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Ciclo 3 Dualidades existenciais_ imanência e transcendência; condicionamento e liberdade Antropologia, Ética e Cultura

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11/02/2021 Ciclo 3 – Dualidades existenciais: imanência e transcendência; condicionamento e liberdade – Antropologia, Ética e Cultura
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ANTROPOLOGIA, ÉTICA E CULTURA
CICLO 3 – DUALIDADES EXISTENCIAIS: IMANÊNCIA E TRANSCENDÊNCIA;
CONDICIONAMENTO E LIBERDADE
  
Everton Luis Sanches
INTRODUÇÃO
O ciclo anterior explorou como nos organizamos para viver na sociedade atual, dentro do sistema econômico predominante no planeta,
considerando os desafios que ele impõe. A análise partiu das seguintes perguntas: O que motiva a sua existência na condição de ser humano? O que motiva
você a viver? O que faz com que você se levante? Qual é a sua motivação para sair de sua cama e se precipitar a ocupar o seu lugar no mundo?
Resumidamente, traçamos as seguintes respostas:
Uma das principais motivações é a busca por condições financeiras de sobrevivência. Assim, o aspecto econômico é fundamental para a definição das metas das
pessoas, do que elas fazem e de como vivem.
No mundo globalizado, em que se estabeleceu um mercado de ampla concorrência, o grau de inserção social de cada um depende da sua capacidade de
despertar o desejo do consumidor, tornando-se a própria pessoa uma mercadoria.
As relações entre as pessoas têm sido orientadas pelos critérios de consumo, acompanhando, assim, as oscilações do mercado e se guiando pela lei da oferta e
da procura.
A expectativa dentro da dinâmica de mercado é que a pessoa não estabeleça vínculos profundos que a prendam em um lugar, situação ou relacionamento.
Dessa maneira, ela permanecerá livre para mudar e assumir a forma necessária a cada momento, comportando-se de forma análoga aos líquidos, que assumem
https://mdm.claretiano.edu.br/anteticul-g00146-2021-01-grad-ead
https://mdm.claretiano.edu.br/anteticul-g00146-2020-01-grad-ead/2019/11/01/ciclo-2-o-conceito-de-pessoa/
11/02/2021 Ciclo 3 – Dualidades existenciais: imanência e transcendência; condicionamento e liberdade – Antropologia, Ética e Cultura
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a forma do recipiente que os contém.
A dinâmica de mudanças constantes que se estabeleceu com o processo de modernização da sociedade resultou num estado de permanente incerteza, em que
as pessoas se tornaram vulneráveis e facilmente influenciáveis.
A busca por objetivos materiais e a ambição por poder podem ser resultado da dificuldade ou impossibilidade de satisfazer, por meio da afeição, a ansiedade
oculta em cada pessoa.
A sociedade de consumo tem se organizado de maneira compulsiva, de modo que as pessoas, enquanto consumidores,
procuram compulsivamente, cada vez mais, experiências de consumo. Assim, as sensações geradas pelo consumo importam
mais que os serviços e produtos negociados.
De acordo com Lasch (1986), os padrões de consumo são ditados pela mídia, ensejando modismos e padrões de comportamento, de modo que o ser humano
capitalista passa a ser definido pelo impulso à competição a partir das relações de consumo. Isso impacta indivíduos, sociedade e meio ambiente.
Como resposta aos desafios elucidados, os autores apontaram:
os processos de modernização identificados a partir do período moderno afetaram a psique, de maneira que é necessário considerar simultaneamente
processos pessoais e coletivos na busca de equilíbrio (HORNEY, 1964; JUNG, 1988);
a organização das classes sociais permite o reconhecimento do lugar do indivíduo, desde que isso signifique transformação enquanto exercício da
liberdade (LASCH, 1986);
diante da dificuldade de construção de sentido localmente, uma vez que as principais decisões são tomadas de acordo com o mercado global, questionar
as bases de nosso modo de vida é uma contribuição fundamental para cada um de nós e para todos os seres humanos (BAUMAN, 1999).
Tal percurso constituiu uma perspectiva sincrônica, ou seja, estabeleceu a simultaneidade dos processos de construção e desintegração da Pessoa Humana na
sociedade contemporânea, considerando a modernização e seus resultados. Ao fazê-lo, também abordamos as formas de lidar com tais resultados, de acordo
com os autores estudados.
Todavia, passaremos a tratar mais apuradamente de como podemos afirmar plenamente a existência da pessoa humana, exercendo a liberdade diante dos
diversos condicionamentos socioculturais que enfrentamos. Assim, vamos partir das seguintes perguntas: como ser livre e enfrentar a problemática humana que
se impõe sobre cada um de nós? Como enfrentar situações trágicas ou de privação e permanecer livre?
Para tanto, faremos um percurso menos conceitual e mais prático, incluindo um sucinto estudo comparativo de dois casos de superação à hostilidade extrema.
Vamos lá!
11/02/2021 Ciclo 3 – Dualidades existenciais: imanência e transcendência; condicionamento e liberdade – Antropologia, Ética e Cultura
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  ENTRE A HUMANIZAÇÃO E A REIFICAÇÃO
CASO 1: VIKTOR FRANKL (1905-1997) – UM PSICÓLOGO NUM CAMPO DE CONCENTRAÇÃO
Identificado como prisioneiro n.º 119104, Viktor Frankl registrou, em 1945, suas memórias do holocausto, em seu livro Em busca de sentido. Enquanto psicólogo,
considerou importante sua iniciativa, a qual ele descreveu da seguinte maneira, no prefácio da edição de 1984:
Havia querido simplesmente transmitir ao leitor, através de exemplos concretos, que a vida tem um sentido potencial sob quaisquer circunstâncias,
mesmo as mais miseráveis. E considerava que, se a tese fosse demonstrada numa situação tão extrema como a de um campo de concentração, meu
livro encontraria um público. Consequentemente, me senti responsável pela tarefa de colocar no papel o que eu havia vivido. Pensava que poderia ser
útil a pessoas que têm inclinação para o desespero (FRANKL, 1987, p. 4).
Dica: Você pode encontrar a versão em PDF da edição de 1987 do livro Em busca de sentido: um psicólogo no campo de
concentração, de Viktor Frankl, disponível para download gratuito em alguns sites, ou adquirir edições mais recentes do livro
impresso.
Viktor Frankl (1987) descreveu no livro a experiência de ter vivido num campo de concentração, com as privações físicas e psicológicas oriundas de não ser
considerado um ser humano. De acordo com ele, as reações mais comuns naquele contexto, diante da doença, sujeira e penúria, podem ser traduzidas em
algumas etapas ou estados: inicialmente, almeja-se sair do sofrimento, é alimentado algum tipo de esperança; em seguida, as ilusões vão se desfazendo, e o
humor torto, sombrio e ácido começa a tomar conta das conversas, assim como a curiosidade, em piadas bastante controversas; depois, vem a apatia e a
irritabilidade, em que a indiferença prevalece. Ocasionalmente, surgia a curiosidade sobre como o corpo vai reagir às intempéries. Interiormente, questionava-se
sobre quanto tempo mais conseguiria resistir.
Frankl (1987, p. 15) definiu a apatia como um estado em que notícias ruins, pessoas morrendo na câmara de gás, tortura e qualquer forma de sofrimento alheio
não faz diferença: “A pessoa, aos poucos, vai morrendo interiormente”.
Quanto ao humor ácido, diante do risco iminente de morrer na câmara de gás ou ser surpreendido por uma agressão inesperada, piadas bastante inusitadas e
insólitas eram trocadas entre os prisioneiros:
Debaixo do chuveiro fazemos comentários engraçados, que pretendem ser gracejos. Em atitude meio forçada, cada qual se diverte primeiro consigo
mesmo, depois também com os outros. Afinal, do chuveiro realmente sai água! (FRANKL, 1987, p. 13).
http://institutoviktorfrankl.com.br/sample-page-2-2/
https://www.historiadomundo.com.br/idade-contemporanea/campos-concentracao-nazistas.htm
11/02/2021 Ciclo3 – Dualidades existenciais: imanência e transcendência; condicionamento e liberdade – Antropologia, Ética e Cultura
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Ainda assim, diante desse cenário, a dor pela injustiça frequentemente dilacerava o interior de quem seguia vivo, suplantando mesmo as dores físicas:
A dor física causada por golpes não é o mais importante por sinal, não só para nós, prisioneiros adultos, mas também para crianças que recebem castigo
físico! A dor psicológica, a revolta pela injustiça ante a falta de qualquer razão é o que mais dói numa hora dessas. Assim é compreensível que um golpe
que nem chega a acertar eventualmente pode doer até muito mais (FRANKL, 1987, p. 17).
Dentro dos campos de concentração, havia, ainda, a figura dos Capos, que eram prisioneiros com privilégios, aqueles que vigiavam os demais prisioneiros e, por
isso, tinham melhores condições de vida:
[...] os Capos não passavam mal. Houve até alguns que nunca se alimentaram tão bem em sua vida. Do ponto de vista psicológico e caracteriológico,
este tipo de pessoas deve ser encarado antes como os SS ou os guardas do campo de concentração. Os Capos tinham se assemelhado a estes,
psicológica e sociologicamente, e com eles colaboravam. Muitas vezes eram mais rigorosos que a guarda do campo de concentração e eram os piores
algozes do prisioneiro comum, chegando, por exemplo, a bater com mais violência que a própria SS. Afinal, de antemão somente eram escolhidos para
Capos aqueles prisioneiros que se prestavam a este tipo de procedimento; e caso não fizessem jus ao que deles se esperava, eram imediatamente
depostos (FRANKL, 1987, p. 5-6).
PRONTO PARA SABER MAIS?
SS é a abreviação de Schutzstaffel, que era considerada uma tropa de elite nazista, cujos soldados comandavam os campos de concentração e era
encarregada de exterminar os grupos étnicos que não fossem arianos.
Para saber mais, clique no botão ao lado e boa leitura!
Clique Aqui
Frankl (1987) considerou que a inclinação de alguns prisioneiros a exercerem funções que vitimavam os demais – mesmo estando todos sob o julgo dos
soldados nazistas – constituía uma espécie de compensação ao sentimento de inferioridade. Ele citou, inclusive, o exemplo do presidente de um banco que se
tornou um prisioneiro comum, mas, em seguida, foi “promovido” à condição de Capo.
De todo modo, ainda assim, era possível estabelecer algum tipo de camaradagem com os Capos.
https://www.infoescola.com/segunda-guerra/ss-schutzstaffel/
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Um Capo do meu grupo de trabalho se mostrava muito reconhecido para comigo. Passei a ser seu protegido desde quando lhe dera atenção ao me
contar seus casos amorosos e conflitos matrimoniais durante a marcha de várias horas rumo ao local da obra; fi-lo com visível compreensão profissional
e impressionei-o com uma diagnose caracterológica sobre a sua pessoa e alguns conselhos psicoterapêuticos. Desde então ele me era muito grato. Já
fazia vários dias que sua gratidão me era de grande valia (FRANKL, 1987, p. 18).
Todavia, depois de detalhar diferentes aspectos da rotina dos campos de concentração, Viktor Frankl (1987, p. 73) teceu algumas conclusões acerca do ser
humano, das suas reações diante de fatores externos que condicionam a sua vida e de seu exercício da liberdade. Ele esclareceu que: “Sem dúvida, o ser
humano é um ser finito e sua liberdade é restrita. Não se trata de estar livre de fatores condicionantes, mas sim da liberdade de tomar uma posição frente aos
condicionantes”.
Desse modo, o autor defendeu que as condicionantes biológicas, psicológicas e sociais interferem na liberdade da Pessoa Humana, impondo limites e, muitas
vezes, gerando imensas dificuldades. Mas, dentro dessas limitações, diante de tais condicionantes e conforme elas permitem, as escolhas são feitas.
Como eu disse certa vez: “Sendo professor em dois campos, neurologia e psiquiatria, sou plenamente consciente de até que ponto o ser humano está
sujeito às condições biológicas, psicológicas e sociológicas. Mas além de ser professor nestas duas áreas sou um sobrevivente de quatro campos –
campos de concentração – e como tal também sou testemunha da surpreendente capacidade humana de desafiar e vencer até mesmo as piores
condições concebíveis” (Value Dimensions in Teaching, um filme colorido para televisão produzido por Hollywood Animators, Inc., para California Junior
College Association) (FRANKL, 1987, p. 73).
Considerando toda a sua bagagem – pessoal e acadêmica – Frankl, em sua obra Sede de sentido (consideramos a edição de 2016), contrariou as definições de
Sigmund Freud e traçou uma percepção da Pessoa Humana que vai além dos estímulos condicionadores do instinto ou da busca por poder. O poder, para ele,
indica a possibilidade de efetivar um sentido que traz a sensação de prazer e realização. Isso implica que a satisfação real e profunda não é alcançada quando se
obtém poder ou quando os impulsos do instinto são saciados, mas, sim, quando há um sentido elevado para a vida.
Ao analisar 20 profissionais graduados em Harvard, Frankl (2016) constatou que eles declaravam, 20 anos após se formarem que, apesar de suas carreiras de
sucesso, estavam desesperados ou simplesmente não identificavam a função/sentido do próprio sucesso.
Por outro lado, entre muitos casos semelhantes, Frankl (2016, p. 43) destacou o prisioneiro n.º 020640 da penitenciária de Baltimore, que lhe escreveu uma carta
declarando que, mesmo “[...] totalmente arruinado no aspecto financeiro e cumprindo pena de prisão”, ele havia conseguido encontrar “o verdadeiro sentido” para
sua vida.
Podemos identificar tal fenômeno, didaticamente, na Figura 1, sobre as dimensões do existir humano.
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Fonte: Frankl (2016, p. 44). 
Figura 1 Dimensões do existir humano.
http://mdm.claretiano.edu.br/anteticul-g00146-2020-01-grad-ead/wp-content/uploads/sites/379/2020/03/IMG01.png
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Concluindo, enquanto a dimensão do homo sapiens (linha horizontal do quadro), conforme definiu Frankl (2016), se orienta entre o fracasso e o sucesso, a
Pessoa Humana somente conseguirá realização plena na dimensão do homo patiens (linha vertical), em que a organização da vida se volta para a construção de
sentido. Assim, quem não busca sentido pode obter sucesso e permanecer desesperado, enquanto aqueles que constroem sentido conseguem se realizar
mesmo quando passam por privações.
É muito importante destacar que Frankl não defende que somente pessoas que não possuem sucesso conseguem ter sentido para a vida. Apenas indica que,
nos casos pesquisados por ele, o sucesso não garantiu realização, de modo que a busca por sentido é fundamental para todos nós, mesmo que implique, em
algum momento, em repensar questões que envolvam a busca por sucesso. Desse modo, muitas vezes, o sofrimento pode propiciar a busca de sentido, mas
também não é indicado que precisemos sofrer tanto para isso. Trata-se de se equilibrar em meio às duas dimensões apontadas.
TESTE SEUS CONHECIMENTOS
Agora, sugerimos que teste seus conhecimentos acercados conteúdos estudados, respondendo à questão a seguir.
Dando continuidade aos nossos estudos, acompanhe, agora, o segundo caso, de Bert Hellinger.
CASO 2: BERT HELLINGER (1925-2019) – UM LUGAR PARA OS EXCLUÍDOS
Viktor Frankl (1987), ao falar do comportamento das pessoas no campo de concentração durante a Segunda Guerra Mundial(1939-1945), citou o exemplo do
presidente de um banco que se tornou um prisioneiro comum, mas em seguida se “promoveu” à condição de Capo. Contudo, o autor citou esse exemplo
para explicar um tema específico, a saber:
 Nenhum prisioneiro queria ser vítima e nem prejudicaria deliberadamente outro prisioneiro.
 As pessoas que tinham maior riqueza antes da guerra eram privilegiadas, mesmo sendo prisioneiros.
 Frankl (1987) fez menção ao conceito marxista de desigualdade social, aplicando-o ao contexto do fascismo.
 Frankl (1987) considerou que a inclinação de alguns prisioneiros a exercer funções que vitimavam os demais – mesmo estando ambos sob o mesmo
julgo dos soldados nazistas – constituía uma espécie de compensação ao sentimento de inferioridade.
 Alguns prisioneiros concordavam plenamente com o nazismo e o defendiam.
http://www.constelacaofamiliar.com.br/bert-hellinger/
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Bert Hellinger fez um percurso bastante peculiar. Conforme contou em seu livro Um lugar para os excluídos (original em alemão, publicado em 2005), era católico
em sua formação religiosa, nascido na Alemanha e, desde os 5 anos de idade, manifestou interesse em ser padre. Assim, aos dez anos, foi morar num internato,
com o intuito de progredir em sua formação. Em 1941, contudo, a Alemanha estava em guerra, e o internato foi fechado quando ele tinha 15 anos. No ginásio, ele
participou de um movimento católico da juventude, o qual era proibido e perseguido pela polícia alemã. Contudo, diante do cenário político, com 17 anos: “Ao
terminar a sétima e penúltima classe do ginásio, todos nós fomos incorporados, inicialmente na prestação de serviços e, depois, no exército” (HELLINGER, 2006,
p. 13).
Embora sua formação cristã o tivesse afastado do pensamento nazista, assim como sua família, isso os colocou numa posição bastante complicada.
[...] quando eu estava no exército e estacionado na França, nossa classe recebeu pelo correio o certificado de conclusão do ginásio. O último ano nos
fora abonado, porque todos estávamos servindo no exército. Entretanto, foi exigido um certificado da prestação de serviços e no meu certificado constou
que eu era um “elemento potencialmente nocivo ao povo”. Naquela época, isso significava praticamente uma autorização de fuzilamento. Com isso,
recusaram-me o diploma.
Quando minha mãe soube disso, procurou o diretor da escola e o interpelou energicamente: “Meu filho está servindo o exército, está arriscando sua vida
e vocês lhe recusam o diploma?” O diretor ficou envergonhado e lhe entregou o diploma. Minha mãe lutara por mim como uma leoa (HELLINGER, 2006,
p. 13-14).
Contudo, ao salvar a sua vida, sua mãe também o colocou definitivamente no front de batalha da Segunda Guerra Mundial, lutando como um soldado do exército
alemão.
No seu livro, Hellinger (2006) contou que esteve várias vezes perto da morte e viu muitos soldados que eram seus companheiros morrerem, até que foi
aprisionado pelo exército americano na Bélgica. Como eram considerados odiosos, já que lutavam do lado nazifascista, os 1600 soldados presos eram
castigados de várias maneiras, por ordem do próprio general Eisenhower, trabalhando 12 horas por dia, com pouca comida e dormindo apertados, em pé, no frio
e sem cobertores. Os delitos, tais como roubar comida ou as tentativas de fuga, eram penalizados severamente, normalmente levando à morte.
Contudo, Hellinger (2006) contou que, em meio a todo esse tormento, era agraciado com penas mais leves pelos seus delitos, algo que ele só veio a
compreender muito tempo depois.
Mais tarde, um amigo meu, que continuou no acampamento por longo tempo, depois de minha fuga, esclareceu-me a razão daquilo. O “americano”, meu
vigilante, era na realidade um judeu alemão que naturalmente nos entendia, mas não deixava transparecer isso. Muitos prisioneiros o ridicularizavam,
chamando-o de ‘bicha’ ou outros nomes. Eu lhes dizia: “Vocês não devem dizer isso”. Todos pensávamos que ele não entendia. Mas ele entendia tudo e
por isso me protegeu mais tarde (HELLINGER, 2006, p. 16).
https://www.infoescola.com/historia/segunda-guerra-mundial/
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Retornando da guerra com 20 anos de idade, Hellinger encontrou cidades em ruínas; seu irmão havia morrido e boa parte de seus colegas também estavam
mortos. Mas a vida seguiu seu curso. Ele entrou numa ordem católica e deu andamento na sua proposta de se tornar padre. Depois, foi para a África do Sul como
missionário e, durante os 16 anos em que esteve junto do povo Zulu (tornando-se também professor e diretor de uma escola), aprendeu muito sobre o respeito às
forças da natureza e sobre a relatividade dos valores culturais.
Eu vivia então numa sociedade católica, hermeticamente fechada. Lembro-me perfeitamente de como era isso quando cheguei à África e lá comecei
uma segunda formação superior. Eu vinha de uma universidade como a de Würzburg, onde os teólogos, no final dos anos 50, desempenhavam um
papel importante e eram grandemente respeitados. Estava acostumado a isso. Na África do Sul tornei-me, de repente, um indivíduo entre muitos e era
tratado sem privilégios. Na época, ainda pensava que só podia ser bom quem tem fé. Então notei que existem professores que absolutamente não
crêem e eram excelentes pessoas! Esta foi a primeira guinada, quando subitamente percebi: “Em que idéia eu embarquei?” (HELLINGER, 2006, p. 22).
Em 1964, conheceu a dinâmica de grupos, num curso que realizou com os sacerdotes anglicanos. De acordo com Hellinger (2006, p. 22): “Esses grupos eram
frequentados por negros, brancos, índios, mestiços, católicos e protestantes. Todos aprendiam juntos. Eram grupos ecumênicos, sem separação de raças – algo
inédito na época”.
No primeiro treinamento, o treinador indagou: “O que é mais importante para você, as pessoas ou os ideais? O que você sacrifica pelo quê: as pessoas pelos
ideais ou os ideais pelas pessoas?” Foi a partir desse momento que Bert Hellinger entrou “no espaço das experiências da alma” (HELLINGER, 2006, p. 23).
Tudo isso mudou a sua vida.
O autor concluiu, a partir de suas experiências e estudos, entre outras coisas, que todos têm seu lugar na vida e na história e que precisamos reconhecer esse
lugar. Há um lugar para os excluídos, sejam eles aqueles que estiveram no papel das vítimas, sejam eles os que vitimaram (perpetradores, em suas palavras).
Importante notar que isso não significa ser permissivo com a iniquidade, mas refere-se a olhar sem julgamento e com respeito para todos os envolvidos em seu
enredo.
Conforme Hellinger (2006, p. 49) defendeu: “Vejo Hitler como um ser humano, sem desculpar nada”. Nesse sentido, o autor destaca que não parece razoável
personalizar numa liderança um movimento coletivo, nem desresponsabilizar as ações de cada um ao participarem desse movimento. Todavia, trata-se de
considerar que somos parte de sistemas e que não seguimos imunes a isso, não agimos sozinhos e movidos unicamente por nossas forças pessoais. Mas em
cada papel exercido há responsabilidades: “Quem é que seduziu quem? Foi o Führer que seduziu o povo ou foi talvez o povo que também o seduziu?”
(HELLINGER, 2016,p. 49). O que sabemos é que foi como foi e que, a partir dessa experiência, podemos aprender e, humildemente, fazer melhor.
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Em Strange meeting, um poema de Wilfried Owen, um homem, que na véspera apunhalara um inimigo de guerra, morre por sua vez e chega ao reino
dos mortos. Os dois adversários se olham nos olhos e se perguntam: “O que foi tudo isso e para quê?” A frase final do poema diz: Let us sleep now –
Vamos dormir agora. Então tudo passou. Essa atitude, de sentir-nos envolvidos em algo muito diferente do que habitualmente pensamos, torna-nos
modestos, então cessa a arrogância. Nessa visão, perpetradores e vítimas, nazistas ou não, deixam de desempenhar papéis pessoais. Nesse
movimento da história, todos eles se encontram num mesmo barco (HELLINGER, 2006, p. 49).
Podemos identificar tal arrogância quando nos consideramos superiores àqueles que cometem erros que supostamente não cometemos. Naturalmente,
queremos sempre ser o “lado bom” da história. Contudo, Bert Hellinger (2006) expõe-nos ao desafio de descartar tal posição de superioridade. Historicamente, a
posição de inferioridade foi identificada com padrões de moralidade, religião, ideologia política, costumes, etnia, nacionalidade, gênero, orientação sexual, entre
outros. E finalizada a tormenta, ela se reinicia com a exclusão daqueles que outrora foram os excludentes. Como no poema que Hellinger (2006, p. 49)
mencionou: “O que foi tudo isso e para quê?”
PRONTO PARA SABER MAIS?
Saiba mais sobre a vida de Bert Hellinger e sobre o alcance de seu trabalho. Clique no botão ao lado e bom estudo!
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TESTE SEUS CONHECIMENTOS
Posto isto, vamos, na continuidade, acompanhar uma questão relacionada ao conteúdo estudado neste tópico.
Na frase: “Quem é que seduziu quem? Foi o Führer que seduziu o povo ou foi talvez o povo que também o seduziu?” (HELLINGER, 2016, p. 49), Bert
Hellinger refere-se à relação entre Hitler e o povo alemão, no contexto da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Ao destacá-la, Hellinger parte do seguinte
entendimento:
 Nem Hitler, nem seus apoiadores devem ser penalizados pelo holocausto ocorrido durante a Segunda Guerra Mundial, pois ninguém sabia o que
estava fazendo.
https://www.hellinger.com/pt/constelacao-familiar/
11/02/2021 Ciclo 3 – Dualidades existenciais: imanência e transcendência; condicionamento e liberdade – Antropologia, Ética e Cultura
https://mdm.claretiano.edu.br/anteticul-g00146-2021-01-grad-ead/2020/03/24/ciclo-3-dualidades-existenciais-imanencia-e-transcendencia-condicionamento-e-liberdade/ 11/15
Por fim, podemos considerar, a partir desta reflexão, o desafio de não nos deixar enredar nesse caminho discriminatório; e, contraditoriamente, respeitarmo-nos
mutuamente quando nos vemos enredados, aceitando lidar com os resultados para seguir adiante. Metaforicamente, equivale, ainda, a abalizar que, seguindo a
compreensão do “olho por olho, dente por dente”, poderemos construir uma existência de cegos e desdentados. Afinal, estamos todos no mesmo barco, e,
quanto antes reconhecermos isso, um tanto melhor para todos!
 A ação das pessoas depende de quem as seduz e de como elas são seduzidas.
 Não é razoável atribuir apenas à liderança de Hitler a responsabilidade pela Segunda Guerra Mundial, pois todos tem cada qual a sua
responsabilidade ao participar de um movimento coletivo.
 Foi o povo alemão que levou Hitler ao antissemitismo e que o obrigou a tomar as atitudes que tomou no governo da Alemanha.
 Hitler não deve ser responsabilizado pelo o que ocorreu durante a Segunda Guerra Mundial.
Para saber mais a respeito da transformação do entendimento da dignidade da Pessoa Humana, recomendamos as seguintes leituras:
CORRÊA, Carlos Romeu Salles. Evolução da doutrina da dignidade da pessoa humana. Revista Jus Navigandi, Teresina, ano 18, n. 3541, 12 mar.
2013. ISSN 1518-4862.
DE ALMEIDA, Rogério Tabet. Evolução histórica do conceito de pessoa – enquanto categoria ontológica. Revista Interdisciplinar de Direito, [S.l.], v. 10,
n. 1, out. 2017. ISSN 2447-4290.
  CONSIDERAÇÕES
Estamos encerrando o Ciclo 3, mas, antes, é importante retomarmos rapidamente alguns pontos fundamentais que foram relacionados.
Visitamos o tema das dualidades existenciais, ou seja, de como nos comportamos diante dos dilemas estabelecidos pelas diversas condições que nos afetam,
pelas intempéries que se impõem à Pessoa Humana em seu percurso de vida, com ênfase na busca pela afirmação da liberdade e da superação contínua ou
transcendência. Para tanto, consideramos os relatos e conclusões de Viktor Frankl (1905-1997), um psicólogo que passou por quatro campos de concentração
durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), e de Bert Hellinger (1925-2019), que, mesmo se opondo ao nazismo, teve de lutar no exército alemão e, depois,
tornou-se prisioneiro durante a guerra, sendo, nesse período, punido como se fosse um defensor convicto de Hitler.
https://jus.com.br/artigos/23950
http://revistas.faa.edu.br/index.php/FDV/article/view/202
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Como no Ciclo 2, este ciclo partiu de algumas perguntas, a saber: Como ser livre e enfrentar a problemática humana que se impõe sobre cada um de nós? Como
enfrentar situações trágicas ou de privação e permanecer livre?
As respostas foram indicadas a partir dos dois casos estudados. Sendo assim, vamos relacionar sinteticamente as respostas a partir de cada um deles.
De acordo com Viktor Frankl, mesmo diante de fatores condicionantes, o ser humano é livre. Contudo, sua liberdade é restrita, e ele a exerce posicionando-se
diante das situações que se apresentam. A realização plena da Pessoa Humana pode ser alcançada mesmo diante das piores atrocidades, quando há um
sentido elevado para a vida. Assim, ele demonstrou que pessoas de sucesso podem viver desesperadas porque não encontraram sentido, enquanto um
encarcerado pode estar realizado diante de seu encontro com um sentido elevado para a vida. Todavia, é preciso buscar equilíbrio entre a dimensão do homo
sapiens (fracasso versus sucesso) e a dimensão do homo patiens (desespero versus realização).
Para Bert Hellinger, cada um ocupa um papel diante dos movimentos de âmbito coletivo/sistêmico, de modo que a liberdade individual é organizada dentro desse
âmbito. Os direcionamentos pessoais representam não apenas escolhas individuais, mas podem ser identificados igualmente, com orientações sistêmicas. Desse
modo, por pior que tenham sido as coisas, se elas aconteceram de dada maneira, foi porque não se conseguiu encontrar outro jeito por aqueles que assim
agiram.
Isso não significa que devemos concordar com tudo, mas apenas respeitar o que foi e reconhecer o lugar de cada um, sem excluir ninguém. Assim, Hellinger
propõe evitar os julgamentos e ocupar novos papéis, levando paz aos sistemas de que participamos. Desse modo, considera que é preciso olhar para frente,
imbuído da sabedoria oferecida pelo passado e reconhecendo que é possível fazer melhor.
Em ambos os casos, a experiência do cárcere foi vivenciada incluindo – tanto quanto possível – o respeito deles pela Pessoa Humana travestida de carrasco,
permitindo, inclusive, que tanto Frankl quanto Hellinger fossem poupados por seus “tiranos” de dores ainda maiores.
Toda esta análise foi realizada tendo em vista a preocupação com o desenvolvimento integral da Pessoa Humana, que é salutar e está relacionada na Missão e
na Carta de Princípios do Claretiano – Centro Universitário, conformeveremos nos próximos ciclos.
  ATIVIDADE NO PORTFÓLIO
OBJETIVO
Refletir sobre como podemos afirmar plenamente a existência da Pessoa Humana, exercendo a liberdade diante dos diversos
condicionamentos socioculturais que enfrentamos.
https://claretiano.edu.br/missao
https://dev.redeclaretiano.edu.br/dev/res/emkt/2018/faculdaderco/credenciamento/principios.pdf
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DESCRIÇÃO DA ATIVIDADE
Neste ciclo, vimos dois casos reais de pessoas que passaram por situações extremas durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1948), sendo o primeiro
de um judeu que sobreviveu aos campos de concentração alemães e o segundo de um soldado nazista que foi capturado pelo exército americano e
sobreviveu ao cárcere. Ambos conseguiram retomar as suas vidas posteriormente e consolidaram novas compreensões sobre a vida e o ser humano. De
acordo com Viktor Frankl, a superação depende da existência de um sentido elevado para a vida. Do contrário, mesmo pessoas de sucesso vivem em
desespero porque não possuem um sentido para aquilo que fazem. Bert Hellinger, por outro lado, considerou que as questões individuais são também
questões dos sistemas coletivos dos quais fazemos parte e defendeu que devemos evitar o julgamento, reconhecer o papel de todos e respeitar a
história de cada um, fazendo o que for cabível para levar paz ao sistema e aos seus integrantes.
Considerando as conclusões a que eles chegaram, nesta atividade, você deve relacionar um exemplo de superação extraído de um filme, documentário,
livro ou inspirado em algum acontecimento amplamente divulgado. Caso o exemplo seja real e de âmbito pessoal, é importante manter o anonimato, para
preservar as pessoas envolvidas. Mesmo que se trate de sua própria história, não é necessário se expor.
Você deve destacar, no exemplo, um sentido profundo como uma forma de agir para promover a paz. O objetivo aqui é refletirmos sobre as
possibilidades que podem ser construídas mesmo diante de adversidades, aprendermos a estabelecer estratégias sem realizar julgamentos pelas ações
anteriores, mas respeitando a história de superação descrita, promovendo amadurecimento e melhoria coletiva.
Para facilitar a sua atividade, segue um exemplo. Naturalmente, ele não poderá ser utilizado em sua resposta. Somente o caminho indicado é que deve
ser aproveitado como modelo. As partes destacadas em negrito são indispensáveis na atividade (trata-se do título, descrição do caso e da conclusão,
indicando o sentido profundo e o modo de agir para levar paz).
Exemplo
Título: Lutando pela vida.
Descrição do caso: Um garoto de 7 anos de idade, morador da zona rural, empenhava-se em seus estudos. Estava na fase de alfabetização. Porém,
não lograva grande êxito. Persistia, mas com certa demora, considerando o desempenho dos demais alunos. E assim seguiu. Aos 10 anos de idade, já
alfabetizado e com melhor desempenho – mas ainda se sentido menosprezado devido à sua dificuldade inicial – seu pai, trabalhador rural, teve um
infarto e veio a falecer. Para desespero do garoto, os médicos deixaram escapar que, se ele tivesse sido socorrido mais rapidamente e realizado exames
preventivos, poderia estar vivo. No desespero, o garoto foi afrontar ao médico, alegando que seu pai ia na igreja toda semana e que Deus não o
desampararia dessa maneira. O médico sorriu e disse: “garoto, Deus não é médico. Eu sou. E não faço milagres. Mas sei que se houvesse um médico
para orientar seu pai talvez ele ainda estivesse vivo”. O garoto foi até sua mãe, que, por sua vez, o confortou, alegando que, se foi assim, era porque
tinha de ser assim. Mas o menino não se conformava. Então, ele definiu que iria estudar o corpo humano e que, sendo enfermeiro ou médico, ele iria
descobrir como orientar os pais para que eles não morressem cedo, como o seu pai morreu. Sendo de origem pobre, e tendo certa dificuldade,
infelizmente, nunca conseguiu passar no concorrido vestibular para o curso de Medicina. Assim, ele seguiu, tentando fazer alguma coisa que pudesse
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permiti-lo ajudar as pessoas a prevenirem doenças. E conseguiu. Acabou realizando diversos cursos em terapias alternativas, tornando-se terapeuta
sistêmico com ampla formação, depois de ter feito graduação em Educação Física. Atualmente, aos 50 anos de idade, ele visita periodicamente a
comunidade rural onde foi criado, auxiliando gratuitamente inclusive alguns que foram seus colegas de escola na prevenção de doenças e orientando
para comportamentos mais saudáveis.
Conclusão: Podemos concluir que seu sentido profundo, estabelecido em sua infância, foi prolongar a vida das pessoas de maneira saudável e
equilibrada, para que elas estivessem presentes entre os seus familiares e demais entes queridos. A forma de agir para levar paz foi, depois de se
preparar durante muito tempo com os recursos que tinha em mãos, realizar um trabalho voluntário na comunidade onde nasceu, além de, como
profissional, encarar com compromisso ético a sua prática diária das terapias alternativas.
Referência:
DANIEL, Eugênio; SANCHES, Everton Luís; SCOPINHO, Sávio Carlos Desan. Antropologia, Ética e Cultura. Batatais: Claretiano, 2020. Ciclo 3.
Lembre-se de que existem regras acadêmicas a serem seguidas. O texto deverá ser formatado da seguinte maneira: tamanho A4, justificado, fonte Times
New Roman, tamanho 12, espaçamento de 1,5 entre linhas, espaçamento superior 3,0, inferior 2,0, esquerdo 3,0 e direito 2,0. Citação literal do material
ou de outra origem deve ser realizada com fonte tamanho 10, espaçamento simples, justificado, com recuo de 4cm à esquerda, naturalmente contendo a
indicação da fonte. Em caso de dúvidas, consulte as normas da ABNT para redação de artigos científicos, disponível na internet, e também na página
inicial de sua Sala de Aula Virtual (SAV), na aba Portal.
Depois de concluir, salve a sua atividade em formato PDF e poste-a em anexo na aba Portfólio.
PONTUAÇÃO
A atividade vale de 0 a 1,0 ponto.
CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO
Na avaliação desta tarefa serão utilizados os seguintes critérios:
Utilização da norma padrão da Língua Portuguesa e das normas da ABNT.
Coerência, concisão e coesão.
Compreensão dos textos estudados.
Capacidade de análise do conteúdo e síntese de ideias.
Utilização das regras estabelecidas na descrição da atividade e de acordo com o exemplo apresentado.
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solicitado.
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  QUESTÕES ON-LINE
Responda às Questões On-line disponibilizadas na Sala de Aula Virtual.
PONTUAÇÃO
De 0 a 0,5 ponto.
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