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Anti-Inflamatórios Não Esteroidais (AINES) Química e Farmacocinética Os AINES possuem algumas características em comum: Boa absorção. Biodisponibilidade não é alterada pela presença de alimento. Metabolizados em fase 1 e 2. Com raras exceções somente para a fase 2. São metabolizados pelas: CYP3A ou CYP2C das enzimas hepáticas P450. Sofrem graus variáveis de excreção biliar e reabsorção (circulação êntero- hepática), mecanismo de irritação gástrica. Alta ligação com proteínas plasmáticas, principalmente albumina Podem ser misturas racêmicas (ibuprofeno, cetoprofeno) ou enantiômero individual (diclofenaco). Fármacos com meias-vidas curtas permanecem mais tempo nas articulações. Farmacodinâmica Atuam como inibidores da biossíntese da prostaglandina. E, como mecanismo adicional: inibição da quimiotaxia, infrarregulação da produção de interleucina (IL-1), produção diminuída de radicais livres e superóxido, além da interferência nos eventos intracelulares mediados pelo cálcio. Os inibidores seletivos da COX-2 não afetam a função plaquetária, causado pelos inibidores da COX-1. Porém, isso aumenta a incidência de edema, hipertensão e infarto. Os AINEs diminuem a sensibilidade dos vasos sanguíneos à bradicinina e histamina, afetam a produção de linfocina pelos linfócitos T e revertem a vasodilatação da inflamação. Os AINEs são graus variados de analgésicos, anti-inflamatórios, antipiréticos, anti-agregação plaquetária. Causam irritação gástica, úlcera, sangramente. Possuem nefrotoxicidade. Efeitos Colaterais Sistema Nervoso Central Cardiovasculares Cefaleia, zumbidos, tontura Retenção hídrica, hipertensão, edema, infarto e insuficiência cardíaca (os dois são raros). Gastrintestinais Dor abdominal, displasia, náuseas, vômitos, úlceras ou sangramentos. Hematológicos Raramente, trombocitopenia, neutropenia, anemia aplásica. 1 Anti-Inflamatórios Não Esteroidais (AINES) 2 Hepáticos Funções hepáticas anormais Pulmonares Asma Cutâneos Exantemas de todos os tipos, prurido Renais Insuficiência renal, falência renal, hiperpotassemia, proteinúria Ácido Acetilsalicílico Farmacocinética Ácido orgânico de pKa 3,5. Sofre hidrólise a ácido acético e salicilato, pelas esterases sanguíneas. Urina alcalina aumenta a taxa de excreção de salicilato livre e de seus conjugados hidrossolúveis. Mecanismo de Ação Inibição da COX plaqutária, sendo que o efeito dura de 8 a 10 dias (tempo de sobrevida da plaqueta). Usos Clínicos Diminui a incidência de ataques isquêmicos transitórios, angina instável, trombose da artéria coronária e trombose após enxerto de derivação da artéria coronária. Efeitos Colaterais Em doses antitrombóticas pode ocorrer desconforto gástrico, úlceras gástricas e duodenais. Os demais efeitos são raros. Não é indicado para pacientes com hemofilia. Pode ser indicado no tratamento de pré- eclâmpsia. Salicilatos não acetilados Salicilato de colina e magnésio, salicilato de sódio e salicilsalicilato. Esses fármacos são anti-inflamatórios com menor efeito analgésico. São fármacos que não inibem a COX, portanto são indicados para pacientes com asma, com tendências hemorrágicas e com disfunção renal. Os salicilatos não acetilados são administrados em doses de 3-4g/dia. Inibidores seletivos da COX-2 Foram criados com o intuito de inibir a síntese de prostaglandinas pela COX-2, sem afetar a COX-1, encontrada no Trato Gatrintestinal, rins e plaquetas. Em doses habituais, não há impactos na agregação plaquetária (mediada pelo tromboxano produzido pela COX-1). Inibem a síntese de prostaciclina mediada pela COX-2 no endotélio vascular, não é cardioprotetor, apresenta toxicidade renal. Anti-Inflamatórios Não Esteroidais (AINES) 3 Celecoxibe: Cerca de 10-20 vezes mais seletivo para COX-2 do que para COX-1. Está associado a menos úlceras endoscópicas, mas pode causar exantemas cutâneos por ser uma sulfonamida. Não afeta agregação plaquetária. Interagem com a varfarina por ser metabolizado pela CYP2C9. Meloxicam: Enolcarboxamida + piroxicam. Inibe preferencialmente a COX-2, na dose terapêutica mais baixa, de 7,5mg/dia. Está associado a menos sintomas gastrintestinais clínicos. Inibe a síntese do tromboxano A2, mesmo em doses supraterapêuticas, porém não há diminuição da função plaquetária. Inibidores não seletivos da COX Diclofenaco: A ulceração gástrica é menos frequente que em outros AINES. Associações: diclofenaco + misoprostol = menos ulceração, porém, mais diarreia. Diclofenaco + omeprazol = prevenção de sangramento recorrente, porém mais riscos de efeitos colaterais renais. Uma dose de 150mg/dia pode comprometer o fluxo sanguíneo renal e a taxa de filtração glomerular. Pode ocorrer também a elevação dos níveis séricos das aminotransferases. Diflunisal: É derivado do Ácido salicílico. Faz o ciclo êntero-hepático, com reabsorção do metabólito glicuronídeo clivagem liberação do composto ativo novamente. É considerado efetivo para alívio de dor de câncer com metástase óssea e para o controle da dor na cirurgia dentária. Sua depuração depende da função renal e do metabolismo hepático, portanto, deve- se ter especial atenção a pacientes com essas funções comprometidas. Etodolaco: Derivado racêmico do ácido acético, com meia-vida intermediária. A dose analgésica é de 200-400 mg, 3-4 vezes ao dia. Flubiprofeno: Derivado do ácido propiônico, cujo mecanismo de ação é mais complexo. O enantiômero (S) (-) inibe a COX de modo não seletivo. O fármaco pode afetar a síntese de TNF- alfa e óxido nítrico. Metabolismo hepático é extenso e diferente entre os enantiômeros, além de não ocorrer circulação êntero-hepática. Apresenta efeito analgésico quando administrado via intravenosa. Anti-Inflamatórios Não Esteroidais (AINES) 4 Ibuprofeno: Derivado do ácido fenilpropiônico. Uma dose de 2400mg equivale a 4mg de ácido acetilsalicílico. O ibuprofeno oral, é prescrito em doses menores, com efeito analgésico e não anti-inflamatório. É efetivo no fechamento do canal arterial em prematuros, com a mesma eficácia e segurança da indometacina. Em comparação com este fármaco, o ibuprofeno diminui menos o débito urinário e provoca menos retenção hídrica. Ibuprofeno + ácido acetilsalicílico (AAS) = antagonização da inibição plaquetária irreversível induzida pelo ácido acetilsalicílico. Pode limitar os efeitos cardioprotetores do AAS. Indometacina: Derivado indólico. Além da COX, inibe as fosfolipases A e C, reduz a micração de neutrófilos e diminui a proliferação de células T e B. É usada para acelerar o fechamento do canal arterial. Pode ser indicada para inflamação conjuntival, inflamação gengival. Entre os efeitos colaterais gastrintestinais pode ser incluído pancreatite. Cetoprofeno: Derivado do ácido propiônico. Inibe a COX e a lipoxigenase. Cetoprofeno + probenecida eleva os níveis de cetoprofeno e prolonga sua meia-vida plasmática. Entre os efeitos colaterais, pode afetar o Sistema Nervoso Central. Nabumetona AINE não ácido. Trata-se de um profármaco cetona. Meia-vida de 24h. Aparentemente não sofre circulação êntero-hepática. Como efeito colateral, pode estar associada a pseudoporfirina e fotossenssibilidade. Oxaprozina: Derivado do ácido propiônico. Meia-vida de 50-60h, mas o fármaco não sobre circulação êntero-hepática. A oxaprozina é levemente uricosúrica. Piroxicam: Em altas concentrações inibe a migração dos leucócitos polimorfonucleares, diminui a produção de radicais de oxigênio e inibe a função dos leucócitos. Meia-vida permite administração única ao dia. Associadoa úlcera péptica. Anti-Inflamatórios Não Esteroidais (AINES) 5 Sulindaco: Profármaco sulfóxido. É metabolizado de modo reversível ao metabólito sulfeto ativo, é excretado na bile e, em seguida, reabsorvido pelo intestino. O ciclo êntero-hepático prolonga a duração de ação para 12-16h. Suprime a polipose intestinal familiar, o desenvolvimento de câncer de cólon, mama e próstata. Suas reações adversas incluem: síndrome de necrólise epidérmica de Stevens-Johnson, trombocitopenia, agranulocitose e síndrome nefrótica. KATZUNG, Bertram. Farmacologia básica e clínica. 13. Porto Alegre AMGH 2017 1 recurso online ISBN 9788580555974.
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