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F4-Capacitacao-de-agentes-culturais-1

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LEIS DE 
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LO
 2
CAPACITAÇÃO DE 
AGENTES CULTURAIS
ESTRATÉGIAS DE CULTURA E ARTE PARA O FUTURO
1
Olá, cursistas.
Neste fascículo, compartilhare-mos com vocês o funciona-mento da lógica do mecanismo fiscal de incentivo às diversas 
áreas culturais, como música, teatro, 
dança e artes visuais (a denominada “Lei 
Rouanet”) e dos outros cinco mecanis-
mos exclusivos ao audiovisual previstos 
na chamada “Lei do Audiovisual” e na 
Medida Provisória nº 2228/2001, todas 
federais, ou seja, aplicáveis para todo o 
território nacional.
Navegaremos junto de uma forma (espe-
ramos) leve e de fácil acesso. Nada daquele 
“juridiquês” rebuscado e de difícil compre-
ensão. Pretendemos mostrar que, uma vez 
compreendida a lógica de funcionamento, 
muito provavelmente vocês conseguirão en-
tender os demais mecanismos, uma vez que 
a Lei Federal de Incentivo à Cultura, a Lei Rou-
anet, é a “mãe de todas”, e inspirou as demais 
esferas governamentais (estaduais e munici-
pais) a criarem seus próprios mecanismos.
É verdade que para fazer uso desses 
mecanismos vocês deverão saber trabalhar 
com burocracia, não podemos negar. E ela 
existe para que o Estado (representado pe-
los Ministérios, Secretarias e outras entida-
des da administração pública) possa fazer 
o “cara-crachá” dos projetos aprovados e 
executados com os recursos incentivados, 
cuja natureza é pública.
Uma vez diante de um projeto incentiva-
do pelos mecanismos fiscais, vocês serão 
considerados, para fins do manejo dos recur-
sos financeiros, agentes públicos indiretos. 
E o que isso significa? Significa que 
vocês deverão seguir regras (rígidas) 
quando da captação e uso desses recur-
sos, pois eles deixaram de entrar para os 
cofres públicos e foram redirecionados 
para o seu projeto cultural para que pos-
sa cumprir apenas o que vocês se com-
prometeram: o objetivo de seu projeto! 
APRESENTAÇÃO
Por fim, demonstraremos como cada 
agente cultural, seja como pessoa física 
(gestor, produtor e artista, por exemplo) ou 
como pessoa jurídica (como associações 
e empresas produtoras), precisa conhecer 
minimamente esses mecanismos para am-
pliar as possibilidades de financiamento 
e, consequentemente, viabilizar seus pro-
jetos artístico-culturais. 
Esse conhecimento adquirido é auto-
maticamente reconhecido pelo mercado 
quando vocês saem para captar recur-
sos e, ao ser perguntado pelo potencial 
financiador se seu projeto é incentivado, 
vocês respondem que sim (ou que ainda 
não, mas pode ser!). Sem dúvida vocês 
ganharão um ponto a mais se puder ain-
da desenrolar uma conversa com ele so-
bre esse assunto.
Esperamos poder contribuir com seus 
planos de médio e longo prazo e, conse-
quentemente, para a promoção da cultu-
ra brasileira! Vamos juntos nessa?
Fundação Demócrito Rocha
Universidade Aberta do Nordeste
50 
2
O Estado no âmbito federal (país) atua na área da cultu-ra por meio (hoje) do Ministério do Turismo, mais es-pecificamente pela Secretaria Especial da Cultura/Secult. Esta Secretaria, por sua vez, atua por meio de 
órgãos específicos. A seguir, apenas os que interessam ao nosso 
tema de estudo: 
• Secretaria Nacional de Fomento e Incentivo à Cultura/Sefic. 
É a secretaria mais relevante neste fascículo, pois é responsável por 
desenvolver, propor e executar “mecanismos de fomento e incentivo 
para programas e projetos culturais, bem como executar instrumen-
tos que envolvam transferência de recursos no âmbito de sua área de 
atuação. A Sefic planeja, coordena e supervisiona a operacionalização 
do Programa Nacional de Apoio à Cultura (Pronac), na aprovação, 
monitoramento e prestação de contas de projetos culturais, e também 
do Vale-Cultura, criado pelo Programa de Cultura do Trabalhador” (Se-
cretaria Especial da Cultura, 2020).
• Secretaria Nacional do Audiovisual/SAV
Criada em 1992, essa secretaria cuida da “formação, produção in-
clusiva, regionalização, difusão não-comercial, democratização do 
acesso e preservação dos conteúdos audiovisuais brasileiros, respei-
tadas as diretrizes da política nacional do cinema e do audiovisual e 
do Plano Nacional de Cultura. É responsável por diversos editais de 
fomento à produção audiovisual brasileira” (Secretaria Especial da 
Cultura, 2020). Sob seu chapéu estão o Centro Técnico Audiovisual 
(CTAv) e a Cinemateca Brasileira. 
Também integra a estrutura do Ministério do Turismo sete enti-
dades vinculadas ao setor cultural, sendo três autarquias e quatro 
fundações: (1) Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional 
(Iphan), (2) Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), (3) Agência Nacio-
nal do Cinema (Ancine), (4) Fundação Casa de Rui Barbosa (FCRB), 
(5) Fundação Cultural Palmares (FCP), (6) Fundação Nacional de Ar-
tes (Funarte) e (7) Fundação Biblioteca Nacional (FBN). 
Especificamente ao que se refere ao audiovisual, a Ancine é uma 
autarquia especial, “que tem como atribuições o fomento, a regula-
ção e a fiscalização do mercado do cinema e do audiovisual no Brasil. 
É administrada por uma diretoria colegiada aprovada pelo Senado e 
composta por um diretor-presidente e três diretores, todos com man-
datos fixos, aos quais se subordinam três Secretarias (Executiva, de 
Gestão Interna e de Políticas de Financiamento), além de cinco Su-
perintendências (Análise de Mercado, Desenvolvimento Econômico, 
Fiscalização, Fomento; e Registro)” (Ancine, 2020).
Entender toda essa estrutura é importante, pois indica, caso vo-
cês solicitem apoio financeiro por meio da Lei de Incentivo Fiscal 
Federal, por onde o seu projeto passará e/ou será analisado. O 
caminho do projeto é longo e, a depender da área cultural (literatu-
ra, teatro, música, audiovisual...), será encaminhado para uma ou 
mais entidades destas. 
Por exemplo: um projeto de apresentações musicais deverá ser 
apresentado e aprovado pela Secult, sendo que a Funarte fará a aná-
lise técnica do projeto, indicando a sua aprovação ou não ao secre-
tário. O mesmo acontecerá com um projeto de teatro, circo e artes 
plásticas. Já um projeto de restauro, por exemplo, de um antigo ca-
sarão do século XVIII (portanto, um patrimônio histórico), deverá ser 
analisado pelo Iphan, que é quem entende do assunto para então 
recomendar ou não a aprovação ao secretário. Essa lógica é a mes-
ma para projetos audiovisuais, que contam com a Ancine e a SAV.
O que queremos dizer é que quando o assunto é cultura, cada 
área tem um caminho específico para percorrer até ser aprovado e, 
obviamente, ter suas contas prestadas, afinal, a todo momento que 
estamos falando de incentivo fiscal, estamos falando de manejo/
uso de recursos públicos. Nunca se esqueçam disso.
A seguir, o caminho que esperamos que vocês cruzem com 
sucesso por diversas vezes depois desse curso:
QUEM É QUEM
PARA CURIOSOS
Na Biblioteca Virtual do AVA vocês encontrarão 
diversos links para acesso a essas entidades e 
outras mais de seu interesse. Façam um pequeno 
turismo por essas páginas e se deem um tempo 
para conhecê-las e descobrir no que elas podem 
ser úteis para vocês e aos seus projetos.
Propositura do 
projeto (abertura 
do processo 
administrativo)
Abertura das contas 
bancárias específicas 
do projeto
Captação de 
recursos junto a 
incentivadores
Exame de 
admissibilidade e 
enquadramento 
Publicação no 
Diário Oficial 
da União (DOU)
Gestão dos recursos 
incentivados 
(execução do 
projeto)
Análise 
técnica
Parecer de 
aprovação parcial ou 
total ou reprovação
Prestação de 
contas ao órgão 
de controle
LEIS DE INCENTIVO 
51 
P ara financiar um projeto cultural precisa ter disposição e criativi-dade. Além da velha e conhecida forma de “passar o chapéu” para 
amigos, familiares e público, existem tam-
bém políticas públicas que podem (e de-
vem!) ser acessadas. E o incentivo fiscal é 
apenas uma delas.
Pensando primeiramente na fonte 
de recursos, podemos ter um edital de 
patrocínio da Petrobrás ou do Instituto 
Avon, por exemplo. Assimcomo um em-
préstimo junto ao BNDES ou ao Nubank. 
Por isso, estamos aqui estamos falando 
de origem do recurso (dinheiro), que 
pode vir do setor público ou privado.
Agora, quando pensamos na modali-
dade de aporte desses recursos, estamos 
diante da forma como ele é aplicado no 
seu projeto. Nos exemplos anteriores, o 
patrocínio da Petrobrás ou do Instituto 
Avon, assim como o empréstimo do BN-
DES e/ou do Nubank. 
Vocês já devem estar se coçando para 
dominar essa linguagem, não é? Ótimo, pois 
dominá-la será um diferencial naquele mo-
mento em que vocês, profissionais, se sen-
tarem numa mesa de negociação com um 
potencial financiador/apoiador e precisar 
manter as expectativas alinhadas (e sabe-
mos que na hora da venda/compra, muitas 
promessas são feitas). 
Tomemos como exemplo a seguinte si-
tuação: vocês estão indo atrás de “patro-
cínio” e um possível financiador do seu 
projeto diz que quer “investir” em marke-
ting cultural. Conversa vai, conversa vem e 
vocês chegam a um denominador comum: 
ele aportará uma quantia em seu projeto 
e em contrapartida (retorno/recompensa) 
ele espera ficar com uma porcentagem da 
sua bilheteria. Percebam, estamos lidan-
do com o quê aqui: patrocínio ou investi-
mento? No sentido comum, ele está patro-
cinando seu projeto, mas, tecnicamente, 
está investindo, já que as receitas serão 
divididas entre vocês.
Fica claro que existem muitas formas 
possíveis de vender seu projeto e de 
captar recursos, sejam eles financeiros, 
3
ONDE ESTÁ 
O DINHEIRO?
Fundação Demócrito Rocha
Universidade Aberta do Nordeste
52 
humanos ou materiais (e é importante 
que vocês as conheçam), dentro do setor 
privado ou público, nacional ou interna-
cional. Vejamos a seguir:
• Patrocínio: um aporte em contrapartida 
à visibilidade de marca (do patrocinador);
• Doação: um aporte em contrapartida 
a... nada! Sim, existe essa possibilida-
de, mas é de bom tom inserir o nome 
dos doadores nos agradecimentos/cré-
ditos, mesmo que não haja essa expec-
tativa nem obrigação;
• Empréstimo: um aporte em contrapartida 
à obrigação de devolução com juros e cor-
reção monetária, a depender do negociado;
• Coprodução: um aporte em contrapartida 
à participação patrimonial no projeto, ou 
seja, esse parceiro se torna um “sócio” do 
seu projeto. Esse conceito ficará mais claro 
quando estudarem direitos autorais, mas, 
em suma, para fins de entendimento deste 
fascículo, trata-se de dividir o ônus (obriga-
ções) e o bônus (vantagens, reconhecimen-
to, benefícios) do projeto, normalmente, na 
mesma proporção. Exemplo: João e Maria 
são coprodutores em 50% cada, de modo 
que cada um deles investe metade dos va-
lores necessários para a produção e, conse-
quentemente, cada um é titular de metade 
dos direitos que vierem a partir da comercia-
lização do projeto (bilheteria, por exemplo). 
• Investimento: um aporte em contrapar-
tida à possibilidade de retorno financeiro. 
Isso indica que não há garantia de devo-
lução dos valores aportados, diferente do 
empréstimo, no qual existe a obrigação de 
devolução, como já dissemos. Em regra, 
projetos comerciais tendem a chamar 
mais a atenção dos investidores dado o seu 
potencial (possibilidade) de retorno.
O mais interessante disso tudo é que 
existem mecanismos de incentivo fiscal à 
cultura para basicamente todas essas mo-
dalidades de aporte. Isso significa dizer 
que é possível que seu projeto ofereça aos 
potenciais financiadores as contrapartidas 
de cada modalidade (retorno de marca, 
receitas, participação patrimonial etc.), 
além dos benefícios fiscais.
PARA REFLETIR
Quando vocês 
inscreverem seu 
projeto via Mecenato, 
podem ir planejando 
a sua captação 
de recursos.
Os iniciantes, 
muitas vezes se 
preocupam tanto em 
ser aprovados, que 
esquecem de elaborar 
um plano real de 
captação, no qual 
prevejam as empresas 
que poderiam ter 
interesse em patrocinar 
o projeto aprovado.
Uma dica para se 
chegar ao perfil 
desse potencial 
patrocinador é, por 
exemplo, conhecer 
quais empresas 
fazem uso das 
leis de incentivo 
fiscal à cultura e/
ou audiovisual 
no próprio site da 
Secult e da Ancine. 
Procurem descobrir 
também que projetos 
ela apoia ou já apoiou. 
Um bom indicativo 
também é conhecer 
a missão e os valores 
dessas empresas, 
pois, lembrem-se, seu 
projeto deve agregar 
à marca delas. Todas 
essas informações 
vocês podem 
conseguir facilmente 
na leitura do site 
dessa empresa.
LEIS DE INCENTIVO 
53 
INCENTIVO 
FISCAL: CONCEITO
O s incentivos fiscais são soluções criadas pelos governos para estimular a determinados se-tores da economia de interesse 
estratégico. Sempre que há necessidade de 
investimento maciço em determinado setor, 
cria-se um estímulo tributário para que re-
cursos sejam canalizados para o segmento 
específico. Com a cultura não foi diferente.
As leis de incentivo fiscal vieram para 
tornar possível a parceria entre o artista/
produtor cultural, o patrocinador e o Estado 
(governo federal, estadual, municipal) na re-
alização de um projeto cultural: “o primeiro 
contribui com o trabalho criativo, o segun-
do com os meios para sua concretização, 
e o terceiro com o estímulo – na forma de 
incentivo fiscal – para que a sociedade par-
ticipe do projeto” (MALAGODI, 2004). A partir 
de então, a sociedade adquire consciência 
de sua importância e passa a contribuir vo-
luntariamente, o que dificilmente acontece 
sem o estímulo fiscal dado pelo Estado.
A cultura pertence ao grupo de setores 
que carecem de estímulo governamental 
para conseguir seu impulso inicial, uma vez 
presente a dimensão econômica da cultura, 
que é tida como fator de geração de riqueza 
e emprego e desenvolvimento econômico. 
E umas das formas de apoio aos agentes cul-
turais é o incentivo fiscal (assim como sub-
venções, fundos de risco, microcréditos etc.).
A lógica por trás das leis de incentivo é 
basicamente a mesma: o Estado renuncia 
(ou seja, “abre mão”) ao direito de arrecadar 
(“receber”) determinados valores, permitin-
do que esses valores sejam “transferidos” 
em prol de projetos que tenham sido pre-
viamente aprovados por um órgão que o 
represente, isto é, que verifique se o projeto 
atende aos interesses, conveniências e opor-
tunidades públicos. Por outro lado, concede 
ao incentivador o direito de escolher em 
qual projeto dedicar parte daquele tribu-
to que deveria ser pago ao Estado.
Entendida essa lógica, , o que vai mu-
dar são os detalhes, como o tributo, as 
porcentagens, a modalidade de aporte 
e o contribuinte tributário (quem deve 
pagar o tributo). De qualquer forma, o 
funcionamento será sempre o mesmo: 
ao invés daquele dinheiro que seria 
pago na forma de tributo ser recolhido 
aos cofres públicos, ele será realocado, 
ou seja, destinado a um projeto incen-
tivado. Simples, não é?
4
PARA CURIOSOS
Não deixe de fazer uma visita 
à página da Lei de Incentivo 
à Cultura da Secretaria 
Especial da Cultura.
Nela, vocês conhecerão 
a Comissão Nacional de 
Incentivo à Cultura (CNIC), 
o Sistema de Acesso às 
Lei de Incentivo à Cultura 
(Salic), terão acesso a vídeos 
e tutoriais, encontrarão os 
principais conceitos, leis, 
instruções normativas, 
manuais, entre outros 
conteúdos importantes para 
vocês que desejam se iniciar 
profissionalmente no ramo 
de projetos e ações culturais.
É bem possível (e 
importante!) que visitar 
essa página se torne 
uma rotina. Quer ver? 
ACESSE: 
leideincentivoacultura.
cultura.gov.br/
Fundação Demócrito Rocha
Universidade Aberta do Nordeste
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MECANISMOS FEDERAIS DE 
INCENTIVO FISCAL À CULTURA 
E AO AUDIOVISUAL
Os mecanismos são oito, divididos em três normativos:
LEI ROUANET 
(LEI Nº 8.313/91)
• Art. 18: 
patrocínio e 
doação
• Art. 26: 
patrocínio e 
doação
• Art. 1º: 
investimento
• Art. 1ºA: 
patrocínio e doação
• Art. 3º: 
coprodução
• Art. 3ºA: 
coprodução
LEI DO 
AUDIOVISUAL 
(LEI Nº 8.685/93)
• Art. 39-X: 
coprodução
• Funcines: 
investimento
MEDIDA 
PROVISÓRIA
Nº 2228-1/01
D ado que a Lei Rouanet é a “mãe de todas as leis”, umavez que foi a primeira das três a ser promul-gada (o que se deu em 23 de dezembro de 1991), o entendimento do seu mecanismo de incentivo fiscal 
(conhecido popularmente de “Mecenato”) se faz essencial para 
o entendimento das demais. 
5.1. Lei Rouanet (Mecenato)
O mecenato é o nome dado ao mecanismo de financiamen-
to à cultura por meio do incentivo fiscal instituído pela Lei Fe-
deral de Incentivo à Cultura, a “Lei Rouanet”, e regulamentado 
pelo Decreto nº 5.761/06. Por meio dele, produtores culturais 
5
podem buscar apoio junto a pessoas físicas pagadoras de Im-
posto de Renda (IR) e empresas tributadas com base no lucro 
real, que por sua vez terão benefícios fiscais sobre o total ou 
parte do valor por elas direcionado, seja mediante doação ou 
patrocínio, desde que os projetos culturais tenham sido apro-
vados pela Secretaria Especial da Cultura.
As pessoas físicas poderão dedicar 6% do IR devido por elas 
(cuja alíquota vai depender da faixa de renda), ao passo que as 
pessoas jurídicas podem dedicar até 4%.
Os repasses através de incentivo fiscal variam de acordo com 
as porcentagens concedidas pelos artigos 18 e 26. A existência 
de dois mecanismos não é à toa: as áreas culturais previstas no 
artigo 26 são consideradas de maior interesse do público e, 
consequentemente, dos patrocinadores:
Artigo 26
• Teatro, dança, circo, ópera, mímica e congêneres;
• Produção cinematográfica, videográfica, fotográfica, discográfica 
e congêneres;
• Literatura, inclusive obras de referência;
• Música;
• Artes plásticas, artes gráficas, gravuras, cartazes, filatelia e outra 
s congêneres;
• Folclore e artesanato;
• Patrimônio cultural, inclusive histórico, arquitetônico, arqueoló-
gico, bibliotecas, museus, arquivos e demais acervos;
LEIS DE INCENTIVO 
55 
• Humanidades; e
• Rádio e televisão, educativas e culturais, de 
caráter não-comercial.”
Para compensar essa demanda, se en-
tendeu que deveria existir um mecanismo 
que atendesse exclusivamente as áreas 
menos fomentadas pelo próprio merca-
do, resultando no artigo 18:
 Artigo 18
• Artes cênicas; 
• Livros de valor artístico, literário ou 
humanístico; 
• Música erudita ou instrumental; 
• Exposições de artes visuais; 
• Doações de acervos para bibliotecas pú-
blicas, museus, arquivos públicos e cine-
matecas, bem como treinamento de pes-
soal e aquisição de equipamentos para a 
manutenção desses acervos; 
• Produção de obras cinematográficas e 
videofonográficas de curta e média me-
tragem e preservação e difusão do acervo 
audiovisual; e 
• Preservação do patrimônio cultural mate-
rial e imaterial. 
• Construção e manutenção de salas de cine-
ma e teatro, que poderão funcionar também 
como centros culturais comunitários, em Mu-
nicípios com menos de cem mil habitantes
Segundo a Instrução Normativa nº 
2/2019 do Ministério da Cidadania, “O pro-
jeto que simultaneamente contenha ações 
contempladas pelos artigos 18 e 26 da Lei nº 
8.313/91, será enquadrado em apenas um 
dos dispositivos, de acordo com o produto 
principal do projeto, nos termos do Anexo IV.” 
(Art. 7º). O tal Anexo IV, por sua vez, diz que 
“Os incentivadores de projetos que se en-
quadrem na listagem deste anexo farão jus 
ao benefício de que trata o § 1º do art. 18 da 
Lei nº 8.313, de 1991. Para os demais projetos, 
enquadrados no art. 25. Da lei, os incentiva-
dores farão jus ao benefício do art. 26”.
Sabendo dessas informações, o propo-
nente tem essas áreas culturais como norte 
sobre quais projetos pode apresentar e 
qual a porcentagem permitida de abati-
mento fiscal do seu patrocinador/doador. 
Caso o projeto seja enquadrado no Arti-
go 26, o contribuinte tributário poderá de-
Fundação Demócrito Rocha
Universidade Aberta do Nordeste
56 
duzir do IR devido os valores efetivamente contribuídos em favor 
do seu projeto de acordo com os seguintes percentuais:
Art. 26
Incentivador 
Pessoa Física
Pode deduzir 
até 6% do IR 
devido
Doação: 80% do valor 
aportado é abatido
Patrocínio: 60% do 
valor aportado é abatido
Doação: 40% do valor 
aportado é abatido
Patrocínio: 30% do valor 
aportado é abatido
Lançamento como 
despesa operacional
Incentivador 
Pessoa Jurídica
Pode deduzir 
até 4% do IR 
devido
Percebe-se que o mecanismo de abatimento do artigo 26 é 
parcial, que varia de 30% para patrocínio e 40% para doação do 
valor aportado, limitado a 4% (quatro por cento) do IR devido 
por pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real e 60% 
(sessenta por cento) para patrocínio e 80% (oitenta por cento) 
para doação do valor aportado, limitado este a 6% do IR devido. 
Com a redução de base de cálculo pelo lançamento como 
despesa operação, chega-se a abater de 64% a 73% dos im-
postos federais devidos.
SAIBA MAIS
Além das leis de incentivo, 
existem diversos 
editais privados.
Algumas empresas 
abrem seus próprios 
editais de cultura. 
Neles, exigem, além do 
envio de seu projeto, a 
aprovação desse projeto 
pela Lei Rouanet ou 
pelas leis estaduais ou 
municipais de incentivo, 
mecanismos que 
fornecem benefícios 
da isenção fiscal. 
Em casos assim, 
vocês não precisarão 
realizar a captação, 
pois a própria empresa 
realizadora desse edital, 
consequentemente, será 
a sua patrocinadora.
LEIS DE INCENTIVO 
57 
No caso de enquadramento no Artigo 18, essas porcenta-
gens mudam:
Art. 18
Incentivador 
Pessoa Física
Pode deduzir 
até 6% do IR 
devido
Doação ou 
Patrocínio: 100%
Doação ou 
Patrocínio: 100%
Incentivador 
Pessoa Jurídica
Pode deduzir 
até 3% do IR 
devido
Assim, o mecanismo do artigo 18 é o abatimento integral do 
IR devido, limitado a 4% sobre este (somente do IR: não conta 
adicional ou CSLL), para pessoas jurídicas tributadas com base 
no lucro real, e 6% (seis por cento) para pessoas físicas que in-
vestirem no projeto cultural.
5.2. Incentivos Fiscais Federais ao Audiovisual
Os seis mecanismos exclusivos ao audiovisual são geridos pela 
Ancine e incidem sobre o Imposto de Renda e sobre a Condecine.
Condecine
Um tributo 
específico do 
mercado audiovisual 
recolhido apenas 
pelos agentes deste 
mercado (produtoras, 
distribuidoras, 
operadoras de 
telecomunicações 
e exibidoras).
Fundação Demócrito Rocha
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58 
Seguindo a lógica de modalidade de 
investimento, passemos a analisar o Art. 
1º da Lei do Audiovisual que prevê que, 
até o fim de 2024, os contribuintes de 
IR poderão deduzir do imposto devido 
as quantias investidas na produção de 
obras audiovisuais brasileiras de produ-
ção independente, mediante a aquisição 
de quotas representativas dos direitos de 
comercialização destas obras, desde que 
esses investimentos sejam realizados 
no mercado de capitais, em ativos pre-
vistos em lei e autorizados pela Comissão 
de Valores Mobiliários (CVM), e os proje-
tos de produção tenham sido previamen-
te aprovados pela Agência Nacional do 
Cinema (Ancine).
A dedução está limitada a 3% do IR 
devido pelas pessoas físicas e a 1% do 
IR devido pelas pessoas jurídicas, sen-
do que, no caso destas, poderá, também, 
abater o total dos investimentos efetua-
dos como despesa operacional. 
Notem que os projetos contemplados 
são de produção de obras cinematográ-
ficas (curta, média e longa-metragem), 
obras televisivas (séries, telefilmes, pro-
gramas educativos e culturais etc.) e pro-
jetos nas áreas de distribuição, exibição 
e infraestrutura técnica.
Outro detalhe interessante é a moda-
lidade: investimento. Isso significa que o 
incentivador poderá, além de (a) inserir 
sua marca (logotipo) nos créditos e nos 
materiais de divulgação (a lei nada proí-
be quanto a isso), (b) ter direito a receber 
parte das receitas geradas com a comer-
cialização do projeto (seja obra audiovi-
sual, seja um parque exibidor).
Tal investimento é feito com incentivo fis-
cal, ou seja, o montante utilizado pelo incen-
tivador para comprar as quotas poderá ser 
lançado como despesa operacional (no caso 
de pessoa jurídica) e 100% abatido do IR de-
vido, de modo que, na prática, ele não ape-
nas terádedução fiscal de 125%, mas tam-
bém terá chances de ganhar dinheiro com o 
investimento feito (obviamente, se o projeto 
tiver uma boa performance comercial). 
É um ótimo argumento para conquis-
tar apoiadores, não é?
Dado que esse mecanismo é de inves-
timento, a lei exige a participação da Co-
missão de Valores Mobiliários (CVM), o 
que implica a intermediação por correto-
ras. Portanto, notem que os trâmites aqui 
são relativamente mais complexos que os 
mecanismos de patrocínio e doação, e que 
não apenas as normas da Ancine deverão 
ser seguidas, mas também as da CVM.
Seguindo a mesma lógica de inves-
timento, temos o Fundo de Financia-
mento da Indústria Cinematográfica 
Nacional, o Funcine, previsto na MP nº 
2228/2001. No caso das pessoas físicas, 
a dedução prevista fica sujeita ao limite 
de 6% do IR devido, ao passo que para 
pessoas jurídicas, a 3%.
A lógica do incentivo é a mesma do Art. 
1º: o valor utilizado para a compra das quo-
tas é abatido integralmente do IR devido 
do incentivador (entretanto, nesse caso, 
não pode ser lançado como despesa ope-
racional). É imprescindível ter a CVM envol-
vida no processo, e a compra das quotas 
dá direito ao incentivador de participar, se 
houver, das receitas do projeto.
A diferença aqui é que no Funcine o in-
centivador não compra quotas de um pro-
jeto específico, mas, sim, de um Fundo, ou 
seja, de um portfólio de projetos, aumen-
tando as chances de retorno financeiro. 
O que também chama a atenção neste 
mecanismo é a possibilidade de aqui-
LEIS DE INCENTIVO 
59 
sição de ações de empresas brasileiras 
para produção, comercialização, distri-
buição e exibição de obras audiovisuais 
brasileiras independentes, bem como 
para prestação de serviços de infraestru-
tura cinematográficos e audiovisuais.
Passando para o Art. 1ºA da Lei do Au-
diovisual, temos o mecanismo de patro-
cínio, tal qual é a lógica do Art. 18 da Lei 
Rouanet. Pessoas físicas podem aportar 
até 6% do IR devido, ao passo que pessoas 
jurídicas podem aportar até 4% do IR de-
vido, sendo deduzidos 100% do patrocínio 
aportado (mas não pode lançar o valor 
como despesa operacional). Por se tratar 
de patrocínio, o benefício, além da dedu-
ção fiscal, será o retorno de marketing.
Falemos agora dos três mecanismos de 
coprodução previstos nos Arts. 3º, 3ºA e 39-X. 
Os produtores, intermediários, distribui-
dores e exibidores internacionais ganham 
muito dinheiro explorando seus blockbus-
ters no Brasil. Somos um povo que gosta de 
ir ao cinema, assistir à Netflix e ao YouTube. 
Vocês conseguem imaginar quanto 
uma franquia americana, como a d’Os 
Vingadores (Avengers), por exemplo, gera 
de receita em todo o nosso território? 
Pois bem, todo esse montante não fica no 
Brasil, claro, e ao ser remetido para o ex-
terior é retido o IR e a Condecine Remes-
sa, aquele tributo que é apenas aplicado 
no mercado audiovisual.
A alíquota de IR depende da natureza 
da operação internacional realizada em 
solo brasileiro (programação, exibição, 
distribuição etc.). Para o nosso estudo dos 
mecanismos fiscais importa saber que 
será de 15% ou 25%. Já a alíquota de Con-
decine Remessa é de 11%, sendo que para 
ambos os tributos a base de cálculo sobre 
a qual incide tais cobranças é a receita 
obtida com a distribuição/exploração 
comercial ou exibição/programação de 
conteúdo estrangeiro no nosso território. 
A grande vantagem para os distribuido-
res, exibidores e programadores estrangei-
ros em utilizar esses mecanismos é a criação 
de portfólio. A coprodução os torna “sócios” 
no projeto, de modo que a porcentagem de 
aporte financeiro, em regra, será correspon-
dente à participação patrimonial, ou seja, 
se ele contribuiu com 50% do orçamento, 
ele terá 50% de direito sobre as receitas 
auferidas com a exploração comercial da 
obra audiovisual. E dado que esses parceiros 
também são do mercado audiovisual, outros 
negócios em torno do projeto podem ser fir-
mados, como um contrato de distribuição 
e/ou um contrato de licença de exibição.
Tomemos, por exemplo, um grande 
estúdio americano qualquer (20th Cen-
tury, Paramount, Disney, Warner etc.) que 
opta por utilizar um desses mecanismos 
de incentivo fiscal e se torna um copro-
dutor em um filme brasileiro de comédia. 
Esse mesmo estúdio, além de ser dono 
Fundação Demócrito Rocha
Universidade Aberta do Nordeste
60 
do filme e poder participar das receitas eventualmente geradas 
(primeira fonte de renda), também será o distribuidor dele e, 
obviamente, vai cobrar uma comissão (segunda fonte de ren-
da para o estúdio). Para vocês, produtores brasileiros indepen-
dentes, além de terem conseguido um parceiro financiador do 
projeto, verão seu filme alcançando territórios e segmentos de 
exibição que talvez sequer teriam sido imaginados caso vocês 
tivessem produzido sozinhos. 
Vocês devem estar se perguntando: mas onde entrou o incen-
tivo fiscal? E a sua resposta: no aporte financeiro feito pelo es-
trangeiro no orçamento de produção da obra brasileira e inde-
pendente, que foi feito com recursos de imposto. Vejamos.
No caso do Art. 3º da Lei do Audiovisual:
“os produtores, distribuidores ou intermediários no exterior (...) 
contribuintes de 25% de Imposto de Renda incidentes sobre 
rendimentos decorrentes da exploração de obras audiovisuais 
estrangeiras em todo o território nacional, poderão beneficiar-se 
de abatimento de 70% (setenta por cento) do imposto devido, 
desde que invistam no desenvolvimento de projetos de produ-
ção de obras cinematográficas brasileiras de longa-metragem 
de produção independente, e na coprodução de telefilmes e mi-
nisséries brasileiros de produção independente e de obras cine-
matográficas brasileiras de produção independente”.
Além do benefício fiscal sobre o IR, os contribuintes também 
podem usufruir da isenção dos 11% de Condecine Remessa, 
conforme preceitua a MP nº 2228/2001:
“Art. 49. O abatimento do imposto de renda na fonte, de que o 
trata art. 3º da Lei nº 8.685, de 1993, aplicar-se-á, exclusivamen-
te, a projetos previamente aprovados pela ANCINE, na forma do 
regulamento, observado o disposto no art. 67.
Parágrafo único. A opção pelo benefício previsto no caput 
afasta a incidência do disposto no §2º do art. 33 desta Medida 
Provisória.”
“Art. 33. (...)
§2º Na hipótese do parágrafo único do art. 32, a Condecine 
será determinada mediante a aplicação de alíquota de onze 
por cento sobre as importâncias ali referidas.”
Art. 32. (...)
Parágrafo único. A CONDECINE também incidirá sobre o paga-
mento, o crédito, o emprego, a remessa ou a entrega, aos produto-
res, distribuidores ou intermediários no exterior, de importâncias 
relativas a rendimento decorrente da exploração de obras cine-
matográficas e videofonográficas ou por sua aquisição ou impor-
tação, a preço fixo.”
Para facilitar o entendimento, vejam a simulação de acordo com 
a própria ANCINE:
REMESSA SEM 
BENEFÍCIO
Remessa: R$ 100
IR recolhido na 
fonte (25%): R$ 25
Condecine Remessa 
(11%): R$ 11
(B) receberá: 100 – 
25 – 11 = R$ 64
Empresa responsável pela 
REMESSA – Distribuidor 
NACIONAL (A)
$
REMESSA COM BENEFÍCIO
Remessa: R$ 100
IR recolhido na fonte 
(30% dos 25%): R$ 7,5
Aporte em projeto (70% 
dos 25% de IR): R$ 17,5
Condecine Remessa 
(11%): Isento
(B) receberá: 100 – 7,5 - 25 – 
17,5 = R$ 75
Contribuinte 
Estrangeiro: Distribuidor 
INTERNACIONAL (B)
$
No Art. 3o-A não é muito diferente. É a mesma regra para o 
abatimento de 100% dos 70% aportados no projeto. Muda ape-
nas a alíquota do IR devido (de 25% para 15%) e a não isenção 
de Condecine Remessa:
“Art. 3ºA. Os contribuintes do Imposto de Renda incidente 
nos termos do art. 72 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 
1996, beneficiários do crédito, emprego, remessa, entrega ou 
pagamento pela aquisição ou remuneração, a qualquer título, 
de direitos, relativos à transmissão, por meio de radiodifu-
são de sons e imagens e serviço de comunicação eletrônica de 
massa por assinatura, de quaisquer obras audiovisuais ou 
eventos, mesmoos de competições desportivas das quais 
faça parte representação brasileira, poderão beneficiar-se 
de abatimento de 70% (setenta por cento) do imposto devi-
do, desde que invistam no desenvolvimento de projetos de 
produção de obras cinematográficas brasileira de longa-me-
tragem de produção independente e na coprodução de obras 
cinematográficas e videofonográficas brasileiras de produção 
independente de curta, média e longas-metragens, documen-
tários, telefilmes e minisséries.”
Notem que o fato gerador para o IR, neste caso, é a trans-
missão de obras audiovisuais ou eventos esportivos estrangei-
ros aqui no Brasil. Um exemplo seriam as Olimpíadas, a Cham-
pions League, a F-1, além dos filmes e séries televisivas que 
a gente tanto gosta. Por outro lado, no caso do Art. 3º, o fato 
LEIS DE INCENTIVO 
61 
gerado era a exploração comercial de obras audiovisuais es-
trangeiras em território nacional, conduta esta normalmente 
praticada pelas distribuidoras. 
Esse detalhe sutil sinaliza que tipo de negócio vocês poderão 
firmar com o potencial coprodutor. Se no Art. 3º vocês amar-
rariam a distribuição do filme, no Art. 3ºA vocês irão amarrar a 
sua exibição (muito provavelmente nos canais da programadora 
estrangeira, sua coprodutora). 
Vocês conseguem imaginar sua série sendo veiculada em 
toda a América Latina? Bacana demais!
Vejam a simulação em números para facilitar o entendimento:
REMESSA SEM 
BENEFÍCIO
Remessa: R$ 100
IR recolhido na fonte 
(15% DA REMESSA): 
R$ 15
Condecine Remessa 
(11% da REMESSA): 
R$ 11
(B) receberá: 100 – 15 
– 11 = R$ 74
Responsável pela REMESSA – 
Operadora de TV PAGA (A)
$
REMESSA COM 
BENEFÍCIO
Remessa: R$ 100
IR recolhido na fonte 
(30% dos 15%): R$ 4,5
Aporte em projeto (70% 
dos 15% de IR): R$ 10,5
Condecine Remessa 
(11%): R$ 11
(B) receberá o mesmo 
valor: 100 – 15 – 11 = R$ 75
Contribuinte Estrangeiro: 
programadora ESTRANGEIRA (B)
$
ATENÇÃO: Caso B também seja beneficiado pelo ART. 39-X, poderá 
acumular os benefícios de ambos os artigos.
Um ponto interessante de notar nesses dois mecanismos 
é a possibilidade de o incentivador investir num projeto de 
desenvolvimento de longa-metragem. De todos os mecanis-
mos, estes são os únicos que permitem esse tipo de projeto. 
Como se trata da fase de desenvolvimento (em que o roteiro 
ainda será elaborado, orçado e pesquisado), fala-se em inves-
timento, pois não é certa a sua produção. 
Por fim, temos o Art. 39-X da MP nº 2228/2001, que vocês po-
dem conhecer pela alcunha de “Artigo 39”. 
Esse mecanismo é específico para programadoras estrangei-
ras, portanto, televisão fechada (por assinatura), e trabalha ape-
nas com a Condecine Remessa e não mais com Imposto de Renda.
A lógica aplicada aqui é: se a programadora aportar 3% das receitas 
obtidas por ela em projetos brasileiros de produção audiovisual, ela fi-
cará isenta da Condecine Remessa, ou seja, não precisará recolher os 
11% de tributo. Na prática significa uma economia de 8%!
REMESSA SEM 
BENEFÍCIO
Remessa: R$ 100
IR recolhido na fonte 
(15% da REMESSA): R$ 15
Condecine Remessa 
(11% da REMESSA): R$ 11
(B) receberá: 100 – 15 – 
11 = R$ 74
Responsável pela 
REMESSA – Operadora 
de TV PAGA (A)
$
REMESSA COM 
BENEFÍCIO
Remessa: R$ 100
IR recolhido na fonte 
(15%): R$ 15
Aporte em projeto (3% 
da REMESSA): R$ 3
Condecine Remessa 
(11%): Isento
(B) receberá o mesmo 
valor: 100 – 15 – 3 = R$ 82
Contribuinte Estrangeiro: 
programadora 
ESTRANGEIRA (B)
$
ATENÇÃO: Caso B também seja beneficiado pelo ART. 3º-A, 
poderá acumular os benefícios de ambos os artigos.
Fundação Demócrito Rocha
Universidade Aberta do Nordeste
62 
CONCLUSÃO
6
C omo havíamos dito, a nossa ideia aqui não era esgotar o assunto. Seria, aliás, impossível. Existe muito mais para falarmos e debatermos dentro do mundo dos incentivos fiscais à cultura e ao audiovisual, mas para irmos direto 
ao ponto, sobre a lógica do mecanismo, trouxemos aqui a “nata” 
da matéria. Esperamos que tenham apreciado, compreendido e 
que nós tenhamos conseguido despertar seu interesse em conhe-
cer mais sobre essas opções de financiamento e as leis que os regu-
lam. Muito mais vocês aprenderão em sua pesquisa e no exercício.
A propósito, não deixe de consultar o conteúdo disponibilizado 
em nossa Biblioteca Virtual do AVA. São exemplos, conceitos, simu-
lações de aplicação das porcentagens e publicações de colegas que, 
certamente, contribuirão para seus estudos.
Referências
ANCINE. (07 de Outubro de 2020). Apresentação. Fonte: Site da AN-
CINE: https://www.ancine.gov.br/pt-br/ancine/apresentacao.
CESNIK, Fábio de Sá. Guia do incentivo à cultura. 3ª ed., Ed. 
Manole, 2012.
FRANCEZ, A., COSTA NETTO, J.C. e D’ANTINO, S.F. Manual do Direi-
to do Entretenimento: guia de produção cultural. Ed. Senac-SP.
IKEDA, Marcelo. Leis de Incentivo para o Audiovisual. Ed. Wset 
Multimídia, 2013.
Secretaria Especial da Cultura. (07 de Outubro de 2020). Sobre 
a SAV. Fonte: Site da SAV: http://cultura.gov.br/secretaria/secre-
tarias/sav-secretaria-do-audiovisual/
Secretaria Especial da Cultura. (07 de Outubro de 2020). Sobre a 
SDC. Fonte: Site da SDC: http://cultura.gov.br/secretaria/secre-
tarias/sdc-secretaria-da-diversidade-cultural/
Secretaria Especial da Cultura. (07 de Outubro de 2020). Sobre 
a SECDC. Fonte: Site da SECDC: http://cultura.gov.br/secretaria/
secretarias/sec-secretaria-da-economia-criativa/
Secretaria Especial da Cultura. (07 de Outubro de 2020). Sobre 
a Sedec. Fonte: Site da SEDEC: http://cultura.gov.br/secretaria/
secretarias/seinfra-secretaria-de-infraestrutura-cultural/
Secretaria Especial da Cultura. (07 de Outubro de 2020). Sobre a Se-
fic. Fonte: Site da Sefic: http://cultura.gov.br/secretaria/secreta-
rias/sefic-secretaria-de-fomento-e-incentivo-a-cultura/
ZAVERUCHA, Vera. Desvendando a Ancine. Creative Commons, 2017.
LEIS DE INCENTIVO 
63 
Guabiras (Ilustrador)
É cartunista, autor de histórias em quadrinhos e de muitos personagens. Publicou mais de 
5 mil tirinhas em veículos como jornais, fanzines, livros (antologias), revistas (MAD-SP, Gibi 
Quântico-SP, Tarja Preta-RJ, entre outras) e na web, entre eles, no jornal EXTRA de Nova York 
(EUA) e na obra Marcatti 40 (Ugra/SP). Recebeu, em parceria, 3 troféus HQMIX e o Troféu Ângelo 
Agostini de “Melhor Cartunista de 2016”, as maiores comendas de quadrinhos do país. 
REALIZAÇÃOAPOIO
CAPACITAÇÃO DE 
AGENTES CULTURAIS
ESTRATÉGIAS DE CULTURA E ARTE PARA O FUTURO
Carolina Kazumi (Autora)
Graduada em Direito pela Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo (SP) e pós-
graduada em Audiovisual pelo Senac, advoga no mercado de entretenimento desde 2007, 
especialmente nas áreas de cultura e audiovisual. Já trabalhou como gestora de projetos 
patrocinados por grandes empresas como a Vale, Natura, EDP, BG e o Instituto Claro, e com 
produção executiva de longas-metragens. É palestrante e professora convidada de cursos 
de pós-graduação da PUC-SP e de cursos livres como do Cultura e Mercado, da Academia 
Internacional de Cinema, Instituto de Cinema, entre outros.
FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA (FDR) Presidente: João Dummar Neto Diretor Administrativo-Financeiro: André 
Avelino de Azevedo Gerente Geral: Marcos Tardin Gerente Editorial e de Projetos: Raymundo Netto Gerente TV O 
POVO: Chico Marinho Analistas de Projetos: Aurelino Freitas, Emanuela Fernandes e Fabrícia Góis | UNIVERSIDADE 
ABERTA DO NORDESTE (UANE) Gerente Pedagógica: Viviane Pereira Coordenadora de Cursos: Marisa Ferreira 
Designer Educacional: Joel Bruno | CURSO CAPACITAÇÃO DE AGENTES CULTURAIS Coordenador Geral, Editorial e 
Estabelecimento de Texto: Raymundo Netto Coordenadora de Conteúdo: Daniele Torres Assistente Editorial 
Emanuela Fernandes Projeto Gráfico e Edição de Arte: Andrea Araujo Designer Gráfico: Carlos Weiber Ilustrador: 
Guabiras Roteirista, Locutora e Mediadora (radioaulas): Lílian Martins Produtora: Luísa Duavy
ISBN: 978-65-86094-49-7 (Coleção)
ISBN: 978-65-86094-46-6 (Fascículo 4)
Todos os direitos desta edição reservados à:
Este fascículoé parte integrante do projeto Estratégias de Cultura e Arte para o futuro: capacitação de agentes culturais, em decorrência do Termo de Fomento celebrado entre a Fundação 
Demócrito Rocha (FDR) e a Secretaria Municipal de Cultura de Fortaleza (SecultFOR), sob o nº 02/2020.
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Av. Aguanambi, 282/A - Joaquim Távora 
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