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Agachamento: História e Anatomia

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O AGACHAMENTO 
PROF. DR. JOSÉ EDUARDO DE OLIVEIRA
@prof_ze_du
• O agachamento é um movimento que se apresenta como um dos mais 
elementares, quando relacionado à motricidade humana, pois ele é 
observado desde a mais tenra infância, sendo responsável em propiciar o 
levantamento de todo o peso corporal, quer seja nas atividades 
cotidianas, esportivas, laborais ou etc.
A HISTÓRIA DO AGACHAMENTO 
• Em termos históricos, não há 
indicações exatas de como o 
levantamento de pesos a partir 
do solo foi realizado pela 
primeira vez. 
• Contudo, em 2040 a.C., na 
tumba do Príncipe Baghti no 
antigo Egito, foram encontradas 
ilustrações que demostraram
levantamentos de arranque de 
uma mão ou de balanço (swing), 
com implementos que sugerem 
uma forma de agachamento 
com o escopo desportivo.
Arqueologicamente, cientistas na Etiópia (1992 – 1994) 
descobriram fósseis com mais de um milhão de anos, 
de uma espécie que foi denominada de “Ardipithecus
Ramidus”, onde sua tradução significa “a raiz dos 
macacos do chão", que posteriormente foi apelidado 
de “Ardil”, que significa solo, face ao formato de sua 
pelve e ossos, que induziram os cientistas a deduzirem 
que sua fêmea já era bípede e que não mais vivia nas 
árvores, tal como seus pares, e que os mesmos 
realizavam movimentos de agachar em suas atividades 
cotidianas, muito análogo ao movimento ósteo-
músculo-articular que se verifica na espécie humana 
na contemporaneidade
Sendo que o “Ardil”, por sua vez, também 
acabou por tomar o lugar do famoso 
“Australopithecus Afarensis”, ou a Lucy 
(assim denominada em homenagem a 
famosa canção dos Beatles – Lucy in the sky
with diamonds), como o mais antigo 
ancestral do ser humano que se têm notícia.
Australopithecus
Afarensis
Ardipithecus Ramidus
Outro registro histórico/arqueológico 
do agachamento esta presente no fato 
de que os “Hiitas” (povo indu-europeu
que, no II milênio a.C., fundou um 
poderoso império na Anatólia central, 
atual Turquia), que entre 1.600 e 1.200 
a.C.
Eles promoviam competições de 
levantamento de pedras, através de 
movimentos análogos ao agachamento 
tradicional, que ficaram conhecidas 
como “As Pedras de Atlas”, que 
atualmente ainda são utilizadas em 
competições como o “The Strongman” 
e “O Crossfit”.
Deste modo, o agachamento, tal como 
conhecemos na contemporaneidade no 
campo fitness, foi introduzido no 
universo desportivo por Eugene Sandow, 
em sua publicação “The Shadow’s
System of Physical Culture”. 
Sandow, que nasceu com o nome de 
Friederich Wilhelm Müller, em 
Königsberg, a 02 de abril de 1867, em 
Londres, sendo considerado o “pai 
da musculação e criador 
do fisiculturismo. 
Aspectos estes que, desde então, 
contribuíram para que o agachamento 
fosse considerado como o - exercício 
referência - para o treinamento de 
membros inferiores, dada a sua 
magnitude, complexidade e eficácia.
https://pt.wikipedia.org/wiki/K%C3%B6nigsberg
https://pt.wikipedia.org/wiki/2_de_abril
https://pt.wikipedia.org/wiki/1867
https://pt.wikipedia.org/wiki/Londres
https://pt.wikipedia.org/wiki/Muscula%C3%A7%C3%A3o
https://pt.wikipedia.org/wiki/Fisiculturismo
Posteriormente, o agachamento foi 
ainda popularizado no mundo do 
Fisiculturismo por “Tom Platz”, que 
foi um fisiculturista nascido a 
26/06/1955, em Fort Sill, Oklahoma, 
EUA, famoso pelo notável 
desenvolvimento de suas coxas, que 
teve carreira modesta na “era de 
ouro” do fisiculturismo mundial, 
tendo como melhores resultados o 
Mr. Adônis em 1973; um segundo 
lugar no Mr. América em 1977 e um 
terceiro lugar no Mr. Olímpia de 1981; 
tendo se aposentado em 1987, com 
um “comeback” (retorno) em 1995, 
sem glórias. 
Platz também é considerado um dos 
precursores de uma das variações do 
agachamento conhecido como “Sissy
Squat”, que se traduzido ao pé da 
letra significa “agachamento de 
maricas”. 
https://www.google.com.br/search?biw=1366&bih=643&q=fort+sill+oklahoma&stick=H4sIAAAAAAAAAGOovnz8BQMDgwEHnxCnfq6-gWVZfFaZEphpmlSUXKEllp1spV-Qml-Qkwqkiorz86yS8ovy-st_HVgWEMvVuuP0wzkH6xd_TclZCgD1bhHUTQAAAA&sa=X&sqi=2&ved=0CKIBEJsTKAEwF2oVChMI2Ju72eb-xgIVQqA-Ch3VsAw3
CINESIOLOGICAMENTE
se têm um movimento do tipo poliarticular, envolvendo-se 
joelhos, quadris e tornozelos, que estendem/flexionam-se no 
plano sagital e no eixo Látero-lateral de movimento;
CINESIOLOGICAMENTE
O quadríceps é o músculo motor primário, ajudado secundariamente 
pelo glúteo máximo, e que têm enquanto auxiliares os 
paravertebrais, o reto abdominal e o tríceps sural, que estabilizam o 
tronco e os membros inferiores, viabilizando o movimento como um 
todo.
ANATOMICAMENTE
Considera-se a origem do RETO 
FEMORAL na espinha ilíaca ântero-
inferior e no contorno póstero-
superior do acetábulo; 
O VASTO MEDIAL na linha 
intertrocantéria e no lábio medial 
da linha áspera; 
O VASTO LATERAL na face anterior 
do trocanter maior e no lábio 
lateral da linha áspera; 
O VASTO INTERMÉDIO na linha 
anterior e lateral do corpo do 
fêmur, e, a inserção de todas essas 
quatro origens na patela, e esta na 
tuberosidade da tíbia, via tendão 
patelar.
QUANTO AO ALINHAMENTO DOS 
SARCÔMEROS
No quadríceps, o músculo reto 
femoral configura-se como do tipo 
peniforme bipenado; 
O vasto medial e o vasto lateral 
como peniformes unipenados;
O vasto intermédio como
fusiforme;
Fazendo do quadríceps, portanto, 
um grupo muscular além de magno, 
o maior do corpo humano, também 
altamente complexo.
QUANTO AO ALINHAMENTO DOS 
SARCÔMEROS NO INTERIOR DO MUSCULO
FUSIFORMES – em forma de 
fuso!
Ex: Bíceps braquial
PENIFORMES – em forma de 
pena!
• Unipenado
• Bipenado
• Multipenado 
Ex: Glúteo máximo
Gastrocnêmios
Deltoide 
BIOMECANICAMENTE
Dentre as várias alavancas existentes, destaca-se aquela envolvida, 
diretamente, no trabalho dos joelhos e as suas interfaces com o quadríceps, 
configurando, portanto, um sistema de alavancas de primeira classe ou a 
interfixa (Braço de Força - Eixo - Braço de Resistência).
CADEIA CINÉTICA DE MOVIMENTO 
é a do tipo FECHADA
Que se caracteriza quando o ponto de aplicação de força se mantém fixo, 
sem variar, sendo o corpo que se afasta e se aproxima desse ponto!
O exercício tem como posição inicial quando joelhos e quadris estão 
fletidos, e como posição final quando os joelhos e quadris estão 
estendidos.
Por fim, adenda-se que existem 
diferentes angulações possíveis da 
articulação dos joelhos, durante o curso 
do movimento neste tipo de exercício, 
onde citam-se as principais: 
O curto (50 graus); 
O parcial (90 graus); 
E o completo.
Curto
Parcial
Completo
Assim, tratando-se do ângulo curto ou 
de 50 graus de flexão dos joelhos; o 
mesmo evidencia-se como o mais 
seguro dentre os três tipos, mas, esta 
mesma diminuição na angulação de 
trabalho, que resulta em maior 
segurança, também incide diretamente 
na redução da eficiência deste tipo de 
amplitude. 
Cerca de até 35% menos ativação do 
quadríceps; 41% menos ativação do 
glúteo máximo e menor recrutamento 
da musculatura auxiliar e estabilizadora, 
quando comparado ao agachamento 
completo.
No que tange ao ângulo parcial ou de 90 (noventa) 
graus, ou o meio agachamento, para Neitzel e Davies
(2000), é possível se afirmar que o mesmo apresenta-
se como o mais prescrito, por se considerá-lo o mais 
seguro. 
No entanto, vários estudos dos mesmos autores 
supracitados, que compararam os ganhos de força 
entre os três tipos de amplitude, tornou passivo de se 
verificar, por análises eletromiográficas, que esta 
suposta segurança não era real, e sim, aquela que 
envolvia o maior risco de lesões, sobretudo na 
angulação, específica, de 90 (noventa) graus, ou seja, 
quando se permitiu que as coxas ficassem paralelas à 
linha do solo, pois, está nesta angulação, ao contrário 
de uma maior segurança motora, a maior incidência 
de impacto de força vetorial do tendão patelar na 
tuberosidade da tíbia, que é onde o tendão patelar 
insere-se.
Sobre o Agachamento completo,os estudos de Escamila et al. 
(2001), também não verificaram que os sujeitos pesquisados 
tenham sido acometidos por qualquer tipo de desgaste ou lesão, 
e ainda comprovaram que há ganhos médios de força máxima 
(cerca de 18%) e explosiva (cerca de 11%); a utilização de cerca 
de 12% a mais de unidades motoras do sóleo na estabilização do 
movimento; maior ativação do glúteo máximo (cerca de 22%); 
maior ativação do quadríceps (cerca de 31%) e ganhos de 
funcionalidade, quando comparado a todos as outras amplitudes 
de flexão dos joelhos, incluindo-se aquelas que aqui não foram 
objeto de discussão.
Ademais, adverte-se que se deve interromper a extensão dos joelhos alguns graus 
antes do “completo bloqueio” (extensão de joelhos) na fase final do movimento, ou da 
fase concêntrica, evitando-se que a sobrecarga recaia, em demasia, sobre esta 
articulação, mantendo-se o quadríceps contraído, bem como também se deva evitar a 
completa flexão dos joelhos na fase inicial do movimento, ou na fase excêntrica, para 
que os quadris também não se flexionem em excesso, o que pode levar a uma 
exponencial retroversão pélvica, e a uma consequente alteração das curvaturas 
anatômicas da coluna vertebral, e à possibilidade de lesões, vide figuras 3, 4 e 5. 
Bibliografia
AMADIO, A.C.; DUARTE, M. (1996). Fundamentos biomecânicos para a análise 
do movimento humano. São Paulo: Laboratório de Biomecânica/EEFUSP.
ESCAMILLA, R.F. (2001). Knee biomechanics of the dynamic squat 
exercise. Med Sci Sports Exerc 33, 127-141.
ENOKA, R.M. (2001). Bases Neuromecânicas da cinesiologia. São Paulo: 
Manole.
HALL, S. J. (2002). Biomecânica básica. 5ed. Barueri: Manole, 2009. A1: Loss, 
JF, Koetz AP, Soares DP, Scarrone FF, Hennemann V, Sacharuk VZ. 
Quantificação da resistência oferecida por bandas elásticas. Revista brasileira 
de ciências do esporte. 24(1):61- 72.
OBRIGADO!
@prof_ze_du

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