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1 Doença de Chagas – Trypanossoma cruzi INTRODUÇÃO A doença de Chagas ou Tripanossomíase americana, descoberta pelo pesquisador brasileiro Carlos Chagas, é a infecção causada pelo protozoário flagelado Trypanossoma cruzi, tendo como vetores os insetos triatomíneos, popularmente conhecidos por barbeiros. MORFOLOGIA No que diz respeito a morfologia, o Trypanossoma cruzi, possui três formas evolutivas: tripomastigota, epimastigota e amastigota. TRIPOMASTIGOTA A forma de tripomastigota está presente nas fezes do barbeiro e no sangue do hospedeiro. É alongada e possui: Cinetoplasto posterior ao núcleo; Flagelo livre. EPIMASTIGOTA A forma de epimastigota está presente no intestino do barbeiro. Assim como a tripomastigota, também é alongada. Possui: Cinetoplasto justaposto ou anterior ao núcleo; Flagelo livre. AMASTIGOTA A forma de amastigota está presente nas células dos hospedeiros vertebrados. É arredondada e possui: Cinetoplasto em forma de bastão anterior ao núcleo; Bolsa flagelar (guarda o flagelo). OBSERVAÇÃO: A parte do flagelo é a porção anterior do parasito. 2 HOSPEDEIRO INVERTEBRADO Classe: Insecta. Família: Reduviidade. Subfamília: Triatominae. Existem cerca de 150 espécies transmissoras. Em relação a alimentação são hematófagos. No Nordeste, as espécies predominantes são: Triatoma brasiliensis e Triatoma pseudomaculata. A transmissão através do Triatoma infestans está erradicada no Brasil. Apresentam fase de ovo, cinco fases de ninfa (I, II, III, IV e V) e adulto (macho ou fêmea). Possuem hábitos silvestres, podem ser encontrados também no domicílio e em áreas peridomiciliares. CICLO BIOLÓGICO Barbeiro se infecta em hospedeiros reservatórios que contém a tripomastigota sanguínea. No intestino do barbeiro, se transforma em epimastigota e se multiplica por divisão binária; Epimastigota migra para ampola retal do barbeiro na forma de tripomastigota metacíclica; Quando o barbeiro pica o ser humano, suga o sangue, o abdômen se enche e comprime a ampola retal; Nas dejeções do barbeiro contém a forma de tripomastigota metacílica que entra na pele ao coçar; As células do sistema fagocítico mononuclear, especialmente os macrófagos, fagocitam a tripomastigota; No interior dos macrófagos, se transforma em amastigota; A amastigota se multiplica por divisão binária e rompe o macrófago podendo cair na corrente sanguínea; Ao cair na corrente sanguínea tem forma de tripomastigota sanguínea; Se a tripomastigota afetar outros tecidos, está na forma de amastigota. 3 TRANSMISSÃO As formas de transmissão são: Vetorial – através da dejeção dos triatomíneos, que penetram no local da picada ou em mucosas e conjuntivas íntegras (boca, nariz e olho). Via oral – através da ingestão de alimentos contaminados com dejeções do barbeiro ou com o próprio barbeiro triturado. Observação: o barbeiro vive no açaí congelado a -20ºC. Via transplacentária – gestantes em fase aguda, pois possuem muitos parasitos na corrente sanguínea, podem infectar o feto. Transmissão materna – o feto pode ingerir o líquido amniótico infectado ou pode se dar pela transmissão hematogênica, que seria o contato com o sangue infectado durante o trabalho de parto, ou ainda pelo leite da mãe infectada na fase aguda. Transfusão sanguínea – essa forma é mais difícil de ocorrer, devido aos testes que são feitos antes. Transplante de órgãos. Acidentes laboratoriais. SINTOMATOLOGIA Dos 100% dos infectados, apenas 40% desenvolvem a doença na forma sintomática, em que 30% apresenta complicações cardíacas e 10% problemas digestivos. Sendo assim, 60% dos infectados são assintomáticos. FASE AGUDA A fase aguda é quando se adquire a infecção e dura cerca de 8 semanas. O paciente pode apresentar quadros como: Sinal de porta de entrada, por exemplo, o sinal de Romaña. Miocardite. Febre (pouco elevadas). Mal estar. Cefaleia. Astenia (fraqueza muscular). Edema. Hipertrofia de linfonodos (ínguas). Hepatoesplenomegalia (aumento do fígado e baço). Comprometimento meningoencefálico. FORMA INDETERMINADA Ocorre após a fase aguda. É a forma silenciosa, podendo evoluir para a forma cardíaca, digestiva ou se manter assintomática. FORMA CARDÍACA O parasito se multiplica nas células cardíacas e nervosas, destruindo-as. As fibras cardíacas são substituídas por células do tecido conjuntivo, que não possuem força de contração, resultado em um coração fraco. As fibras cardíacas vão ficar sobrecarregadas e aumentam em diâmetro causando a cardiomegalia. Como o coração está com uma baixa força de contração, pode acontecer insuficiência cardíaca e até mesmo morte súbita. Devido a destruição das células nervosas, alguns pacientes precisam usar o marcapasso artificial. FORMA DIGESTIVA Causa destruição dos plexo nervosos que inervam o tubo digestivo, causando alterações nos movimentos peristálticos, retendo o alimento no tubo digestivo, dilatando-o. Os mais comuns são o megaesôfago e o megacólon. Clinicamente isso se apresenta na forma de: Disfagia. Regurgitação. Dor. Soluços. Intensa salivação; Emagrecimento. Colopatias. Constipações. Obstrução. Perfuração. 4 DIAGNÓSTICO As formas de diagnóstico da doença de Chagas depende da fase em que a doença se encontra. FASE AGUDA Na fase aguda é utilizado o exame de sangue a fresco, visualizando o parasito diretamente no sangue a partir do esfregaço. FASE CRÔNICA Na fase crônica são utilizados vários métodos como: Hemocultura do parasito – colhe o sangue e o coloca em um meio que favorece o crescimento desse parasito. Xenodiagnóstico in vivo ou in vitro – coloca-se barbeiros não infectados para sugar o sangue, se a pessoa tiver a forma de tripomastigota sanguínea irá infectar os barbeiros e é observada a forma de tripomastigota metacíclica nas fezes do barbeiro. Xenocultura – coloca-se as fezes do barbeiro em meio de cultura. DIAGNÓSTICO IMUNOLÓGICO E MOLECULAR Também pode-se utilizar o diagnóstico imunológico (pesquisa de anticorpos IgG) e molecular (PCR). EPIDEMIOLOGIA A Doença de Chagas é endêmica na América Latina. São mais de 6 milhões de casos na América Latina. Mais de 70 milhões de pessoas no mundo com risco de contrair. E no Brasil, as regiões Norte (principalmente por causa do consumo de açaí, em que os barbeiros podem estar presentes) e Nordeste são as mais afetadas. PROFILAXIA Melhoria habitacional – construção de casas de alvenaria; Combate ao barbeiro; Manter Triatoma infestans erradicado; Notificar os agentes de saúde; Vigilância alimentar; Educação sanitária; Telar portas e janelas; Evitar entulhos no interior e arredores das casas; Consumir açaí de origem pasteurizada. TRATAMENTO Atualmente só um fármaco é utilizado no tratamento da doença de Chagas, o Benzonidazol. É eficaz na fase aguda, congênita e fase crônica recente (5 a 12 anos de infecção) e nas pessoas que reativaram a fase crônica por uma coinfecção com o HIV. Não é muito eficaz na fase crônica. Além disso, existem estudos com outros fármacos ainda em fase de teste.
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