e comercial da Europa. Após muitos conflitos e tratados firmados, assinaram o Tratado de Tordesilhas, estabelecendo que as terras situadas até 370 léguas a leste de Cabo Verde pertenciam a Portugal, e as terras a oeste dessa linha pertenciam à Espanha. O Brasil até então ainda não descoberto pelos portugueses ou espanhóis já era de domínio da coroa portuguesa. Usando a tradição de ocupação da faixa litorânea, os portugueses fixaram alguns núcleos de ocupação e conhecimento em toda área litorânea, criando as capitanias hereditárias. As capitanias hereditárias eram enormes faixas de terras que iam do litoral ao meridiano de Tordesilhas, entregues em forma de mercês aos capitães donatários, que não podiam vendê-las ou desmembrá-las, cabendo apenas ao Rei o poder de modificá-las ou excluí-las. Por volta dos séculos XVI e XVII passamos para o ciclo econômico do açúcar, baseado na economia escravista de agricultura tropical, com a finalidade de autofinanciamento da expansão territorial da coroa portuguesa. Tornando-se a primeira grande empresa agrícola do período colonial. Economicamente falando, Furtado (2001) coloca que esse foi um período de grande expansão e evolução do sistema escravista e de crescente produção do açúcar no Brasil, voltado para o modelo de exportação, com vários canais de distribuição pela Europa. Em razão de sua alta rentabilidade e elevado grau de especialização, a economia açucareira constituía um mercado de dimensões relativamente grandes. Para usar uma expressão atual: era essa uma economia de elevadíssimo coeficiente de importações. (FURTADO, 2001, p. 61). Outra atividade econômica que impulsionou a ocupação do território foi à pecuária, já percebida no período do auge da exportação do açúcar. Timidamente a pecuária foi ganhando espaço, principalmente no Nordeste, para suprir a demanda dos engenhos por carne para alimentação e animais para tração. Percebe-se que mais uma vez a atividade econômica influenciou na ampliação da ocupação de terras, sendo a pecuária mais percebida no interior do território, se afastando do litoral onde predominava a atividade agrícola do açúcar. É necessário ter em conta que a criação de gado também era em grande medida uma atividade de subsistência, sendo fonte quase única de alimentos, e de uma matéria-prima (o couro) que se utilizava praticamente para tudo. Com invasão holandesa, a economia nordestina do território entrou em decadência, acentuando o processo de declínio da produção açucareira. O nordeste assim foi perdendo força e a população que se mantivera predominantemente na faixa litorânea, passou a ocupar o interior do território. Assim, a mão de obra se descolou da atividade açucareira para a criação de gado, então, cada vez mais a ocupação foi se interiorizando levando em conta a escassez de terra na faixa litorânea do território. A partir disso a extensa colônia entrou no período de decadência, afetada pela invasão dos holandeses, como já mencionado, e pelo declínio do açúcar, além disso, a atividade pecuarista não elevava a economia, já que era basicamente de subsistência, alimentação, tração e também artesanato utilizando o couro. Portugal então precisava de uma alternativa viável para fazer a colônia prosperar. Em Portugal compreendeu se claramente que a única saída estava na descoberta de metais preciosos. Retrocedia-se, assim, à ideia primitiva de que as terras americanas só se justificavam economicamente se chegassem a produzir os ditos metais. A estrutura fundiária brasileira é caracterizada pela concentração de grandes propriedades rurais nas mãos de um restrito número de proprietários. Em 2012, o Incra – Instituto de Colonização e Reforma Agrária, publicou uma pesquisa denominada: Relação Total dos Imóveis Rurais no Brasil e constatou que: No Brasil há mais 5 milhões de estabelecimentos agropecuários cadastrados. Estas propriedades rurais somam juntas mais 600 milhões de hectares (1 hectare equivale a 10 mil m²). Mais de 40% das propriedades rurais são compostas por estabelecimentos agropecuários com mais de 1000 hectares. Entretanto, o número de estabelecimentos dessas imensas propriedades rurais são minoria. Menos de 2% da área ocupada por estabelecimentos agropecuários são propriedades rurais com menos de 10 hectares. No entanto, se levarmos em consideração o número de estabelecimentos, são a maioria. A desigualdade na distribuição de terras no Brasil tem origem histórica, que remontam ao período colonial. Vejamos: As capitanias hereditárias, distribuídas no período do Brasil Colônia, foram os primeiros latifúndios (grandes propriedades rurais) do nosso país. As terras coloniais foram divididas em quinze grandes lotes entre doze donatários. Na sequência, a expansão da lavoura açucareira no litoral nordeste do país, promoveu a continuidade da concentração de terras, baseada na monocultura, escravização e produção voltada à exportação. Em 1850, Lei de Terras determinou que as terras públicas só poderiam ser adquiridas por meio da compra. Com ela, os escravos libertos, pessoas sem recursos e imigrantes europeus recém-chegados ficaram sem direito às terras livres. Estas terras foram compradas por abastados proprietários rurais que já possuíam grandes propriedades. Os grandes latifundiários garantiram seus privilégios e ainda puderam contar com um grande contingente de trabalhadores vindos das populações menos favorecidas. A desigualdade na distribuição das terras agricultáveis necessita ser foco de intervenção do Estado. O governo precisa promover a desapropriação de grandes propriedades improdutivas dividindo-as em lotes para assentar agricultores e trabalhadores rurais sem terra. No entanto, a estrutura fundiária de um país só se torna menos desigual quando a redistribuição de terras acontece acompanhada de intervenções que visem a permanência dos agricultores nas terras e lhes garanta a capacidade de promover a própria subsistência além de produzir excedentes para o abastecimento do mercado. É fundamental, portanto que além do “pedaço de terra” seja também oferecido apoio técnico, financeiro, política de preços, e apoio na comercialização da safra. A reforma agrária tem por objetivo proporcionar a redistribuição das propriedades rurais, ou seja, efetuar a distribuição da terrapara a realização de sua função social. Esse processo é realizado pelo Estado, que compra ou desapropria terras de grandes latifundiários (proprietários de grandes extensões de terra, cuja maior parte aproveitável não é utilizada) e distribui lotes de terras para famílias camponesas. Conforme o Estatuto da Terra, criado em 1964, o Estado tem a obrigação de garantir o direito ao acesso à terra para quem nela vive e trabalha. No entanto, esse estatuto não é posto em prática, visto que várias famílias camponesas são expulsas do campo, tendo suas propriedades adquiridas por grandes latifundiários. No Brasil, historicamente há uma distribuição desigual de terras. Esse problema teve início em 1530, com a criação das capitanias hereditárias e do sistema de sesmarias (distribuição de terra pela Coroa portuguesa a quem tivesse condições de produzir, tendo que pagar para a Coroa um sexto da produção). Essa política de aquisição da terra formou vários latifúndios. Em 1822, com a independência do Brasil, a demarcação de imóveis rurais ocorreu através da lei do mais forte, resultando em grande violência e concentração de terras para poucos proprietários, sendo esse problema prolongado até os dias atuais. A realização da reforma agrária no Brasil é lenta e enfrenta várias barreiras, entre elas podemos destacar a resistência dos grandes proprietários rurais (latifundiários), dificuldades jurídicas, além do elevado custo de manutenção das famílias assentadas, pois essas famílias que recebem lotes de terras da reforma agrária necessitam de financiamentos com juros baixos para a compra de adubos, sementes e máquinas, os assentamentos necessitam de infraestrutura, entre outros aspectos. Porém, é de extrema importância a realização da reforma agrária no país, proporcionando terra para a população trabalhar, aumentando a produção agrícola, redução das desigualdades sociais, democratização da estrutura fundiária, etc. Nesse contexto, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) exerce grande pressão para a distribuição de terras, sendo a ocupação de propriedades consideradas improdutivas sua principal manifestação. As propriedades rurais destinadas para a reforma agrária podem ser obtidas pela União de duas formas: expropriação e compra. A expropriação é a modalidade original para a obtenção de terras para a reforma. Está prevista na Lei 8.629/93, que diz: “a propriedade rural que não cumprir a função social é passível de desapropriação”. Quem estabelece se uma propriedade cumpre sua função social prevista na lei é o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), que a partir de índices de produtividade predeterminados avalia se a terra é produtiva ou não. A outra forma de aquisição da propriedade rural para fins de reforma agrária é a compra direta de terras de seus proprietários. Conforme dados do INCRA, de 2003 a 2009, o Governo do Brasil comprou mais de 40 milhões de hectares para realizar a reforma, enquanto a expropriação atingiu apenas 3 milhões de hectares. A obtenção de terras através da compra é muito criticada, pois a União, ao pagar pelo imóvel rural, proporciona as condições para permitir a reconversão do dinheiro retido na terra em dinheiro disponível para os capitalistas-proprietários de terra. Conforme dados do INCRA, o Brasil destinou mais de 80 milhões de hectares para fins da reforma agrária, realizando o assentamento de, aproximadamente, 920 mil pessoas. Com isso, percebemos que a Reforma Agrária é uma operação capital do Estado, por fatores econômicos e políticos. Vale lembrar que a Reforma Agrária praticada atualmente no Brasil busca a criação de um novo modelo de assentamento, que postule a viabilidade econômica, a sustentabilidade ambiental e o desenvolvimento territorial. https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistageografia/article/view/229147/23546 https://www.infoescola.com/agricultura/estrutura-fundiaria/ https://www.todamateria.com.br/reforma-agraria/ https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistageografia/article/view/229147/23546 https://www.infoescola.com/agricultura/estrutura-fundiaria/ https://www.todamateria.com.br/reforma-agraria/
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