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Legionella, Micoplasma, Haemophilus e Gardnerella Cada um desses gêneros é diferente, não possuem as mesmas características As que tem destaque (em relação a prevalência e incidência de doenças) são as bactérias do gênero Haemophilus · Um sorotipo específico provoca caso de meningite em crianças Gênero Legionella Esse gênero foi descrito nos EUA, após um surto de pneumonia em indivíduos que sobreviveram à IIGM, depois de terem ficado hospedados em um mesmo Hotel. Foi possível identificar, nas amostras clínicas de todos eles, que a bactéria era uma só Causadora da Legionelose + de 50 espécies e 70 sorogrupos · Destaque para Legionella pneumophila · L. micdadei – a 2ª que tem maior número de casos · No Brasil não tem muitos relatos de casos desse gênero Bacilos gram-negativos pleomórficos (podem ser curvo, longos, curtos...mas o formato bacilar é que chama mais atenção) Uma diferença quando comparada às micobactérias: · A amostra para identificar é a mesma (escarro), só que a solicitação para M. tuberculosis tem que ser o BAAR e para Legionella tem que ser o gram São aeróbios obrigatórios (precisam de oxigênio para fazer respiração celular) Fastidiosos · Para crescimento in vitro requer aparato nutricional grande, não cresce facilmente · Esse pode ser um dos motivos pelo qual não se tem muito diagnóstico/relatos da Legionella aqui no Brasil Móveis (são dotados de flagelos) Legionella pneumophila Tem distribuição mundial; · É um bactéria cosmopolita, presente em todas os locais do planeta Forma biofilmes em canos de abastecimento de água; · Essas bactérias atingem tubos de abastecimento de água ao redor da cidade formam-se biofilmes nessas tubulações a partir daí bactérias são expelidas através aerossóis por ar-condicionado, chuveiros, torneiras ou qualquer outra fonte de água possível aerossóis inalados por indivíduos suscetíveis a terem infecção Presentes em ambientes aquáticos – amebas; · Não importa se é água salgada, doce, salobra, de rio, córrego, riacho... · Amebas são células hospedeiras que elas encontram nesse ambiente aquático · Obs.: não são todas as espécies de amebas que causam amebíase, algumas nem precisam parasitar outro ser vivo para sobreviver. Neste caso, por exemplo, as amebas são parasitadas. · O uso de cloro para tornar água potável não é 100% eficaz contra essa bactéria, há muitos sorogrupos que resistem à cloração da água Pela forma de transmissão, geralmente, casos de Legionella surgem como surtos · Em um curto período de tempo várias pessoas são acometidas Fatores de risco · Questão da idade: idosos são os mais acometidos · Imunocomprometidos No Brasil são escassas as investigações epidemiológicas sobre legioneloses · Nos imunocompetentes muitos dos casos são autolimitantes, se curam sem fazer diagnóstico, essa é mais uma justificativa pelo qual as investigações são escassas Patogênese 1. Adesão ao macrófago e penetração (Proteína MIP) 2. Proliferação e inibição da fusão do fagossomo como lisossomo 3. Morte dos macrófagos e liberação Uma vez inalados esses microrganismos chegarão às vias aéreas e aos alvéolos pulmonares Assim como as micobactérias, também serão fagocitadas por macrófagos. · A diferença é que a Legionella apresenta uma ptn chamada MIP (proteína invasora de macrófago). Proteína MIP: · Quando o macrófago não encontra a bactéria, essa ptn que provoca a fagocitose, pois a bactéria precisa invadir o macrófago (busca o macrófago como uma célula similar as amebas, que ela parasita naturalmente no seu habitat natural) · Essa ptn consegue se aderir à molécula de C3b (sistema complemento) · C3b são ptns que promovem a opsonização (revestimento de um antígeno para facilitar fagocitose) Bactérias possuem mecanismos de escape: · Procuram inibir a fusão do fagossomo com lisossomo, provocando a sua proliferação/reprodução, deixando ela livre das enzimas (radicais que macrófagos utilizariam para matá-las). · E acabam provocando futuramente a lise das células Precisam passar por um estágio intracelular para se reproduzir · Mecanismo muito semelhante ao das micobactérias Com milhões de bactérias colonizando o indivíduo surge lesão tecidual, provocando quadro de pneumonia Doenças Doença dos legionários Período de incubação: 2 a 10 dias Duração: semanas Sintomas: · Muitas vezes não específico: astenia, febre alta, cefaleia, tosse seca (as vezes com expectoração sangrenta); arrepios; dor muscular; dificuldade na respiração, dor no peito; diarreia; vômitos, náuseas; confusão e delírio; insuficiência renal; hiponatremia (diminuição de sódio no sangue) · Pela clínica ou exame de imagem não é possível definir qual doença é · Em casos mais graves a bactéria, ou alguma de suas moléculas (como o lipopolissacarídeo presente na parede celular), consegue atingir um capilar/vaso sanguíneo e espalhar pelo corpo do indivíduo, por isso pode ter sintomas extrapulmonares · A insuficiência renal é devido à depuração maciça de antígenos ou imunocomplexos. Sobrecarga renal. O padrão radiográfico é indistinguível das outras causas de pneumonia Taxa de mortalidade: 40 a 80% Febre de Pontiac Imunocompetentes acometidos ou são assintomáticos ou apresentam esse quadro Período de incubação: 5h a 3 dias Duração: 2 a 5 dias Sintomas: Assemelha-se com a gripe, gripe bem branda Doença autolimitante: curada sem tratamento Diagnóstico laboratorial Amostra: escarro Colocação de Gram · Não estão presentes em grandes quantidades no escarro e coram-se muito pouco · É um indicativo do que seja, não pode afirmar qual espécie é Cultura: 3 a 5 dias · Padrão ouro · Buscando microrganismos mais prevalentes, se não tem suspeita fica difícil para o laboratório direcionar · Confirma a espécie Imunofluorescência direta · Prepara uma lâmina com escarro, ao invés de colocar corantes coloca anticorpos, contra as bactérias, marcados com moléculas fluorescentes Teste de antígenos urinários · A depuração de antígenos ocorre por sistema renal · Utilizado apenas em pacientes com sintomas extrapulmonares, por isso não é muito sensível PCR · Teste molecular · Muito caro, por isso não é muito realizado no dia a dia · Pesquisa DNA de cada espécie Tratamento Produzem -lactamases · São resistentes a todas as drogas que possuem anel beta-lactâmico Micoplasmas 4 espécies de importância médica · Mycoplasma pneumonia · Mycoplasma hominis · Mycoplasma genitalium · Ureaplasma urealyticum Menores organismos celulares vivos · Levando em conta autores que consideram que vírus não são seres vivos Não possuem parede celular · Única bactéria que tem essa característica · Possui membrana plasmática, DNA disperso no citoplasma e algumas organelas · Possui colesterol na membrana plasmática (característica que também a diferencia das outras bactérias) Fator de virulência -proteínas interativas e adesinas · Os estudos são escassos, por elas terem características bem distintas das outras bactérias · Ainda não se sabe como causa doença nos humanos · A presença de ptn interativas e adesinas permitem a ligação dessas bactérias nas nossas células, mas não sabe o que elas fazem com nossas células Doenças Cada uma das 4 espécies gera manifestações clínicas diferentes. As 3 últimas atingem região do corpo diferente da 1ª. As 3 últimas causam DIP (doenças inflamatórias pélvicas) Mulheres são mais acometidas que os homens Mycoplasma pneumonia · Pneumonia; traqueobronquite; faringites · Sintomatologia não específica: tosse não produtiva, escarro esbranquiçado e não sanguinolento, febre, cefaleia, mal-estar e mialgia Mycoplasma hominis · Pielonefrites; salpingites Mycoplasma genitalium · Uretrites, cervicite, endometrite, salpingite Ureaplasma urealyticum · Uretrites, pneumonia de prematuros (após partos vaginais) Diagnóstico laboratorial Coleta do material clínico: diversos, não tem como definir qual amostra será usada (pode ser escarro, urina, secreção, aspirado, etc.) Coloração de Gram · Não tem valor para Micoplasma (mas é bom pedir para caso seja outra bactéria) · Porque são muito pequenas e nãopossuem parede celular Cultura Imunofluorescência direta Sorologia · Pesquisa de anticorpos no soro PCR · Padrão ouro · Procura por genes do Micoplasma Gênero Haemophilus Bacilos gram-negativos pequenos (Cocobacilos) Podem estar dispostos em: · Aos pares · Em pequenas cadeias Pleomórficos Anaeróbios facultativos (in vivo – no ser humano) Fastidiosos · Requer grande aparato nutricional para crescer em laboratório, por isso precisa ter suspeita clínica de Haemophilus para o laboratório fazer cultura específica Principais espécies: · H. influenzae · H. aegyptius – conjuntivite purulenta (febre purpúrica Brasileira) · H. Ducreyi H. aegytptius é um tipo de H. influenzae que provoca um tipo de sintomatologia totalmente diferente Haemophilus infuenzae Bactérias dessa espécie que possuem cápsula se tornam tipáveis, é possível saber o tipo do H. influenzae se identificar a cepa ou os anticorpos que o ser humano produz contra o polissacarídeo presente na cápsula Cepas tipáveis Polissacarídeo capsular · 6 sorotipos (a à f) · Dependendo do polissacarídeo presente na cápsula o ser humano produz 6 anticorpos diferentes · Isso não depende da gente, depende do antígeno presente ali · O tipo b é o mais patogênico que existe – causa meningite Diferenciação sorológica · 8 bióticos (I à VIII) · Reações bioquímicas · Tipo b biótico I e II são os mais prevalentes nos casos de meningite provocada por essa espécie Cepas não tipáveis Não possuem cápsula Menos virulenta que as que tem cápsula Fatores de virulência Fímbrias HIF (H. influenzae fímbria) · Auxiliam na adesão às hemácias, às células bucais, à mucosa respiratória, à meninge · Fímbrias são estruturas semelhantes a flagelos, porém sem a capacidade de movimentação Proteínas da membrana externa · Envolvidas na adesão LPS · Possuem lipopolissacarídeo, por se tratar de bactérias gram-negativas · É uma endotoxina · Se o LPS ficar exposto na nossa corrente sanguínea gera reações inflamatórias sistêmicas Peptideoglicano · Atividade citotóxicas e inflamatórias Cápsula (sorotipo b) · Uma bactéria capsulada não é fagocitada com facilidade, porque a cápsula cria uma barreira protetora · Macrófago não encontra peptideoglicano da parede com facilidade Proteínas secretadas · Protease IgA · Se o indivíduo estiver com infecção e liberar IgA, é bem provável que Haemophilus vai liberar uma enzima que degrada IgA Obtenção de ferro · Sequestra o ferro do nosso sangue para utilizar no seu metabolismo Transformação (recombinação genética) · Se uma bactéria consegue ou não produzir cápsula é um fator gênico, então com essa capacidade de transformação uma cepa não tipável pode se tornar uma cepa tipável (que apresenta cápsula) · Não depende só das mutações Epidemiologia Homem – único hospedeiro natural; Amostras não tipáveis 50-80% em indivíduos normais; · Fazem parte da microbiota normal (do trato respiratório) de 50 a 80% dos seres humanos Portadores de H. influenza do sorotipo B 2-4% vias aéreas; · 2 a 4% dos seres humanos são portadores desse tipo sem que ele cause doença · Geralmente são os indivíduos vacinados · O IgA pode estar sendo neutralizado pelas proteases IgA, mas não é o suficiente para o indivíduo ter a doença, porque tem outros anticorpos produzidos pela vacina Disseminação por perdigotos, secreções; Maioria das infecções pelo sorotipo b ocorre em crianças não imunizadas, adultos e idosos com disfunção da imunidade; · O mais comum de ter agravante são em crianças não imunizadas (geralmente de 3 meses a 5 anos) · Não costuma acontecer antes de 3 meses por conta dos anticorpos maternos · E depois dos 5 anos a imunidade já está mais estabelecida Prevenção: vacinação contra o sorotipo b · Existem vacinas monovalentes (só serve para essa espécie) e polivalente (serve também para tétano) Doenças Causadas pelo sorotipo b: · Meningite – febre, cefaleia, rigidez na nuca, sonolência · No Brasil temos 3 principais espécies de bactérias que causam meningite: meningite meningocócica (Neisseria meningitidis), meningite pneumocócica (Streptococcus pneumoniae) e meningite do tipo b (Haemophilus influenzae) · Pneumonia · Epiglotite · Celulite · Bacteremia · Artrite séptica Causadas pelas amostras não tipáveis · Otite média · Sinusite · Pneumonia · Septicemia (neonatal e maternal) · Conjuntivite Febre Purpúrica Brasileira · Petéquias/púrpuras ao redor do olho, parece que levou um soco · Em crianças pode levar a formação de petéquias em toda face, no tronco Diagnóstico laboratorial Cultura em Agar chocolate, suplementado com fatores de crescimento adequados. Incubação em atmosfera de CO2 por 2 a 4 dias · Padrão ouro · Rotineiramente quando recebe LCR o laboratório faz cultura em Agar sangue ou Agar Macconkey, por isso quando há suspeita o médico deve solicitar o Agar chocolate também · Fatores de crescimento adequados = fatores X e V (NAD e Hemina) LCR (líquido cefalorraquidiano) – quando pesquisa meningite · É importante buscar no líquor, porque a cultura demora 2 a 4 dias e o diagnóstico de meningite tem que ser o mais rápido possível · No líquor busca também: glicose, proteínas, células, cor, aspecto – são exames emergenciais. Junto com a clínica pode ajudar no diagnóstico (mesmo sem saber qual é a bactéria) Pesquisa de antígenos capsulares Aglutinação para os sorotipos capsulares Identificação biotipagem, caracterização eletroforética, caracterização de antígenos proteicos de membrana e sequenciamento Obs.: esses 3 últimos são métodos diagnósticos mais envolvidos com epidemiologia do que com a clínica Haemophilus ducreyi Cancro mole (IST) · Recebe esse nome porque é a presença de lesões nodulares moles · Diferença da sífilis: os nódulos são duros Ulcerações nos órgãos genitais (onde há maior atrite durante as relações sexuais) No homem: · Glande e prepúcio Na mulher: · Grandes ou pequenos lábios e clitóris Mecanismos de virulência Fímbrias Citotoxinas LPS Obs.: esses mecanismos acima ainda estão em estudo Infiltração de CD4 – facilita a infecção pelo HIV Diagnóstico laboratorial Exame bacterioscópico Cultura do material Imunofluorescência PCR – multiplex (hemófilo, trerponema e herpes) · Em uma única reação é possível identificar esses 4 microrganismos Garnerella vaginalis Faz parte da microbiota normal · No organismo feminino, por causa do ciclo hormonal, que afeta toda microbiota da vagina (pH, quantidade de glicogênio, população de lactobacilos, etc) a Gardnerella pode encontrar oportunidade de sair do comensalismo e passar para parasitismo Principais doenças Associada a vaginose · Leucorreia – corrimento vaginal de cor branca/amarelo · Secreção purulenta e fétida Em gestantes: · Aborto séptico · Endometrite pós-parto · Infecção pós cesárea (é o parto recomendado para pacientes infectadas durante a gestação) · Sepse e infecção de partes moles em RN Diagnóstico laboratorial Bacilos pleomórficos – gram lábil · Essas bactérias são mal coradas pelo gram, então pode se apresentar como gram positiva ou negativa Clue cells – células chaves · Presente no papanicolau · Células do epitélio · Pontilhadas (são as bactérias)
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