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Anti-inflamatórios Vitória Araujo t7 Introdução -A maioria dos anti-inflamatórios tem absorção oral excelente e semelhante à da via parenteral, sendo que essa absorção muitas vezes já se inicia no estômago. Portanto, administrar um anti-inflamatório por via oral ou parenteral não tem muita diferença. -Independente da via de administração, a toxicidade é a mesma (porque as concentrações séricas alcançadas são muito semelhantes). -Esses medicamentos têm eliminação renal e não devem nunca ser utilizados em pacientes nefropatas -Podem ser divididos em: ® Anti-inflamatórios esteroidais -> corticoides ® Anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs): • Analgésicos: por reduzir a produção de prostaglandinas • Antipiréticos: por reduzir a produção de prostaglandinas no hipotálamo • Antiagregantes plaquetários: por inibir a formação de tromboxano, que participa da agregação das plaquetas Corticóides -Atuam inibindo a enzima fosfolipase A2, que converte os fosfolípides da membrana celular em ácido araquidônico, molécula que origina compostos próinflamatórios (como as prostaglandinas, o tromboxano e os leucotrienos). -Como inibem toda a via, eles são mais potentes e, por isso, têm maior efeito anti-inflamatório. -A administração isolada de corticoide não aumenta o risco de úlcera. AINEs -Inibem a ciclo-oxigenase (COX), enzima que converte o ácido araquidônico em parte dessas citocinas inflamatórias. Ou seja, a inibição se dá “mais embaixo” na via. -Atualmente, sabe-se que existem três tipos de ciclo-oxigenases. As principais são: ® COX1: tem expressão constitutiva. Está muito presente no estômago, no rim e em outros tecidos. ® COX2: também é constitutiva (no rim e no ovário, por exemplo), mas é principalmente expressa nos tecidos inflamados. -A inibição da COX tem como efeitos adversos: ® Estômago: aumento de doenças cloridropépticas; ® Rim: redução da taxa de filtração glomerular (principalmente em pacientes nefropatas; no indivíduo normal, isso não ocorre muito porque o controle da TGF é feito principalmente pelo SistRenAngAldosterona). A redução da TGF pode se manifestar como retenção de sal e água, além de retenção de escórias nitrogenadas; ® Plaquetas: ação antiagregante, com riscos de sangramento; ® Efeitos idiossincrásicos (alergia, por exemplo). -Exemplos de AINEs: ® AAS • Tem um potente efeito antiagregante plaquetário. • Inibe a COX de forma irreversível, com inativação também irreversível das plaquetas. Por isso, baixas doses têm efeito antiagregante forte. Ainda não se sabe qual é a dose adequada para esse fim. Mas, geralmente, administram-se 200mg 1x/dia. • Além disso, em virtude da inibição ser irreversível e do turnover das plaquetas demorar de 5 a 6 dias, pode-se dar a dose em intervalos longos (de 24 em 24 horas). • Para ter alguma ação anti-inflamatória, no adulto, deve-se usar 4g/dia. Logo, é uma dose muito alta e tóxica. Assim, a aspirina não é usada como anti-inflamatório. • Eventualmente, o AAS pode ser usado como analgésico ou antitérmico. • Contudo, esse uso exige cautela. Em pediatria, por exemplo, existe o risco de a criança desenvolver a síndrome de Reye, especialmente se houver história de varicela (ou de outras doenças infecciosas). Trata-se de uma síndrome que cursa com encefalite e hepatopatia de alta mortalidade. ® Analgésicos e antitérmicos (sem ação anti-inflamatória): • Inibem a COX que fica no hipotálamo e nas vias de dor do SNC. Não atuam em outros tecidos. • São exemplos: 1. Paracetamol a. É hepatotóxico e parece ser menos eficaz. 2. Dipirona a. Proibida nos EUA e na Europa pelo risco de agranulocitose (efeito idiossincrásico). Contudo, essa reação é extremamente rara e o uso do medicamento é permitido no Brasil. b. Parece ter um efeito mais rápido e mais eficaz. c. Pode provocar sensação de fraqueza e mal estar devido à ação central. ® Ibuprofeno: • Um dos únicos disponíveis na rede pública. • É muito tóxico. • Possui meia vida curta. • Precisa de doses altas em processos inflamatórios. • Não é bom para usar em processos inflamatórios crônicos. • Em doses baixas, é analgésico e antitérmico, sendo bom para dores e febres eventuais. • Não tem efeito antiplaquetário. ® Anti-inflamatório específico: age muito mais na COX2 do que nas outras. • São exemplos: coxibes (celecoxibe e etoricoxibe). 1. Aumentam o risco de hipertensão e edema, principalmente se houver uso continuado. 2. Contudo, o risco parece ser o mesmo dos anti-inflamatórios seletivos. 3. São mais caros. 4. Possuem um risco muito baixo de induzir úlcera e podem ser usados com mais segurança em pacientes trombocitopênicos (plaqueta baixa). ® Anti-inflamatório seletivo (age preferencialmente na COX2, mas atua em outras também): • Diclofenaco, nimesulida e meloxicam 1. Eficazes e com toxicidade reduzida. 2. Agem em plaquetas também e podem oferecer proteção pela ação de antiagregante plaquetária e cardioprotetora.
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