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- -1 GEOLOGIA E BIOPALEONTOLOGIA UNIDADE 4 - ORIGENS, EVOLUÇÃO DA VIDA E PALEONTOLOGIA APLICADA Autoria: Marcos Antonio de Melo - Revisão técnica: Diego Ferreira Ramos Machado - -2 Introdução Desde o período pré-Cambriano ao Fanerozoico, dos estromatólitos ao , as formas de vida noHomo sapiens Planeta evoluem e interagem com o meio ambiente. Nesse contexto, as ciências naturais, junto à Paleontologia, buscam respostas e apresentam possibilidades para a reflexão acerca de um mundo sustentável. A ciência postula que a espécie humana se originou de populações primatas, no continente Africano, em duas linhagens distintas e que evoluíram de forma individualizada. A primeira permaneceu em ambiente florestal, enquanto que a segunda passou a explorar novos sítios pela gana de sobrevivência e pelo despertar do seu intelecto. Dentro desse contexto, então, nesta unidade, teremos a oportunidade de descobrir sobre as origens e o desenvolvimento da vida no Planeta, desde os tempos pré-cambrianos até o surgimento da espécie humana. Afinal, precisamos saber responder alguns questionamentos: quantos períodos glaciais se deram? Quantos eventos de extinção de espécies o Planeta sofreu no decorrer do tempo geológico? Será que a Paleontologia contempla todo esse universo? Tratam-se de perguntas que envolvem explicações a respeito das transformações da Terra e, sobretudo, da evolução das formas de vida. Inclusive, nos registros fósseis e experimentos científicos temos evidências expostas naturalmente de sítios paleontológicos distribuídos no território ou organizados em coleções em museus. Por isso, iremos nos aprofundar sobre a temática a partir de agora. Bons estudos! 4.1 Origem e desenvolvimento da vida no pré-Cambriano No tempo geológico, o período pré-Cambriano corresponde ao superéon que antecede ao Cambriano, cuja correspondência temporal supera os 80% do tempo geológico. Ele se subdivide em três éons: Hadeano (4,6 a 3,8 bilhões de anos), Arqueano (3,8 a 2,5 bilhões de anos) e Proterozoico (2,5 bi a 540 milhões de anos). Dessa forma, podemos dizer que se trata da fase inicial da formação estrutural geológica do Planeta, possuindo registros fósseis de limitada identificação (vida obscura) (WINGE ., 2020).et al Durante o superéon, a Terra se arrefeceu, desenvolvendo uma massa litológica e oceanos criados por vapores de condensados, em uma atmosfera ainda pouco rica em oxigênio e bastante concentrada de hidrogênio, metano, amoníaco e vapor de água. Dos oceanos primordiais, surgiu a vida diante de fenômenos vulcânicos que atuaram como catalisadores de variadas reações químicas, evidenciadas em bactérias microscópicas que apareceram em registros fósseis datados em mais de três bilhões de anos (GROTZINGER; JORDAN, 2013). Com o advento do oxigênio, iniciaram processos mais complexos de formação e permanência em formas de vida, as quais permaneceram até o final do período pré-Cambriano, quando há uma era glacial, que pode ter ocasionado extinção generalizada (GROTZINGER; JORDAN, 2013). Vamos, assim, ao longo deste tópico, compreender em mais detalhes sobre esses eventos e como eles impactaram no ambiente terrestre. Acompanhe! 4.1.1 Éon Hadeano O éon Hadeano tem início com a gênese do Planeta. Segundo Teixeira . (2009, p. 560), durante a “infância daet al Terra”, a superfície foi “[…] bombardeada por materiais que sobraram de todo o processo de concepção do Sol e demais planetas, consolidando a superfície do Planeta”. Toda essa gama de impactos auxiliou na diferenciação e estruturação do manto superior e da crosta. No decorrer do Hadeano, a atmosfera primordial possuía composição constituída de 98% de dióxido de carbono, nitrogênio e, em parcelas menores, hidrogênio e monóxido de carbono. A intensa interação entre calor, hidrosfera, litosfera e atmosfera formou os oceanos, com soluções ricas em - -3 A intensa interação entre calor, hidrosfera, litosfera e atmosfera formou os oceanos, com soluções ricas em compostos orgânicos dos mais diversos, as chamadas “sopas primordiais”, onde os primitivos seres terrestres teriam se originado. Teixeira . (2009) nos explicam que os primeiros oceanos surgem dessa maneira devido à precipitação daset al moléculas de água oriundas das atividades vulcânicas, logo depois da cessão dos impactos dos corpos extraterrestres. A vida, assim, teria gerado suas primeiras formas. Tais formas primordiais teriam ocorrido aos 3,8 bilhões de anos, o que corresponde à idade de compostos grafitosos encontrados na Groelândia e compostos de microfósseis orgânicos de 3,5 bilhões vistos na Austrália, os estromatólitos. Na figura a seguir, podemos observar “estromatólitos fossilizados”, cujo ápice da sua existência se deu há 1,5 bilhões de anos e, posteriormente, diminuíram em abundância e diversidade. Figura 1 - Estromatólitos fossilizados Fonte: Breck P. Kent, Shutterstock, 2020. : na figura, temos uma fotografia mostrando detalhes de fósseis de estromatólitos, as formas de#PraCegoVer vida iniciais no Planeta. Winge . (2020) mencionam que os estromatólitos são produzidos por cianobactérias fotossintetizantes eet al dependem da energia solar para alimentação e crescimento. Eles expelem carbonato de cálcio, fixando partículas dispersas na água, originando lâminas que se superpõem e crescem montículos, o que cria colunas verticalizadas. 4.1.2 Éon Arqueano No éon Arqueano, a litosfera se consolida pelo arrefecimento das rochas, porém os fluxos internos convectivos eram bem mais intensos que os atuais. O éon é marcado, também, pelo surgimento efetivo dos oceanos sob intensas chuvas, que duraram milhões de anos, em que a temperatura esteve uniforme, provavelmente, por decorrência de significativa presença de gases do efeito estufa. De acordo com Teixeira . (2009), a atmosfera possuía considerável concentração de oxigênio, o qual reagiaet al com gases vulcânicos, minerais e compostos químicos dissolvidos na hidrosfera. No entanto, o oxigênio não se acumulava de modo suficiente, oxidando a atmosfera primitiva. Vale mencionar que existiu vida no Arqueano, mas ela se limitou aos procariontes, que são organismos simples e unicelulares não nucleados. Os estromatólitos correspondem às evidências de maior importância deixadas. Contudo, ao final do éon - -4 Os estromatólitos correspondem às evidências de maior importância deixadas. Contudo, ao final do éon Arqueano, tem-se a evolução dos primeiros organismos fotossintetizantes, os quais iniciaram a produção de oxigênio livre, fenômeno decorrente da ação das cianobactérias. Posteriormente, tal processo mudou significativamente a vida no Planeta. 4.1.3 Éon Proterozoico O éon Proterozoico se caracterizou pelo aumento da quantidade de oxigênio na atmosfera terrestre, motivando o surgimento e a expansão de organismos em configurações mais complexas. Além disso, também traz como particularidade a ocorrência de extensa glaciação ao final, a qual durou aproximados 300 milhões de anos, seguida por um longo período quente devido à extensa atividade vulcânica. Durante o Proterozoico, a litosfera permaneceu ativa, propiciando o surgimento de estruturas geológicas estáveis, conhecidas atualmente como escudos cristalinos ou crátons. As transformações nas configurações das massas continentais mostram a atividade da crosta (continentes Colúmbia, Rodínia e Gondwana). Nesse éon, os níveis de oxigênio aumentaram, fenômeno que possivelmente comprometeu a existência de organismos unicelulares anaeróbicos. Entretanto, com o advento do oxigênio e a formação da camada de ozônio, ao longo dos últimos 100 milhões de anos da era surgiram estruturas mais complexas, corroborando com o surgimento de organismos eucariontes e multicelulares, cujas células possuíam tecidos diferenciados e realizavam respiração aeróbica (GROTZINGER; JORDAN, 2013). Na figura a seguir, podemos observar organismos pré-cambrianos, conhecidos como uma fauna de ediacara, referência à localidade australiana onde se encontram os mais antigos fósseis de metazoários (animais com células organizadasem tecidos e órgãos). VOCÊ QUER LER? O livro “Porque a evolução é uma verdade”, de Jerry A. Coyne, demonstra que as evidências da evolução por seleção natural são vastas, variadas e magníficas. Todos os fatos que suportam a Teoria da Seleção Natural são apresentados na obra, trazendo à tona as bases do evolucionismo desde os longínquos tempos pré-cambrianos. Vale tirar um tempo para a leitura! - -5 Figura 2 - Fauna ediacarana Fonte: Liliya Butenko, Shutterstock, 2020. #PraCegoVer: na figura, temos uma ilustração da fauna ediacarana, organismos que datam do pré-Cambriano, semelhantes a esponjas e anêmonas. A fauna ediacarana, como estromatólitos, não é vista apenas na Austrália, mas são encontrados fósseis por toda a Terra. 4.2 Vida no éon Fanerozoico O éon Fanerozoico é dividido em três eras, com início há 540 milhões de anos e perdurando até o presente. A alcunha advém do grego “ ” (visível) e “ ” (vida), ou seja, “vida visível” (WINGE ., 2020).phaneros zoikos et al Esse éon proporciona relativa facilidade em encontrar registros fósseis e rochas que ajudam a decifrar as características ambientais do Planeta. Sua divisão se dá pelas elas Paleozoica, Mesozoica e Cenozoica, sobre as quais conheceremos mais a fundo ao longo deste tópico. VAMOS PRATICAR? O período pré-Cambriano é marcado por modificações que alteraramas características físicas e químicas do Planeta. A partir desses acontecimentos, conseguimos entender aquilo que se sucedeu em relação ao aparecimento de formas de vida mais complexas. Nesse sentido, realize uma pesquisa sobre as transformações do Planeta e dos primitivos organismos, partindo da premissa que o pré-Cambriano deu o suporte para tudo aquilo que viria posteriormente, a partir do Cambriano (explosão da vida). Depois, escreva sua opinião quanto ao tema. - -6 4.2.1 Vida na era Paleozoica A era Paleozoica é subdividida em seis períodos: Cambriano, Ordoviciano, Siluriano, Devoniano, Carbonífero e Permiano, levando em consideração do mais antigo para ao mais recente. O período , reconhecido como período da “explosão da vida”, é caracterizado por mares rasos que seCambriano estendiam sobre extensas áreas continentais. Conforme Carvalho (2010), esses mares tinham abundância de trilobitas (artrópodes), graptozoários (plânctons), braquiópodes (invertebrados marinhos), arqueocitacídeos (esponjas), algas calcárias e moluscos. O período , por sua vez, teve início com as oscilações do nível do mar, porém, logo na sequência,Ordoviciano registra-se uma “irradiação explosiva” da fauna paleozoica, fato atribuído à subida dos níveis do mar, inundando terras emersas, com áreas rasas em mares continentais. Assim, estima-se um aumento significativo no número de espécies. No fim do período, deu-se intensa extinção massiva pelo provável esfriamento dos oceanos, provocado por glaciação, concentrada em organismos aquáticos, como braquiópodes, briozoários e cefalópodes (CARVALHO, 2010). Após a glaciação, os organismos sobreviventes povoaram a Terra no período . Os oceanos ganharamSiluriano organismos de baixa diversidade, sendo que somente no final do período a vida se recuperou, retomando aos ecossistemas mais complexos. As trilobitas perderam o predomínio, enquanto os crinoides e graptólitos conquistaram espaço nos marés. Ocorre, então, uma diversificação dos peixes ostracodermes com a aparição de peixes cartilaginosos (placodermas), os quais possuíam mandíbulas e, em alguns casos, estruturas em forma de nadadeiras. São desse período os fósseis de artrópodes, como escorpiões e centopeias, que iniciaram o povoamento do ambiente terrestre. Ainda, estima-se que os moluscos cefalópodes nautilóides e os euripterídeos correspondam aos predadores do período (CARVALHO, 2010). Temos, também, o período , conhecido como a “idade dos peixes”, os quais, posteriormenteDevoniano desempenharam importante papel na evolução dos vertebrados. No ambiente terrestre, surgem plantas vasculares, fornecendo fontes de alimento para a fauna que explorava águas rasas e margens de lagos. Figura 3 - Fósseis de amonites devonianos Fonte: frantic00, Shutterstock, 2020. #PraCegoVer: na figura, temos a fotografia de fósseis de amonites, um grupo extinto de moluscos com carapaças que surgiu no período Devoniano e se extinguiu no período Cretáceo. Já o período é reconhecido como a “idade das grandes florestas”, as quais floresciam nas bordas deCarbonífero - -7 Já o período é reconhecido como a “idade das grandes florestas”, as quais floresciam nas bordas deCarbonífero mares internos com o clima úmido favorável. Assim, durante esse período, originou-se as atuais jazidas de carvão mineral, principalmente no Hemisfério Norte. Os répteis também iniciaram sua evolução e se diversificaram com o advento do ovo amniota. Por sua vez, os invertebrados dos mares eram briozoários, amonóides, bivalves e crinoides. Figura 4 - Períodos Devoniano e Carbonífero Fonte: Nicolas Primola, Shutterstock, 2020. #PraCegoVer: na figura, temos uma ilustração representando a fauna e o ambiente dos períodos Devoniano e Carbonífero. Tratam-se de e (anfíbios), bem como (artrópode).ictiostegas eogyrinus meganeuras O último período do Paleozoico é o , em que as massas continentais formavam o Pangeia, circundadoPermiano pelo Oceano Panthalassa. Nessa época, ocorreu o desaparecimento de geleiras com a elevação das temperaturas médias do globo, além de instabilidade tectônica, como o início dos dobramentos. Ademais, diante de um clima favorável, tem-se a ascensão das gimnospermas e (antigas samambaias) (GROTZINGER; JORDAN,iglossopteris 2013). 4.2.2 Vida na era Mesozoica A era Mesozoica se subdivide em três períodos sequenciais: Triássico, Jurássico e Cretáceo. Durante o Mesozoico, a Pangeia inicia a fragmentação e, diante do isolamento dos continentes, desenvolveram-se biotas regionais. As forças convectivas, além de dinamizarem a tectônica, também tiveram influência em alterações no nível do mar. Inclusive, estimam-se níveis acima de 70 metros. Nos oceanos, houve aumento na diversidade, uma vez que os “sobreviventes” da extinção do Permiano foram preenchendo nichos ecológicos. O período tem como característica um clima seco. Nos oceanos, houve o aparecimento e a proliferaçãoTriássico dos corais modernos, invertebrados como moluscos cefalópodes e bivalves. No continente, iniciou-se o domínio de gimnospermas e pteridospermas. Os répteis ocuparam vários nichos ecológicos nos continentes e, até mesmo, em áreas litorâneas costeiras, incluindo ictiossauros marinhos, plesiossauros e arcossauros. Importante destacar que a ordem dos dinossauros , no período Triássico, tinha um tamanho pequenoSaurischia (inferior a um metro de comprimento). No entanto, ao final do Mesozoico, já alcançava 15 metros de comprimento ( ) (ANELLI, 2015).Tyrannosaurus - -8 O é dos mais conhecidos períodos, em especial pela importância dos dinossauros. Territorialmente,Jurássico nesse período, o supercontinente Pangeia atingiu sua maior extensão e iniciou a fragmentação. Nos mares jurássicos, o domínio se dava por grandes predadores, crocodilianos, ictiossauros e plesiossauros. Os dinossauros exibiam grande diversificação, entre herbívoros e carnívoros. Por serem amniotas, ocupavam todos os nichos ecológicos existentes. Novos grupos de peixes ósseos, os teleósteos, iniciaram uma radiação adaptativa no Jurássico, tendo como consequência o surgimento dos sapos e das salamandras. Entre os vegetais produtores, prevaleciam os gimnospermas ( , cicadófitas e ginkgófitas) comconiferophyta sementes nuas, importante fonte alimentar para os herbívoros. Os mamíferos tinham sua maioria composta por insetívoros de pequeno porte e notívagos. Alguns carnívoros menores desenvolveram penas, dando origem a protoaves. Além disso, em diversos grupos de mamíferos, considerados arcaicos surgiram nesse período. O processo de deriva continental se efetivou com a fragmentação do Gondwana no período , definidoCretáceo por expressiva biodiversidade que abrigava vários grupos. Além do domíniodos grandes répteis, as plantas evoluíram para diversas formas modernas, como a diversificação das angiospermas (produtores de flores e frutos), fato que auxiliou na evolução de grupos modernos de insetos. Nos mares, grandes saltos evolutivos em moluscos cefalópodes e bivalves, bem como em tubarões e arraias. Na porção terrestre, os mamíferos incluíam os térios (antecessores dos atuais mamíferos ouMethatheria marsupiais e ou placentários), os quais, posteriormente, tornaram-se distintos.Eutheria No fim do Cretáceo ocorreu um significativo rebaixamento do nível do mar, incidindo em mais um evento de extinção massiva. Anelli (2015) nos traz que, com isso, desapareceram amonites, dinossauros, plânctons marinhos e invertebrados bentônicos. As causas da extinção são controversas, mas a hipótese da queda e, consequentemente, do impacto de um colossal meteoro corresponde à teoria mais plausível. Assim, ocorre uma forte crise biótica. 4.2.3 Vida na era Cenozoica A era é subdividida em três períodos: Paleogeno e Neogeno (conhecidos como Terciário) eCenozoica Quaternário. Territorialmente, os continentes adquiriram a configuração atual, enquanto fauna e flora se diversificam,= de modo mais complexo aos moldes atuais. Também surgiram espécies novas para ocuparem os nichos ecológicos. O período Paleogeno ainda é separado em Paleoceno, Eoceno e Oligoceno. Já o período Neogeno traz o Mioceno e o Plioceno. Por sua vez, o Quaternário indica duas épocas: Pleistoceno e Holoceno. O meio aquático do era dominado por moluscos gastrópodes, tubarões e peixes ósseos, sendo que,Paleogeno nessa fase, também se encontram as primeiras baleias, protistas marinhos (foraminíferos), nautilóides, cefalópodes, coleóides, equinodermos, corais, briozoários e esponjas. As modernas aves surgiram nesse período, como as terrestres, que possuíam grande estatura (acima de dois O , com comprimento de 25 metros, seis metros de altura,Austroposeidon magnificus herbívoro, pescoço e cauda longos, além de crânio relativamente pequeno; é o “maior dinossauro brasileiro” já identificado. Ele foi encontrado na cidade de Presidente Prudente, interior de São Paulo, em 1950. No entanto, foi devidamente apresentado à comunidade científica apenas em 2016. Os ossos estavam guardados e, por falta de verbas, só foram analisados mais de 60 anos depois. Atualmente, está exposto no Museu de Ciências da Terra, no Rio de Janeiro. Para saber mais, acesse o link: https://agenciabrasil.ebc.com.br/pesquisa-e- .inovacao/noticia/2016-10/cientistas-anunciam-descoberta-de-fossil-do-maior-dinossauro-do VOCÊ SABIA? https://agenciabrasil.ebc.com.br/pesquisa-e-inovacao/noticia/2016-10/cientistas-anunciam-descoberta-de-fossil-do-maior-dinossauro-do https://agenciabrasil.ebc.com.br/pesquisa-e-inovacao/noticia/2016-10/cientistas-anunciam-descoberta-de-fossil-do-maior-dinossauro-do - -9 As modernas aves surgiram nesse período, como as terrestres, que possuíam grande estatura (acima de dois metros) e dieta carnívora, conhecidas como da Laurásia e, no sul, , ambos tendodiatrymideos Phorusrhacideos como habitat as florestas tropicais. Os mamíferos passaram a ocupar nichos ecológicos anteriormente ocupados por dinossauros. As massas continentais estavam se isolando com mares rasos, e diferentes linhagens de mamíferos evoluíram, incluindo formas agigantadas. No entanto, chegando ao final do Eoceno, alguns grupos são extintos, a exemplo de mastodontes, esmilodontes, preguiças gigantes, entre outros. O é caracterizado pela expansão da evolução dos mamíferos modernos, das angiospermas e,Neogeno sobretudo, de vegetais rasteiros, como as gramíneas, pois conduziu à evolução de animais adaptados a viverem nas pradarias e savanas, como equinos e ruminantes (auge do Mioceno). Finalmente, o período abrigou significativas alterações climáticas, registradas em ondas deQuaternário glaciações sucessivas, com avanço de geleiras e decorrentes alterações na biota. As glaciações se alternaram em fases interglaciais, em que, nas porções territoriais tropicais e subtropicais, as mudanças climáticas tiveram maior ênfase nas variações dos índices pluviométricos. Assim, as fases úmidas foram seguidas de intervalos com insuficiência de chuvas. Em períodos de temperatura mais amena, fauna e flora sofreram consequências quanto ao desaparecimento de espécies, além de movimentos migratórios para regiões meridionais de clima ameno. Em contrapartida, nos períodos interglaciais, registraram-se novas incursões biológicas das regiões do norte, que ficavam livres do gelo. Com os períodos de aquecimento e aumento do nível dos mares, ocorreram expansões de florestas, desertos, sistemas fluviais e ambientes de sedimentação, bem como a definição de ecossistemas. Figura 5 - Carcaça de um mamute exumada na Sibéria Fonte: Morphart Creation, Shutterstock, 2020. #PraCegoVer: na figura, temos uma fotografia em preto e branco de ambiente glacial, datada de 1902, com dois homens ao lado de uma carcaça de mamute exumada na Sibéria, em expedição enviada pela academia russa de Ciências. Muitas espécies do Quaternário sobrevivem até os dias atuais (mamíferos, angiospermas, gimnospermas, insetos, moluscos, répteis, aves, entre outras), exceto a megafauna de mamíferos, que, após sobreviver aos episódios glaciais, acabou sendo extinta vitimada por predação humana. Outra hipótese da extinção da megafauna está associada à proliferação de moléstias e aos efeitos de mudanças climáticas. Agora que pudemos entender a respeito dos éons e das vidas nas diferentes eras, vamos ao estudo da história - -10 Agora que pudemos entender a respeito dos éons e das vidas nas diferentes eras, vamos ao estudo da história evolutiva do ser humano. Porém, antes, realize a atividade proposta a seguir para fixar seus conhecimentos! 4.3 História evolutiva do ser humano A evolução da espécie humana pode ser entendida pelo viés de uma minuciosa leitura de resquícios obtidos por meio de registros fósseis e restos arqueológicos. O aparecimento do pode ser estimado entre os 6Homo sapiens ou 4,5 milhões de anos, oriundo de populações de primatas no noroeste do continente Africano, em duas linhagens, as quais passam a evoluir de forma individualizada. De acordo com Jobling . (2013 SANTOS, 2014), a primeira linhagem permaneceu em ambiente florestal,et al apud originando os atuais chipanzés; enquanto a segunda se adequou à exploração de sítios mais abertos, chegando na espécie do , há 200 mil anos.Homo sapiens O corresponde a uma espécie de antropoide da ordem Primata, incluindo dois gruposHomo sapiens taxonômicos: (lêmures, lórises e gálagos) e (tarsos e antropoides).Strepsirrhini Haplorrhini O ser humano está entre os primatas antropoides, que possuem características peculiares, “[…] como cérebro desenvolvido, face pequena com olhos projetados para frente, dedos oponíveis e unhas nas mãos e pés […]” (WILLIAMS ., 2013 SANTOS, 2014, p. 91).et al apud Nesse contexto, a partir de agora, iremos estudar quanto à história evolutiva do ser humano. Acompanhe o VAMOS PRATICAR? No escopo metodológico das ciências naturais, observação e análise são fundamentais. Visitar coleções em museus de história natural, coleções de fósseis e recriações de paleoambientes corrobora com o aprendizado como atividades práticas aliadas ao desenvolvimento profissional. No cenário mundial em que realizar virtuais é uma realidade, podemos mencionar ostours museus de história natural, que disponibilizam seus acervos online. O Google Arts & Culture, por exemplo, é um aplicativo que acessa exposições, permitindo visitas virtuais em espaços de arte e ciência pelo mundo todo. Por isso, sugerimos que você procure um espaço de seu interesse e relate sobre sua experiência. Você pode acessar o aplicativo pelo link: .https://artsandculture.google.com VOCÊ O CONHECE? Louis Seymour Bazett Leakey foi paleontólogo, etnólogo e antropólogo de origem britânica, mas nascido no Quênia. Ele cresceu entre a tribo dos Quicuios. Depois de concluir os estudos na Inglaterra, voltoupara a África para uma série de expedições destinadas a estudar a sequência das culturas pré-históricas. Suas descobertas trouxeram à tona as origens africanas dos seres humanos. https://artsandculture.google.com - -11 Nesse contexto, a partir de agora, iremos estudar quanto à história evolutiva do ser humano. Acompanhe o conteúdo com atenção! 4.3.1 Primeiros hominídeos: Australopithecus Considerando os registros fósseis datados de até sete milhões de anos, muitos estão relacionados à ancestralidade humana, em que o termo “hominídeo” descreve os ancestrais extintos dos humanos: e .Australopithecus Sahelantropus Santos (2014) explica que existem algumas incertezas quanto ao mais antigo da linhagem humana, pois o descobrimento do em Chade, na África Central, causou controvérsias, já que o crânioSahelanthropus tchadensis encontrado apresentava indicativos de postura ereta. Outro provável ancestral da espécie humana corresponde ao , datado entre 4,5 e 3,5Australopithecus afarensis milhões de anos, encontrado no Quênia, continente Africano (SANTOS, 2014). Figura 6 - Reconstrução de Australopithecus afarensis Fonte: lorenza62, Shutterstock, 2020. #PraCegoVer: na figura, temos uma fotografia da reconstrução de um , o "macaco doAustralopithecus afarensis sul". Ele está exposto no Museu de Ciências Naturais, em Trento, na Itália. Descoberto no ano de 2001, o representa o mais completo crânio e possuiSahelantropus tchadensis características símias primitivas, como pequena caixa craniana e distinções dentárias de hominídeos modernos. Já os possuem uma variedade maior de registros fósseis, com datações também variadas,Australopithecus superiores aos dois milhões de anos. Antecedendo o descobrimento do , os mais antigos hominídeos conhecidos eram os Sahelantropus , cujos fósseis foram encontrados na Etiópia, na Tanzânia e no Quênia. Sobre oAustralopithecus afarensis comportamento social, especula-se que viviam em pequenos grupos. Eles tinham dentes pequenos, indicando uma dieta onívora (SANTOS, 2014). Outra espécie de hominídeo encontrada no Quênia foi denominada , datados entreAustralopithecus anamensis 4,2 e 3,9 milhões de anos. Os fósseis incluem mandíbulas, fragmentos cranianos, partes superiores e inferiores de ossos da perna e úmero. Anatomicamente, tinham postura e locomoção bípedes, sendo que suas características faciais se assemelham muito ao , portanto, com um aspecto de macaco.Australopithecus afarensis Encontrado em 1924, na região de Taung, na África do Sul, também temos o ,Australopithecus africanus - -12 Encontrado em 1924, na região de Taung, na África do Sul, também temos o ,Australopithecus africanus indivíduo jovem mais parecido a um macaco. Conforme menciona Santos (2014), a descoberta, na época, conduziu um intenso enfoque na África como o local provável da origem da espécie humana, como havia predito Charles Darwin. Muitas outras espécies de foram encontradas no continente Africano. Na Tanzânia, África doaustralopithecus Sul, os tiveram ocorrência, cujos crânios possuíam perfurações feitas por caninos deAustralopithecus robustus animais, supondo que os hominídeos viveram entre os grandes predadores das planícies africanas. Já o viveu há 2,5 milhões de anos no norte da África, compondo um elo da cadeia evolutivaAustralopithecus garhi (SANTOS, 2014). Algumas espécies de hominídeos coexistiram em um mesmo período histórico, evidenciando que exista uma linhagem humana compartilhada de ancestrais comuns (SANTOS, 2014). Com o aumento do tamanho dos cérebros, surgem os primeiros exemplares do gênero , com aHomo especialização para ocupar sítios diferenciados, necessitando utilizar ainda mais o intelecto, tanto para a obtenção de alimentos quanto para as estratégias de caça, fuga de predadores, coleta e estabelecimento de vida social. 4.3.2 Linhagem Homo Carvalho (2010) nos traz que a evolução humana é contínua e permanente, abarcando tudo aquilo que a diferenciou como espécie singular, com características próprias construídas no decorrer de milhares de anos, desde a evolução dos primatas. Os primeiros hominídeos antropoides e o ser humano tiveram um ancestral compartilhado, que denotam registros fósseis e biológicos. A divisão em duas linhagens no processo de evolução corresponde aos seis milhões de anos, em que determinado grupo de primatas foi repartido em dois, passando a evoluir de forma independente. O primeiro grupo permaneceu nas florestas, ao passo que o segundo se adaptou a outros ambientes, desenvolvendo o gênero . Dessa maneira, com a extinção da maioria dos australopitecos, há o surgimentoHomo dessa nova linhagem (SANTOS, 2014). Ela surgiu há aproximados 2,5 milhões de anos, chamada de ,Homo habilis a qual seria caracterizada pelo andar bípede e o uso das mãos para a manipulação de ferramentas, mesmo que tais particularidades possivelmente já estivessem presentes desde os .Australopithecus afarensis Assim, a espécie mais antiga do gênero corresponde ao , originário territorialmente do lesteHomo Homo habilis da África, em que os registros fósseis exibem tendência no aumento do tamanho do cérebro. Seguindo a linha evolutiva, o sucede, vivendo entre dois milhões e 400 mil anos atrás. Alterando oHomo erectus “eixo” africano, os registros fósseis foram inicialmente descobertos na China e Indonésia (SANTOS, 2014). Posteriormente, foram encontrados exemplares no norte da África, como mandíbulas e fragmentos de crânio com dentição. Ademais, os crânios em relação ao eram em tamanho 50% maiores.Homo habilis VOCÊ SABIA? É muito comum a confusão que se faz entre a Arqueologia e a Paleontologia. A Arqueologia tem como objetivo estudar a humanidade, as culturas e os modos de vida de diferentes sociedades, isso ao longo dos últimos séculos. Já a Paleontologia busca entender a história da vida na Terra a partir dos vestígios preservados dos seres vivos em uma escala de tempo de milhões de anos. - -13 Figura 7 - Crânio de Homo erectus Fonte: Puwadol Jaturawutthichai, Shutterstock, 2020. : na figura, temos fotografias de frente, lado e vista oblíqua do crânio de um fóssil do #PraCegoVer Homo erectus , datado de um milhão de anos, encontrado em Java, na Indonésia. Os variados exemplares de encontrados além das áreas áridas e savânicas, tanto na África quantoHomo erectus fora do continente, mostraram formas humanas típicas e adaptadas a ambientes tropicais abertos, perfeitamente habituadas à locomoção bípede (SANTOS, 2014). Outro importante acontecimento acerca do corresponde ao fato de conseguir controlar o fogo, umHomo erectus verdadeiro marco no desenvolvimento humano. Esse provavelmente permitiu sua saída da África em direção a localidades de clima mais frio, como os continentes Europeu e Asiático. A Paleoantropologia considera o uma linhagem de várias espécies, com nomenclaturas distintas eHomo erectus regiões de vida, territorialmente ocupando distintos sítios da África, Ásia e Europa. Desse modo, a multiplicidade do está no núcleo das discussões sobre as origens do .Homo erectus Homo sapiens Ademais, antecedendo o ser humano moderno ( ), tem-se presente o sapiens sapiens Homo sapiens neanderthalis ou neandertal, descendente do europeu (SANTOS, 2014).Homo erectus A espécie humana, nessa escala temporal evolutiva, pode ser considerada como recente, nada além dos 200 mil anos, que pertence ao , uma linhagem diferenciada do , emboraHomo sapiens Homo sapiens neanderthalensis tenham coexistido por muito tempo na Europa. Contudo, não sofreram hibridização, podendo-se considerar linhagens distintas de hominídeos. O primeiro fóssil do foi encontrado no vale de Neander, na Alemanha, em 1857. Estuda-Homo neanderthalensis se que esse indivíduo tenha vivido entre 135 e 30 mil anos no continente europeu, chegando até a Ásia Ocidental. Fisicamente, os ossos das pernas dessa linhagem eram mais espessos, indicando imensa força, enquanto os corpos, notavelmente modernos, tinham narizes proeminentes, faces longas e crânios grandes. Figura 8 - Evolução do crânio humanoFonte: Puwadol Jaturawutthichai, Shutterstock, 2020. : na figura, temos diferentes crânios humanos relacionados à evolução da espécie, partindo do #PraCegoVer - -14 : na figura, temos diferentes crânios humanos relacionados à evolução da espécie, partindo do #PraCegoVer , , , e finalizandoSahelanthropus tchadensis Australopithecus africanus Homo erectus Homo Neanderthalensis com o .Homo sapiens O momento da transição do , ou do traz considerávelHomo erectus Homo neanderthalensis para o Homo sapiens debate científico, existindo dois modelos distintos. O (fora da África Antiga) indica que amodelo multirregional espécie se originou de vários e seus descendentes, que já estavam na Ásia e EuropaHomo sapiens Homo erectus há 1,8 milhões de anos. Já o postula que o ser humano moderno foi originado há 200modelo da substituição mil anos, exclusivamente na África (JOBLING ., 2013 SANTOS, 2014).et al apud A Paleontologia, ao estudar os organismos que viveram na Terra, inclui somente o processo de evolução da linhagem humana, ou seja, do primata ao “homem”, não aquilo que se denomina como “ser humano”. A abordagem acerca do modo de vida e dos aspectos culturais está relacionada à Arqueologia. 4.4 Paleontologia Aplicada A Paleontologia Aplicada visa estudar registros fósseis em sequências sedimentares, a fim de estabelecer reconstituições paleoclimáticas e paleoambientais. Além disso, pode se direcionar para determinados estudos, inseridos em subdivisões do arcabouço metodológico, como a Paleobotânica, Paleontologia de Invertebrados, Paleontologia de Vertebrados, Micropaleontologia e Paleoicnologia. A importância dos estudos que visam à reconstrução dos paleoambientes e paleoclimas da Terra para estabelecer analogias relacionadas a modelos de extinção ou evolução das espécies, são das aplicações mais efetivas dessa ciência (EMMANUEL ., 2014).et al • Paleobotânica Estuda as plantas fósseis, comumente partes preservadas, como lenhos, folhas, pólens e esporos. • Paleontologia de Invertebrados Estuda moluscos, braquiópodes, equinoides, conchostráceos e artrópodes. Tais fósseis, principalmente os marinhos, possibilitam o estabelecimento de correlações cronoestratigráficas e auxiliam na delimitação de províncias paleobiogeográficas. • Paleontologia de Vertebrados VAMOS PRATICAR? Em 2 de setembro de 2018, aconteceu um grande incêndio no Museu Nacional no Rio de Janeiro. Entre as inúmeras peças abrigadas no acervo destruído, havia o crânio do fóssilhumano mais antigo encontrado na América do Sul, com cerca de 13 mil anos, batizado como Luzia. Posteriormente, em meio aos escombros, pesquisadores conseguiram resgatar parte do esqueleto. Esse registro fóssil é um grande marco para a ciência brasileira. Trata-se de um tema de grande relevância, o qual desperta o interesse em várias áreas do conhecimento. Assim, realize uma pesquisa sobre as condições ambientais pretéritas da região onde o fóssil foi encontrado ou dos possíveis trajetos dos ancestrais de Luzia para chegar à América do Sul. Depois, escreva um resumo sobre o que encontrou. • • • - -15 • Paleontologia de Vertebrados Estuda as estruturas ósseas, os tecidos de animais e o ser humano (Paleoantropologia). • Micropaleontologia Estuda os microfósseis, que visa à correlação e datação de camadas devido à variabilidade morfológica e abundância em rochas sedimentares. • Paleoicnologia Aborda icnofósseis, estruturas biogênicas resultantes das atividades dos seres vivos, como fezes, pegadas, perfurações e escavações, as quais denotam comportamentos dos organismos em vida. Neste tópico, portanto, conheceremos as áreas da Paleontologia Aplicada e seus principais estudos com mais afinco. Vejamos! 4.4.1 Paleoclimatologia, Paleogeografia e Paleoecologia A busca informações em registros naturais sobre variabilidades climáticas, a partir dePaleoclimatologia análise e interpretação dos vestígios naturais que descrevem o clima em épocas passadas. Podemos citar como exemplo a análise de anéis de árvores, pólens fossilizados, ambares, sedimentos oceânicos e eólicos, corais, núcleos de gelo, entre outros vestígios. A atmosfera terrestre sofreu inúmeras alterações no decorrer da história geológica. Atualmente, as aferições climáticas são realizadas por meio de instrumentos de alta precisão. Assim, as mudanças sofridas pelo clima recente são modeladas em métodos com base em dados diretos, de maior precisão e confiabilidade. No entanto, para períodos que retratam milhares de anos, os modelos podem até ser reproduzidos, mas carecem do apoio dos estudos oriundos da Paleoclimatologia. As alterações climáticas do passado possuem tendências naturais em um longo período, sem a presença das interferências humanas. As causas consideradas pela Paleoclimatologia abarcam o entendimento dos componentes dos sistemas climáticos e da ecologia dos organismos. Nesse sentido, as atividades humanas fazem parte de algum tipo de influência ambiental desde o período Quaternário, em que a reconstrução paleoclimática perfaz a história ambiental dos últimos 10 mil anos (Holoceno) (EMMANUEL ., 2014).et al A reconstrução de paleoambientes para entender os motivos que levaram à extinção das espécies está no escopo da , que é o estudo e a descrição das estruturas físicas do passado geológico, tendo a tectônicaPaleogeografia como uma das grandes propulsoras de alterações ambientais. • • • - -16 Figura 9 - Tronco de árvore fossilizado Fonte: Fabio Lamanna, Shutterstock, 2020. : na figura, temos a fotografia de um tronco de árvore fossilizado, encontrado no Parque Nacional#PraCegoVer da Floresta Hirto de Medo, em Khorixas, na Namíbia. Emmanuel . (2014) citam que muitas observações e diversos dados embasaram a ideia da derivaet al continental, como as semelhanças das formas das bordas continentais; os dados do paleomagnetismo denotando o deslocamento em graus das massas continentais, dos fósseis de fauna e flora similares anteriores ao período Mesozoico; os sedimentos carboníferos encontrados, entre outros fatores. Por sua vez, a abarca o entendimento das relações entre os organismos antigos e seus ambientes.Paleoecologia Isso porque as espécies vivas não evoluem de forma isolada, mas integram alguma comunidade biológica (biocenoses) e estão relacionadas a fatores físicos, como clima, solos e rochas. Dessa forma, contribuem aos estudos a reconstituição de seu papel na cadeia trófica e os fatores condicionantes de sua vida, a exemplo de relações ecológicas entre competidores, predadores, parasitas e simbiontes. Além disso, informações como o tempo de crescimento, tamanho e longevidade também são relevantes. Esse ramo do conhecimento busca, ainda, analisar a biocenoses e suas relações com o ambiente, em uma perspectiva pretérita, compreendendo suas estruturas e seus funcionamentos. Permitinde, assim, recolocar os organismos fósseis nos contextos físico e biológico de sua respectiva época. Dutra (2014) nos traz que a Paleoecologia se utiliza das informações oriundas da Tafonomia, da Sedimentologia, da Geoquímica, da análise de bacias sedimentares (Ecoestratigrafia), da dinâmica e evolução das bacias oceânicas (Paleoceanografia), bem como da Paleogeografia e da Paleoclimatologia. CASO Como um cientista sabe, sem estudos prévios, a diferença de uma rocha ou um fóssil? Além de olhos treinados, existe uma serie de análises e testes que podem ser feitas. Entretanto, quando não há um laboratório por perto, como isso é garantido? Existe uma análise inicial que auxilia a diferenciar um fóssil de um fragmento de rocha: dar uma “lambida” no objeto. Pode parecer estranho, mas, quando se trata de um fóssil, a língua tende a “grudar” na superfície, ao passo que uma pedra comum apenas soltará poeira. Os fósseis grudam porque, quando há ossos, possuem estruturas porosas, sendo que toda matéria orgânica se decompõe, sobrando material inorgânico. - -17 Vale mencionar que os organismos fossilizados somente se preservaram pelo fato de estarem em condições ideais (excetuando megafósseis,devido às suas dimensões). Os registros fósseis geralmente são encontrados em quantidades relativamente pequenas. Dentro desse contexto, os bioindicadores são importantes para a Paleoecologia, pois as espécies podem ser tolerantes a variações ambientais, como salinidade, profundidades e, sobretudo, temperaturas. Quando ocorrem mudanças ambientais, podem haver adaptações, levando ao estabelecimento de ecótipos de determinadas espécies. Dessa maneira, espécies de diferentes clados podem se adaptar de forma semelhante, caso sejam submetidas às mesmas condições ecológicas, estabelecendo fácies adaptativas ou biótipos. 4.4.2 Fósseis do Brasil A origem da Paleontologia no Brasil se confunde com a própria história da Geologia no país. A Geologia brasileira teve início com a vinda da família imperial no ano de 1808. No entanto, já havia histórias sobre a existência de fósseis encontrados no país, registrados em trabalhos europeus desde o século XVII. Frederico Leopoldo Cezar Burlamaqui, por exemplo, publicou uma monografia sobre mamíferos pleistocênicos. Já o Museu Nacional no Rio de Janeiro, no ano de 1888, contemplou uma seção de Mineralogia, Geologia e Paleontologia (MANZIG, 2015). Posteriormente em 1907, institui-se a Paleontologia Aplicada a levantamentos geológicos, com a criação do Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil. Contudo, até a primeira metade do século XX, o país não apresentava condições para o desenvolvimento de pesquisas, legando à realização de expedições a missões estrangeiras, que trouxeram significativo número de especialistas (MANZIG, 2015). Em 1930, temos o encontro do primeiro fóssil de dinossauros, em Minas Gerais, região de Peirópolis, e alguns achados no sul do país. Já na década de 1970, icnofósseis são encontrados no interior de São Paulo na região de Araraquara. No entanto, já havia relatos de icnofósseis identificados na região de Souza, na Paraíba, no final do século XIX, confirmadas no ano de 1920 e que correspondia a pegadas de Carnossauros, característicos do período Cretáceo (ANELLI, 2015). Chegando à década de 1980, até então, poucas pesquisas foram desenvolvidas no país, mas houve descobertas na região da Chapada do Araripe, no Ceará. O local se tornou mundialmente conhecido pela riqueza em fósseis, principalmente pterossauros, encontrados em excepcional estado de preservação. VOCÊ QUER VER? “A Saga da Humanidade” é uma série de 12 vídeos do professor Walter Alves Neves, titular do Departamento de Genética e Biologia Evolutiva da Universidade de São Paulo. Nas produções, ele explica a longa trajetória que levou o ser humano a ocupar o Planeta, citando os hábitos e as características de cada espécie dos ancestrais humanos, do ao Sahelanthropus tchadensis . Os vídeos podem ser acessados em: .Homo neanderthalensis https://goo.gl/WiKGRn https://goo.gl/WiKGRn - -18 Figura 10 - Fóssil de pterossauro cravado sobre rocha Fonte: Dallas Golden, Shutterstock, 2020. #PraCegoVer: na figura, temos a fotografia do fóssil de um pequeno pterossauro sobre rocha. Além do Araripe, tem-se, na época, aumento significativo de pesquisas sobre mamíferos cenozoicos no Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Acre e na região do nordeste (PETRI, 2001 MANZIG, 2015).apud Atualmente, o Brasil possui 42 sítios paleontológicos reconhecidos pelos seus valores científico e educacional, além de quatro áreas consideradas como “monumentos naturais”, definidos pela União, por meio da Agência Nacional de Mineração. São eles: Vale dos Dinossauros, em Souza, na Paraíba; e árvores fossilizadas, em Tocantins, Minas Gerais e Ceará. VAMOS PRATICAR? Recriar um fóssil vegetal é bem simples. O estado de uma folha demonstra a condição do ambiente, como estação do ano, pragas, fungos e larvas. Assim, ao ter contato com um fóssil vegetal, especula-se sobre o ambiente pretérito. Para o experimento, vamos precisar de massa de modelar, um recipiente com água para dissolver 100 gramas de gesso e folhas de plantas em variados tamanhos. Inicialmente, devemos abrir a massa de modelar um pouco maior que as folhas encontradas, colocando-as sobre a massa e as pressionando, fazendo um decalque. Ao redor das folhas, com a massa, faça uma espécie de “parede” para o gesso que será colocado sobre ela não escorra. Depois, tire a folha e derrame gesso sobre o decalque. Espere secar e retire a massa de modelar. Assim, o decalque da folha estará impresso no gesso, como se fosse um fóssil. - -19 Conclusão Chegamos ao fim da última unidade da disciplina de Geologia e Biopaleontologia. Aqui, pudemos conhecer as origens da vida no Planeta, desde os organismos mais simples até a evolução de complexas estruturas, como os seres humanos. Os ramos do conhecimento que abordam essa temática também foram explorados para o entendimento das transformações e da evolução dos ambientes, como dos organismos, tanto em escala mundial quanto no território brasileiro. Nesta unidade, você teve a oportunidade de: • compreender as origens da vida, desde os tempos pré-cambrianos, atestadas pelos registros fósseis e as reconstituições de ambientes; • entender a importância da Paleontologia e de suas subáreas para as ciências naturais; • conhecer as mudanças climáticas, fundamentais para alterações ambientais, propiciando habitats ideais ou catastróficos para determinadas espécies; • descobrir que o Brasil possui sítios paleontológicos, muitos ainda inexplorados; • refletir sobre o processo de evolução humana e aquilo que diferencia a nossa espécie das demais, entre diferenças anatômicas e, sobretudo, intelectuais. Bibliografia ANELLI, L. E. . São Paulo: EditoraDinossauros e outros monstros, uma aventura à pré-história do Brasil Peirópolis; EDUSP, 2015. CARVALHO, I. S. : conceitos e métodos. 3 ed. Rio de Janeiro: Editora Interciência, 2010.Paleontologia CIENTISTAS anunciam descoberta de fóssil do maior dinossauro do Brasil. , Rio de Janeiro, 5 out.Agência Brasil 2016. Online. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/pesquisa-e-inovacao/noticia/2016-10/cientistas- anunciam-descoberta-de-fossil-do-maior-dinossauro-do. Acesso em: 25 jun. 2020. COYNE, J. A. Porque a evolução é uma verdade. São Paulo: Editora JSN, 2014. DUTRA, T. L. Paleoecologia. : CARVALHO, I. S. (ed.). . 2. ed. Rio de Janeiro: Editora Interciência,In Paleontologia 2004. Emmanuel, L. . . São Paulo: Oficina de Textos, 2014.et al 82 resumos geológicos GOOGLE Arts & Culture. [ .], [ .]. S. l s. d Disponível em: https://artsandculture.google.com. Acesso em: 25 jun. 2020. GROTZINGER, J.; JORDAN, T. . 6. ed. Porto Alegre: Bookman, 2013.Para entender a Terra MANZIG, P. C. . 2015.Museus de Paleontologia no Brasil e a Paleontologia nos museus brasileiros Dissertação (Mestrado em Divulgação Científica e Cultural) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Estudos da Linguagem, Campinas, 2015. Disponível em: http://repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP /271136/1/Manzig_PauloCesar_M.pdf. Acesso em: 25 jun. 2020. SANTOS, F. R. A grande árvore genealógica humana. , Belo Horizonte, v. 21, n. 1-2, p. 88-113,Revista da UFMG jan./dez. 2014. Disponível em: https://www.ufmg.br/revistaufmg/downloads/21 /05_pag88a113_fabriciosantos_agrandearvore.pdf. Acesso em: 25 jun. 2020. TEIXEIRA, W. . . 2. ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2009.et al Decifrando a Terra WINGE, M. Serviço Geológico do Brasil. . [ .], 2020. Online. Disponível em: et. al. Glossário geológico Ilustrado S. l http://sigep.cprm.gov.br/glossário/. Acesso em: 25 jun. 2020. • • • • • https://agenciabrasil.ebc.com.br/pesquisa-e-inovacao/noticia/2016-10/cientistas-anunciam-descoberta-de-fossil-do-maior-dinossauro-do https://agenciabrasil.ebc.com.br/pesquisa-e-inovacao/noticia/2016-10/cientistas-anunciam-descoberta-de-fossil-do-maior-dinossauro-do https://www.amazon.com.br/s/ref=dp_byline_sr_book_1?ie=UTF8&field-author=Jerry+A.+Coyne&text=Jerry+A.+Coyne&sort=relevancerank&search-alias=stripbooks https://artsandculture.google.com http://repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/271136/1/Manzig_PauloCesar_M.pdfhttp://repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/271136/1/Manzig_PauloCesar_M.pdf https://www.ufmg.br/revistaufmg/downloads/21/05_pag88a113_fabriciosantos_agrandearvore.pdf https://www.ufmg.br/revistaufmg/downloads/21/05_pag88a113_fabriciosantos_agrandearvore.pdf http://sigep.cprm.gov.br/gloss�rio/ Introdução 4.1 Origem e desenvolvimento da vida no pré-Cambriano 4.1.1 Éon Hadeano 4.1.2 Éon Arqueano 4.1.3 Éon Proterozoico 4.2 Vida no éon Fanerozoico 4.2.1 Vida na era Paleozoica 4.2.2 Vida na era Mesozoica 4.2.3 Vida na era Cenozoica 4.3 História evolutiva do ser humano 4.3.1 Primeiros hominídeos: Australopithecus 4.3.2 Linhagem Homo 4.4 Paleontologia Aplicada Paleobotânica Paleontologia de Invertebrados Paleontologia de Vertebrados Micropaleontologia Paleoicnologia 4.4.1 Paleoclimatologia, Paleogeografia e Paleoecologia 4.4.2 Fósseis do Brasil Conclusão Bibliografia
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