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FAMÍLIAS E EQUIPES COLABORATIVAS Prof. Dra. Shirley Rodrigues Maia É vedada, terminantemente, a cópia do material didático sob qualquer forma, o seu fornecimento para fotocópia ou gravação, para alunos ou terceiros, bem como o seu fornecimento para divulgação em locais públicos, telessalas ou qualquer outra forma de divulgação pública, sob pena de responsabilização civil e criminal. Famílias e equipes colaborativas SUMÁRIO 1.Introdução ao ensino colaborativo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 1.1Como surgiu o ensino colaborativo? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .4 1.2 Políticaspúblicas de educação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .5 1.3 Cultura escolar na perspectiva da educação inclusiva . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 1.4 Prática pedagógica nas salas de aula . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 2.Definição de coensino ou ensino colaborativo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 3.O desenvolvimento da parceria colaborativa entre os professores da sala comum e os professores da educação especial ou do atendimento educacional especializado 12 4.O que é uma equipe colaborativa, suas características e serviços . . . . . . . . . . . . . 17 5.A função da equipe colaborativa na educação inclusiva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 6. Sugestão de uso de instrumento junto às famílias para um trabalho em equipe colaborativa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30 Considerações finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46 Referências bibliográficas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47 Famílias e equipes colaborativas Pág. 4 de 48 1.INTRODUÇÃO AO ENSINO COLABORATIVO 1.1Como surgiu o ensino colaborativo? O ensino colaborativo surgiu das necessidades dos processos de inclusão dos alunos com deficiência que estavam com dificuldades educacionais nos Estados Unidos, nas escolas da rede estadual. O Projeto de Ensino Colaborativo (CTP), segundo Cabral (2009),foi criado em Minneapolis, na Escola Elementar Hiawatha, durante os meses de janeiro a setembro de 1987. O seu principal objetivo era identificar as dificuldades dos alunos com deficiência para prevenir e dar apoioao seu sucesso escolar. Ele foi planejado para prover oportunidades aos professores da educação especial, professores do atendimento educacional especializado e da educação regular para trabalharem juntos, sem fragmentações entre esses sistemas. Figura 1 – Escola Elementar Hiawatha, Minneapolis(EUA) Fonte: <https://www.givemn.org/organization/Hiawatha-Elementary-7860890>. No Brasil, as primeiras práticas no ensino colaborativo começaram com estudos e pesquisas de doutorado pela Universidade Federal de São Carlos desde 2004, realizando a aplicação em cidades do interior. Nestes estudos e pesquisas foram levantados alguns pontos importantes para a construção de uma cultura de inclusão, trabalho em equipe e ensino colaborativo. Famílias e equipes colaborativas Pág. 5 de 48 1.2 Políticaspúblicas de educação • Como se dá a matrícula do aluno com deficiência na rede regular de ensino? • Como ocorre o apoio pedagógico por meio dos serviços do professor do atendimento educacional especializado? • Há programas ou setores que apoiam os processos educacionais inclusivos? • Como é organizado o projeto político pedagógico da escola para atender às necessidades dos alunos com deficiência na escola? • Como se dá o processo de formação continuada dos professores da sala de aula para orientação e apoio na inclusão de pessoas com deficiência? Com relação ao tema, já temos políticas educacionais brasileiras que vêm norteando os programas educacionais nos níveis municipal, estadual e federal. Algumas iniciativas entre as esferas: municipal, estadual e/ou federal ofertam serviços para dar suporte a todos os pontos necessários para ser consideradas um processo inclusivo participativo e de responsabilidade, organizando os grupos de trabalho, com professores que têm formação continuada em serviços ou com propostas de cursos, em parceria com as universidades, para a especialização em educação inclusiva ou alguma área determinada da qual a rede está carente. Na rede municipal de São Paulo foi realizada a contratação e parcerias com alguns órgãos como CIEE (Centro de Integração Educação Escolar) para que o professor em formação, para tenha a especialização durante o processo de estágio; há parceria com a saúde para os serviços de cuidadores ou agentes de vida diária para cuidados de higiene do aluno (controle de esfíncteres, bucal, vestimenta), deslocamento pelo espaço escolar e outros. Famílias e equipes colaborativas Pág. 6 de 48 Figura 2 – Atendimento na escola Fonte:<http://portais.seed.se.gov.br/sistemas/portal/noticias_fotos/n9431_1.jpg> 1.3 Cultura escolar na perspectiva da educação inclusiva • Quais as concepções sobre a inclusão dos alunos com deficiência? • Como ocorre o acolhimento da pessoa com deficiência para ingressar e permanecer na comunidade escolar? • Como ocorre a participação da família? Há uma cultura de participação da família do aluno com deficiência na escola? • Existe uma cultura de colaboração na escola? • Há uma cultura de valorização das conquistas do aluno com deficiência no processo educacional? • Há uma cultura de autovalorização dos conhecimentos dos especialistas? Neste tópico são muito importantes as discussões em reuniões com os professores sobre o conhecimento e envolvimento com o processo de inclusão de alunos com deficiência e também como o professor vem construindo a prática e parceria com as famílias de seus alunos de maneira geral, pois isto poderá facilitar a organização das práticas com as famílias dos alunos com deficiência. Famílias e equipes colaborativas Pág. 7 de 48 1.4 Prática pedagógica nas salas de aula • Há uma preocupação de trabalhar o currículo geral e ou sua flexibilização, adaptações ou acomodações? • Necessidade do planejamento colaborativo em sala de aula. • Avaliação do aluno com deficiência e suas necessidades. • Organização da rede de colaboração como apoio ao trabalho pedagógico a ser realizado. No último tópico, vale ressaltar que uma das maiores expectativas dos professores se refere às questões de formação, organização curricular e como trabalhar com uma equipe de apoio, além da organização de redes de serviços para atender melhor o aluno com deficiência. Uma pergunta que sempre acontece nas formações em serviço é: como se dá a construção do saber docente diante dos desafios das classes? Esse aspecto é importante para traçar o apoio e a organização de redes aos alunos com deficiência. Retomando as leis brasileiras sobre inclusão e suas perspectivas para garantir uma educação para todos, já temos um caminho para o ensino colaborativo, que, segundo a afirmação deFontes (2009),já foi contemplado na legislação, como nasdiretrizes curriculares nacionais vigentes. Temos como exemplos as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores de Educação Básica (BRASIL, 2002), quando se refere em seu artigo2, além do acolhimento e o trato da diversidade (inciso II), ao desenvolvimento dos hábitos de colaboração e do trabalho em equipe (inciso VII) e as Diretrizes Nacionais para Educação Especial na Educação Básica, que indica que, entre os serviços de apoio pedagógico especializado está a atuação colaborativa de professor especializado em educação especial (Art. 8, inciso IV). Famílias e equipes colaborativas Pág. 8 de 48 Figura 3 – Atendimento na escola Fonte:<http://www.campinas.sp.gov.br/uploads/fotos/b6573d1e63542d78d6f64534ec88052e.jpg>. SAIBA MAISPara uma educação que atenda às demandas de todos os alunos, é necessário pensar em estratégias que busquem o sucesso na aprendizagem, entre elas o modelo de ensino colaborativo, quando o professor da sala comum trabalha em colaboração com o docente de educação especial. Para saber mais, leia o artigo a seguir. VILARONGA, C. A. R.; MENDES, E. G. Ensino colaborativo para o apoio à inclusão escolar: práticas colaborativas entre os professores.Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, v. 95. n. 239, p. 139-151, jan.-abr. 2014. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbeped/v95n239/ a08v95n239.pdf>. Acesso em 29 ago. 2017. 2.DEFINIÇÃO DE COENSINO OU ENSINO COLABORATIVO As autoras Mendes, Vilaronga e Zerbato (2014,p. 45-46) definem o coensino ou ensino colaborativo em: [...] um dos modelos de prestação de serviço de apoio no qual um professor comum e um professor especializado dividem a responsabilidade de planejar, instruir e avaliar o ensino dado a um grupo heterogêneo de estudantes. (MENDES; VILARONGA; ZERBATO, 2014, p. 45-46). Essas autoras também destacam algumas características do coensino, com base nos autores Friend e Hurley-Chamberlain (2007): Famílias e equipes colaborativas Pág. 9 de 48 Opção de prestação de serviços pela qual os alunos do público-alvo da Educação Especial recebem educação especializada e serviços relacionados no próprio contexto da sala de aula comum da escola regular. Há dois ou mais profissionais licenciados para ensinar que atuam como coprofessores, sendo um o “educador” geral e o outro um “educador especial”. Ambos participam plenamente, embora de forma diferente, do processo de ensino. O “educador geral”, mantém a responsabilidade primária em relação ao conteúdo que será ensinado, enquanto os educadores especiais se responsabilizam por facilitar o processo de aprendizagem. Os alunos são agrupados de forma heterogênea e ambos os professores trabalham com todos os estudantes. Assim, várias combinações com estudantes e tamanhos de grupo podem ser usadas, de modo que cada aluno tenha todo seu potencial de aprendizagem explorado. Os coprofessores devem estar firmemente comprometidos com a ideia de que todos são “nossos alunos”, e não como “os meus e os seus estudantes”.(MENDES; VILARONGA; ZERBATO, 2014, p. 46 e 47). Figura 4 – Na escola Fonte: wavebreakmedia/ shutterstock É importante ressaltar que podem ocorrer interpretações diferentes e contrárias para o trabalho em coensino ou ensino colaborativo, e assim não levar em consideração os aspectos descritos acima conforme as autoras citaram. Famílias e equipes colaborativas Pág. 10 de 48 Os autores Conderman, BresnahanePedersen deixam claro também que o ensino colaborativo não é: Qualquer tipo e parceria com um profissional que atua em paralelo ao professor do ensino comum, que seja voluntário ou mesmo com assistentes ou auxiliares sem formação especifica em Educação Especial; quando se planejam as mesmas lições da mesma forma como se faria se não houvesse um colaborador na sala, ou seja, quando não há alteração na forma de ensinar; quando se tem dois professores certificados ensinando para uma classe organizada para ser mais homogênea e que, por exemplo, agrupa considerados “fracos” numa mesma turma; quando se removem os alunos que receberem instruções em salas separadas. (MENDES; VILARONGA; ZERBATO, 2014, p. 47). O que devemos considerar como fatores importantes para pensar em uma proposta de coensino: 1. Compromisso dos professores 2. Conteúdo a ser ensinado 3. Estratégias de ensino dos professores 4. Expertise dos professores 5. Empatia na parceira 6. Tempo compartilhado de ensino 7. Apoio administrativo da escola 8. Tempo de parceria 9. Organização dos estudantes em sala 10. Idade ou nível de escolaridade dos alunos Esses fatores vão apoiar os serviços em coensino e podem favorecer o sucesso na escolha do programa educacional neste modelo. Os autores Argueles, HugheseSchumm (2000) trazem em uma pesquisa sobre o coensino sete fatores importantes para o sucesso, sendo eles: apoio administrativo, ter tempo para o planejamento comum, ter flexibilidade, não ter medo decorrer riscos, definição de papéis e responsabilidades, ser compatível e ter habilidades de comunicação. Famílias e equipes colaborativas Pág. 11 de 48 Figura 5 – Na escola Fonte: wavebreakmedia/ shutterstock Detalhamento desses fatores para o sucesso do coensino: 1. Ter tempo para o planejamento comum: O tempo é necessário para o planejamento e avaliação de ações a serem realizadas em conjunto. É o momento de compartilhar as aulas, o currículo, refletir sobre a aprendizagem dos alunos, compartilhar ideias sobre o trabalho que vem sendo ou vai ser realizado na sala de aula. Nesse momento são idealizadas, adaptadas, avaliadas e definidas responsabilidades do trabalho realizado antes, durante e depois das aulas. 2. Ter flexibilidade: Um dos aspectos considerados mais importantes para o ensino colaborativo. Ambos os professores devem ser flexíveis para vivenciar uma nova rotina de atividades, respeitando as individualidades e os estilos pessoais de ensino. 3. Não ter medo correr riscos: Não existem receitas para ensinar, principalmente porque cada aluno apresenta características individuais e diferentes modos de aprender. Para vivenciar esse desafio em conjunto, é necessário se arriscar em realizar novas metodologias e atividades. 4. Definição de papéis e responsabilidades: Os professores, o de educação especial e o da sala comum, necessitam ter igual importância quando se realiza um trabalho em colaboração. Definir os papéis que cada profissional terá no ensino evita discórdias e possibilita igual responsabilidades nas conquistas acadêmicas de todos os alunos. Famílias e equipes colaborativas Pág. 12 de 48 5. Ser compatível:Trata-se de saber conciliar as ideias e formas de atuação, pois é fato que os professores, na maioria das vezes, apresentam filosofias e metodologias diferentes no que diz respeito ao ensino. Essas particularidades podem ser mais um dos desafios vivenciados pelos profissionais, principalmente se não forem discutidos até que se chegue a uma proposta comum. 6. Ter habilidades de comunicação: Refere-se a saber vencer as dificuldades que possam surgir nesse processo de colaboração, por isso é necessário ter oportunidades de diálogo, saber ouvir e falar até que se chegue a uma proposta comum. 7. Apoio Administrativo: A direção da escola é o eixo principal, essencialmente no processo de implementação e na superação de obstáculos relacionados ao trabalho no formato de coensino. 8. Modificar a tensão inicial, transformar os erros em reflexão e pensar em mudanças podem ser papéis desempenhados pela administração da escola. Vamos destacar em especial a parceria entre os professores da sala comum, professor especializado e ou o professor do atendimento especializado, para o processo do coensino. 3.O DESENVOLVIMENTO DA PARCERIA COLABORATIVA ENTRE OS PROFESSORES DA SALA COMUM E OS PROFESSORES DA EDUCAÇÃO ESPECIAL OU DO ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO Gately e Gately Junior (apud MENDES; VILARONGA; ZERBATO, 2014, p. 54)definem três diferentes estágios de interação e colaboração, sendo eles: Estágio inicial: os dois professores se comunicam superficialmente, criando limites e tentativas de estabelecer um relacionamento profissional entre si, mas a comunicação é formal e infrequente, e corre-se o risco da relação profissional ficar estagnada nesse primeiro estágio; Estágio de comprometimento: a comunicação entre eles se torna mais frequente, aberta e interativa, o que possibilita que eles construam um nível de confiança necessário para a colaboração, e gradualmente o profissional da Educação Especial deve passar a assumir um papel mais ativo na sala de aula, e o Estágio Colaborativo; os dois profissionais se comunicam e interagem abertamente, sendo que a comunicação,o humor e um alto grau de conforto são vivenciados por todos, e como resultado eles trabalham verdadeiramente juntos e com complementa o outro. (MENDES; VILARONGA; ZERBATO, 2014, p. 54). Famílias e equipes colaborativas Pág. 13 de 48 Essas autoras citadas acima organizaram um quadro para descrever o estágio e componentes do coensino adaptado de Rabelo (2012). Quadro 1- Estágios e componentes do coensino Componentes Estágio inicial Estágio de comprometimento Estágio colaborativo Interpessoal A comunicação inicial entre os professores é reservada, o que pode gerar conflito e insatisfação A comunicação passa a ser mais efetiva e interativa entre os professores O desenvolvimento de sinais não verbais é o suficiente entre os professores para expressarem suas ideias e sentimentos Arranjo físico O educador especializado tem um lugar particular ou ao fundo da sala O educador especial se movimenta mais livremente Acontece o movimento natural dos dois professores na sala, e são cientes da posição de cada um Familiaridade com o currículo O professor de educação especial não tem familiaridade com o conteúdo e metodologia utilizados. O professor de ensino comum tem confiança limitada na capacidade do professor de educação especial em ensinar Mais disposição do professor de ensino comum em aceitar modificações curriculares Os dois professores apreciam e compartilham as competências curriculares Metas do currículo As atividades são padronizadas e o educador especial é visto como auxiliar O professor de ensino comum começa a entender que modificações são necessárias Diferenciação nas formas de ensinar os conceitos aos alunos Planejamento instrucional O professor do ensino comum ensina e o educador especial é visto como assistente Inicia-se um planejamento em comum Planejamento em comum e ideias compartilhadas Famílias e equipes colaborativas Pág. 14 de 48 Apresentação instrucional O professor conduz a apresentação das atividades e o outro é auxiliar O professor especializado começa a compartilhar as funções em sala de aula Apresentação da lição, fornecimento de instruções e estruturação das atividades por ambos. Os alunos interagem com os dos professores Gerenciamento da sala de aula O professor especializado assume papel de “gerente do comportamento” enquanto o outro ensina Mais comunicação entre os dois professores sobre as regras e rotinas da sala de aula Ambos estão envolvidos no sistema de gerenciamento ensino de turma Avaliação Cada professor tem seu sistema para avaliar os alunos Os dois professores discutem as ideias de avaliação Ambos apreciam a necessidade da variedade de avaliação do progresso do aluno Fonte: Mendes, Vilaronga e Zerbato (2014). Outro aspecto importante no ensino colaborativo ou no coensino é sobre os saberes docentes do coensino. As autoras citadas acima trazem quatro tipos de saberes para que os professores tenham sucesso na organização e execução do coensino: • Conhecer a si mesmo - Reconhecer forças e fraquezas e admitir quaisquer valores preconceituosos com relação a um ambiente de ensino inclusivo, tais como noções distorcidas sobre as crianças e suas capacidades. • Conhecer seu parceiro- Saber ouvir medos e preocupações sem julgamento e com empatia, conhecer o ponto de vista pessoal do parceiro e ter habilidades interpessoais e de comunicação para favorecer a parceria. • Conhecer os alunos- Saber avaliar, planejar, identificar objetivos relevantes, interessantes, percepções, sonhos e valores dos alunos. • Conhecer sua profissão- Conhecer o currículo regular e como flexibilizá-lo para todos os tipos de alunos, sabendo intervir com eles e principalmente com mediadores. Famílias e equipes colaborativas Pág. 15 de 48 Figura 6 – Na escola Fonte:wavebreakmedia/ shutterstock. Já os autores Gately e Gately Junior (2001) mencionam oito componentes do ensino colaborativo: 1. Comunicação interpessoal - A comunicação entre os professores é, no início, reservada, o que pode gerar conflito e insatisfação, mas posteriormente ela deve se tornar mais efetiva, aberta e interativa, o que resultará no desenvolvimento de estilos de comunicação efetivos voltados para os alunos, que, por sua vez, necessitam desenvolver mais habilidades de interação social em resposta aos professores. 2. Arranjo físico – Os professores devem estabelecer, juntos, um arranjo físico da sala de aula, ou seja, do espaço físico, dos materiais didáticos, dos alunos e dos professores. Inicialmente esse arranjo pode gerar a impressão de total separação entre alunos público-alvo da educação especial e os demais, e os professores da educação especial geralmente não se sentem à vontade para usar os materiais e espaços da sala de aula. Após certo período, os professores começam a partilhar os materiais, e a territorialidade se torna menos evidente. Ao final, ambos os professores controlam o espaço e os alunos conjuntamente. 3. Familiaridade com o currículo – Nesse componente, são essenciais a aquisição de conhecimento, a compreensão e a sequência do conteúdo. No início, o professor de educação especial pode não estar familiarizado com o conteúdo e a metodologia utilizada pelo professor da educação geral. Enquanto o professor de educação especial não estiver pronto para ensinar o currículo, vai gerar falta de confiança entre ele e os alunos. O desenvolvimento do processo deve gerar aumento de confiança e competências de ambos os professores. Famílias e equipes colaborativas Pág. 16 de 48 4. Modificações e metas do currículo – Os professores precisam discutir metas, acomodações e modificações que serão necessárias para os alunos obterem sucesso. Um planejamento extensivo deve ocorrer antes do início do ano escolar. Inicialmente, os programas tendem a ser padronizados, sendo que as modificações e acomodações são geralmente restritas para alunos considerados como especiais. A princípio, o professor de educação especial pode ser visto como um auxiliar em sala de aula. Após este estágio, as modificações passam a ser vistas como necessárias, o que resulta em uma diferenciação na forma de ensinar os conceitos que os alunos deverão aprender. 5. Planejamento instrucional - Planejamento instrucional envolve o mesmo lugar, o dia a dia, semana a semana e unidade a unidade e planejamento do curso da disciplina ou tópico. Planejamento efetivo requer que os professores apreciem a necessidade de modificações curriculares, como também aceitem a responsabilidade de ensinar a todos da sala de aula. Quando os coprofessores trabalham no estágio inicial, frequentemente observamos dois tipos de serviços: o professor geral ensinando um grupo e o professor de Educação Especial assumindo o papel de assistente. Frequentemente, o professor especialista é visto andando pela sala de aula, ajudando os alunos a permanecerem na carteira ou auxiliando no gerenciamento do comportamento dos mesmos. Isto acontece até esses dois professores atingirem o nível colaborativo. O planejamento mútuo e o compartilhamento de ideias se tornam a norma na fase colaboradora. 6. Apresentação instrucional- No nível inicial, os professores apresentam lições separadas, como sendo um professor “chefe” e o outro auxiliar. Esta relação inicial vai se desenvolvendo e os professores passam a compartilhar suas funções em sala de aula. Quando dois professores trabalham juntos nas salas de aula, devem entender os seus papéis e as regras das aulas. No nível colaborativo, ambos os professores participam da apresentação da lição, fornecem instruções e estruturam as atividades de aprendizagem. Os alunos interagem com os dois professores. 7. Gerenciamento da sala de aula - O gerenciamento da sala de aula envolve dois componentes: estruturas e relações. Quando os professores trabalham numa sala de aula, ambos devem entender seus papéis e comoreger seus alunos. No estágio inicial, em alguns momentos o professor especializado assume o papel de gerente do comportamento dos alunos e o outro professor ensina. No estágio colaborativo, ambos os professores estão envolvidos no desenvolvimento do sistema de gerenciamento, o que beneficia a todos os alunos. 8. Avaliação - A avaliação deve envolver o desenvolvimento de sistemas de avaliação individual dos alunos. No estágio inicial, há uma frequente separação dos dois sistemas de classificação. Cada professor mantém um sistema. No estágio de compromisso, os dois professores Famílias e equipes colaborativas Pág. 17 de 48 discutem as ideias de avaliação e ambos apreciam a necessidade de variedade de opções de avaliações do progresso dos alunos. Assim, tendo em conta esses aspectos, o plano de trabalho requer a colaboração de todos envolvidos nos processos inclusivos, e o próximo passo é pensar nessa rede de apoio aos alunos que necessitam. A seguir vamos comentar sobre a equipe colaborativa, seus serviços e características. 4.O QUE É UMA EQUIPE COLABORATIVA, SUAS CARACTERÍSTICAS E SERVIÇOS Figura 7 – Colaboração Fonte: dip/ shutterstock Uma equipe colaborativa é composta por professores de sala de aula, professores especialistas, professores do atendimento educacional especializado, famílias, profisonais da saúde, gestão escolar, equipe de apoio a inclusão (cuidadores, agente), merendeiro e porteiro e outros profissionais necessários pra garantir a participação ativa da pessoa com deficiência do sistema escolar. Famílias e equipes colaborativas Pág. 18 de 48 Algumas das caracteristicas da equipe colaborativa e as dificuldades encontradas nelas são citadas nos estudos de Gratton e Erickson (2007). Eles destacam quatro características como importantes para as equipes, mas também alertam que elas podem prejudicá-las se não for organizada adequadamente, sendo elas: 1. Ter uma extensão grande: Considerando que a experiência nos Estados Unidos já existe há mais de uma década, que as equipes eram organizadas inicialmente entre 10 a 20 membros e que, por necessidades dos serviços, elas foram ampliando, ao ser realizada uma pesquisa para ver a eficiência, a mesma mostrou que o tamanho das equipes aumentou de forma significativa e que o motivo, sem dúvida, foram as novas tecnologias.Assim, foi possível observar que equipes grandes são formadas para garantir a participação de um grupo maior de atores. A coordenação ocorre de uma maneira diversificada e em conjunto com as atividades, aproveitando as competências múltiplas. Como consequência, nos Estados Unidos, muitas equipes inevitavelmente envolviam-na época em cem pessoas ou mais. No entanto, a pesquisa realizada por Gratton e Erickson (2007) mostrou que, nas equipes que passam de 20 membros, os níveis de cooperação natural entre eles diminuem. 2. Diversidade: Muitas vezes, as atividades desafiadoras de hoje exigem a organização e montagem rápida de equipes com pessoas de origens e perspectivas múltiplas, muitas das quais raramente ou nuncase reuniram. Seus conhecimentos e pontos de vista podem despertar introspecção e inovação. No entanto, a pesquisa de Gratton e Erickson (2007) mostrou que, quanto maior a proporção de pessoas que não conhecem ninguém na equipe e quanto maior a diversidade, menor a probabilidade dos membros compartilharem conhecimento. 3. Participação virtual:Nos Estados Unidos, as equipes colaborativas estão mais complexas e têm membros trabalhando em diferentes locais e distâncias. Novamente, a lógica é que as atividades exigem a compreensão e o conhecimento de pessoas de vários locais. Os membros da equipe podem trabalhar em diferentes pontos, na mesma cidade ou em diferentes estados. Na pesquisa de Gratton e Erickson (2007), somente 40% das equipes tinham todos os membros no mesmo local. Geralmente, tornam-se mais virtuais, e assim a colaboração declina. 4. Formação em alto nível: As equipes nos Estados Unidos muitas vezes geram um valor enorme para o planejamento, levando em consideração as variedades das habilidades dos participantes, suas especializações em temas ou áreas e os conhecimentos para criar novas soluções. No entanto, a pesquisa de Gratton e Erickson (2007) mostrou que, quanto maior a participação de profissionais altamente especializados em uma equipe, mais provável é que ela possa se desintegrar em conflitos improdutivos. Famílias e equipes colaborativas Pág. 19 de 48 Figura 8 – Colaboração Fonte: Monkey Business Images/ shutterstock Segundo Gratton e Erickson (2007) há oito fatores que levam ao sucesso uma equipe colaborativa: 1. Investir em práticas de relacionamento - É possível incentivar o comportamento colaborativo fazendo investimentos nas instalações do local, como em uma sala aberta para promover a comunicação, demonstrando que o compromisso de colaboração é importante para todos. 2. Modelar o comportamento colaborativo. 3. Criar uma “cultura de contribuição”, especialmente numa base informal - As pessoas ajudam a construir as redes em que eles precisam trabalhar, além dos locais em que estão de forma a atingir a todos. 4. Assegurar as competências necessárias, por intermédio do departamento de recursos humanos, para que os funcionários sejam capazes de construir relacionamentos, comunicar- se bem e resolver conflitos de forma criativa, pode ter um impacto. 5. Formar a equipe com base na relação de conhecimento - As pessoas podem achar que os demais membros da equipe são muitos estranhos ou podem estar relutantes em compartilhar conhecimento. A melhor prática é colocar pelo menos algumas pessoas que conhecem umasàs outras. 6. Compreender os papéis da atividade com sua clareza e sua ambiguidade. A cooperação aumenta quando os papéis de cada membro da equipe são bem definidos, mas a equipe define claramente como realizar a atividade. Famílias e equipes colaborativas Pág. 20 de 48 7. Apoiar um forte senso de comunidade. Quando as pessoas sentem que ele existe, ficam mais confortáveis em ajudar aos outros e mais propensas a compartilhar conhecimento. 8. Atribuir aos líderes de equipe as atividades direcionadas para o relacionamento. 5.A FUNÇÃO DA EQUIPE COLABORATIVA NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA Figura 9 – Educação inclusiva Fonte: brown32/ shutterstock No ensino com apoio da equipe colaborativa, os papéis de cada profissional da escola regular terão que ser repensados, pois exigem flexibilização, estudos e posturas que requerem mudanças de todos da comunidade escolar. No texto elaborado por French (2002) intitulado “The shifting roles of school professionals” (em tradução livre, “A mudança de papéis dos profissionais da escola”), a autora discute a presença de “professores especialistas” compartilhando as responsabilidades com os professores de sala de aula para dar apoio aos alunos que precisam de serviços de educação especial. Ela cita que alguns professores acolhem essas mudanças e reconhecem a necessidade de um apoio complementar para esses alunos. Afirma também que os professores da educação infantil não podem dar cuidado e atenção individuais apropriados para cada criança, pois em uma classe existem várias necessidades. Daí a relevância do trabalho dos “professores especialistas” para o sucesso e a segurança dos alunos. Famílias e equipes colaborativas Pág. 21 de 48 É importante salientar que, nos dias de hoje, temos no Brasil, também atendendo às leis de inclusão, os professores do atendimento educacional especializado, apoiando os serviços de inclusão com o aluno, família e na escola. Nos modelos de consultoria e colaboração, o papel do profissional “professor especialista”é diferente do papel do professor de classe. Ao se afastarem de um modelo que enfatiza o individualismo (de não estar sozinho com o aluno com deficiência), os professores experimentam uma diminuição do controle, mas um aumento do potencial de influência sobre aeducação dos alunos. Isso torna seu papel semelhante ao de um executivo, que planeja o currículo, os instrumentos e os recursos acessíveis, bem como as adequações/adaptações apropriadas, e orienta o “professor” para concretizar seus planos. Essa mudança de papéis representa um maior status profissional para os professores. As responsabilidades iniciais do professor são: • planejar o currículo de acordo com as necessidades dos alunos e suas instruções. • avaliar os alunos para a elegibilidade ao programa e para o monitoramento contínuo de seu progresso. • ensinar ou instruir. • colaborar com outros profissionais e com as famílias. • supervisionar os “professores especialistas”. No ensino colaborativo, as funções pertencentes à responsabilidade de supervisão também são repensadas sendo elas: • Orientar “professores de sala de aula” para o programa, a escola e os alunos. • Planejar as ações dos “intérpretes, guia-intérprete e instrutores mediadores”. • Elaborar escalas/roteiro para os “intérpretes, guia-intérprete e instrutores mediadores ”. • Delegar tarefas. • Treinar e ensinar os “intérpretes, guia-interprete e instrutores mediadores” em serviço. • Monitorar e dar feedback a respeito da execução das tarefas. • Administrar o local de trabalho (comunicação, resolução de problemas e administração de conflitos). (FRENCH, 2002) O quadro a seguir resume, com base nas funções de supervisão, a variação dos papéis dos professores especialistas e/ou professores do atendimento educacional especializado (AEE) e de sala de aula. Famílias e equipes colaborativas Pág. 22 de 48 Quadro 2 - Variação de papéis de professores Professor especialista e ou professor do AEE Professor de sala Planejar objetivos em conjunto com o professor de sala de aula para: aquisição de linguagem, aprendizagem de comportamentos em sala de aula, hora da leitura, verificar e observar a saúde, orientar o professor auxiliar, observar e planejar as adequações/adaptações necessárias ao aluno. Planejar as aulas, incorporar as adequações/ adaptações dentro do conteúdo/unidade, designar ao auxiliar quando necessário os materiais necessários para apoiar os planos. Avaliar o aluno para elegibilidade ao programa, avaliar o progresso individual dos alunos em conjunto com o professor de sala de aula. Avaliar o progresso acadêmico da turma de alunos, consultar professor do AEE ou especialista. Assegurar o cumprimento do programa dos alunos (metas) e o acesso à educação geral e seus conteúdos. Garantir o desenvolvimento do currículo e modelos apropriados ao nível e as adequações/adaptações necessárias. Elabora o plano individualizado para cada aluno em conjunto com todos que acompanham o aluno, discutir adequações/adaptações com o professor de sala. Buscar informações com o professor do AEE ou especialista sobre o aluno,discutir adequações/adaptações. Orientar o auxiliar e a equipe escolar as necessidades dos alunos. Orientar o auxiliar ou cuidador para rotinas e procedimentos. Estabelecer escalas por dia, semana ou mês (aluno, lições e necessidades). Comunicar ao professor do AEE e/ou o especialista as necessidades da sala, as lições e as unidades que influenciarão a escala. Delegar atividades de acordo com o PEI (plano individualizado educacional) de linguagem, saúde e leitura. Delegar atividades que melhorem a fluência da lição na sala. Monitorar as atividades (metas individualizadas) e dar feedback. Monitorar as atividades sobre lições de sala e unidades e dar feedback. Apoiar as atividades que possibilitem as habilidades requeridas para desenvolvimento dos conteúdos. Proporcionar atividades que permitam o exercício prático das habilidades requeridas para os conteúdos que serão desenvolvidos. Liderar a equipe envolvida com os aspectos individuais da educação dos alunos, administrar a comunicação da equipe, solucionar problemas instrucionais ou logísticos e conflitos que possam interferir. Servir como membro da equipe, contribuir com o conhecimento do currículo, partilhar técnicas de solução de problemas e administração de conflitos. Fonte: Adaptação Maia (2013), baseado em French (2002) em: Formação continuada para professores do AEE na prefeitura de São Bernardo do Campo. Famílias e equipes colaborativas Pág. 23 de 48 Ainda nesses estudos, French (2002) apresentou três exemplos possíveis de equipes de trabalho colaborativas que podem assumir a responsabilidade compartilhada sobre as funções de “professores especialistas” e ou “professores do AEE”. Exemplo 1: Equipes de educação geral Conforme French (2002), essa equipe de trabalho consiste de professores de educação básica de diferentes disciplinas que podem ter o planejamento e a atribuição das atividades discutidas com o “professor especialista”, assim todos devem desempenhar como uma equipe o necessário para o aluno. Além disso, conforme a autora, são realizadas reuniões periódicas com o “professor especialista” com o objetivo de estudar as necessidades, explicar como agir nas atividades, resolver problemas e conflitos e fornecer um feedback do seu desempenho. Figura 10 – Educação Fonte: Syda Productions/ shutterstock Exemplo 2: Educação especial - equipes de educação geral em programas de inclusão Famílias e equipes colaborativas Pág. 24 de 48 De acordo com French (2002), uma equipe de educação especial poderá ser composta pelos seguintes profissionais: psicólogo, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo, enfermeiro e professor do AEE. Entretanto, o que fica evidente, para a autora, é que, apesar desses profissionais fornecerem planos, direção, treinamento em serviço e monitoramento do desempenho do “professor do AEE”, a supervisão das atividades diárias consiste em compartilhar com os professores do ensino comum e dos especialistas de outras áreas que estão presentes. Figura 11 –Equipes de educação geral em programas de inclusão Fonte:<https://nova-escola-producao.s3.amazonaws.com/ gKzBfATe58BTpHQ9cHgaKUNUpquhYG8sBc9MRXtwK4z5BwN8bBy3cFCdVzAa/ge- 28-gestao-escolar-inclusao-nee-parceria-deficiencia-recursos-6.jpeg>. Exemplo 3: “Professores especialistas” apoiando alunos Nesse terceiro exemplo, o “intérprete, guia-intérprete e ou instrutor mediador”é designado para o apoio individual de um aluno com deficiência (surdocegueira, deficiência múltipla, TEA e outros) ou de grupos de alunos com surdez (programa bilíngue para pessoas com surdez). Nesse modelo, o profissional de AEE ou um professor especializado provê a formação em serviço do “intérprete, guia-intérprete e ou instrutor mediador” e monitora o desempenho do aluno. Em relação a esses modelos, French (2002) salienta que cada circunstância é única e vai exigir determinada resposta de supervisão. Por esse motivo, sugere questões que podem ser feitas para reflexão e visam ajudar na escolha de quem comporá a equipe: Famílias e equipes colaborativas Pág. 25 de 48 Figura 12 – Apoio aos alunos Fonte:<http://www.ufam.edu.br/images/2016/09SETEMBRO/curso_libras_estv1_2.jpeg>. Quem planeja o currículo e asatividades (incluindo recursos acessíveis, adequações/ adaptação)? O professor especialista ou o professor do AEE é uma pessoa que não necessita estar diariamente presente, mas tem responsabilidade para com os resultados. Tem autoridade legitimada para a elaboração dos planos. Além disso, providencia treinamento em serviço e monitora o: “intérprete, guia-intérprete e instrutor mediador” no desempenho das atividades em conjunto com o professor de sala de aula e coordenação escolar. Quem orienta os “intérpretes, guia-intérprete e instrutores mediadores” diariamente? A pessoa que está mais presente durante o programa diário de atividades do “intérprete, guia- interprete e instrutor mediador” deve ao menos orientar na direção das atividades, monitorar o desempenho e providenciar o feedback da execução das atividades. Geralmente este papel é do professor de salade aula. Quem provê treinamento para algumas atividades que precisam ter obrigações designadas? Geralmente a pessoa que pode ou não estar fisicamente presente na rotina do intérprete, guia- intérprete e instrutor mediador, entretanto, devido à sua qualificação, essa pessoa deve providenciar Famílias e equipes colaborativas Pág. 26 de 48 treinamento para eles. Exemplo: Um enfermeiro que vai à escola para o ensino de habilidades específicas de como ministrar uma medicação. Famíliascomo membros da equipe colaborativa Em primeiro lugar, e principalmente, devemos dar ênfase à promoção de capacidades e à atribuição de poderes às famílias. Dar capacidades às famílias significa criar oportunidades para que os membros delas adquiram mais competências, maior independência e autonomia no que diz respeito à forma como conseguem mobilizar o núcleo de relações sociais em que estão envolvidos, para que possam satisfazer suas necessidades e atingir as metas desejadas. Atribuir mais poder às famílias significa que a nossa intervenção é promover de forma natural que os membros delas adquiram formas de controle sobre as suas vidas e que essa aquisição seja resultado dos esforços que eles próprios tenham como meta para resolver os seus problemas. Os autores Dunst (1986) e Dunst e Trivette (1987) também ressaltam a necessidade de empoderamento das famílias. Figura 13 – Família Fonte: Larisa Lofitskaya/ shutterstock Em segundo lugar, devemos dar grande ênfase ao fortalecimento das famílias e da sua rede natural de apoios, nunca tirando delas as tomadas de decisão nem substituindo essa rede por serviços profissionais, como é salientado por Hobbs et al. (1984). Famílias e equipes colaborativas Pág. 27 de 48 Promover o fortalecimento das famílias significa apoiar e construir coisas a partir daquelas que uma família já consegue realizar bem, constituindo isso ponto de partida para encorajar os seus membros a mobilizar recursos entre as relações sociais por si estabelecidas. Em terceiro lugar, realçamos a intensificação da aquisição de uma grande variedade de competências por parte das famílias a fim de que possam ser capazes de resolver problemas criados pelas suas necessidades por meio da mobilização das suas redes de apoio. Os autores Wikler e Keenan (1983) também ressaltam a importância de favorecer as decisões familiares e o apoio de sua rede de contatos. Intensificar a aquisição de competências da família significa fornecer a informação e as capacidades de desempenho necessárias à sua autonomia, fazendo com que seja mais capaz de promover o bem-estar pessoal. As competências adquiridas devem exercer uma influência positiva em outras áreas do funcionamento familiar. A competência para capacitar, atribuir poder e fortalecer as famílias, assim como para fomentar a aquisição das competências de que elas têm necessidade, requer a mudança dos papéis que os técnicos de apoio tradicionalmente desempenham no trabalho específico com elas. Requer também um estilo de interação como parte integrante desses desempenhos. Os pais são membros integrais do grupo de avaliação da criança. É importante reconhecer e validar suas observações e conhecer seu próprio filho/a. Os membros da família podem, às vezes, não estar seguros de como responder algumas questões. As instruções para a entrevista e a observação podem também ser utilizadas para auxiliar os pais e os professores a organizar observações futuras para compartilharem com o avaliador. Informações mais úteis podem ser obtidas por meio de perguntas abertas a qualquer tipo de resposta, seguidas de outras mais específicas, conforme o necessário. Os seguintes tipos de questões podem produzir informações úteis, segundo Gleason (1999). • Para iniciar, faça uma pergunta geral, por exemplo: “Como seu/sua filho/a é em casa/na escola?”. Ela pode produzir informações com relação aos assuntos de família e as áreas com mais dificuldades que são enfatizadas na criança. • Quais tipos de atividades e objetos seu/sua filho/a mais gosta? Dica: tente encontrar situações apropriadas antes de começar a trabalhar com a criança. Famílias e equipes colaborativas Pág. 28 de 48 • Existem quaisquer atividades ou objetos de que seu/sua filho/a particularmente não gosta? • Quais atividades parecem ser mais fáceis para seu/sua filho/a? • Com quais tipos de atividades seu/sua filho/a parece ter mais dificuldade? Dica: utilize as informações planejadas para iniciar a avaliação com atividades agradáveis nas quais a criança possa ter sucesso. • Descreva as atividades de jogos da criança. • Como seu/sua filho/a interage e/ou brinca com os irmãos e com outras crianças? • Você tem preocupações ou perguntas sobre qualquer rotina diária, tais como dormir, comer ou ir ao banheiro? • Descreva um dia típico de seu/sua filho/a. Existem horas do dia em que ele/a está mais alerta? Dica: leve os tópicos a seguir em consideração quando for marcar observações e outras avaliações. • Qual foi o comportamento da criança durante a avaliação? Igual ao comportamento em casa/ na escola? Se não, qual foi a diferença? • Descreva algumas mudanças que você notou em seu/sua filho/a ao longo do último ano (escolha o período de tempo apropriado). • Quais são as esperanças e sonhos para seu/sua filho/a? O que rediscutir você acha que é importante para a criança aprender este ano? Durante os próximos anos? O ambiente de aprendizagem: • Descreva a disposição da casa, dos quartos e das áreas ao redor da escola utilizados pelo aluno. Inclua informações sobre as condições de iluminação, contraste, sinalização para facilitar a mobilidade, nível de barulho, quantidade de objetos desorganizados e organização geral do espaço. • Quem está disponível para interagir com o aluno? Amigos, adultos? • Descreva como o desempenho do aluno é afetado por seus diversos ambientes. • Descreva como o aluno é encorajado a utilizar seus canais sensoriais ao longo das atividades diárias, em casa e na escola. • Como os adultos demonstram flexibilidade e criatividade em adequar ou tornar acessíveis o ambiente, os materiais, os métodos e as estratégias para as necessidades específicas do aluno? • Quais atividades as pessoas irão trabalhar, deixando o aluno em uma situação confortável? Considere a tolerância para atividades complicadas, tais como atividades organizadas, o tempo disponível etc. Famílias e equipes colaborativas Pág. 29 de 48 • Descreva qualquer tecnologia assistiva1 ou recursos acessíveis2 disponíveis ao aluno. Figura 14 – Ambiente de aprendizagem Fonte:<http://saojoaodelrei.apaebrasil.org.br/foto.phtml/311445/g>. 1 “Tecnologia Assistiva (TA) é uma área do conhecimento, de característica interdisciplinar, que engloba produtos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivam promover a funcionalidade, relacionada à atividade e participação, de pessoas com deficiência, incapacidades ou mobilidade reduzida, visando sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social” (CAT, 2007). 2 “Os recursos podem ser considerados ajudas, apoio e também meios utilizados para alcançar um determinado objetivo; suas ações, práticas educacionais ou material didático projetados para propiciar a participação autônoma do aluno com deficiência no seu percurso escolar” (BERSCH; SARTORETTO, 2009). Famílias e equipes colaborativas Pág. 30 de 48 CURIOSIDADE Considerando que o coensino é um formato de trabalho que envolve uma parceria entre professores de educação especial e do ensino comum, sugere-se a leitura do trabalho a seguir, que apresenta algumas percepções do trabalho em colaboração em uma classe de ensino comum do ensino fundamental. ZERBATO, Ana Paula; MENDES, Eniceia Gonçalves. Coensino: percepções do trabalho em colaboração em uma classe de ensino comum do ensino fundamental. In: JORNADA DE EDUCAÇÃO ESPECIAL, 12., 2014, Marília, SP. Anais eletrônicos... Marília, SP: Departamento deEducação Especial da Unesp (Campus de Marília), 2014. Disponível em: <http://www.academia.edu/14721765/COENSINO_ PERCEP%C3%87%C3%95ES_DO_TRABALHO_EM_COLABORA%C3%87%C3%83O_EM_UMA_CLASSE_ DE_ENSINO_COMUM_DO_ENSINO_FUNDAMENTAL>. Acesso em: 30 ago. 2017 6. SUGESTÃO DE USO DE INSTRUMENTO JUNTO ÀS FAMÍLIAS PARA UM TRABALHO EM EQUIPE COLABORATIVA Figura 15 – Atuação Fonte:<http://www.contagem.mg.gov.br/arquivos/bancoimagens/150915eder_ inclusao_cemei_campo_alto_(85).jpg>. O Home Talk (See/Hear 2003), desenvolvido por um grupo de pais e de profissionais conscientes sobre a importância da colaboração, é de grande ajuda para os membros da equipe, como docente da criança, terapeutas, monitores especiais e assistentes, que podem não conhecer bem a criança, assim como podem não ter tido oportunidade de observá-la fora da escola. Famílias e equipes colaborativas Pág. 31 de 48 O Home Talk foi usado para: • ajudar o desenvolvimento de um plano de educação individualizado. • revisar o progresso da criança e de suas necessidades em uma reunião na escola. • apresentar a criança para novos membros da equipe. • fazer um resumo de informações relevantes sobre a criança. A - Sobre meu/minha filho/a em casa: 1. Meu/minha filho/a vive com (nome de todos os membros da família que moram na casa e suas idades): 2. Outras pessoas que conhecem bem meu/minha filho/a ou que cuidam dele/a (descrever o tipo de relação): 3. Informação pessoal básica sobre meu/minha filho/a. B - Sobre as informações médicas: 1. O diagnóstico médico de meu/minha filho/ é: 2. Pontos importantes para saber sobre outros problemas médicos do meu/minha filho/a: 3. Os problemas médicos de meu/minha filho/a ou as mudanças em sua saúde que afetam seu humor são: 4. Meu/minha filho/a expressa para mim que não se sente bem das seguintes formas: 5. Saiba sobre os seguintes aspectos sobre a alimentação de meu/minha filho/a (por ex., sonda gástrica, restrições, apetite, peso): 6. Meu/minha filho/a dorme: ( ) bem ( ) regular ( ) mal (descrever). 7. Meu/minha filho/a toma estes remédios: Quadro 3 - Remédios Remédio Horários Doses Considerações/efeitos especiais sobre meu/minha filho/a Fonte: elaborado pelo autor. 8. Também é importante conhecer estes outros problemas relacionados com a saúde: Famílias e equipes colaborativas Pág. 32 de 48 Quadro 4 -Problemas relacionados com a saúde que é importante conhecer Problema de saúde O que lhe afeta Ex: refluxo Comportamentos diferentes na alimentação Ex: convulsões Atenção e humor Fonte: elaborado pelo autor. C - Aspectos sensoriais Descreveria a capacidade visual de meu/minha filho/a da seguinte forma: 1. A visão de meu/minha filho/a é: ( ) estável ( ) piora com o tempo ( ) não sei ao certo. 2. Meu/minha filho/a é cego ou tem baixa visão desde: ( ) seu nascimento ou desde os __ anos. 3. A capacidade visual de meu/minha filho/a é de (por ex., 20/200): 4. Olho esquerdo ________________ olho direito _________________ ambos os olhos ________________. 5. A deficiência visual de meu/minha filho/a se deve a (por ex., catarata, glaucoma, deficiência cortical): 6. Meu/minha filho/a utiliza os seguintes recursos para a visão (por ex., óculos, lentes, lupa): Descreveria a capacidade auditiva de meu/minha filho/a da seguinte forma: 1. A audição de meu/minha filho/a é: ( ) estável ( ) piora com o tempo ( ) não sei ao certo. 2. Meu/minha filho/a é surdo ou deficiente auditivo desde: ( ) seu nascimento ou desde os __ anos. 3. O nível de perda auditiva é profunda, severa, moderada ou leve? 4. Ouvido direito bom (__) ruim ( ) não percebo dificuldade auditiva ( ) / ouvido esquerdo _bom ( ) ruim ( ) não percebo dificuldade auditiva( ) 5. A deficiência auditiva ou a surdez do meu/minha filho/a é (por ex., de tipo condutivo, neurossensorial, processamento auditivo): 6. Meu/minha filho/a utiliza as seguintes tecnologias assistiva para ouvir melhor (por ex., aparelhos auditivos, sistemas FM, implante coclear): D - Comunicação e aspectos comunicativos Famílias e equipes colaborativas Pág. 33 de 48 As formas de comunicação utilizadas por meu/minha filho/a incluem, mas não se limitam a (escolha e marque todas as respostas que correspondam): ( ) Respostas emocionais (por ex., expressões faciais, chorar, sorrir, olhar). ( ) Comportamentos diretos (ações físicas com pessoas ou objetos, por ex., pegar um brinquedo, empurra o prato de comida, pegar no braço do adulto para levar onde está o quer). ( ) Gestos (movimentos e ações físicas específicas com significado, por ex., movimenta a mão para dar tchau). ( ) Vocalizações e sons (sons próximos a palavras, como “ma” para “mais”, balbuciar, gritar). ( ) Sinais (produção manual de letras e palavras, por ex., alfabeto manual e língua de sinais – libras). ( ) Fala (produção oral de palavras de uma forma reconhecível). ( ) Ampliação (tecnologia assistiva ou recursos acessíveis utilizados para comunicar ou receber informação, por ex., sistemas de voz). ( ) Comunicação alternativa ou aumentativa (tecnologia assistiva ou sistemas utilizados para comunicar ou receber informação, por ex., imagens, símbolos ou objetos). A principal forma de comunicação utilizada por meu/minha filho/a (por ex., aquela utilizada com maior frequência) é: A descrição a seguir é a que melhor explica e reflete os comportamentos comunicativos de meu/minha filho/a: ( ) Ele/a reage, faz ruídos ou tem comportamentos que tenho que interpretar e que uma pessoa que não está acostumada tem dificuldades para compreender (por ex., abre muito os olhos quando colocamos música alta, indicando-me que está gostando). ( ) Ele/a tem comportamentos como gestos, sons e movimentos corporais que a maioria das pessoas pode interpretar ou entender. Famílias e equipes colaborativas Pág. 34 de 48 ( ) Ele/a utiliza palavras individuais, sinais, símbolos com imagens ou símbolos de objetos para representar suas necessidades básicas (por ex., sinaliza para “mais”, aponta para o objeto que quer, diz “cá” quando quer dizer “carro”). ( ) Ele/a utiliza frases de duas a cinco palavras por meio da fala, sinais, símbolos com imagens etc. ( ) Ele/a utiliza a fala ou a língua de sinais com frases completas (por ex., utiliza frases completas para falar sobre seu dia na escola ou para chamar um amigo). E - Desenvolvimento físico e cognitivo 1. Meu/minha filho/a tem um atraso cognitivo, o que significa que ele/a necessita mais tempo para aprender novos comportamentos e conceitos que outras crianças de sua idade: ( ) sim ( ) não ( ) não sei ao certo Descreveria o atraso cognitivo de meu/minha filho/a da seguinte forma: 2. Meu/minha filho/a prefere ou usa a mão: ( ) direita ( ) esquerda ( ) nenhuma ( ) não sei. As deficiências ou limitações físicas de meu/minha filho/a são as seguintes: 3. Meu filho (a) utiliza: ( ) cadeira de rodas ( ) bengala ( ) aparelhos adaptados ( ) andador ( ) outros ________________________. 4. Descreveria a capacidade física de meu/minha filho/a assim:________________________. F - Quanto às coisas favoritas do meu/minha filho/a 1. As coisas favoritas de meu/minha filho/a são: _______________ 2. Algumas das coisas que creio que o meu/minha filho/a gostaria de fazer com outras crianças de sua idade seriam: _____________ 3. Um livro que meu/minha filho/a gostaria de ler ou escutar alguém lendo para ele/a de vez em quando seria: _______________ 4. Meu/minha filho/a fica feliz quando: _______________ Famílias e equipes colaborativas Pág. 35 de 48 5. Nos lanches (biscoitos, batatas fritas, sopa...) o que meu/minha filho/a poucas vezes não quis foi: _______________ 6. Creio que o esporte favorito de meu/minha filho/a seria (explique por quê): G - Quanto a talentos e peculiaridades 1. Meu/minha filho/a não se sente bem no meio de muitas pessoas: ( ) sim ( ) não 2. Meu/minha filho/a tem pontos sensíveis (por exemplo, coisas que o/a aborrecem de imediato): ( ) sim ( ) não Quais? 3. Meu/minhafilho/a enfrenta as mudanças sem problemas (por exemplo, acabar uma atividade ou dizer tchau): ( ) sim ( ) não 4. Meu/minha filho/a demonstra quando está começando a ficar aborrecido ou frustrado (por ex., começa a ficar mais calado que o normal, começa a balançar-se): ( ) sim ( ) não Como? 5. Meu/minha filho/a tem comportamentos repetitivos e de autoestimulação (por ex., apertar os olhos; bater, apertar ou morder alguma parte do corpo; balançar-se ou balançar algum objeto): ( ) sim ( ) não Descreva. 6. As pessoas normalmente se surpreendem quando veem que meu/minha filho/a pode fazer as seguintes coisas: ___________ 7. A personalidade de meu/minha filho/a é (descreva): __________ 8. Meu/minha filho/a faz coisas em casa que no geral não faz em outros lugares (por ex., pegar livros ou revistas para explorar, ir ao banheiro sem precisar que avisem): ( ) sim ( ) não Famílias e equipes colaborativas Pág. 36 de 48 H - Apoio para rotinas e hábitos 1. Coloque, mova ou levante meu/minha filho/a para ir à direção necessária. 2. Ajude meu/minha filho/a lembrando-o de fazer suas necessidades no banheiro ou quando for necessário se trocar. 3. Ajude meu/minha filho/a na hora da refeição, indicando o local e os objetos necessários para servir-se dos alimentos. 4. Para conseguir a atenção ou a participação de meu/minha filho/a durante as atividades, sugiro que: 5. Para ajudar meu/minha filho/a a brincar ou interagir com outros, faça os seguintes passos: Esse guia de perguntas apoiará o trabalho da equipe para traçar o plano de atendimento educacional individualizado do aluno, promovendo atividades significativas e com participação dos pais. Outro instrumento utilizado para elaborar um plano de trabalho em equipe colaborativa com as famílias são os making action plans (Maps). (traduzido para o português como Fazendo Plano de Ação). Maps é um recurso educacional utilizado para se planejar o futuro do aluno.Desse processo participam as pessoas que conhecem e se interessam pela criança (a família, o próprio aluno, quando realiza uma comunicação eficiente, a equipe da escola, membros da comunidade, terapeutas, companheiros da classe e outros). Tipos de mapas: comunicação, preferências, história de vida, escolhas, relações sociais, sonhos, lugares e saúde. Na figura a seguir vemos um exemplo. Uma criança nasceu em 1996, era bonita não tinha nenhum problema. Aos oito meses, teve um problema de saúde, precisou ser internada e sofreu uma operação. Veio o luto para a família: a menina bonita apresentou complicações e teve sequelas. Sendo acompanhada por duas equipes médicas, foi liberada aos 17 meses de vida para ser encaminhada aos serviços da comunidade próxima a sua casa. Porém dois grandes riscos surgiram: primeiro, a deficiência adquirida; segundo, a família morava em uma comunidade de baixa renda. Como seria o desenvolvimento dela com esses riscos? Famílias e equipes colaborativas Pág. 37 de 48 Figura 16 - Exemplo de um mapa de história de vida Fonte: Nunes (2004): Curso de formação de Educadores de pessoas com deficiência sensorial e múltipla Universidade Presbiteriana Mackenzie. Na figura a seguir há um exemplo de mapa de relações sociais, ou seja, quem são as pessoas que se relacionam com o aluno. Nele, podem ser colocadas fotos das pessoas, desenhos ou somente os nomes. Famílias e equipes colaborativas Pág. 38 de 48 Figura 17 - Exemplo de mapa de relações sociais Fonte: Nunes (2004):Curso de Formação para Educadores para Deficientes Sensoriais e Múltipla Deficiência Universidade Presbiteriana Mackenzie. Na figura a seguir há símbolos de dados a serem levantados na reunião com os participantes (pais, amigos, profissionais e terapeutas). Famílias e equipes colaborativas Pág. 39 de 48 Figura 18- Símbolos utilizados para crianças de 0 a 10 anos Fonte: Maia e Mesquita (2002): Assessoria para formação continuada para escolas da SMERP. Famílias e equipes colaborativas Pág. 40 de 48 Figura 19 - Símbolos utilizados com profissionais, familiares e pessoas da convidados Fonte: Baseado em Símbolos para serem utilizados com crianças até 10 anos, imagens baseadas no Processo OSO de Bove e Perreault 1995 e adaptação da Equipe Técnica da Ahimsa 1997. Mesquita – Assessoria Técnica para SMERP 2002. Figura 20- Símbolos utilizados para realizar com pessoas acima de 11 anos Fonte: Mesquita – Assessoria Técnica a SMERP 2002. Famílias e equipes colaborativas Pág. 41 de 48 Figura 21- Sugestão de como registrar o mapa Fonte: Maia & Mesquita em assessoria para SMERP (2002) Os quadros a seguir, de A até N, são modelos de registros sobre os dados levantados sobre o aluno: Famílias e equipes colaborativas Pág. 42 de 48 Quadro 5 – Modelos de registros sobre os dados levantados sobre o aluno Fonte: Elaborado pelo autor. Famílias e equipes colaborativas Pág. 43 de 48 Quadro 6 - Sugestão de modelo de planejamento para equipe colaborativa Planejamento Metas Plano de ação Atividades 1. Família 2. Escola 3. Equipe colaborativa Curto prazo 1. 2. 3. Médio prazo 1. 2. 3. Longo prazo 1. 2. 3. Fonte: Maia & Mesquita 2002 em assessoria a SMERP.A organização do planejamento com a coleta de dados dos sonhos e dos desejos expressos por todos. O uso de desses instrumentos vai oportunizar a criação de um plano de ação que de fato vai apoiar as ações de um futuro com qualidade para os alunos. A seguir, a Figura 22expõe um fluxograma de um plano de ação com vistas ao futuro do aluno. Famílias e equipes colaborativas Pág. 44 de 48 Figura 22 -Plano de ação para apoiar um futuro com qualidade para pessoa com deficiência Fonte: Atualizado Maia 2016 baseado em Maia & Mesquita 2008 em Formação Continuada com APAE Ji-Paraná. É importante ter registros sobre os trabalhos a serem desenvolvidos para poder acompanhar o desenvolvimento e realização de avaliação continua.Como sugestão de registro, o quadro a seguir retrata uma forma de registro de ação colaborativa para o acompanhamento e organização de planos. Famílias e equipes colaborativas Pág. 45 de 48 Quadro 7 - Modelo de um plano de acompanhamento para o ensino colaborativo Aluno: Escola: Ano: Facilitador da equipe: Área de foco: O que fazer: Por quem: Quando: Colaboração da equipe Conscientização dos colegas e interações positivas Comunicação Casa- escola Tecnologia assistiva Atividades físicas Atividades Acadêmicas Outras Fonte: Elaborado por Maia (2015) baseado Susan J. Peters (2004) em assessoria técnica para SMESBC. SAIBA MAIS Sugere-se a leitura do seguinte resumo apresentado em um congresso, que apresenta uma análise na perspectiva omnilética da inclusão de crianças com TEA no ensino regular, relatando a experiência de dois professores baseada em uma prática de coensino, numa perspectiva omnilética de inclusão em educação. SANTOS, Mônica Pereira dos. Coensino: uma análise na perspectiva omnilética da inclusão de crianças com TEA no ensino regular. In: ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PESQUISADORES EM EDUCAÇÃO ESPECIAL, 8., 2013, Londrina, PR. Anais eletrônicos... ABPEE,2013. Disponível em:<http://www.uel.br/eventos/congressomultidisciplinar/pages/arquivos/anais/2013/ AT10-2013/AT10-002.pdf>. Acesso em: 30 ago. 2017. Famílias e equipes colaborativas Pág. 46 de 48 CONSIDERAÇÕES FINAIS O ensino colaborativo no Brasil está se solidificando. Oatendimento educacional especializado (AEE) para educação infantil já vem ocorrendo, conforme normativas do MEC em 2014 e 2015. Alguns municípios estão organizando seus serviços e outros implementando o que já realizavam. Há muitas expectativas para que oensino colaborativo possa ser um caminho para uma inclusão ou processos inclusivos, ocorram entre o professor especialista e os professores de sala de aula. Nos Estados Unidos esse processo já ocorre há muitos anos e, em uma pesquisa com professores que realizaram este trabalho, foi visto que tanto os alunos com deficiência,que são o público da Educação Especial, quanto os alunos com dificuldades de aprendizagem tiveram melhores condições de aprendizagem. Segue um resumo sobre a pesquisa realizada pela Secretaria de Educação dos Estado Unidos em 2008. A pesquisa apresentou uma nova análise do estudo prévio de Antil, Jenkins, Wayne e Vadasy (1998), no qual 21 educadores foram entrevistados sobre o ensino colaborativo e o uso da aprendizagem colaborativa. Relatou as percepções dos professores de como ensino colaborativo e a aprendizagem colaborativa beneficiam os alunos com deficiência, bem como osalunos com dificuldades de aprendizagem, aporcentagem desses alunos que regularmente participam nas atividades cooperativas em sala de aula e sua eficácia e quais modificações os professores fizeram para os alunos com deficiência e para os alunos com dificuldades de aprendizagem. Nas respostas dos professores foi possível observar que normalmente eles são positivos quanto à eficácia da aprendizagem colaborativa por meio do ensino colaborativo em alunos com dificuldades de aprendizagem, mesmo sabendo que podem funcionar melhor com uns do que com outros. As maiores vantagens são melhor autoestima, um ambiente de aprendizado sadio e melhores resultados em sala de aula. Para alunos com deficiência, a principal alteração foi selecionar parceiros adequados para eles, que motivassem a aprendizagem. Famílias e equipes colaborativas Pág. 47 de 48 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BOVE, M. E. G. V.; PERREAULT, S. Processo OSO. 1997. Apostila cedida no curso do projeto Ahimsa- Hilton Lavelle em 1996. CABRAL, Leonardo S. A. Tópicos de Pesquisa em Educação Especial: Inclusão.São Carlos,UFSCAR, 2009 CONDERMAN, BRESNAHAN& PEDERSEN. Communicating and Collaborating in Co-Taught Classrooms Teaching Exceptional Children Plus Volume 5, Issue 5, May 2001. 2001 CORTELAZZO, I. B. C. Colaboração, trabalho em equipe e as tecnologias de comunicação: relações de proximidade em cursos de pós-graduação. Tese (Doutorado em Educação). Universidade São Paulo, São Paulo, 2000. FERNANDES, T. L. G. ; VIANA, T. V. . Avaliação da aprendizagem de alunos com deficiência: estudo documental das diretrizes oficiais. V Congresso Internacional em Avaliação Educacional, 2010, Fortaleza. Anais do V Congresso Internacional em Avaliação Educacional. Fortaleza: Imprece, 2010. p. 867-883.. FONTES, R. S. 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