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REVISÃO DE SEMIOLOGIA, APLICADA À TRANTORNOS DE HUMOR

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º
 
Revisão saúde mental 
 
Assuntos AV1: 
 Anamnese psiquiátrica e exame psíquico 
 Transtornos depressivos 
 Transtorno de humor bipolar 
 
Anamnese psiquiátrica e exame psíquico 
Anamnese 
Historia do paciente, o que é contato pelo paciente. 
Identificação 
Queixa Principal 
HDA 
Antecedentes Psiquiátricos 
Antecedentes Médicos 
Antecedentes Familiares 
História Psicossocial 
Exame Psíquico (NÃO É ANAMNESE) 
Suspeita Diagnóstica 
Conduta 
Plano Terapêutico 
 
• No começo, deve-se deixar o paciente falar livremente, 
e só depois perguntar de modo mais específico temas 
ou pontos duvidosos 
• É preciso saber quando e como interromper o 
paciente: sem cortar o fluxo da comunicação, mas sem 
deixar que a minuciosidade ou a prolixidade 
(alterações da forma do pensamento) prejudiquem a 
obtenção da história clínica. Sempre controlar e dirigir 
a entrevista 
• Não formular as perguntas de maneira monótona ou 
mecânica. O diálogo deve ser tão informal quanto 
possível 
• Evitar perguntas muito sugestivas, fechadas, que 
podem ser respondidas com um simples sim ou não: é 
melhor perguntar “Como você está se sentindo?” do 
que “Você está ansioso?” 
• Não aceitar jargões fornecidos pelos pacientes, como 
“nervoso”, “deprimido”, “tenho pânico”: pedir que ele 
explique o que quer dizer com essas palavras. 
• Certificar-se de que o paciente compreende as 
perguntas: utilizar linguagem acessível, sem termos 
médicos. 
 
Exame psíquico 
Avaliação do momento do paciente, o que é possível ver 
na hora. Também é chamado de exame do estado mental, 
exame mental, exame psicopatológico, exame psiquiátrico. 
 
! Exame psíquico normal 
Paciente com aparência bem cuidada, calmo, 
colaborativo. Sem alterações de psicomotricidade ou 
sensopercepção. Alerta, normovigil e normotenaz, 
orientado auto e alopsiquicamente, linguagem adequada, 
pensamento lógico, sem alterações de conteúdo ou curso. 
Eutímico, afeto sintônico. Memória e inteligência sem 
alterações. Normobúlico, prospecção presente e exequível. 
Autopatognose presente. 
! A súmula psicopatológica e o exame psíquico 
possuem o mesmo conteúdo, sendo a súmula um 
resumo do exame psíquico: a partir de um exame 
psíquico bem feito, qualquer outra pessoa terá que 
formular a mesma súmula psicopatológica. 
 
1. APARÊNCIA 
Descuidada; bizarra (extravagante ou excêntrica); 
exibicionista. 
• Depressão. Na depressão, o desinteresse ou a falta de 
energia pode inviabilizar os cuidados pessoais. Alguns 
deprimidos preferem vestir-se com roupas escuras. 
• Mania. A aparência de mulheres maníacas costuma ser 
mais ou menos assim: roupas muito coloridas e 
chamativas, excesso de maquiagem, perfume em 
excesso, muitos enfeites, unhas e cabelo às vezes 
pintados com várias cores diferentes (aparência 
bizarra); roupas muito curtas e decotadas (aparência 
exibicionista). Alguns pacientes maníacos, contudo, 
podem apresentar uma aparência descuidada em 
função de uma intensa agitação, que impede que eles 
completem qualquer atividade, inclusive as relativas 
aos cuidados pessoais. 
 
2. NÍVEL DE CONSCIÊNCIA 
SonolÍncia; Obnubilação da consciência; Estupor; Delirium; 
Estado crepuscular.] 
• Delirium. Por definição, o delirium é um quadro agudo 
que se caracteriza por um prejuízo cognitivo global, 
com rebaixamento do nível de consciência. Todas as 
demais alterações psicopatológicas são decorrentes 
do rebaixamento da consciência. Ao longo do dia, o 
nível da consciência flutua amplamente, piorando à 
noite. Os quadros de delirium ocorrem em função de 
uma perturbação difusa no metabolismo cerebral, que 
pode ser causado por: intoxicações por drogas 
(álcool, anticolinérgicos); abstinência a drogas 
(álcool, benzodiazepínicos); encefalopatias 
metabólicas (cetoacidose diabética, uremia, coma 
hepático); infecções (septicemia, meningoencefalites); 
epilepsia; traumatismo cranioencefálico; doenças 
cerebrovasculares; tumores intracranianos; doenças 
degenerativas cerebrais etc. 
• Esquizofrenia, transtornos do humor, demência. Esses 
transtornos mentais ocorrem sob lucidez de 
consciência. 
• Alcoolismo. Na intoxicação por álcool, há 
rebaixamento do nível da consciência, podendo-se 
chegar ao coma. O delirium tremens (na abstinência 
ao álcool) é um bom exemplo de obnubilação 
oniroide. Já a intoxicação patológica (ou 
idiossincrática) cursa com estreitamento do campo da 
consciência. 
! Alucinose alcoolica: alucinação com autopatognose. 
3. PSICOMOTRICIDADE; 
AV 1 
ETAPAS 
º
 
• Mania. Na mania, a agitação psicomotora é bastante 
comum. Ela é mais organizada e mais relacionada ao 
ambiente do que a que ocorre na esquizofrenia. 
• Depressão. Na depressão, costuma haver hipocinesia 
e, nos casos mais graves, estupor. No estupor 
depressivo, em geral não ocorre catalepsia, e a 
mímica de tristeza está presente, em contraste com a 
indiferença afetiva observada no estupor 
esquizofrênico. Nas depressões ansiosas pode haver 
inquietação ou agitação psicomotora. 
 
4. ATITUDE:: 
Não cooperante; de oposição; hostil; de fuga; suspicaz; 
querelante; reivindicativa; arrogante; evasiva; invasiva; de 
esquiva; inibida; desinibida; jocosa; irônica; lamuriosa; 
dramática; teatral; sedutora; pueril; gliscroide; simuladora; 
dissimuladora; indiferente; manipuladora; submissa; 
expansiva; amaneirada; reação de último momento. 
• Mania. O paciente maníaco pode apresentar uma 
atitude expansiva, desinibida, jocosa; ou então 
irônica, arrogante, hostil. 
• Depressão. Na depressão, é comum uma atitude 
lamuriosa. Todavia, o desinteresse pode levar a uma 
atitude de indiferença 
 
5. ATENÇÃO: 
Hipoprosexia; Aprosexia; Rigidez da atenção; Labilidade 
da atenção. 
 
! Vigilância: relacionada a atenção do ambiente, não 
consegue focar; Tenacidade relacionada ao foco 
específico, atenção focada; Concentração; Para a 
sua observação, pode-se pedir que se subtraia, 
consecutivamente, o número 7, a partir do 100 (Mini 
Exame do Estado Mental - MEEM). 
 
• Mania: na mania, tipicamente há hipermobilidade com 
hipotenacidade da atenção. no transtorno bipolar, a 
atenção está mais comprometida na fase de mania do 
que durante os períodos dedepressão ou de eutimia. 
contudo, quando comparados com controles normais, 
mesmo os bipolares eutímicos apresentam um pior 
desempenho nos testes de atenção. 
• Depressão. na depressão, ocorre hipoprosexia, em 
função de uma falta de interesse generalizada; ou 
então rigidez da atenção, quando a mente se 
concentra em algumas ideias de conteúdo penoso. 
 
6. ORIENTAÇÃO: Autopsíquica e Alopsíquica. 
• Mania. A passagem do tempo é percebida como 
acelerada na mania. 
• Depressão. O paciente sente o tempo passar 
vagarosamente na depressão. Ocorre uma 
desorientação apática. 
 
7. HUMOR E AFETO 
Humor: tônus afetivo, estado emocional basal e difuso. 
Eutimico, hipotímia, hipertímia, distrofia; afeto: tônus 
emocional que acompanha uma ideia ou representação 
mental. 
 
! A labilidade afetiva – também chamada de 
instabilidade ou volubilidade afetiva – constitui uma 
dificuldade no controle dos afetos 
! Classificar o humor como: alegre, triste, irritado, ansioso 
ou indiferente; ou, alternativamente, eufórico ou 
disfórico. 
 
• Mania. Na mania, observa-se uma alegria (euforia, ou 
melhor, hiperforia) ou irritabilidade patológicas 
(exaltação afetiva). Tipicamente, há labilidade ou 
incontinência afetiva. 
• Depressão. Na depressão, ocorre uma tristeza 
patológica (exaltação afetiva), que costuma ser 
caracterizada como uma tristeza vital. Em alguns 
pacientes, podem ocorrer ansiedade ou irritabilidade 
intensas. O estado de humor sofre poucas variações, 
caracterizando assim uma rigidez afetiva. 
 
8. LINGUAGEM 
Afasia; Mutismo; Logorreia; Oligolalia; Hiperfonia; Hipofonia; 
Taquilalia; Bradilalia; Latência de resposta aumentada; 
Latência de resposta diminuída;ecolalia; neologismo. 
Solilóquio; maneirismo. 
• Mania. Na mania, o paciente em geral fala alto, está 
logorreico e apresenta taquilalia, hiperprosódia e 
diminuição da latência de resposta, podendo 
apresentar ainda coprolalia, em função da perda da 
autocensura. 
• Depressão. Tipicamente, na depressão há oligolalia ou 
mutismo, bradilalia, hipofonia e aumento da latência 
de resposta, podendo ocorrer também hipoprosódia 
ou aprosódia. 
 
9. PENSAMENTO 
 
• Mania. Na mania, tipicamente o pensamento é 
acelerado, com fuga de ideias. Se a aceleração for 
muito intensa, pode haver desagregação. 
• Depressão. Na depressão, o pensamento está em geral 
alentecido. Algumas vezes temas niilistas, de culpa ou 
ruína, mesmo que não sejam sob a forma de um delírio, 
podem se tornar perseverantes. 
 
! O DELÍRIO NO TRANSTORNO DE HUMOR: Na maioria 
dos casos de depressão, não há sintomas psicóticos. 
Todavia, nas depressões psicóticas, os temas 
delirantes mais comuns são ruína, culpa, hipocondria e 
negação. Na mania psicótica, os delírios são 
tipicamente de grandeza. Todavia, tanto na mania 
como na depressão, observam-se também delírios 
persecutórios e outros incongruentes com o humor, os 
quais portanto não poderiam ser considerados 
secundários. 
 
10. SENSOPERCEPÇÃO 
º
 
 
• Transtornos do humor. Nos transtornos do humor podem 
ocorrer hiperestesia (na mania) ou hipoestesia (na 
depressão) e ilusões catatímicas. Nos quadros afetivos 
com sintomas psicóticos, as alucinações auditivas são 
as mais frequentes. 
• Delirium. No delirium predominam as ilusões e 
alucinações visuais, sendo difícil, na prática, 
diferenciar umas das outras. Alucinações auditivas e 
táteis não são raras. Na conceituação de Jaspers, 
seriam na verdade pseudoalucinações, em função da 
perda da lucidez de consciência. Pode haver 
hipoestesia, micropsia, macropsia e dismegalopsia. No 
delirium tremens, são comuns as zoopsias (visões de 
pequenos animais) e as alucinações liliputianas, além 
de alucinações táteis. 
 
11. INTELIGÊNCIA 
• Depressão. Na depressão, a deterioração intelectiva é 
secundária e reversível: está relacionada ao prejuízo 
na atenção, à falta de motivação e à inibição do 
pensamento que acompanham a perturbação do 
afeto. 
 
12. MEMÓRIA 
 
• Mania. Na mania, há hipermnésia de evocação, 
associada a uma hipomnésia de fixação, a qual está 
relacionada ao estado de hipotenacidade e 
hipermobilidade da atenção. Do déficit da atenção 
poderá resultar, a posteriori, uma hipomnésia lacunar, 
referente ao período de maior agitação maníaca. 
Podem ocorrer ainda alomnésias, com as recordações 
sendo distorcidas em função das ideias deliroides de 
grandeza. 
• Depressão. Em função do desinteresse em relação ao 
mundo externo, a capacidade de fixação na 
depressão está reduzida. Quando a inibição psíquica 
é muito intensa, há também uma hipomnésia de 
evocação. É maior a facilidade para evocar fatos 
ruins, geradores de culpa (uma hipermnésia seletiva), 
enquanto lembranças agradáveis tornam-se raras. São 
comuns distorções das recordações (alomnésias), no 
sentido de um conteúdo de tristeza, ruína ou culpa. 
 
13. VONTADE: 
Normobúlico; hipobúlia; abulia; hiperbulia 
Pragmatismo: capacidade de colocar em prática, de 
realizar de forma eficaz, aquilo que se deseja ou que foi 
planejado. 
• Mania. A mania caracteriza-se pela presença de 
hiperbulia, aumento da libido, insônia, além de um 
fraco controle dos impulsos. 
• Depressão. Na depressão há hipobulia, assim como 
anorexia (mais raramente aumento do apetite), insônia 
(mais raramente hipersonia), perda da libido e, nos 
casos mais graves, negativismo e ideação suicida. 
• Transtornos de ansiedade. Os transtornos de 
ansiedade podem cursar com insônia inicial ou 
intermediária e aumento ou diminuição do apetite, 
além de aumento da sede. 
 
14. PROSPECÇÃO 
Os planos para o futuro podem estar ausentes ou 
presentes. Se estão presentes, podem ser adequados e 
exequíveis, ou então inadequados e inexequíveis – 
incompatíveis com a realidade do paciente. 
• Delirium: Pacientes delirantes costumam formular planos 
absurdos e inexequíveis: por exemplo, eliminar todas as 
doenças do mundo. 
• Depressão: Os deprimidos em geral são pessimistas, e 
nada esperam do futuro. 
• Mania: Os maníacos, ao contrário, são muito otimistas, 
e muitas vezes formulam planos cuja execução está 
além de suas possibilidades. 
 
15. AUTOPATOGNOSE 
• Mania. A passagem do tempo é percebida como 
acelerada na mania. 
• Depressão. O paciente sente o tempo passar 
vagarosamente na depressão. Ocorre uma 
desorientação apática 
 
! DELÍRIO: alteração do conteúdo do pensamento 
! DELIRIUM: quadro orgânico, mais comum em idosos. 
 
Transtornos de humor 
Depressivos e bipolar 
 
º
 
 
 
! O lítio é o estabilizador do humor (EH) mais estudado, 
de eficácia comprovada no tratamento das fases 
agudas e na manutenção do TB; medicação de 
primeira escolha. Outros usos o incluem doenças 
episódicas recorrentes com ou sem características 
afetivas. Também tem sido utilizado no tratamento 
combinado em pacientes com labilidade do humor; 
impulsividade, violência ou raiva episódica; ou mesmo 
com disforia pré-menstrual; alcoolismo; personalidade 
borderline ou esquizofrenia crônica. Além disso, é 
usado como adjuvante na potencialização do efeito 
em alguns transtornos. 
 
 
Potenciais de ação do lítio

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