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UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP EVA APARECIDA DA SILVA RICARDO RASPA TATIANE ALVES PERES PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR – PIM VII VISITA AO CARTÓRIO DE NOTAS MATO GROSSO 2019 EVA APARECIDA DA SILVA RICARDO RASPA TATIANE ALVES PERES PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR – PIM VII VISITA AO CARTÓRIO DE NOTAS Projeto Integrado Multidisciplinar PIM - VII apresentado como estudo completo ao aprendizado nos módulos: Direito de Propriedade e Sucessões, Fundamentos de Direito Empresarial e Fundamentos de Direito Civil no Curso EAD - Superior Tec. em Gestão de Serviços Jurídicos, Notariais e de Registro. MATO GROSSO 2019 RESUMO O presente trabalho de pesquisa PIM VII se trata de Projeto ao qual é realizado a cada bimestre para que se possa permitir aos alunos o trabalho em conjunto das matérias estudadas. Foi pedido para que se fizesse uma visita ao órgão público “Cartório de Notas de Jacareí - SP, de forma que possa ajudar nós alunos a conhecermos mais sobre o trabalho dentro deste órgão. Dentre os temas abordados foram pesquisados nesta visita sobre Inventário, como pode ser feito, se é possivel ser feito em cartório, quais os custos, etc. Palavras-chave: Cartório, Visita, Inventário. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ------------------------------------------------------------------------------05 2. OBJETIVO ------------------------------------------------------------------------------------06 3. METODOLOGIA ----------------------------------------------------------------------------06 4. REFERENCIAL TEÓRICO ---------------------------------------------------------------06 4.1. Breve relato sobre a Instituição do Tabelionato na História e sua Prática no Brasil antigo -------------------------------------------------------------------------------06 4.2. O Tabelionato da Antiguidade à Modernidade --------------------------------------07 4.3. A instituição do tabelionato no Brasil ------------------------------------------------11 4.4. Evolução História dos Cartórios -----------------------------------------------------13 4.5. O Sistema Registral ------------------------------------------------------------------13 4.6. Dos Primeiros Registros e Armazenamentos de Dados no Brasil realizados pela Igreja -----------------------------------------------------------------14 4.7. Fé Pública e Lei dos Cartórios – LNR --------------------------------------------15 5. ENTREVISTA --------------------------------------------------------------------------------15 6. CONCLUSÃO --------------------------------------------------------------------------------20 7. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS ---------------------------------------------------21 5 1. INTRODUÇÃO Para alcançar o objetivo geral deste projeto, adotaram-se os seguintes objetivos específicos: Visita ao Cartório 1º Tabelião de Notas e Protesto de Títulos e Documentos da Comarca de Jacareí, onde foram entrevistados a Auxiliar de Cartório deste ambiente, sendo assim a mesma estava apta a responder as perguntas como: Em qual Cartório de Notas pode ser feito o inventário extrajudicial? Explique? Qual o prazo para abertura do inventário? Qual a consequência jurídica pelo não atendimento do prazo legal? Quais os requisitos necessários para a elaboração do inventário e quais os documentos necessários para a realização de um inventário extrajudicial? Qual o profissional responsável pela elaboração do inventário em cartório? É possivel o reconhecimento de união estável em inventário extrajudicial? Quais os custos envolvidos em um inventário em cartório? Quais as vantagens de um inventário realizado em cartório? Há necessidade de advogado para o inventário realizado em cartório? É possivel inventar extrajudicialmente as quotas da sociedade que eram de propriedade do (a) falecido (a)? Para responder o problema proposto buscou-se como objetivo geral, que a entrevistada se auto avaliasse no que diz respeito ao domínio das competências necessárias para atuar em um Cartório de Notas e de registro. 6 2. OBJETIVO O Objetivo desta pesquisa visa aprimorar o conhecimento e refletir sobre como podemos ser excelentes profissionais atuando na área assim como desenvolver novas habilidades e futuramente contribuir para o desenvolvimento da população. 3. METODOLOGIA A metodologia usada neste trabalho foi o questionário composto por 09 (nove) questões referentes a área jurídica onde a entrevistada devem responder os principais objetivos que levaram auxiliar e trabalhar em um Cartório de Notas. A qual também pudemos obter mais conhecimentos na área de tabelionato, para prestar um serviço de qualidade, desenvolver novas habilidades no atendimento ao público e contribuir para o desenvolvimento da população. 4. REFERENCIAL TEÓRICO 4.1. Breve Relato sobre a Instituição do Tabelionato na História e sua Prática no Brasil Antigo. “Diante desta variedade temática os protocolos notariais surgem como fontes inesgotáveis de documentação aptas para a investigação do terceiro nível. Em seus fundos descansam numerosos assuntos que abrigam os atos de nossos antepassados, visto que nos ofícios dos escrivães, em concreto nas escrituras registradas por eles, ficavam refletidas as debilidades, ambições e paixões de todos os seus clientes” (CRUZ, 1991: 42). Documento público sendo a expressão da última vontade de um indivíduo (REGO, 1783:12). Importante documento para a transmissão de bens, este também possuiu, durante séculos, um caráter soteriológico dentro da crença cristã-católica. Encarado pela Igreja como um forte aliado para a obtenção da salvação da alma dos fiéis, o testamento se tornou fundamental para a obtenção de uma “boa morte” 7 (RODRIGUES, 1997, 151). Segundo David Gonzalez Cruz, incluso em suas análises para a cidade de Huelva – Espanha – garantiu que “o testamento aparece como a escritura notarial por excelência para o estudo da religiosidade e dos costumes sociais”. Porque, para ele existe uma “variedade de informação que oferece sobre diversos aspectos da cotidianidade humana”. Os responsáveis pelo registro, na maioria das vezes, e pela aprovação de tais documentos, foram os tabeliães. Conhecido como um importante agente no registro de documentos que expressam diversos tipos de atos dentro da sociedade contemporânea, o tabelião é, sem dúvidas, alvo de estudos voltados ao campo do Direito. Contudo, tal figura faz-se importante, também, na área da História. Afinal de contas, através do trabalho de tais profissionais podemos utilizar como fontes de pesquisas os documentos redigidos pelos mesmos. Por intermédio de registros como os de batismo, casamento, morte e outros; podemos obter informações que nos auxiliam no conhecimento das práticas humanas na História. Os comportamentos e as costumes diários de homens e mulheres “comuns”, que pertencem a múltiplos segmentos sociais, são revelados, também, através da prática profissional do tabelionato (CRUZ, 1991:44). O início de sua trajetória remete-nos à antiguidade (MACHADO, 1887:11) e, lidando com as devidas alterações, permanece até os dias de hoje. 4.2. O tabelionato da Antiguidade à Modernidade O costume de registrar por escrito, os acordos entre os particulares, data da antiguidade. No Egito, de acordo com o desenvolvimento da escrita, os cargos mais importantes seriam os que lidavam com ela. O escriba era um empregado do aparelho burocrático e as suas competências tinham um caráter indispensável para a sociedade e ele teria antecedido a figura do notário (SERRANO, 1917:10) e (MACEDO, 1974: 1). Segundo Deoclécio Macedo, na Babilônia o código de Hamurabi exibiria o escriba comosendo um homem que se ocupava de transcrever os atos realizados na sociedade. Nesse contexto, segundo o autor, tal ocupação teria um lugar de equivalência, ou quase, ao de um juiz. De forma semelhante, o livro das Leis de Manu – da antiga Índia – conteria insinuações sobre a existência do escriba (MACEDO, 1974: 1). 8 Desde 600 a.C., na sociedade hebraica, a tarefa de receber e selar atos, e redigir contratos competiria a uma espécie de notário, conhecida como escriba. No início dessa função eles fariam, na maior parte das vezes, simples notas ou abreviaturas e cada uma significaria uma palavra específica (ALMEIDA JUNIOR, 1963:7). Os hebreus, no conceito de Deoclécio Macedo, teriam seguido o modelo egípcio quanto ao trabalho dos escribas. Em sua sociedade este cargo seria o responsável pela redação do que lhe fosse incumbido e assim, se identificariam com os doutores da lei. Na sociedade hebraica existiriam diversas categorias dentro de tal ofício: os que trabalhariam diretamente com o rei, os escribas da lei, os escribas do povo e os escribas do Estado. O primeiro tipo de escriba teria como função de certificar os atos e as resoluções reais, já ao segundo caso competiria interpretar a legislação. O terceiro modo de escriba faria algo semelhante aos notários modernos, redigiriam contratos e todos os tipos de convenções entre os particulares (MACEDO, 1974: 1). Além disso, eles se ocupariam em redigir memórias e cartas da população (ALMEIDA JUNIOR, 1963:7). Por último, os que trabalhassem à serviço do Governo teriam funções como, por exemplo, de secretários e de chanceleres (MACEDO, 1974: 1). O tabelionato teria nascido paralelamente ao desenvolvimento da escrita (MACHADO, 1887:11). O nome tabelião teria origem no fato dos homens escreverem em tábuas de cera que recebiam os nomes de “tábula” ou “tabulários”. Os primeiros homens a exercerem tal prática teriam sido os escravos dos patrícios, que acompanhavam seus senhores para escreverem seus pensamentos. Na Roma antiga, os tabeliães costumavam, dentre outras 4 coisas, escrever boletins sobre acontecimentos públicos, casamentos, mortes e etc. (MACHADO, 1887:12-13). Em Memphis, Tebas e demais cidades egípcias os escribas teriam funções semelhantes (SERRANO, 1917:11). Com o passar do tempo, as pessoas que tinham tal ocupação foram necessitando de auxílio em suas funções. Para dar fim a demanda de serviço, os escrivães começaram a ter ajuda dos notários (MACHADO, 1887:12). Arcádio e Honório, dois imperadores romanos, teriam sido os responsáveis pelo fato do cargo de tabelião ter sido instituído como público. Tal ofício deveria ser exercitado de forma gratuita por todo o cidadão (ALMEIDA JUNIOR, 1963:23) e (MACHADO, 1887:16). Segundo Oliveira Machado, a Grécia teria conhecido e desenvolvido sua forma de lidar com os escribas da lei (MACHADO, 1887:12). Entretanto, Deoclécio Macedo explica o fato de que não existiriam indícios sólidos alusivos a uma organização de pessoas ocupadas em lavrar documentações públicas 9 e privadas no mesmo local. Macedo admite que em Atenas não existiria a outorga de contratos sem que os mesmos fossem transcritos nos registros de âmbito público. Contudo, não haveria funcionários que realizassem funções semelhantes às dos notários romanos. Posteriormente, a Grécia bizantina adotaria, com o direito romano, a forma do seu notariado (MACEDO, 1974:1). Em Roma, com o Código de Justiniano, o ofício costumeiro de tabelião acabaria recebendo uma espécie de realce legal: “No século VI, os imperadores Leão I e Justiniano, já reduzidos ao Oriente, voltaram os seus cuidados para a instituição de tabelionato e fizeram-na adquirir maior dignidade e importância. Os tabelliones formaram uma corporação, presidida por um primicerius, e por esta corporação colegial era criados outros tabelliones de reconhecida probidade e peritos na arte de dizer e de escrever” (ALMEIDA JUNIOR, 1963:25). A partir da invasão de povos germânicos o notariado romano, na perspectiva de Deoclécio Macedo, teria ganhado uma renovação. No século XI o notariado receberia um caráter oficial e, com isso, a criação e o provimento dos ofícios passariam a estar integrados ao direito de soberania. Desta maneira, o notário passou a ocupar um lugar privilegiado na sociedade medieval. A partir de então, o notariado latino teria recebido um novo molde dos seus ensinamentos nas universidades. Dentro da escola notarial, possivelmente criada no século XIII, professores acabaram desenvolvendo obras e formulários. Tais trabalhos se espalhariam por toda a Europa, alcançado um grau importante de parâmetro para os tabeliães, tornando-se assim, seus manuais (MACEDO, 1974:2). Estes manuais andaram toda a Idade Moderna e, também, a Contemporânea. Os profissionais encontrariam neles instruções sobre como proceder em diversas situações, modelos de fichas de registros variados, informações sobre as características de um tabelião (suas aptidões, suas obrigações, seus direitos e etc.). Na região da França, o direito romano seria seguido anteriormente à invasão dos povos germânicos. Na opinião de Deoclécio Macedo, o notariado ligado a esse estilo de direito, teria sumido com tais invasões. Na França, diferentemente do que acontecera na Itália, não existiria uma continuidade entre o antigo tabelionato e o notariado formado na alta Idade Média. A partir do século VII escrivães judiciais, 10 conhecidos pelos nomes de notário, teriam sofrido diversas alterações em suas funções e determinações. No século IX, com a legislação carolíngia, um novo vigor teria sido dado à dinâmica das leis e cargos de notários acabaram sendo criados em todos os lugares. Com isso, ordenara-se que todos os bispos, assim como os abades e senhores tivessem os seus notários. Dessa forma, teria acontecido a oficialização da profissão na França. Após a sua regulamentação, o ofício de tabelião utilizado, também, pelos reis, pelos senhores feudais e pelos papas e os seus funcionários teriam jurisdição em todos os territórios (MACEDO, 1974:3). A Espanha acabou sendo regida por diversos códigos legislativos durante as diferentes invasões que tivera sofrido. Na dominação romana, a região era regida pela legislação latina. Já no Reino Visigodo, seria outro tipo de código a ser seguido. Como fora composta por muitos reinos, cada um deles teria a sua própria maneira de registrar os documentos e acordos (MACEDO, 1974:3). São diversos exemplos de locais que, não só usaram o trabalho dos notários e tabeliães, mas desenvolveram e acrescentaram características à esse ofício durante a sua trajetória na história. Cabe agora, voltarmos os olhares para o Brasil e identificarmos algumas características encontradas nesse estudo preliminar sobre a instituição do tabelionato. 4.3. A instituição do tabelionato no Brasil Com uma origem hispânica, a atividade do tabelionato de notas na região de Portugal, teria sido pela primeira vez, rudimentarmente, regulada nos Regimentos dos Tabeliães no século XIV. Em seguida, no século XVII, as Ordenações Filipinas serviriam de norma em Portugal até, praticamente, o século XX. O notariado instalado no Brasil, assim como todas as demais instituições, teve as suas ramificações no tabelionato português. Até a Independência a legislação geral do Reino esteve estabelecida através das Ordenações, das leis extravagantes e, também por intermédio de legislações específicas para a colônia (MACEDO, 1974:7-8). Quando Dom João III conheceu o sistema das Capitanias Hereditárias, teria dado aos donatários, o direito da criação de vilas e também de ofícios de justiça que pertenceriam a elas. Segundo Macedo: “a Carta de Poderes dada a Martim Afonso de Sousa e o Foral de Duarte Coelho, de Jorge de Figueiredo etc., contém o poder de 11 fazerem tabeliães” (MACEDO, 1974:10). O notárioseria o funcionário público que teria sido nomeado legalmente para redigir todo o tipo de contrato e ato que as partes envolvidas quisessem fazer (BOTELHO, 1882:27). Para a investidura do cargo de tabelião, o direito português estipulava que o indivíduo estivesse essencialmente enquadrado em algumas especificações. As primeiras características para que alguém chegasse ao posto de notário seriam: ter “limpeza de sangue”, possuir uma idade a partir dos 25 anos, ter cidadania do Reino, prestar bons serviços, ter recebido uma boa instrução e formação, estar casado, ser idôneo moralmente, ter capacidade física-mental, apresentar folha corrida de isenção de culpa-crime e, finalmente, ser do sexo masculino (MACEDO, 1974:12). Segundo a obra de Joaquim de Oliveira Machado (MACHADO, 1887: 48), teriam outras características que seriam essenciais para que alguém fosse considerado um tabelião com perfeita atuação no Brasil. Isso seria de total importância, pois, no tabelião se encontraria, muitas vezes, a primeira forma de juízo voluntário entre as partes envolvidas nos trâmites (BOTELHO, 1882:25). Para que o profissional demonstrasse ser digno da confiança da sociedade, ele deveria possuir uma postura honesta. O tabelião necessitaria ser um homem que possuísse características como o desinteresse, a generosidade e a compassividade. Desta maneira, ele não cobraria remunerações exorbitantes e prestaria serviços ao pobre gratuitamente, sempre que necessário fosse. Um notário deveria ser diligente, pronto para atender rapidamente aqueles que estivessem impedidos, pelo motivo que fosse, de chegarem aos cartórios. E, da mesma forma, teria que ser ativo para não retardar as tarefas que lhe competissem. O tabelião ainda deveria ser aconselhado na sua forma de agir e na sua maneira de vestir. A benevolência seria uma característica efetiva para demonstrar a educação que caminharia juntamente ao saber. Com isso, o profissional precisaria ser reservado para manter os segredos de seus clientes e austero para recusar propostas que não fossem honrosas (MACHADO, 1887: 48-49). Eles seriam testemunhas dos atos feitos perante a sua presença. Além de serem considerados testemunhas idôneas, os tabeliães de nota interviriam em tais ações garantindo a autenticidade fiscal dos documentos e dos acordos celebrados (BOTELHO, 1882: 25-26). Em um estudo dedicado aos tabeliães na cidade do Rio de Janeiro, Deoclécio Macedo mostra que havia uma tradição dentro das famílias, de boa parte, destes profissionais. O ofício e, por vezes, o ponto de trabalho, eram passados 12 pelas gerações estabelecendo-se, assim, um vínculo com a ocupação. Regressando ao exercício do tabelionato no Brasil, o profissional implantado nessa dinâmica não teria responsabilidade sobre o conteúdo dos documentos com os quais lidaria. Da mesma maneira, não seriam de sua conta os assuntos e o objeto que estivessem em questão e nem as suas consequências. Tais aspectos somente deveriam estar inseridos no enquadramento das legislações vigentes, da moral, dos bons costumes e da religião. Além das questões burocráticas pertinentes ao seu cargo, o notário também deveria exercer uma espécie de aconselhamento de seus clientes, na visão de Antônio Augusto Botelho (BOTELHO, 1882: 26). Aos olhos da sociedade, a tabelião precisava estar sempre pronto, com boa vontade para atender às necessidades de seus clientes assim que fosse procurado. Porém, isso poderia ter algumas exceções. Se o ato estivesse em posição contrária à razão, à moral e aos bons costumes, à religião, à ordem pública e às leis isso poderia ser dispensado pelo profissional. No caso das informações contidas no documento conterem difamação, injúria e calúnia contra qualquer pessoa, o tabelião poderia dispensar o serviço. Quando as partes envolvidas no processo não eram do conhecimento do notário e nem as suas testemunhas – para abonarem a identidade de cada uma das pessoas participantes do ato – o profissional poderia dispensar, da mesma forma, o pedido de atendimento (BOTELHO, 1882: 30). 4.4. Evolução Histórica dos Cartórios Juntamente com a evolução da sociedade, as atividades notariais e registrais evoluíram, profissionalizaram, ofereceram segurança jurídica e ganharam importância social. Desde o início da civilização as atividades cartoriais estiveram presentes na sociedade. No início em menor intensidade, e posteriormente com a evolução da sociedade com maior intensidade. 13 4.5. O Sistema Registral O sistema registral, é posterior e mais moderno ante ao sistema notarial. No Brasil o registro imobiliário teve início por óbvio após o ano de 1500, com o descobrimento, e em momento posterior com a instituição das sesmarias. Com a implantação do sistema sesmarial, foram concedidas terras aos donatários. Autorizando esses, a subdivisão de suas terras em áreas menores. Ocorriam transferências das sesmarias, e na maioria das vezes de maneira informal. Ocorrendo informais situações possessórias. Pois, não existiam registros fidedignos a respeito de propriedade ou de posse. Assim sendo, houve a necessidade da descriminação das terras no País. E para tal, foi entregue à Igreja Católica a confecção de um inventário em forma de registro de terras de suas freguesias. Considerando que cada freguesia existia uma Igreja, e os moradores dessas freguesias deveriam comparecer para declarar sua propriedade ou sua posse. Desse modo, surgindo a figura do Registro Paroquial ou do Vigário. 4.6. Dos Primeiros Registros e Armazenamentos de Dados no Brasil realizados pela Igreja Os registros paroquiais de batismos, casamentos e óbitos ganharam força a partir do Concílio de Trento, na Itália, realizado de 1646 a 1663, e passaram a ocupar lugar de destaque no desenvolvimento historiográfico, principalmente na demografia. No Brasil, com o advento da República (1889) e a separação entre Estado e Igreja formalizou-se os cartórios de Registro Civil das Pessoas Naturais. Até então, os nascimentos, casamentos e óbitos eram registrados pelas paróquias. O casamento civil foi iniciado no Brasil só no final do século XIX, com a Proclamação da República. Antes disso, só havia casamento religioso. Até o ano de 1.889 com Proclamação da República, no Brasil, era função do Estado constituir as paróquias, nomear padres e remunerar parte do clero. Cabia-lhe ainda a corresponsabilidade na construção e preservação dos templos católicos, além de manter a decência do culto, e do ritual católico. 14 A partir de 1836, cada clérigo[3] tinha, por lei, a obrigação de enviar semestralmente ao governo provincial mapas dos nascimentos (batismos), casamentos e óbitos de sua paróquia. O batistério de antigamente, emitido pela igreja Católica, registrava o nascimento, é semelhante a nossa atual certidão de nascimento emitido pelo cartório, RCPN - Registro Civil das Pessoas Naturais. Nos dias atuais, em cada sede municipal haverá no mínimo um registrador civil das pessoas naturais, e nos municípios de significativa extensão territorial, a juízo do respectivo Estado, cada sede distrital disporá no mínimo de um registrador civil das pessoas naturais, conforme art. 44, §§ 2º e 3º da Lei 8.935/1994 [4], Lei dos Notários e Registradores (Lei dos Cartórios). 4.7. Fé Pública e Lei dos Cartórios - LNR Em 1994, entrou em vigor a lei federal nº 8.935 - Lei dos Serviços Notariais e de Registros. Essa norma cumpriu o determinado no art. 236[5] da Constituição da República, disciplinado as atividades notariais e de registro em todo o País. A frente desses serviços (“cartórios”), sempre está um delegatário. Agente delegado esse que é pessoa física que, ingressa por concurso público, exerce profissionalmente as atividades notariais e de registro. Também, devendo possuir o curso superior em Direito. Desse modo,evitando que a delegação seja outorgada a pessoas que não possuam o conhecimento jurídico formal. Vale salientar, que as definições contidas nos artigos 1º e 3º da Lei 8.935/1994 elucida as características dos profissionais que exercem as atividades de notários e registradores com a definição da natureza e fins, inclusive, quanto a dotação de fé pública. Destarte, os atos dos notários, tais como certidão, escritura pública, e dos registradores, tais como registro da matricula de imóvel, são detentores de fé pública. Garantidos pela Lei federal 8.935/1994, que regulamentou o comando constitucional do art. 236 da CF/1988. Conforme os artigos 3º e 6º da 8.935/1994 - LNR – a nomenclatura correta para os delegatários e titulares de serviços notariais e de registro são: http://www.jusbrasil.com.br/topicos/11294187/artigo-44-da-lei-n-8935-de-18-de-novembro-de-1994 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/11294125/par%C3%A1grafo-2-artigo-44-da-lei-n-8935-de-18-de-novembro-de-1994 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/11294086/par%C3%A1grafo-3-artigo-44-da-lei-n-8935-de-18-de-novembro-de-1994 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/103881/lei-dos-not%C3%A1rios-e-registradores-lei-8935-94 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/103881/lei-dos-not%C3%A1rios-e-registradores-lei-8935-94 15 TABELIÃO ou Notário para o titular do cartório de notas (notário), e tabelião de protesto. OFICIAL DE REGISTRO ou Registrador para o titular do cartório de registro de: imóveis, ou pessoas, ou títulos e documento. 5. ENTREVISTA NO CARTÓRIO A entrevista foi realizada no Cartório 1º Tabelião de Notas e Protsto de Títulos e Documentos da Comarca de Jacareí – SP com a Auxiliar de Cartório Julie Cristine Marques Moreira que relatou que o Cartório existe desde 1819 na Cidade de Jacareí - MT, e vem desenvolvendo vários serviços à população de Jacareí - SP, de modo a prestar serviços de qualidade com eficiência a todo cidadão que precise de atendimento que o cartório oferece, a empresa tem como valores a segurança jurídica prestando um serviço eficaz ao cliente e integridade com uma conduta reta, imparcial e honesta dos colaboradores. O objetivo principal do tabelionato é buscar constante investimento tecnológico e capacitação dos colaboradores, para prestar um atendimento eficiente, oferecendo conforto, segurança e agilidade aos clientes, tendo como pilares o comprometimento com a ética e a transparência nas relações, atendimento às leis e normas regulamentares, bem como a melhoria continua no sistema de gestão da qualidade, porem a missão do cartório é oferecer segurança jurídica, por meio de uma gestão empresarial e social comprometida, sempre buscando a excelência na prestação do serviço. O Cartório possui 25 funcionários incluindo a tabeliã e a auxiliar de Cartório trabalhando na área de escrituras, inventários, divórcios, protestos, autenticações, reconhecimentos de firma, dentre outros documentos em geral, a prioridade é a elaboração de documentos e atendimentos Segue abaixo os dados conclusos relatados pelo Cartório ao qual visitamos: 1) Em qual Cartório de Notas poderá ser feito o inventário extrajudicial? Explique. Inventário Extrajudicial pode ser realizado em qualquer cartório de notas do país. 16 2) Qual o prazo para a abertura do inventário? Qual a consequência jurídica pelo não atendimento do prazo legal? O código Civil art. 611 prevê o período de 2 meses a contar da abertura da sucessão. Sendo quando extrajudicial pela data do óbito. 3) Quais os requisitos necessários para a elaboração do inventário e quais os documentos necessários para a realização de um inventário extrajudicial? Todos os Herdeiros serem maiores e capazes, e ser consensual e não haver testamento Documentos necessários: 1) Cópia simples da Certidão de Óbito do de cujus; 2) Cópias simples do RG e CPF do de cujus, do cônjuge sobrevivente (se houver), e dos herdeiros e seus respectivos cônjuges (se forem casados); 3) Cópia da Certidão de Casamento do de cujus (se casado) e de casamento dos herdeiros (se casados) ou de nascimento do de cujus e dos herdeiros (se solteiros), todas atualizadas - 90 dias; 4) Pacto antenupcial se houver, registrado no Registro de Imóveis do primeiro domicílio do casal; 5) Relação com os endereços completos das partes e respectivas profissões, e- mail de cada um; 6) Certidão Negativa de Débitos da Receita Federal do CPF do de cujus (www.receita.fazenda.gov.br); 7) Certidão Negativa de Testamento emitida pelo Colégio Notarial do Brasil (www.buscatestamento.org.br); 8) Certidão da matrícula/transcrição dos imóveis (atualizada até 30 dias) emitida pelo Registro de Imóveis correspondente (em Jacareí: na Rua XV de Novembro, em frente ao Fórum); 9) Certidão Negativa de Tributos Municipais dos Imóveis (em Jacareí: www.jacareisp.gov.br); 17 10) Certidão do Valor Venal dos Bens imóveis ou cópia do carnê de IPTU (ano do óbito e ano corrente); 11) Documentos de titularidade dos bens móveis (veículos, aplicações, etc) e respectivos valores de mercado; 12) Em caso de empresa: (1) cópia autenticada do contrato social e alterações; (2) Certidão Negativa da Receita Federal; (3) último balanço patrimonial (com o valor do patrimônio líquido da empresa); 13) Cópia da última Declaração de Imposto de Renda do de cujus e de seu cônjuge (se houver); 14) Certidão de Inventários, Arrolamentos e Testamentos ON LINE em nome do de cujus (https://esaj.tjsp.jus.br); 15) DECLARAÇÃO DO ITCMD, com as devidas guias quitadas. 16) Cópia da OAB e qualificação do advogado acompanhante. 17) Extratos Bancários de contas/aplicações na data do Obito para partilha dos valores retidos/bloqueados. Se imóvel rural, mais: 1) Certidão Negativa da Receita Federal (www.receita.fazenda.gov.br); 2) Cópia do CCIR 2018 (Certificado de Cadastro de Imóvel Rural - INCRA); 3) Cópias completas das Declarações de ITR (ano do óbito e última declaração). Observação: As partes podem ser representadas por procuração pública com poderes especiais. 4) Qual o profissional responsável pela elaboração do inventário em cartório? Escreventes autorizados ou Tabelião 18 5) É possível o reconhecimento de união estável em inventário extrajudicial? Sim é possível desde que os herdeiros reconheçam e a companheira(o) 6) Quais os custos envolvidos em um inventário em cartório? Escritura, recolhimento de ITCMD e registro quando envolve bens imóveis. 7) Quais as vantagens de um inventário realizado em cartório? Ser concluído com um prazo mais curto 8) Há necessidade de advogado para o inventário realizado em cartório? Sim 9) É possível inventariar extrajudicialmente as quotas da sociedade que eram de propriedade do(a) falecido(a)? Sim é possível 19 6. CONCLUSÃO Este trabalho possibilitou entender um pouco sobre mais sobre a história e surgimento dos Cartórios. Os tabeliães foram figuras que nasceram na história quase que juntamente ao surgimento da escrita. Desde antigamente as funções básicas destes trabalhadores eram as de registrar e contar pactos, pensamentos, conversas e demais tipos de ações. Algumas de suas características sofreram mutações de acordo com o tempo e o local aonde eram utilizadas, mas este ofício permaneceu até os dias de hoje, sendo estudado por diversos campos do conhecimento. Por fim, pode-se concluir que este trabalho tem um caráter ainda não profundo. Um trabalho produzido com intuito de aprimoramento do aprendizado estudo nas disciplinas deste semestre, com um estudo mais aprofundado no Cartório de Notas e Registros. 20 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA JÚNIOR, João Mendes de. Órgãos da fé pública. São Paulo: Saraiva, 1963.BOTELHO, Antonio Augusto. Roteiro dos escrivães e tabeliães. Rio de Janeiro, B.L. Garnier: 1882. MACEDO, Deoclécio Leite de. Notariado. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 1974. MACHADO, Joaquim de Oliveira. O notariato no Brazil e a necessidade de sua reforma. Rio de Janeiro, B.L. Garnier: 1887. RODRIGUES, Claudia. Lugares dos mortos na cidade dos vivos: tradições e transformações fúnebres no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Secretaria Municipal de Cultura, Departamento Geral de Documentação e Informação Cultural, Divisão de Editoração, 1997. ________. Nas fronteiras do além: a secularização da morte no Rio de Janeiro (séculos XVIII e XIX). Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2005. SERRANO, Jonathas. O notariado, importância jurídica e social, origem histórica, evolução. Rio de Janeiro, Imp. Nacional: 1917. VILAR, Hermínia Vasconcelos. Rituais da morte em testamentos dos séculos XIV e XV (Coimbra e Santarém). In: MATTOSO, José (org.) O reino dos mortos na Idade Media Peninsular. Lisboa: Edições João de Sá da Costa, 1996.