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Prévia do material em texto

Montes Claros/MG - 2014
Geraldo Antônio dos Reis
Economia Política
2014
Proibida a reprodução total ou parcial.
Os infratores serão processados na forma da lei.
EDITORA UNIMONTES
Campus Universitário Professor Darcy Ribeiro
s/n - Vila Mauricéia - Montes Claros (MG)
Caixa Postal: 126 - CEP: 39.401-089
Correio eletrônico: editora@unimontes.br - Telefone: (38) 3229-8214
Catalogação: Biblioteca Central Professor Antônio Jorge - Unimontes
Ficha Catalográfica:
Copyright ©: Universidade Estadual de Montes Claros
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS - UNIMONTES
REITOR
João dos Reis Canela
VICE-REITORA
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DIRETOR DE DOCUMENTAÇÃO E INFORMAÇÕES
Humberto Velloso Reis
EDITORA UNIMONTES
Conselho Consultivo
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César Henrique de Queiroz Porto
Duarte Nuno Pessoa Vieira
Fernando Lolas Stepke
Fernando Verdú Pascoal
Hercílio Mertelli Júnior
Humberto Guido
José Geraldo de Freitas Drumond
Luis Jobim
Maisa Tavares de Souza Leite
Manuel Sarmento
Maria Geralda Almeida
Rita de Cássia Silva Dionísio
Sílvio Fernando Guimarães Carvalho
Siomara Aparecida Silva 
CONSELHO EDITORIAL
Ângela Cristina Borges
Arlete Ribeiro Nepomuceno
Betânia Maria Araújo Passos
Carmen Alberta Katayama de Gasperazzo
César Henrique de Queiroz Porto
Cláudia Regina Santos de Almeida
Fernando Guilherme Veloso Queiroz
Jânio Marques Dias
Luciana Mendes Oliveira
Maria Ângela Lopes Dumont Macedo
Maria Aparecida Pereira Queiroz
Maria Nadurce da Silva
Mariléia de Souza
Priscila Caires Santana Afonso
Zilmar Santos Cardoso
REVISÃO DE LÍNGUA PORTUGUESA
Carla Roselma Athayde Moraes
Waneuza Soares Eulálio
REVISÃO TÉCNICA
Karen Torres C. Lafetá de Almeida 
Káthia Silva Gomes
Viviane Margareth Chaves Pereira Reis
DESIGN EDITORIAL E CONTROLE DE PRODUÇÃO DE CONTEÚDO
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Camila Pereira Guimarães
Camilla Maria Silva Rodrigues
Fernando Guilherme Veloso Queiroz
Magda Lima de Oliveira
Sanzio Mendonça Henriiques
Wendell Brito Mineiro
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Diretora do Centro de Ciências Biológicas da Saúde - CCBS/
Unimontes
Maria das Mercês Borem Correa Machado
Diretor do Centro de Ciências Humanas - CCH/Unimontes
Antônio Wagner Veloso Rocha
Diretor do Centro de Ciências Sociais Aplicadas - CCSA/Unimontes
Paulo Cesar Mendes Barbosa
Chefe do Departamento de Comunicação e Letras/Unimontes
Mariléia de Souza
Chefe do Departamento de Educação/Unimontes
Andréa lafetá de Melo Franco
Chefe do Departamento de Educação Física/Unimontes
Rogério Othon Teixeira Alves
Chefe do Departamento de Filosofi a/Unimontes
Ângela Cristina Borges
Chefe do Departamento de Geociências/Unimontes
Anete Marília Pereira
Chefe do Departamento de História/Unimontes
Francisco Oliveira Silva
Jânio Marques Dias
Chefe do Departamento de Estágios e Práticas Escolares
Cléa Márcia Pereira Câmara
Chefe do Departamento de Métodos e Técnicas Educacionais
Helena Murta Moraes Souto
Chefe do Departamento de Política e Ciências Sociais/Unimontes
Carlos Caixeta de Queiroz
Ministro da Educação
José Henrique Paim Fernandes
Presidente Geral da CAPES
Jorge Almeida Guimarães
Diretor de Educação a Distância da CAPES
João Carlos Teatini de Souza Clímaco
Governador do Estado de Minas Gerais
Alberto Pinto Coelho Júnior
Secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior
Narcio Rodrigues da Silveira
Reitor da Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes
João dos Reis Canela
Vice-Reitora da Universidade Estadual de Montes Claros - 
Unimontes
Maria Ivete Soares de Almeida
Pró-Reitor de Ensino/Unimontes
João Felício Rodrigues Neto
Diretor do Centro de Educação a Distância/Unimontes
Jânio Marques Dias
Coordenadora da UAB/Unimontes
Maria Ângela lopes Dumont Macedo
Coordenadora Adjunta da UAB/Unimontes
Betânia Maria Araújo Passos
Autor
Geraldo Antônio dos Reis
Mestre em História Econômica pela Universidade de São Paulo (USP).
Professor do Departamento de Economia da Unimontes. Ex-professor
Visitante da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Ex-Pró-reitor de
Extensão da Unimontes.
Sumário
Apresentação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9
Unidade 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
A pré-história da economia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
1.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
1.2 A Grécia antiga. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
1.3 A doutrina econômica da igreja. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .13
1.4 O mercantilismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .14
1.5 A fisiocracia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .16
Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .17
Unidade 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .19
A escola clássica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .19
2.1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .19
2.2 Adam Smith . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .19
2.3 Thomas Malthus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .21
2.4 David Ricardo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .24
Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .26
Unidade 3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .27
Karl Marx. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .27
3.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .27
3.2 Os elementos da teoria econômica de Marx. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .28
3.3 A influência de Marx . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .31
Unidade 4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .33
A escola neoclássica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .33
4.1 Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .33
4.2 A revolução marginalista . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .33
4.3 Os neoclássicos e a Lei de Say . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .37
8
UAB/Unimontes - 3º Período
Unidade 5 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .39
O Keynesianismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .39
5.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .39
5.2 A macroeconomia Keynesiana e a crítica aos pressupostos clássicos e neoclássicos 40
5.3 A revolução Keynesiana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .41
Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .42
Unidade 6 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .45
O neoliberalismo e o monetarismo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .45
6.1 Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .45
6.2 O neoliberalismo e o monetarismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .45
6.3 As políticas neoliberais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .47
Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
Resumo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .51
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .53
Atividades de Aprendizagem – AA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .55
9
Ciências Sociais - Economia Política
Apresentação
Olá Pessoal! Convidamos todos vocês para embarcarem numa viagem muito especial: nela vo-
cês terão oportunidade de conhecer a evolução da Economia Política e, ao mesmo tempo, com-
preender fatos econômicos importantes que mantiveram uma estreita relação com esta evolução.
O estudo da Economia envolve algumas condições: disposição, determinação e desejo de 
desenvolvimento pessoal, capacidade de observação, curiosidade e disciplina. Temos certeza de 
que estas são qualidades presentes em cada um dos nossos acadêmicos da Universidade Aberta 
do Brasil. 
Por isso, acreditamos que as dificuldades serão perfeitamente superadas e, ao final do Cur-
so, alcançaremos todos os objetivos propostos pela Disciplina e os nossos acadêmicos estarão 
habilitados a compreender as interações existentes entre as Ciências Sociais e a Economia.
A disciplina, que possui uma carga horária total de 40 h/a, terá por objetivo favorecer a com-
preensão do desenvolvimento da Economia política, desde as primeiras contribuições dos filóso-
fos gregos até o debate econômico contemporâneo. Contemplará a análise das ideias de auto-
res como Platão, Aristóteles, Adam Smith, David Ricardo, Karl Marx, os economistas neoclássicos, 
John Maynard Keynes e Milton Friedman, permitindo que o acadêmico tenha contato com os 
grandes temas da Ciência Econômica, abordados pelas escolas de pensamento. 
Para tanto, serão apresentadas questões como: 
a) o surgimento da Economia Política; 
b) a consolidação da economia de mercado e a autonomização do fato econômico, bem 
como a própria emancipação da Economia Política; 
c) o liberalismo econômico e o papel do Estado; 
d) tópicos fundamentais da Economia Política como valor, formação de preços e distribuição; 
e) a crítica ao capitalismo elaborada por Marx; 
f ) a Revolução Marginalista; 
g) a Revolução Keynesiana e o nascimento da macroeconomia; 
h) o debate macroeconômico contemporâneo, especialmente a crítica neoliberal e moneta-
rista das políticas keynesianas.
Alcançar a qualificação profissional que nos permita a inserção no mercado de trabalho e a 
compreensão do mundo em que vivemos, como meio de contribuir para a sua transformação, 
exige grande conhecimento na nossa área de formação específica e a busca de permanente diá-
logo com outras áreas. A Economia interage com outras áreas do conhecimento, como a Socio-
logia, a Política, a Filosofia, a História, a Matemática, a Estatística, a Antropologia, a Geografia, a 
Administração, a Contabilidade e o Direito. Logo, é de fundamental importância associar o en-
tendimento da dinâmica social com a compreensão das transformações econômicas. 
Esperamos que, após o estudo da Economia, e considerando sua interação com outras ciências, 
o acadêmico esteja habilitado para utilizar os conhecimentos adquiridos na reflexão sobre os gran-
des problemas sociais contemporâneos, tanto em sua localidade, quanto em seu estado e nação.
A Disciplina será dividida em seis unidades que, por sua vez, estarão subdivididas em tópi-
cos, como se segue:
Unidade 1 - A Pré-História da Economia 
Introdução
1.2 A Grécia Antiga
1.3 A Doutrina Econômica da Igreja
1.4 O Mercantilismo
1.5 A Fisiocracia
Unidade 2 - A Escola Clássica
2.1 Introdução
2.2 Adam Smith
2.3 Thomas Malthus
2.4 David Ricardo
AD Jd IVONE
Underline
10
UAB/Unimontes - 3º Período
Unidade 3 - Karl Marx
3.1 Introdução
3.2 Os Elementos da Teoria Econômica de Marx
3.3 A Influência de Marx
Unidade 4 - A Escola Neoclássica
4.1 Introdução
4.2 A Revolução Marginalista
4.3 Os Neoclássicos e a Lei de Say
Unidade 5 - O Keynesianismo
5.1 Introdução
5.2 A Macroeconomia Keynesiana e a Crítica aos Pressupostos Clássicos e Neoclássicos
5.3 A Revolução Keynesiana
Unidade 6 - O Neoliberalismo e o Monetarismo
6.1 Introdução
6.2 O Neoliberalismo e o Monetarismo
6.3 As Políticas Neoliberais
11
Ciências Sociais - Economia Política
UNIDADE 1 
A pré-história da economia 
1.1 Introdução
A Ciência Econômica, como é atualmente conhecida, foi o resultado de um longo processo 
de amadurecimento intelectual e da tentativa de se refinar as teorias e métodos de análise. Mes-
mo que, desde a antiguidade, os assuntos econômicos tenham sido objeto da preocupação de 
filósofos, teólogos, governantes e homens de negócios, a Economia somente se transformou em 
um ramo autônomo do conhecimento após o século XVIII.
Por essa razão, é possível dividir o desenvolvimento da Ciência Econômica em dois momen-
tos: o primeiro corresponde a sua Pré-história, momento marcado pela subordinação da Econo-
mia, sobretudo, à Filosofia, à Política, ao Direito e à Religião. O segundo, iniciado principalmente 
com a obra A Riqueza das Nações, publicada em 1776 pelo escocês Adam Smith (1723-1790), 
quando são lançadas as bases científicas da Economia.
1.2 A Grécia 
antiga
Uma etapa importante da sua Pré-histó-
ria ocorreu na Grécia Antiga. Xenofonte (431-
355 a.c.), historiador e pensador grego, em Ho 
Oikonomikos ofereceu o primeiro conceito de 
Economia, pela junção de dois vocábulos, oikos 
(casa) e nomos (lei), que significava a gestão da 
casa (SANDRONI,1999, p. 643). Ou seja, a Econo-
mia deveria prover os recursos para uma boa 
administração da casa, da cidade e do Estado. 
Ainda na Grécia Antiga, se estabelece 
pela primeira vez na história, o debate entre 
os defensores do comunismo, expresso nas 
ideias de Platão (428/7-348/7 a.C.), de um lado, 
e aqueles favoráveis à propriedade privada, re-
fletido nas ideias de Aristóteles (383-322 a.C.), 
de outro. Platão foi um crítico das instituições atenienses e rejeitava a democracia como era pra-
ticada no seu tempo, à medida que acreditava que o governo das multidões obrigatoriamente 
desembocaria na tirania. Na sua grande obra, A República, ele denunciou as várias formas de 
governo que se sucediam em virtude da corrupção crescente da pólis, que se manifestava pela 
riqueza de algunsem meio ao empobrecimento da grande maioria. Na sua visão, a busca pela 
riqueza seria moralmente indesejável, pois
 “[...] o ouro e a virtude são como duas conchas de uma balança, das quais uma 
não pode subir sem fazer a outra baixar [...] Assim sendo, quanto mais um Es-
tado estima a riqueza e os ricos, tanto menos preza a virtude e os virtuosos” 
(PLATÃO, S/D, pp. 338-339).
DICA 
Sobre a Pré-história da 
Economia Política, vide 
Bianchi (1988).
GlOSSáRIO 
Economia: A palavra 
surgiu da união de 
vocábulos, oikos (casa) 
e nomos (lei), que signi-
ficava a gestão da casa.
◄ Figura 1: Aristóteles foi 
o mais bem sucedido 
discípulo de Platão. 
Mesmo assim, não se 
acanhou em divergir 
do mestre: “Amicus 
Plato, sed magis amica 
veritas – ‘amemos a 
Platão, porém amemos 
mais a verdade’” 
(DURANT, 1951, p. 76).
Fonte: Disponível em 
http://esashistoria.blogs.
sapo.pt/arquivo/platon-
-aristoteles.jpg. Acesso 
em 25/08/2014.
AD Jd IVONE
Highlight
AD Jd IVONE
Underline
12
UAB/Unimontes - 3º Período
Para se impedir a decadência da pólis, Platão idealizou uma cidade-modelo, governada pe-
los homens mais sábios e melhores, que concretizasse os ideais de justiça e virtude. Nessa cida-
de, deveria prevalecer uma rígida divisão de tarefas, entre os dirigentes (filósofos), os protetores 
(guerreiros) e os produtores (camponeses, artesãos e artífices). As duas classes superiores, a dos 
dirigentes e guerreiros, receberiam uma educação especial, levariam uma vida em comum, com-
partilhando bens, mulheres e crianças.
Aristóteles, por sua vez, foi o mais destacado discípulo de Platão, mas divergiu profunda-
mente do seu mestre quanto ao comunismo e ao projeto de uma cidade ideal. Embora fosse 
igualmente conservador e desconfiasse do governo das multidões, usou das ideias do mestre 
para legitimar a escravidão e a situação de submissão das mulheres. Aristóteles condenou a pro-
priedade comum argumentando que, quando todos são donos de tudo, todos se preocupam 
com quase nada, pois “[...] a propriedade comum a maior número de donos recebe atenção me-
nor; os homens cuidam mais de seus bens exclusivos, e menos dos que eles possuem em co-
mum, ou somente até onde vai a sua parte individual” (ARISTÓTELES, 1985, p. 37). 
Em virtude dos inconvenientes da propriedade comum, Aristóteles promoveu a defesa da 
propriedade privada. Contudo, a propriedade não implicaria um direito absoluto, mas a posse 
privada dos bens deveria ser orientada para a busca do bem comum. Ou seja, ele ressaltou a fun-
ção social da propriedade: ainda que a sua posse fosse privada, ela deveria gerar benefícios para 
toda a comunidade. Em suma, “é obviamente melhor que a propriedade seja privada, mas que o 
uso seja comum” (ARISTÓTELES, 1985, p. 42). 
Outras duas contribuições importantes de Aristóteles estiveram relacionadas à tentativa de 
aprimorar o conceito de economia e ao pioneirismo em analisar a distinção entre valor de uso 
e valor de troca. De forma semelhante a Xenofonte, Aristóteles conceituou Economia como a 
arte da aquisição das “coisas passíveis de acumulação necessárias à vida e úteis à comunidade 
composta pela família ou pela cidade”. Contudo, Aristóteles foi além, ao estabelecer a separação 
da economia, em: a) economia doméstica, a arte do enriquecimento natural, composta pelos 
bens que “parecem constituir a verdadeira riqueza” e sua quantidade não é infinita. Dentre as ati-
vidades que constituem a economia doméstica estão a agricultura, a pecuária, a pesca, a caça e 
até mesmo a guerra (“quando usada adequadamente contra animais selvagens e contra homens 
que, embora marcados para a sujeição, se recusam a aceitá-la”) (ARISTÓTELES, 1985, p. 24-25). b) 
A crematística, que é uma arte do enriquecimento antinatural, pertencente ao comércio. A cre-
matística é uma arte de enriquecer “que não tem limites quanto ao seu fim, e seu fim é a riqueza 
e a aquisição de produtos no sentido comercial” (ARISTÓTELES, 1985, p. 26). Portanto, ainda que 
Aristóteles condenasse a crematística, reconheceu que havia uma diferença entre as necessida-
des humanas – que são limitadas – e o desejo de enriquecimento do homem – que é ilimitado 
- mesmo numa sociedade que somente concebia a realização humana em atividades como a fi-
losofia, a política, a guerra e as artes, e que desprezava a vida dedicada ao acúmulo de riquezas. 
Aristóteles também distinguiu valor de uso e valor de troca das mercadorias. A mercadoria, 
que no estágio primitivo da sociedade – quando prevalecia à economia doméstica - só servia 
para a satisfação das necessidades humanas (por causa da sua utilidade), progressivamente se 
transformou em objeto de troca e de obtenção de lucro – momento de predomínio da crema-
tística. Ou seja, a mercadoria, que inicialmente deveria apenas servir para o uso (o que moder-
namente passou a ser chamado valor de uso) ganhou uma nova característica, ao servir também 
como instrumento de troca (valor de troca), sendo utilizada para gerar ganhos e acumular rique-
za. E, ao indicar que as mercadorias possuem valor de troca, ele também esboçou uma Teoria 
da Moeda, quando definiu a função do dinheiro como medida de valor. Contudo, mesmo que 
tenha analisado a importância do dinheiro, Aristóteles condenou veementemente a prática da 
usura (emprestar dinheiro a juro), fato que iria influenciar profundamente a doutrina econômica 
da Igreja durante a Idade Média.
Apesar das divergências entre Platão e Aristóteles, os dois autores compartilhavam a mes-
ma desconfiança com relação à vida dedicada à riqueza. Coerentes com os filósofos da Grécia 
Antiga, reconheciam que a conduta humana que permitiria a prática do bem e o alcance da fe-
licidade se distancia da vida devotada à produção. O homem somente encontraria a verdadeira 
realização na filosofia, na política e nas artes.
Entre os romanos, a economia recebeu bem menos atenção que entre os gregos. Muitas 
das questões abordadas pelos romanos já haviam sido tratadas de forma mais adequada pelos 
gregos, como a questão da usura e o comércio. Embora tenham construído o maior império da 
antiguidade, as concepções sobre Economia estiveram limitadas à análise das questões agrárias, 
pois havia um evidente desprezo pelas atividades comerciais e industriais. Na área jurídica, Roma 
ofereceu uma grande contribuição ao pensamento ocidental, com o Direito Romano.
DICA
Leia o Livro I, da obra 
Ética a Nicômaco, de 
Aristóteles (páginas 9 
a 24), no qual o autor 
indica todas as formas 
de vida que levam à 
felicidade. 
GlOSSáRIO
Feudalismo: modo de 
produção sustentado 
no feudo, pertencentes 
tanto à nobreza (os se-
nhores feudais) quanto 
ao clero, cujas relações 
sociais se baseavam 
na servidão. Os feudos 
eram unidades relati-
vamente autônomas 
e os senhores feudais 
tinham poder para ditar 
as leis, cunhar moe-
das, cobrar impostos 
e pedágios e formar 
exércitos.
DICA 
Sobre as ideias econô-
micas da Igreja durante 
a Idade Média, vide 
Hugon (1980) e Le Goff 
(1991).
13
Ciências Sociais - Economia Política
1.3 A doutrina econômica da igreja
Com a desintegração do Império Romano a partir do século IV depois de Cristo, inaugura-se 
um novo período na história da humanidade, com o advento da Idade Média e de uma nova for-
ma de organização econômica e social, o feudalismo. Nesse período, as ideias econômicas foram 
profundamente influenciadas pela Igreja Católica, cuja pretensão era estabelecer um conjunto 
de regras morais coerentes com a doutrina cristã para regular a atividade econômica.
O domínio da Igreja Católica durante a Idade Média se estendeu a praticamente todos os 
aspectos da vida humana: político, cultural, filosófico, ético, moral e econômico. Foi o período de 
domínio da Escolástica, a Filosofia da Igreja. Houve uma associação muito estreita entre as ideias 
econômicas e as questões teológicas. Mas tais ideias possuíam um caráter muito mais normativo 
que explicativo, ou seja, a economia envolvia quase sempre a fixação de normas éticas e morais 
paraa conduta dos indivíduos, cuja atividade econômica deveria obrigatoriamente ser coerente 
com a vida cristã. As regras defendidas pela Igreja nem sempre eram normas coercitivas que ti-
nham força de lei, mas acabavam sendo aceitas pelos indivíduos, grêmios e corporações.
O interesse pessoal não poderia ser guiado por motivações como a busca excessiva do lu-
cro, da riqueza e do luxo, consideradas indecorosas, sendo, portanto, condenadas. Ao contrário, 
o interesse pessoal deveria buscar sempre a moderação – o meio termo Aristotélico - para que 
cada indivíduo estabelecesse relações econômicas com seus semelhantes pautadas pela justiça. 
Ao mesmo tempo, pela primeira vez na história, houve o reconhecimento da dignidade do tra-
balho - em oposição aos antigos - que foi afirmado não só como uma atividade econômica, mas 
também como uma obrigação para com a família e a sociedade, e uma pré-condição para uma 
vida decente e para a salvação da alma.
Para a Igreja, o comércio não era um mal em si mesmo, mas o comerciante dificilmente con-
seguia resistir ao desejo de obter ganhos fáceis, lucros ilegais e praticar a usura, comprometendo 
a salvação da sua alma. Por essa razão, era preciso a imposição de normas rígidas de conduta 
individual, por meio do estabelecimento de limites à propriedade privada e à fixação de critérios 
morais para a definição dos preços, salários, lucros e juros. Por essa razão, surgiram os conceitos 
de preço justo, salário justo e lucro justo. 
◄ Figura 2: A usura 
(emprestar dinheiro 
cobrando juros) foi 
muito atacada pela 
Igreja durante a idade 
Média. A figura retrata 
a Visão Popular do 
Dinheiro, Crédito e 
Especulação (Baker 
Library Historical 
Collections).
Fonte: Disponível em 
http://www.ursispaltens-
tein.ch/blog/weblog.
php?/weblog/2006/12/
P30/. Acesso em 
25/08/2014.
14
UAB/Unimontes - 3º Período
O dinheiro era considerado pela Igreja como um instrumento para facilitar as trocas e não 
para acumular riquezas. O dinheiro deveria ser empregado exclusivamente para adquirir as mer-
cadorias necessárias ao consumo. De modo semelhante, a cobrança do juro era condenada. En-
tretanto, com o desenvolvimento do comércio e a ampliação das operações de empréstimo, a 
cobrança de juros passou a ser admitida pela Igreja em determinados casos.
A volta da normalidade econômica, com o desenvolvimento do comércio e o renascimen-
to das cidades, aos poucos abalou as estruturas do sistema feudal. O surgimento de uma nova 
classe social, a burguesia, foi o principal resultado dos novos acontecimentos econômicos. O seu 
desejo de lucro e de poder se chocava frontalmente com os interesses da nobreza feudal e do 
clero. Ademais, as bases de sustentação, tanto econômicas, quanto ideológicas e políticas do feu-
dalismo, inibiam o progresso econômico e da própria burguesia. 
Do ponto de vista econômico, as relações de propriedade, o mercado local e os pesados tributos 
e taxas cobrados pelos senhores feudais e pelo clero prejudicavam a nascente burguesia. Além disso, 
as restrições impostas ao comércio pelos senhores impedia a criação de um mercado nacional.
Do ponto de vista ideológico, a ética religiosa impunha limites ao interesse e ao enriqueci-
mento pessoal. A burguesia, ao contrário, queria liberdade e converter em virtude aquelas motiva-
ções pessoais que eram reprovadas pela Igreja, como o egoísmo e a busca da riqueza. Para a bur-
guesia, o bem-estar social seria o resultado do progresso individual e, portanto, o interesse pessoal 
não poderia ser sacrificado em nome da harmonia e do bem-estar social, ou, como declarou Laski:
“[...] o movimento do feudalismo para o capitalismo é a passagem de um mundo 
no qual o bem-estar individual era considerado o resultado final de uma ação so-
cialmente controlada para um mundo em que o bem-estar é considerado a con-
seqüência de uma ação individualmente controlada” (LASKI 1973, p. 21).
Durante a Idade Média, a Ciência Econômica ainda careceu de condições satisfatórias para 
o seu aparecimento. Isto é, o contexto histórico ainda era desfavorável para que a Economia pu-
desse ser considerada um campo autônomo do conhecimento humano. A Economia continuava 
subordinada à Ética, à Moral, à Religião e à Política. A Economia era menos um conhecimento 
objetivo da realidade e muito mais uma tentativa de fixação de normas de conduta econômica 
coerentes com princípios cristãos. Isso na verdade refletiu a profunda intervenção da Igreja e do 
Estado sobre o sistema econômico. Tal sistema permaneceu impossibilitado de alcançar um fun-
cionamento autônomo. O funcionamento do sistema econômico e a conduta individual necessi-
tavam de uma sanção divina por meio da Igreja Católica. Somente com a expansão do capitalis-
mo e a crescente autonomia do fato econômico, tornou-se possível a construção de uma Ciência 
Econômica emancipada das outras ciências. A partir deste momento, começou a ganhar força o 
entendimento de que o sistema econômico tem suas próprias leis de funcionamento que podem 
ser observadas cientificamente. 
1.4 O mercantilismo
O advento do capitalismo foi marcado pelo processo de consolidação dos Estados Nacio-
nais, com o desmoronamento da antiga ordem feudal e do poder do papa. A burguesia referen-
dou tal processo, pois o seu progresso econômico exigia o fim das ingerências da Igreja, que via 
com desconfiança o lucro e a riqueza, bem como a eliminação dos poderes dos senhores feudais 
de legislar, cobrar tributos, pedágios e possuir exércitos, etc. 
Com o desenvolvimento do comércio no final da Idade Média e, sobretudo, com a Revolu-
ção Comercial provocada pelos descobrimentos marítimos, houve uma série de transformações 
na Europa. Os descobrimentos marítimos permitiram tanto a exploração de minas de ouro e pra-
ta na América quanto à pilhagem de tesouros dos antigos habitantes destas regiões, proporcio-
nando um enorme afluxo de metais preciosos para a Europa, estimulando o uso do dinheiro e o 
desenvolvimento ainda mais acelerado de uma economia de trocas, enfraquecendo o sistema 
de produção para a subsistência. Além disso, as novas rotas comerciais viabilizaram um intenso 
comércio de mercadorias e a ampliação dos mercados. A Revolução Comercial, por outro lado, 
intensificou as rivalidades entre as nações europeias, provocando guerras, cujo objetivo era a 
reação às praticas desleais dos concorrentes, a quebra dos monopólios e a conquista de colônias 
pertencentes a outras metrópoles. 
DICA
Leia o livro Mercadores 
e Banqueiros na Idade 
Média, de Jacques Le 
Goff, que mostra as 
inconsistências entre a 
doutrina e a prática da 
Igreja durante a Idade 
Média.
15
Ciências Sociais - Economia Política
Por essas razões, os assuntos referentes à economia tornaram-se do interesse de comer-
ciantes e de homens públicos, cujas ideias deram origem à filosofia econômica mercantilista. Os 
princípios básicos do mercantilismo são: 1) a defesa da intervenção do Estado para promover o 
comércio e a riqueza da nação; 2) a visão de que a riqueza é um fundamento para o poder do 
Estado, ao mesmo tempo ressaltavam que, para o desenvolvimento do comércio, era necessário 
um Estado poderoso; 3) a noção de que o comércio é a grande fonte de riqueza, principalmente 
o comércio exterior; 4) a ênfase na riqueza como sendo resultante do acúmulo de metais precio-
sos, conseguido por meio da manutenção de uma balança comercial favorável e 5) o destaque às 
práticas protecionistas do Estado, cuja política deveria estimular as exportações e inibir as impor-
tações, além de promover os monopólios e a conquista de mercados, notadamente por meio do 
domínio de colônias. 
O mercantilismo deve ser compreendido 
especialmente como uma riqueza com a in-
tervenção do Estado. Por isso, as atenções dos 
mercantilistas se voltaram prioritariamente 
para a política econômica. 
O mercantilismo legitimou ideologi-
camente a chamada: acumulação primiti-
va de capital. A partir do momento em que 
a burguesia conquistou os seus mercados, 
paísescomo Inglaterra e França tornaram-
se potências industriais, praticamente mo-
nopolizando a produção industrial. Após o 
século XVIII, foram necessárias novas ideias 
que enfatizassem os benefícios do comércio 
sem restrições, garantindo assim a entrada 
dos produtos destes dois países em todos os 
mercados do mundo. Os métodos primitivos 
de acumulação de capital ficaram obsoletos. 
O capitalismo precisou usar meios mais sutis 
de exploração. O liberalismo econômico foi a 
ideologia desse novo tempo. 
É por essas razões que, não obstante as 
diferenças marcantes entre o mercantilismo e o liberalismo, as duas ideologias devem ser 
entendidas como etapas diferentes de um mesmo processo, do processo de consolidação do 
capitalismo e da burguesia. É por essa razão que Laski destacou que “o mercantilismo foi o 
primeiro passo dado pelo nascente Estado secular no caminho da plena realização do libera-
lismo” (1973, p. 43). 
GlOSSáRIO
Revolução Comercial: 
Período marcado por 
grandes descobrimen-
tos e intenso cresci-
mento do comércio, 
com a progressiva mo-
netização da economia 
europeia, consolidação 
dos mercados nacio-
nais e expansão do co-
lonialismo. A Revolução 
Comercial foi um dos 
fatores determinantes 
para a supremacia da 
burguesia e para o 
enfraquecimento do 
sistema feudal.
DICA
Sobre o Mercantilismo, 
vide Denis (1982) e 
Hirschmann (1979).
◄ Figura 4: Colbert 
foi um dos mais 
proeminentes 
mercantilistas (Quadro 
de Villacerf/1683).
Fonte: Disponível em 
http://en.wikipedia.org/
wiki/File:Colbert_villa-
cerf_1685.jpg. Acesso em 
25/08/2014.
◄ Figura 3: Os 
descobrimentos 
provocaram o 
desenvolvimento de 
portos e mercados 
importantes da 
Europa, como o 
de Veneza, como 
foi retratado por 
Canaletto (1732). 
Fonte: Disponível em 
http://en.wikipedia.org/
wiki/File:Canaletto_Re-
turn_of_the_Bucentoro_
to_the_Molo_on_Ascen-
sion_Day,_1732._Royal_
Collection._Windsor..jpg. 
Acesso em 25/08/2014.
16
UAB/Unimontes - 3º Período
Além de ter sido uma etapa importante para o liberalismo, o mercantilismo inaugura uma 
nova ética que se tornaria a base da sociedade burguesa: a busca da riqueza se transformaria 
num fim para a vida social. A riqueza deixa de ser condenada. A busca do auto-interesse, do 
egoísmo e a paixão pela riqueza são vistas como qualidades inerentes aos indivíduos e mere-
cem todo reconhecimento social. A riqueza é fruto da iniciativa individual. O argumento de que, 
quando cada um se empenha em perseguir a sua própria riqueza, contribui também para o enri-
quecimento dos outros, tornou-se progressivamente uma poderosa justificativa ideológica para 
a nova ordem burguesa.
Foi por esses motivos que as atividades comerciais e bancárias, animadas pela ambição, 
egoísmo, paixão pelo lucro e avareza, tornaram-se “atividades dignas”, depois de terem sido re-
provadas durante séculos (HIRSCHMAN, 1979, p. 19). No início do século XVIII, Giambattista Vico - 
um dos principais filósofos daquela época - justificou bem essa mudança de mentalidade, como 
se segue:
Da ferocidade, da avareza e da ambição - os três vícios que levaram toda a hu-
manidade à sua perdição - (a sociedade) - faz a defesa nacional, o comércio e 
a política, e, assim, ela produz a força, a riqueza e a sabedoria das repúblicas; 
desses três vícios que seguramente acabariam por destruir o homem na terra, 
a sociedade faz desse modo surgir a felicidade civil. Esse princípio prova a exis-
tência da providência divina: por obra de suas leis inteligentes, as paixões dos 
homens inteiramente ocupados na busca de sua vantagem privada são trans-
formadas em uma ordem civil que permite ao homem viver em sociedade hu-
mana ( HIRSCHMAN, 1979, p. 25). 
O mercantilismo igualmente contribuiu para uma progressiva autonomia da Ciência Econô-
mica. Ainda que a grande preocupação dos mercantilistas tenha sido com a política econômica 
- conservando a Economia fortemente ligada à Política -, colocando em segundo plano a análi-
se econômica, eles foram os pioneiros na tentativa de elaborar uma teoria que envolveu basica-
mente os aspectos econômicos. Sobre esta questão, Denis assinalou:
É assim que pela primeira vez teremos diante de nós uma teoria da sociedade 
que se desenvolve essencialmente no âmbito da economia, dado que o fim da 
vida social é concebido como um fim econômico e que [...] os meios encarados 
para realizar esse fim são também econômicos (DENIS, 1982, p. 99). 
1.5 A fisiocracia
Os fisiocratas representaram uma tentativa pioneira de construção sistemática de um pen-
samento econômico. Formularam pela primeira vez uma filosofia econômica baseada no libera-
lismo; ao mesmo tempo, reagiram ao mercantilismo e se autodenominaram les économistes. O 
principal autor fisiocrata foi o francês François Quesnay (1694-1774), médico do rei Luis XV. 
Dois elementos marcaram as ideias dos fisiocratas: em primeiro lugar, a crença no liberalis-
mo econômico, apoiada na ideia da existência de uma ordem natural, que possuía suas próprias 
leis de funcionamento. A economia de mercado apresentaria um funcionamento coerente com 
essas leis. A ordem natural propiciaria, espontaneamente, o caminho mais vantajoso para que o 
indivíduo alcançasse a sua felicidade. Consequentemente, a liberdade econômica seria um meio 
essencial para que a ordem natural pudesse atuar em favor dos indivíduos, dispensando assim a 
ingerência estatal, como defenderam os mercantilistas.
Em segundo, a ênfase na capacidade da natureza de produzir a riqueza. Toda a riqueza gerada 
é proveniente da terra e a única classe capaz de gerar um excedente econômico é a classe agrícola, 
refutando assim a visão mercantilista de que a fonte de riqueza de uma nação seria o comércio. Os 
traços fundamentais dessa crença estão no Quadro Econômico, o Tableau do Dr. Quesnay.
A doutrina fisiocrática representa um passo importante na direção da consolidação da Eco-
nomia Política como um campo autônomo do conhecimento emancipado da Política, da Ética, 
da Moral e da Religião. Ao conferir um papel proeminente ao sistema econômico, estabelece um 
objeto específico de conhecimento, a riqueza, capaz de transformar a Economia numa Ciência. 
A Ciência da Economia Política progressivamente se transforma em conhecimento responsável 
pela investigação das leis que governam a produção, distribuição e a reprodução da riqueza, ele-
mentos fundamentais da mecânica econômica. 
GlOSSáRIO
liberalismo: Filosofia 
política apoiada na 
defesa das liberda-
des individuais e de 
imposição de restri-
ções à intervenção do 
Estado. O liberalismo 
teve como princípios 
a defesa do individua-
lismo, a democracia 
representativa, o direito 
de propriedade, a livre 
iniciativa e a criação de 
um ambiente favorável 
ao desenvolvimento de 
uma economia compe-
titiva de mercado.
ATIVIDADE
Elabore um pequeno 
texto indicando quais 
foram os principais obs-
táculos que impediram 
que a Economia con-
quistasse o status de 
campo autônomo do 
conhecimento na fase 
da sua Pré-história.
DICA
Sobre os fisiocratas 
vide os trabalhos de 
Taylor (1965), Vachet 
(1972) e Kuntz (1982).
17
Ciências Sociais - Economia Política
BOX 1: FISIOCRATAS
Taylor sublinhou que "quando os fisiocratas iniciaram a sua atividade teórica, a economia 
política ainda não estava separada da política econômica - era ainda, e apenas, um capítulo da 
arte do governo. Com os fisiocratas termina a época dos precursores e inicia-se a época dos 
fundadores da ciência econômica" (1965, p. 30). Kuntz, por sua vez, salientou que "os fisiocratas 
formaram a primeira escola baseada numa filosofia econômica. Não foi apenas um grupo de 
homens com ideias assemelhadas. Constituíram, de fato, uma seita empenhada, com entusias-
mo apostolar, em difundir uma doutrina e uma teoria sobre o uso e a produção da riqueza" .
Fonte: TAYLOR,1982,p.11.
Referências
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--------. Ética a Nicômaco. São Paulo: Nova Cultural, 1987. 
BIANCHI, A. M. A Pré-história da Economia:De Maquiavel a Adam Smith. Campinas, Hucitec, 1988.
HIRSCHMANN, A. As Paixões e os Interesses: Argumentos Políticos a Favor do Capitalismo An-
tes de seu Triunfo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.
HUGON, P. História das Doutrinas Econômicas. São Paulo: Atlas, 1980.
HUNT, E. K. História do Pensamento Econômico. Rio de Janeiro: Campus, 1987.
KUNTZ, R. N. Capitalismo e Natureza. Ensaio Sobre os Fundadores da Economia Política. São 
Paulo: Brasiliense, 1982.
LASKI, H. J. O liberalismo Europeu. São Paulo: Mestre Jou, 1973.
LE GOFF, J. Mercadores e Banqueiros na Idade Média. São Paulo: Martins Fontes, 1991.
PLATÃO. A República. Apresentação e Comentários de Bernard Piettre. Brasília: Editora da UNB, 
1985.
QUESNAY, F. Quadro Econômico dos Fisiocratas. São Paulo: Nova Cultural, 1986.
SMITH, A. A Riqueza das Nações: Uma Investigação Sobre sua Natureza e suas Causas. São Pau-
lo: Nova Cultural, 1985.
SANDRONI, P. (org.). Novíssimo Dicionário de Economia. São Paulo: Editora Best Seller, 1999.
TAYLOR, O. História do Pensamento Econômico. Idéias Sociais e Teorias Econômicas de Ques-
nay a Keynes. Rio de Janeiro: Fundo de Cultura, 2 vol., 1965.
VACHET. A. la Ideologia liberal 2. Madrid: Editorial Fundamentos, 1972.
19
Ciências Sociais - Economia Política
UNIDADE 2 
A escola clássica
2.1 Introdução
O momento de emergência da Escola Clássica de economia política coincide com a cha-
mada Era das Revoluções: no campo político, a Revolução Francesa. No campo econômico, a 
Revolução Industria, conforme Robsbawn (1977). Esta foi, portanto, a época de importantes 
transformações que abalaram a vida econômica, política, social e cultural europeia, com efeitos 
significativos para o restante do mundo. 
Os economistas clássicos, sobretudo Adam Smith, David Ricardo (1772-1823) e Thomas 
Malthus (1766-1834) dedicaram grande atenção ao entendimento das condições necessárias ao 
desenvolvimento econômico de longo prazo. No modelo da Escola Clássica, o crescimento de-
penderia do comportamento da população e, consequentemente, da força de trabalho, cujo sa-
lário seria determinado pela dimensão do contingente de mão de obra e pela disposição dos 
capitalistas em proverem o fundo salarial e outras formas de capital. Por outro lado, o incentivo 
para acumular seria condicionado pela taxa de lucro. A acumulação de capital afetaria tanto a 
produção quanto o crescimento populacional. Segundo Rima (1977, p. 548) e Deane (1980, p. 
63), o crescimento seria interrompido quando a tendência dos rendimentos decrescentes elevas-
se o custo de subsistência da força de trabalho, de tal modo a tornar os lucros insuficientes para 
estimular a acumulação, chegando-se, assim, ao estado estacionário.
No âmbito do pensamento clássico, é possível destacar, sobretudo, duas perspectivas dis-
tintas quanto ao crescimento econômico: por um lado, Adam Smith, cujos escritos objetivaram 
investigar tanto a natureza e as causas da Riqueza das Nações, quanto o modo como o desen-
volvimento econômico afetava o bem-estar das três classes: dos capitalistas, dos proprietários de 
terra e, principalmente, dos trabalhadores. Ele acreditava que a acumulação de capital ampliaria 
a riqueza da sociedade e o bem-estar da classe trabalhadora. Ele igualmente acreditava que o 
livre comércio permitiria que cada país se especializasse na produção daqueles produtos em que 
tivesse maiores vantagens comparativas, maximizando assim os ganhos e garantindo que o pro-
gresso econômico se difundisse pelas várias regiões do mundo. 
David Ricardo e Thomas Malthus compartilhavam visões diferentes de Smith. Eles também 
estavam interessados no crescimento econômico, mas acreditavam que o sistema capitalista es-
tava fadado a um dia chegar ao estado estacionário, devido à tendência declinante da taxa de 
lucros, o que impediria a continuidade do processo de acumulação de capital e do crescimento 
econômico.
2.2 Adam Smith
Adam Smith pode ser considerado o mais notável economista liberal, fundador da Ciência 
Econômica moderna e o pai da Escola Clássica, com o seu livro, A Riqueza das Nações (1776). En-
gels apelidou Adam Smith como “o Lutero da Economia Política” (ENGELS, citado por MARX, 1989, 
p. 183-184).
 A obra de Smith se apoia em alguns princípios fundamentais, a saber: 1) O instinto psico-
lógico fundamental do homem, como ser econômico, é a ânsia pelo lucro; 2) A existência de uma 
ordem na natureza se manifesta como uma mão invisível, que coordena todos os a esforços indi-
viduais, canalizando-os para atividades que promovam o máximo de bem-estar para toda a so-
ciedade; 3) A defesa da liberdade individual como um requisito indispensável para que o proces-
so econômico siga o seu curso natural, rumo à prosperidade; 4) O Estado deve exercer funções 
GlOSSáRIO
Revolução Industrial: 
Momento de rápidas 
transformações econô-
micas, tecnológicas e 
sociais, impulsionadas 
pela indústria, que 
tiveram como base a 
Inglaterra, mas que, 
posteriormente, foram 
disseminadas pela Eu-
ropa e por outras áreas 
do globo. Foi, certa-
mente, o momento de 
nascimento do sistema 
fabril propriamente 
dito e de consolidação 
do capitalismo indus-
trial.
DICA
Assista ao Vídeo A Revo-
lução Industrial, produ-
zido pela Enciclopédia 
Britânica do Brasil, que 
está disponível no acer-
vo da Biblioteca Central 
Prof. Antônio Jorge na 
Unimontes.
DICA
Alguns desses princí-
pios fundamentais 
encontram-se em 
Lalaguna (1992).
20
UAB/Unimontes - 3º Período
mínimas; 5) O trabalho é a fonte de riqueza de 
uma nação e, quanto mais correta for a divisão 
desse trabalho e a distribuição do produto do 
trabalho, maior será essa riqueza; 6) Quanto 
maior a divisão do trabalho, maior a sua espe-
cialização e a sua produtividade; 7) Cada país 
deve se especializar na produção dos produ-
tos em que tenha maiores vantagens com-
parativas, importando aqueles que não pode 
produzir a baixo custo (ou que tenha menos 
vantagens); 8) A liberdade de comércio facilita 
a especialização dos países, tornando o inter-
câmbio comercial favorável para todos os par-
ticipantes. 
Três elementos merecem destaque na 
obra de Smith: o primeiro, o liberalismo eco-
nômico, que se sustentou – como os fisiocra-
tas - na crença da existência de uma ordem na 
natureza, que levaria a um funcionamento espontâneo 
e harmônico do sistema econômico. A ordem natural se 
manifesta por meio da mão invisível do mercado. Cada 
indivíduo, ao perseguir o próprio interesse, colabora para 
a prosperidade de todos, em virtude da ação benigna da 
mão invisível. Portanto, a mão invisível do mercado, num 
ambiente de liberdade, conduziria espontaneamente 
cada indivíduo para as atividades mais vantajosas para si 
próprio e para a sociedade, dispensando que outras pes-
soas ou o Estado planejassem o seu destino. Dessa forma, 
caberiam ao Estado basicamente três atribuições, que 
configurariam o chamado Estado mínimo:
 
[...] primeiro, o dever de proteger a sociedade contra a violência e a invasão 
de outros países independentes; segundo, o dever de proteger, na medida do 
possível, cada membro da sociedade contra a injustiça e a opressão de qual-
quer outro membro da mesma, ou seja, o dever de implantar uma adminis-
tração judicial exata; e, terceiro, o dever de criar e manter certas obras e insti-
tuições públicas que jamais algum indivíduo ou um pequeno contingente de 
indivíduos poderão ter interesse em criar e manter, já que o lucro jamais pode-
ria compensar o gasto de um indivíduo ou de um pequeno contingente de in-
divíduos, embora muitas vezes ele possa até compensar em maior grau o gasto 
de uma grande sociedade (SMITH, 1983, II, p. 147).
O segundo elemento diz respeito ao papel central do trabalho. O trabalho é a base da ri-
queza do sistema capitalista e, por conseguinte, o fator determinante da riqueza de uma nação. 
A magnitude dessa riqueza depende principalmente da “habilidade, destreza e bom senso com 
os quais seu trabalho for geralmente executado” (SMITH, V. I, p. 35), que resultamda divisão do 
trabalho. A divisão do trabalho proporcionaria o aumento do bem-estar da população, o incre-
mento da especialização do trabalhador e uma maior dependência e integração dos indivíduos 
ao mercado, gerando a necessidade de produção de excedentes. Ou seja, a divisão do trabalho 
contribui para a expansão do mercado e, do mesmo modo que há a divisão do trabalho no in-
terior das empresas e dos países, existe a divisão internacional do trabalho, pois cada país tende 
a se especializar na produção dos produtos que tiverem maiores vantagens comparativas. E, se 
cada um respeitasse a sua vantagem comparativa, produzindo somente os produtos os quais o 
tornassem competitivo, o comércio exterior se tornaria mutuamente país vantajoso, favorecendo 
todos os países que rejeitarem o protecionismo – ao contrário do que defendiam os mercantilis-
tas – pois contribui para que cada país maximize a eficiência do seu capital e, por conseguinte, 
maximize a sua renda e a sua riqueza. Essa era a visão de Smith ao desenvolver a Teoria das Van-
tagens Comparativas. Essas vantagens podem ser naturais, como: 
as associadas ao clima, tipos de solos ou existência de minas; ou adquiridas, resultantes do 
aumento da especialização em algumas linhas de produção, que permitem a melhoria da habili-
dade dos trabalhadores, reduzindo os custos de produção.
GlOSSáRIO
Valor: Propriedade 
que confere aos bens 
materiais sua condição 
de bens econômicos.
Valor de Uso: utilidade 
da mercadoria ou a ca-
pacidade da mercado-
ria satisfazer necessida-
des humanas.
Valor de Troca: 
atributo que permite 
que a mercadoria seja 
trocada por outra mer-
cadoria.
Figura 5: Adam Smith 
foi considerado por 
Engels o Lutero da 
Economia Política.
Fonte: Disponível em 
http://en.wikipedia.org/
wiki/File:AdamSmith.jpg. 
Acesso em 25/08/2014.
►
Figura 6: A difusão 
do uso do vapor 
permitiu a invenção 
da locomotiva, que 
revolucionou os meios 
de transportes no 
Século XIX.
Fonte: Disponível em 
http://sou-eu-lene.spa-
ces.live.com/. Acesso em 
25/08/2014.
►
21
Ciências Sociais - Economia Política
O terceiro elemento se relaciona à Teoria do Valor. Para Smith, o valor de uma mercadoria 
é determinado pelo tempo de trabalho gasto na sua produção. Com essa afirmação, ele ofereceu 
uma importante contribuição para a formulação da Teoria do Valor-trabalho, um dos funda-
mentos da Escola Clássica. Ao destacar o trabalho, ele excluiu a utilidade como determinante do 
valor da mercadoria, citando o paradoxo da água e do diamante: a água é muito útil e barata, e o 
diamante tem pouca utilidade, mas é muito caro. 
Na sua análise, Smith distinguiu dois momentos na história da humanidade: no estágio “pri-
mitivo” (anterior à acumulação de capital e à apropriação privada da terra). O trabalho empre-
gado na produção de uma mercadoria seria a única circunstância capaz de regular o seu valor 
e o valor do produto do trabalho pertence inteiramente ao trabalhador. No estágio “moderno”, 
quando ocorre a acumulação de capital e a transformação da terra em propriedade privada, o 
valor produzido pelo trabalho deve ser repartido com os capitalistas e os proprietários de terra. 
Por essa razão, o valor real ou natural de uma mercadoria é o somatório do salário, lucro e renda 
da terra (Teoria da Soma). Entretanto, nesse estágio, o valor da mercadoria continua sendo medi-
do pelo tempo de trabalho gasto na sua produção. Implicitamente, Smith reconheceu que lucro 
e renda da terra representam deduções no produto do trabalho, que originalmente foi gerado 
pelo trabalhador. Posteriormente, Marx iria desenvolver tal argumento para tentar provar que o 
lucro e a renda da terra são as parcelas retiradas do trabalhador sob a forma de mais-valia, que é 
uma medida do grau de exploração da força de trabalho. 
Ao elaborar a Teoria do Valor-trabalho, Smith reconheceu o caráter conflituoso da socieda-
de capitalista, quando afirmou que o produto social se divide entre as três classes sociais (traba-
lhadores, capitalistas e proprietários de terra) que lutam constantemente entre si para aumentar 
as suas participações neste produto. Ademais, ele igualmente reconheceu que o progresso eco-
nômico afetaria de modo distinto as três classes, tornando impossível a existência de harmonia 
no âmbito do capitalismo.
Apesar de os trabalhadores receberem um salário de subsistência, o progresso econômico 
afetaria positivamente os trabalhadores, com a ampliação da demanda por mão de obra, causan-
do elevação desses salários que, por sua vez, melhorariam as condições de vida dos trabalhado-
res e provocariam incremento populacional. O incremento da população ampliaria a procura por 
terra, aumentando o valor da renda fundiária, favorecendo assim os proprietários. Mas a eleva-
ção dos salários e da renda fundiária implicaria declínio dos lucros. Por isso, haveria coincidência 
de interesses entre trabalhadores e proprietários de terra. A sociedade, ao contrário do interesse 
dos capitalistas. 
Apesar dessa visão de que o capitalismo era um sistema conflituoso, Smith se mostrou oti-
mista quanto ao futuro. Ele se mostrou convicto de que o progresso econômico iria gerar efeitos 
positivos para a população, sobretudo para os segmentos mais pobres. Os efeitos positivos não 
se limitariam à superação da pobreza e da miséria extrema, mas envolveriam também o aumen-
to do bem-estar da população trabalhadora, progressivamente incorporada ao processo produti-
vo da nova ordem capitalista. 
A obra de Smith foi convertida em livro sagrado, que justificou a nova ideologia e ética 
burguesas, apoiadas no individualismo, no egoísmo, na competição e na busca incessante pelo 
lucro. Suas ideias colaboraram para uma nova visão sobre a economia, agora considerada o as-
pecto mais relevante da vida humana, que deveria submeter todos os demais aspectos, e cujas 
leis de funcionamento são autônomas, independentes da vontade humana. Suas ideias também 
contribuíram para que, durante o Século XIX, gradativamente fossem criadas efetivamente as 
condições para o apogeu da economia de mercado e para a emergência das bases intelectuais 
e objetivas para que a Ciência Econômica se emancipasse da Ética, da Moral, do Direito, da Políti-
ca e da Religião. 
2.3 Thomas Malthus
O tempo de Thomas Robert Malthus, por sua vez, foi marcado pela consolidação da Revo-
lução Industrial como um processo que trouxe rápidas e profundas mudanças, especialmen-
te na Inglaterra. Foi, certamente, o momento de nascimento do sistema fabril propriamente 
dito e de emergência do capitalismo industrial. Foi igualmente um período marcado pela in-
trodução de inovações tecnológicas que propiciaram o aumento da produção e da produtivi-
DICA
Para Polanyi, a econo-
mia de mercado pode 
ser conceituada como 
“um sistema econômi-
co controlado, regulado 
e dirigido apenas por 
mercados; a ordem na 
produção e distribuição 
dos bens é confiada a 
esse mecanismo auto-
-regulável”, e em que “a 
ordem na produção e 
na distribuição de bens 
é assegurada apenas 
pelos preços”. Para que 
o mercado seja efetiva-
mente autorregulável, 
é preciso “a separação 
institucional da socie-
dade em esferas econô-
mica e política” e que 
a sociedade humana 
se transforme em “um 
acessório do sistema 
econômico” (1980, p. 
81-87).
22
UAB/Unimontes - 3º Período
dade sem precedentes, possíveis com a me-
canização da indústria têxtil e a introdução 
de novas fontes de energia inanimadas, em 
substituição à energia humana e animal, es-
pecialmente a disseminação da máquina a 
vapor. 
As inovações introduzidas geraram 
efeitos cumulativos por toda a economia. Em 
meio à opulência e ao aumento sem prece-
dentes da riqueza industrial, houve a expansão 
do número de pobres e miseráveis, sobretudo 
entre os trabalhadores que estavam sendo in-
corporados ao sistema fabril. As condições de 
trabalho eram péssimas em razão de longas 
jornadas, rotinas rígidas e desgastantes e da 
violenta repressão sobre os trabalhadores, es-
pecialmentepor meio de multas. As mulheres 
e crianças também eram submetidas a longas 
jornadas e às mesmas condições degradantes 
dos homens. 
Em geral, os trabalhadores executavam suas atividades em ambientes insalubres, submetidos 
constantemente a riscos de acidentes. Os operários ainda enfrentavam baixíssimos salários. A vida 
nas cidades também era deplorável para os trabalhadores, em virtude da situação precária das habi-
tações, das péssimas condições sanitárias e da poluição das cidades industriais. O ambiente urbano 
onde os trabalhadores habitavam era dominado pelo alcoolismo, doenças, violência e degradação.
A piora da situação da classe trabalhadora chamou a atenção de intelectuais e religio-
sos. Entretanto, uma parte da intelectualidade, contaminada pela ideia do livre mercado, se 
posicionou pela completa eliminação dos mecanismos vigentes de ajuda aos pobres, pois 
considerava que tais mecanismos produziam um efeito contrário, ampliando o número de 
pobres. O crítico mais influente das chamadas leis dos Pobres (Poor Laws) foi Malthus. Na 
sua principal obra, o Ensaio sobre a População (1798), ele expressou tanto a inquietação 
com as turbulências da sua época, explicitadas, sobretudo, no rápido crescimento industrial 
e na acelerada urbanização, quanto a sua rejeição aos programas de ajuda aos pobres que 
estavam sendo adotados.
No Ensaio, Malthus manifestou todo o seu pessimismo quanto ao futuro da humanidade, 
sobretudo quanto à possibilidade dos pobres receberem os benefícios do progresso econômi-
co. Ele argumentou que existiria uma tendência a um crescente desequilíbrio entre população e 
oferta de alimentos: 
Então [...] afirmo que o poder de crescimento da população é indefinidamente 
maior do que o poder que tem a terra de produzir meios de subsistência para 
o homem. 
DICA
É fundamental que 
reflitamos: Será que 
existe algum tipo de 
semelhança entre as 
Leis dos Pobres (Poor 
Law) da Inglaterra, do 
tempo de Malthus, e 
os programas gover-
namentais de ajuda 
aos pobres brasileiros, 
como o Bolsa Família? 
As críticas de Malthus 
foram pertinentes 
naquela época? E nos 
dias atuais? 
Figura 8: Durante a 
revolução industrial 
o trabalho infantil foi 
utilizado em larga 
escala.
Fonte: Disponível em 
http://www.learnhistory.
org.uk/cpp/1750gal.htm. 
Acesso em 25/08/2014.
►
Figura 7: Malthus foi 
um dos homens mais 
odiados do seu tempo, 
em virtude do seu 
prognóstico sombrio 
sobre o futuro da 
humanidade.
Fonte: Disponível em 
http://en.wikipedia.org/
wiki/File:Thomas_Mal-
thus.jpg. Acesso em 
25/08/2014.
►
23
Ciências Sociais - Economia Política
A população, quando não controlada, cresce numa progressão geométrica. 
Os meios de subsistência crescem apenas numa progressão aritmética. Um pe-
queno conhecimento de números demonstrará a enormidade do primeiro po-
der em comparação com o segundo (MALTHUS, 1986, p. 280). 
O desordenado crescimento populacional afetaria o mercado de trabalho, com consequên-
cias desastrosas para os trabalhadores, à medida que “o valor do trabalho tende a decrescer, en-
quanto o preço dos mantimentos, por outro lado, tende a subir, estando o número de trabalha-
dores também acima da capacidade de trabalho do mercado” (MALTHUS, 1986, p. 285). Em razão 
do crescimento populacional – estimulado pelas Leis dos Pobres - haveria, por um lado, maior 
oferta de mão de obra, provocando a queda dos salários e, por outro, maior numero de bocas 
para serem alimentadas, afetando a demanda por alimentos, que se situaria em nível superior 
ao da produção, causando, assim, o aumento do preço desses alimentos. Os pobres seriam du-
plamente penalizados: queda dos salários e elevação do preço dos alimentos. Os capitalistas, por 
sua vez, seriam favorecidos pela diminuição dos salários. Por conseguinte, a pobreza seria inevi-
tável para uma parcela da população. 
Contudo, a própria economia de mercado colocaria em funcionamento mecanismos para 
ajustar a população à oferta de alimentos, por meio dos obstáculos preventivos (que reduzem o 
crescimento da população) e dos obstáculos positivos (que aumentam a taxa de mortalidade, e 
que atingem, sobretudo, os mais pobres). 
Malthus foi um crítico implacável das Leis dos Pobres. Na sua visão, a ajuda aos pobres causava 
efeitos como, em primeiro lugar, provocar, em razão do seu custo exorbitante, prejuízo ao conjun-
to da sociedade, sem gerar resultados expressivos na redução da pobreza. Em segundo, o seu cus-
teio implicava a subtração dos recursos dos ricos que deveriam ser utilizados para acumular capital 
e que poderiam causar aumento da oferta de emprego para os pobres. Em terceiro, corromperia o 
espírito e a moral dos pobres, ao estimular a negligência e a falta de economia. Em quarto, provo-
caria o aumento da população - sem o correspondente incremento da oferta de alimentos -, acir-
rando a concorrência no mercado de trabalho, com efeitos negativos sobre os salários.
Para Malthus, as medidas destinadas aos pobres serviriam apenas como paliativos. Ele su-
geriu a adoção de medidas paliativas como, em primeiro lugar, a eliminação de todo o sistema 
de auxílio que vigorava na Inglaterra desde 1601. Em segundo, a oferta de incentivos para a ex-
ploração de novas terras, com maior ênfase na agricultura que na indústria, e mais no cultivo de 
solos do que nas pastagens. E, em terceiro, o recolhimento compulsório dos pobres para os al-
bergues de condado, onde receberiam pouca comida e ainda seriam obrigados a trabalhar (MAL-
THUS, 1986, p. 302).
Além de ter gerado polêmica ao elaborar uma Teoria sobre a População, Malthus foi conhe-
cido por ter formulado uma das primeiras críticas consistentes à Lei dos Mercados, de Say. De 
acordo com essa Lei, toda a produção cria sua própria demanda e, por conseguinte, o capitalis-
mo estaria permanentemente em equilíbrio, pois a produção sempre se igualaria à demanda. A 
Lei de Say foi aceita por David Ricardo e pelos chamados economistas neoclássicos. Malthus, ao 
contrário, afirmou que o capitalismo poderia enfrentar crises em razão da insuficiência de de-
manda. Enquanto os trabalhadores e os proprietários gastam seus salários e as suas rendas, ga-
rantindo mercado para os produtos produzidos, os capitalistas preferem muitas vezes poupar os 
seus lucros, deixando de gastá-los em bens de consumo ou de investimento, causando assim in-
suficiência de demanda. Posteriormente, Marx, ao tratar do problema da realização da produção, 
e Keynes, ao analisar a questão da demanda efetiva, iriam igualmente contestar a Lei de Say.
A forma realista que Malthus utilizou para retratar o problema da população e o seu apego à 
velha moral das classes abastadas da Inglaterra, o transformaram num dos homens mais odiados 
do seu tempo. Além disso, a sua obra retratou a vida miserável de uma parcela considerável da 
população como um resultado previsível e aceitável de uma economia em expansão, que pro-
duziria naturalmente ganhadores e perdedores. Tal resultado também seria coerente com as leis 
implacáveis da economia.
Apesar das críticas, a Teoria da População de Malthus ganhou força junto a empresários, in-
telectuais e membros do parlamento inglês e se constituiu em importante argumento em favor 
da revogação e/ou modificação das leis de ajuda aos pobres, por meio da Poor Law Reform Act, 
concretizando assim o sonho burguês do mercado de trabalho livre. Essas mudanças, coinciden-
temente, aconteceram em 1834, ano do falecimento de Malthus. Contudo, a partir desse período, 
ocorreu o aumento da organização política do proletariado, em reação às mudanças instaladas, 
que culminaram em importantes avanços nas leis fabris, na legislação social e nos direitos políti-
cos dos trabalhadores.
DICA
As leis dos Pobres 
foram instituídas na 
Inglaterra pelo Ato de 
1601 (Act of Elizabeth) e 
estabelecia a obriga-
toriedade da ajuda aos 
pobres, no âmbito de 
cada paróquia. A ajuda 
deveria ser custeada 
por meio de impos-
to cobrado sobre as 
propriedades locais. 
Posteriormente,vários 
complementos foram 
incorporados, como a 
Lei de Assentamento - 
Settlement Act (1662) -, 
impondo a condição de 
que somente receberia 
ajuda da paróquia o in-
divíduo que mantivesse 
domicílio no lugar.
DICA
A lei de Mercado foi 
formulada em 1803, 
pelo economista fran-
cês Jean Baptiste Say 
(1767-1832).
24
UAB/Unimontes - 3º Período
2.4 David Ricardo
O apogeu da Economia Clássica ocorreu com as ideias de David Ricardo, que aprofundou 
a análise de muitas questões que haviam sido tratadas por seus antecessores, como a Teoria do 
Valor, a Teoria da Renda da Terra, a Teoria da Distribuição e a Teoria do Comércio Internacional. 
Ricardo viveu num momento marcado por acontecimentos importantes, tais como: a) a 
crescente hegemonia inglesa no campo econômico, financeiro, comercial, industrial e militar; 
b) a consolidação da produção manufatureira e do emprego da máquina a vapor; c) a urba-
nização e a generalização do trabalho assalariado; d) a redução dos salários reais em função 
do uso intensivo da maquinaria, substituindo a mão de obra; e) as guerras napoleônicas, que 
provocaram o bloqueio dos portos, causando dificuldade de importação de grãos e a respecti-
va subida dos preços. Contudo, com o fim da guerra (1815), a Inglaterra aprovou as Corn Laws 
(Leis dos Cereais), que impediram a importação destes produtos. Com isso, se explicitou o con-
flito entre a burguesia industrial – apoiada por Ricardo - e os proprietários de terra – defendi-
dos por Malthus. As referidas leis dificultaram a importação de alimentos de países que apre-
sentavam um custo de produção agrícola 
inferior ao verificado na Inglaterra, obrigando 
assim o aumento do cultivo de áreas de bai-
xa produtividade, elevando a renda da terra 
– favorecendo a nobreza fundiária –, o preço 
dos cereais e os salários, causando uma re-
dução nos lucros dos capitalistas.
Para Ricardo, o objeto da Economia Políti-
ca é determinar as leis que regulam a distribui-
ção do produto entre proprietários de terra, 
capitalistas e trabalhadores. Na sua visão, o ca-
pitalismo é marcado pela luta entre as classes 
sociais, motivada pela distribuição da renda. A 
Teoria do Valor se constituiu em peça funda-
mental da sua obra, especialmente por poder 
explicar a acumulação de capital e a divisão do 
produto entre as três classes. Na elaboração da 
Teoria do Valor, Ricardo sustentou, baseando-
se na tese de Smith, que a utilidade da merca-
doria é essencial, mas não pode regular o seu 
valor de troca (conforme o paradoxo da água 
e do diamante). Assim, para Ricardo, se a mercadoria tem utilidade, o seu valor de troca deriva de 
“duas fontes: de sua escassez e da quantidade de trabalho necessária para obtê-las” (RICARDO, 
1985, p. 43).
Contudo, Ricardo ressaltou que valor da mercadoria, em qualquer época, é regulado pela 
quantidade de trabalho gasto na sua produção – ao contrário de Smith, que argumentou que 
somente no estágio primitivo o trabalho determinaria o valor da mercadoria. E não somente o 
trabalho aplicado diretamente à produção das mercadorias (capital circulante), mas também o 
trabalho empregado nos implementos, ferramentas e edifícios (capital fixo). Ao afirmar a impor-
tância do trabalho passado no valor das mercadorias, Ricardo conceituou capital como trabalho 
acumulado. Quando analisou a obra de Ricardo, Marx demonstrou grande apreço pelo econo-
mista inglês, mas destacou que tal concepção de capital foi um dos seis maiores enganos, pois 
capital é uma relação social - relação de exploração dos trabalhadores pelos capitalistas. No mo-
mento em que os instrumentos, que constituem o trabalho acumulado, servirem para viabilizar a 
exploração do trabalho terão a função de capital. 
Acumulação de capital: Ampliação do estoque de capital da economia (novas máquinas, 
equipamentos, construções). Corresponde ao investimento que permite a ampliação da capaci-
dade produtiva das empresas e, por conseguinte, da economia. É também denominada de for-
mação de capital.
A expansão da acumulação de capital provocaria importantes efeitos sobre a distribuição de 
renda entre as três classes da sociedade, pois ampliaria a demanda por mão de obra, incremen-
tando os salários. Isso acabaria favorecendo o crescimento da população e da demanda por ali-
mentos, elevando a renda da terra e diminuindo os lucros dos capitalistas. O encarecimento dos 
DICA
É importante ressaltar 
que: embora Marx te-
nha tratado da explora-
ção dos trabalhadores 
pelos capitalistas, o pri-
meiro autor a assinalar 
o equívoco de Ricardo 
foi o Thomas Hodgskin 
(1787-1869), pensador 
socialista inglês adepto 
do anarquismo (HUNT, 
1987; SANDRONI, 
1999).
Figura 9: David Ricardo 
acumulou fortuna 
ainda muito jovem no 
mercado financeiro 
londrino.
Fonte: Disponível em 
http://en.wikipedia.org/
wiki/File:Ricardo.gif. Aces-
so em 25/08/2014..
►
25
Ciências Sociais - Economia Política
alimentos decorreria da lei dos rendimentos decrescentes na agricultura, um dos pressupostos 
da Teoria da Renda da Terra elaborada por Ricardo. Na sua Teoria da Renda da Terra, ele argumen-
tou que, com a expansão da acumulação de capital e o crescimento populacional - num contex-
to em que existem restrições à importação de alimentos – haveria a incorporação no processo 
agrícola de lotes de terras cada vez menos férteis, cuja produtividade agrícola é baixa, gerando 
taxas de lucros menores. Taxas de lucros menores na agricultura seriam transmitidas para todos 
os outros setores da economia. Ao mesmo tempo, ocorreria o aumento da renda da terra paga 
pelos lotes mais férteis e, por conseguinte, do preço dos alimentos. Como os salários dos traba-
lhadores correspondem ao nível de subsistência, todo o incremento no preço dos alimentos im-
plicaria elevação dos salários e queda da taxa de lucro, inviabilizando a acumulação de capital, 
conduzindo progressivamente a economia para o estado estacionário, quando inexiste cresci-
mento econômico. 
Com a sua Teoria da Renda da Terra, Ricardo procurou justificar a necessidade de abolição 
das Corn Laws. Ou seja, a necessidade de eliminação de todas as restrições à importação de ce-
reais, para garantir a diminuição dos preços dos alimentos e dos salários, elevando a taxa de lu-
cro dos capitalistas, que viabilizaria a retomada da acumulação de capital, evitando assim o esta-
do estacionário.
A Teoria da Renda da Terra de Ricardo se articula com a sua Teoria do Comércio Interna-
cional. Para ele – assim como Smith – a especialização da produção em cada país é necessária 
para maximizar os ganhos do comércio exterior. Isto é, deveria prevalecer o livre comércio, de 
tal modo que cada país invista seu capital e seu trabalho naquelas atividades que sejam mais 
produtivas, pois a utilização eficiente do trabalho incrementa o bem-estar e a riqueza. Contudo, 
cada país deveria se especializar na produção dos produtos cuja vantagem relativa fosse maior 
e não na produção dos produtos cuja vantagem absoluta fosse maior, como argumentou Smith. 
Como exemplo, é possível citar dois países: a) Portugal, que gasta 1 hora para produzir um litro 
de vinho e 8 horas para produzir 1 metro de tecido; b) Inglaterra, que gasta 8 horas para produzir 
um litro de vinho e 10 horas para produzir 1 metro de tecido. Conforme a Teoria das Vantagens 
Comparativas Absolutas de Smith, Portugal deveria produzir os dois produtos e a Inglaterra fica-
ria fora do comércio internacional. Entretanto, de acordo com a Teoria das Vantagens Compara-
tivas Relativas de Ricardo, a superioridade de Portugal é tão grande na produção de vinho que 
compensaria a sua especialização somente na produção desse produto, abrindo mão da produ-
ção de tecido. Com isso, Portugal maximizaria o seu ganho e permitiria a participação da Ingla-
terra no comércio internacional. A Teoria das Vantagens Comparativas Relativas de Ricardo é, ain-
da hoje, referência importante nas discussões sobre o comércio internacional. 
◄ Figura 10: Luditas 
destruindo máquinas 
(1812),em protesto 
pela substituição 
dos trabalhadores na 
indústria. Os luditas 
representaram uma 
das primeiras formas 
de protesto contra os 
efeitos perversos da 
Revolução Industrial.
Fonte: Disponível em 
http://www.learnhistory.
org.uk/cpp/1750gal.htm. 
Acesso em 2508/2014.
26
UAB/Unimontes - 3º Período
Um último ponto que merece ser mencionado na obra de Ricardo é a questão da maquina-
ria. Ele admitiu “que a substituição de trabalho humano por maquinaria é frequentemente muito 
prejudicial aos interesses da classe dos trabalhadores” (RICARDO, 1985, p. 262). Ademais, “as má-
quinas e o trabalhador mantêm-se em constante competição, e as primeiras só podem ser utili-
zadas se o preço do trabalhador se elevar” (Idem Ibidem, p. 266). Apesar dos seus efeitos negati-
vos para os trabalhadores, o emprego da maquinaria teria de ser estimulado: 
[...] pois, se não for permitido ao capital obter o maior rendimento líquido que 
o emprego de máquinas possibilita, ele será transferido para o exterior e isso 
representará um desestimulo muito maior à demanda de trabalho do que a 
generalização mais completa do uso de máquinas, uma vez que, enquanto o 
capital é aplicado no país, alguma demanda de trabalho deverá ser criada [...] 
(RICARDO, 1985, p. 266-267).
Embora Ricardo tenha demonstrado fé no capitalismo como sistema que poderia gerar gran-
de eficiência econômica e extraordinária expansão da produção de riquezas, ele foi sincero ao in-
dicar que tal sistema possuía contradições que poderiam representar obstáculos a sua contínua 
expansão – o risco do estado estacionário -, ao alcance da harmonia social e, principalmente, a 
melhoria do bem-estar da classe trabalhadora. Para os trabalhadores – que representavam a maio-
ria da população –, Ricardo apresentou um diagnóstico sombrio: eles sempre enfrentariam o ex-
cesso de população e o risco de substituição pela maquinaria, fatores que puxariam os salários 
permanentemente para o nível de subsistência. Logo, Ricardo se mostrou bem menos otimista 
que Smith quanto às possibilidades do capitalismo promover o bem-estar dos trabalhadores. 
O legado dos economistas clássicos foi essencial para a afirmação do livre mercado e para 
a difusão da concepção de que o capitalismo seria um sistema em constante equilíbrio, cujo de-
senvolvimento proporcionaria o bem-estar para todos os indivíduos e conduziria à harmonia 
social, desde que houvesse plena liberdade e fosse mínima a intervenção do Estado. No campo 
político, o liberalismo clássico proporcionou avanços importantes, como a defesa das liberdades 
individuais, da democracia representativa, do governo constitucional, da separação entre os po-
deres: Executivo, Legislativo e Judiciário, além da oposição ao regime absolutista, ao feudalismo, 
ao mercantilismo e aos dogmas religiosos. Mas esses avanços tiveram como contrapartida o au-
mento da miséria humana, numa velocidade sem precedentes, em virtude do progressivo fun-
cionamento livre do mercado, conforme preconizado pelos liberais. Entretanto, à medida que a 
burguesia se consolidou no poder, o liberalismo deixou progressivamente de ser uma doutrina 
revolucionária, tornando-se mera ideologia dos interesses da burguesia, com a defesa da livre 
concorrência, do Estado mínimo, do direito de propriedade, rejeitando a ampliação da participa-
ção popular, da democracia e da expansão das políticas sociais do Estado.
Assim, o apogeu da economia de mercado subordinou praticamente todos os aspectos da 
vida humana às leis da economia, desprezando-se os resultados desastrosos produzidos para 
uma parcela expressiva da sociedade. Mas foi por causa desses resultados, reflexos da grande mi-
séria e degradação provocada pelo desenvolvimento sem limites do capitalismo, que começa-
ram a surgir as primeiras reações ao sistema, especialmente a crítica contundente de Marx.
Referências
DEANE, P. A Evolução das Idéias Econômicas. Rio de Janeiro: Zahar, 1980.
DENIS, H. História do Pensamento Económico. Lisboa: Livros Horizonte, 4. ed, 1982.
DURANT, W. História da Filosofia – A vida e das Idéias dos Grandes Filósofos. São Paulo: 
Companhia Editora Nacional, 1951.
MALTHUS, T. R. Princípios de Economia Política e Considerações Sobre a sua Aplicação Prá-
tica / Ensaio Sobre a População. São Paulo: Nova Cultural, 1986.
RICARDO, D. Princípios de Economia Política e da Tributação. São Paulo: Nova Cultural, 1985.
RIMA, I. H. História do Pensamento Econômico. São Paulo: Atlas, 1977.
DICA
Faça uma reflexão e 
discuta com os colegas: 
A incorporação de 
novas tecnologias tem 
sido um traço marcante 
no capitalismo. Atu-
almente, no início do 
Século XXI, os avanços 
tecnológicos ocorrem 
numa velocidade ainda 
maior do que no tempo 
da Revolução Industrial 
(difusão do uso da 
informática, dos celu-
lares, da internet, da 
automação industrial). 
Quais os efeitos desse 
avanço tecnológico 
para as empresas, para 
os trabalhadores e para 
os consumidores? 
ATIVIDADE
Elabore um pequeno 
texto assinalando quais 
foram as transforma-
ções que ocorreram no 
capitalismo durante a 
vigência da Escola Clás-
sica, permitindo que a 
Economia conquistasse 
o status de campo 
autônomo do conheci-
mento.
27
Ciências Sociais - Economia Política
UNIDADE 3 
Karl Marx
3.1 Introdução
Karl Marx (1818-1883), filósofo e economista alemão, elaborou uma das mais importantes 
e influentes críticas ao capitalismo e fundou as bases do chamado socialismo científico. As prin-
cipais fontes do pensamento de Marx foram: 1) Filosofia alemã (Hegel, Feuerbach); 2) Socialistas 
Utópicos/Socialismo Francês; 3) Economia Política Clássica e 4) Situação da classe trabalhadora 
na Inglaterra. O livro O Capital (1867) foi consagrado como uma das maiores obras da história do 
pensamento econômico. 
Marx pretendeu realizar uma 
análise científica da Economia Po-
lítica, pois acreditava que “a ana-
tomia da sociedade [...] deve ser 
procurada na economia política” 
(1986, pp. 24-25). Ao proceder 
à análise científica da Economia 
Política, Marx teve por objetivo: 
1) descobrir as relações de pro-
dução fundamentais do sistema 
capitalista, ou seja, compreender 
a natureza essencial (“ethos”) do 
capital e investigar as leis gerais 
do movimento (acumulação) do 
capital; 2) identificar os elementos 
determinantes do desenvolvimen-
to das forças produtivas capitalis-
tas; 3) apontar as condições que 
levariam à superação desse siste-
ma e 4) construir uma Teoria Eco-
nômica alternativa que pudesse 
inserir a ciência na perspectiva de 
transformação do mundo, ou seja, 
conciliar objetividade com ideais 
de liberdade.
Marx se apoiou no método 
dialético para analisar a história da 
humanidade. Partindo da dialética 
hegeliana, Marx formulou a concepção do materialismo histórico, segundo a qual a base material 
da sociedade alicerça toda a organização social. As relações de produção - definidas pelas for-
mas de propriedade e as classes sociais - constituem o sustentáculo das instituições jurídicas e 
políticas e da ideologia e das formas de consciência, costumes, comportamento, arte, religião. A 
sucessão de modos de produção e das formações sociais (asiático, antigo, feudal e burguês mo-
derno) é determinada pela dialética entre forças produtivas e relações de produção, bem como 
entre superestrutura política, jurídica, institucional e ideológica. Por isso, o capitalismo (a socie-
dade burguesa) é concebido como um estágio transitório de organização social, rumo a uma so-
ciedade sem classes e antagonismos sociais. 
Além disso, Marx criticou a Economia Política Clássica por conceber como naturais as leis 
econômicas, produtos da evolução histórica. O capitalismo não é uma ordem natural, mas uma 
fase do desenvolvimento da humanidade que deve ser superada.
◄ Figura 11: Karl Marx 
permanece como um 
dos mais influentes 
críticos do capitalismo.
Fonte: Disponível em 
http://en.wikipedia.org/
wiki/File:Karl_Marx_001.
jpg. Acesso em 
25/08/2014.
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UAB/Unimontes - 3º Período
3.2 Os elementos

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