DIREITO INTERNACIONAL 1

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Profa. Ma. Elita Isabella Morais Dorvillé de Araújo
DIREITO INTERNACIONAL
O DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DO DIREITO INTERNACIONAL
PRIMEIRO MARCO
O surgimento do Estado moderno absolutista e suas características (base territorial, massa demográfica e independência polícia) são um marco para o início desse desenvolvimento. 
Destaque especial para a ideia de soberania ligada a formação dos estados modernos absolutistas.
Hugo Grócio (sistematizada e autonomia) e os Tratados de Paz de Westfália com o fim da guerra dos 30 anos. 
SEGUNDO MARCO
Congresso de Viena de 1815: fim das guerras napoleônicas
TERCEIRO MARCO
Colonialismos e imperialismo, e, finalmente, a explosão da segunda grande guerra mundial e suas graves violações de direitos humanos. Aqui as normas de Direito Internacional ganham força, com destaque para a proteção dos direitos humanos.
O DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DO DIREITO INTERNACIONAL
O final da segunda guerra é, portanto, o principal marco.
MARCOS HISTÓRICOS IMPORTANTES
Fundação das Organização das Nações Unidas; 
Tribunal de Nuremberg: genocídio nazista, desenvolvimento do Direito Penal Internacional com destaque para uma ampla discussão sobre Direitos Humanos: criação da justiça penal internacional.
Declaração Universal de Direitos Humanos (1948): Direito Internacional dos Direitos Humanos;
Conferências de Bretton Woods: Direito Internacional Econômico (antecedente histórico da OMC);
Comunidade europeia do Carvão e do aço: integração regional da Europa. A Comunidade europeia do carvão e do aço foi embrião de que?. 
Convenção Europeia de Direitos Humanos e Convenção Americana de Direitos Humanos.
Criação do Tribunal Penal Internacional.
DIREITO INTERNACIONAL
NOÇÕES PRELIMINARES DE DIEITO INTERNACIONAL
O estudo do Direito Internacional se difere bastante do corriqueiro em outros ramos do Direito Internacional, porque?
“O estudo desta disciplina não ofereça a comodidade própria daquelas outras que compõem o direito interno, onde se encontra lugar fácil para a objetividade e para os valores absolutos. (...) No plano internacional não existe autoridade superior nem milícia permanente. Os Estados se organizam horizontalmente e dispõem-se a proceder de acordo com normas jurídicas na exata medida em que estas tenham constituído objeto de seu consentimento. A criação das normas é, assim, obra direta de seus destinatários” (Francisco Rezek).
DIREITO INTERNACIONAL
NOÇÕES PRELIMINARES DE DIEITO INTERNACIONAL
Papel importante dos Estados (nações), das Organizações Internacionais e dos sujeitos (Direitos Humanos).
“Já o Estado, no plano internacional, não é originalmente jurisdicionável perante corte alguma. Sua aquiescência, e só ela, convalida a autoridade de um foro judiciário ou arbitral, de modo que a sentença resulte obrigatória e que seu eventual descumprimento configure um ato ilícito”.
DIREITO INTERNACIONAL
O FUNDAMENTO DO DIREITO INTERNACIONAL E SEU CONCEITO
“Sistema jurídico autônomo, onde se ordenam as relações entre Estados soberanos, o direito internacional público — ou direito das gentes, no sentido de direito das nações ou dos povos — repousa sobre o consentimento” (Francisco Rezek).
O Direito Internacional ordena as relações entre os Estados, as organizações internacionais, os sujeitos, assim como os mais diversos atores que compõem a sociedade internacional em um mundo globalizado.
Pode-se dizer também que o Direito Internacional regula uma dimensão que vai para além dos limites físicos do Estado (para além, portanto, do direito interno). 
DIREITO INTERNACIONAL
TEORIAS (OU CORRENTES) SOBRE A FUNDAMENTAÇÃO DO DIREITO INTERNACIONAL
Corrente voluntarista ou consensualista: doutrina que determina que o DIP é obrigatório porque se expressa, exclusivamente, na vontade dos Estados, seja de forma expressa ou tática. Crítica: não faz parte apenas da vontade dos Estados, o DIP não pode depender exclusivamente da vontade dos Estados. A crítica se concentra especialmente no que diz respeito a normas protetivas de Direitos Humanos.
Corrente objetivista: fundamento no direito natural, o DIP é legítimo e obrigatório por estar situado acima da vontade dos Estados, nesse sentido advém da existência de princípios e normas superiores aos do ordenamento jurídico estatal (direito interno). Corrente com maior número de adeptos.
O que significa o princípio do PACT SUNT SEVANDA? Fundamento do Direito Internacional.
CONCEITO DE DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO
O conceito é amplo e complexo. Não existe um conceito taxativo e fixo no tempo.
De início, centralizado apenas na figura do Estado.
Compreensão contemporânea de Direito Internacional Público: amplia a compreensão de SUJEITO INTERNACIONAL e entende que a percepção de soberania não é absoluta mas condicionada ao exercício do poder do Estado a partir dos compromissos que possa vir a assumir através das normas de Direito Internacional Público.
SOCIEDADE INTERNACIONAL
CONCEITO: “CONJUNTO DE SUJEITOS INTERNACIONAIS E ATORES INTERNACIONAIS EM CONTÍNUA CONVIVÊNCIA GLOBAL PARA PODER COMPARTILHAR E/OU DIVIDIR OS POSSÍVEIS INTERESSES EM COMUM/RECÍPROCOS A PARTIR DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL”.
Sociedade Internacional x Comunidade Internacional: A doutrina diz que o que existe, na realidade, é uma SOCIEDADE INTERNACIONAL. A comunidade é a reunião de sujeitos com interesses e características (por exemplo, culturais e sociais) que unem por determinados laços sociais. 
Atores internacionais x Sujeitos de Direito Internacional 
Todos compõem a sociedade internacional
SOCIEDADE INTERNACIONAL
FORMAÇÃO: ESTADOS, ORGANISMOS INTERNACIONAIS, ONGS, INDIVÍDUOS ETC. 
NÃO É UM ROL TAXATIVO, POIS EXITEM SUJEITOS DE DIREITO INTERNACIONAL (PERSONALIDADE INTERNCAIONAL), COM CAPACIDADE DE AÇÃO E, PORTANTO, COM DIREITOS E OBRIGAÇÕES. 
E EXISTEM OS ATORES INTERNACIONAIS, QUE NÃO POSSUEM PERSONALIDADE INTERNACIONAL MAS COMPÕEM A SOCIEDADE INTERNACIONAL.
SOCIEDADE INTERNACIONAL
CARACTERÍSTICAS DA SOCIEDADE INTERNACIONAL
UNIVERSAL: NÃO SUBORDIDAÇÃO OU AUTORIDADE SUPERIOR DOMINANTE.
ABERTA: CARACTERÍSTICA QUE DECORRE DA ANTERIOR. SIGNIFICA QUE NÃO HÁ, PORTANTO, UM NÚMERO ESPECÍFICO OU PRÉ-DETERMINADO DE SUJEITOS INTERNACIONAIS. OBS: QUANTOS ESTADOS EXISTEM ATUALMENTE?
DESCENTRALIZADA: NÃO HÁ UM PODER CENTRAL SUPERIOR OU SOBERANO ACIMA DOS SUJEITOS INTERNACIONAIS. OBS: NÃO CONFUNDIR COM O PODER DAS CORTES INTERNACIONAIS. EX: TPI OU A CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS.
PARITÁRIA: IGUALDADE DOS SUJEITOS INTERNACIONAIS. OBS: IGUALDADE FORMAL.
SUJEITOS DE DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO
POSSUEM PERSONALIDADE INTERNACIONAL
DE INÍCIO RECONHECIMENTO APENAS DO ESTADO. AINDA HÁ DISCORDÂNCIAS DOUTRINÁRIAS, EMBORA A DOUTRINA MAJORITÁRIA COMPREENDA OS INDIVÍDUOS COMO SUJEITOS DE DIREITO INTERNACIONAL.
QUEM SÃO OS SUJEITOS DE DIP? ESTADO, ORGANISMOS INTERNACIONAIS E, BASEADO NA PRIMAZIA DOS DIREITOS HUMANOS, OS INDIVÍDUOS.
ATORES DE DIP: EX: ONGS E EMPRESAS TRANSNACIONAIS. POSSUEM PERSONALIDADE INTERNACIONAL? NÃO! EXCEÇÃO: O COMITÊ DA CRUZ VERMELHA.
OBJETO DO DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO
DIVISÃO DAS COMPETÊNCIAS ENTRE OS ESTADOS SOBERANOS;
IMPOSIÇÃO DE OBRIGAÇÕES AOS ESTADOS NO QUE COMPETE AO EXERCÍCIO DE SUAS COMPETÊNCIAS;
DELIMITAÇÃO DA COMPETÊNCIA DAS ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS. 
FONTES DO DIREITO INTERNACIONAL
A DOUTRINA INTERNACIONAL CONSIDERA COMO FONTES FORMAIS DO DIP O ELENCADO NO ART. 38 DA CORTE INTERNACIONAL DE JUSTIÇA (OU CORTE DE HAIA):
“Artigo 38
A Corte, cuja função é decidir de acordo com o direito internacional as controvérsias que lhe forem submetidas, aplicará: 
A) As convenções internacionais, quer gerais, quer especiais, que estabeleçam regras expressamente reconhecidas pelos Estados litigantes;
B) O costume internacional, como prova de uma prática geral aceita como sendo o direito;
C) Os princípios gerais de direito, reconhecidos pelas nações civilizadas;
D) Sob ressalva da disposição do Artigo 59, as decisões judiciárias e a doutrina dos juristas mais qualificados das diferentes nações, como meio auxiliar para adeterminação das regras de direito.
A presente disposição não prejudicará a faculdade da Corte de decidir uma questão ex aequo et bono, se as partes com isto concordarem”.(emprego da equidade).
FONTES DO DIREITO INTERNACIONAL
OBS: NÃO HÁ HIERARQUIA ENTRE AS FONTES DO DIP, COM EXCEÇÃO DO ARTIGO 103 DA CARTA DAS NAÇÕES UNIDAS, QUE DIZ QUE A CARTA DAS NAÇÕES UNIDAS PREVALECE SOBRE OS DEMAIS TRATADOS INTERNACIONAIS.
FONTES DO DIREITO INTERNACIONAL
A NORMA COSTUMEIRA NO DIREITO INTERNACIONAL
OS ELEMENTOS DO COSTUME NO DIREITO INTERNACIONAL
“A norma jurídica costumeira, nos termos do Estatuto da Corte, resulta de “uma prática geral aceita como sendo o direito”. Essa expressão dá notícia do elemento material do costume, qual seja a prática — a repetição, ao longo do tempo, de certo modo de proceder ante determinado quadro de fato” (Francisco Rezek).
Lembrando que se trata aqui no uso das fontes de dizer que os sujeitos serão sempre pessoas jurídicas de Direito Internacional Público.
FONTES DO DIREITO INTERNACIONAL
DE OLHO NO CASO CONCRETO! 
O caso da Plataforma do Mar do Norte e a jurisprudência da CIJ (Corte Internacional de Justiça)
 “Os atos em questão não só devem constituir uma prática estabelecida, como devem ter tal caráter, ou realizar-se de tal forma, que demonstrem a crença de que a dita prática se entende obrigatória em virtude de uma norma jurídica que a prescreva. A necessidade de tal crença, ou seja, a existência de um elemento subjetivo acha-se implícita no próprio conceito de opinio juris sive necessitatis. O Estado interessado deve sentir que cumpre o que supõe uma obrigação jurídica. Nem a frequência, nem o caráter habitual dos atos é em si mesmo suficiente. Há numerosos atos internacionais, no terreno do protocolo, por exemplo, que se realizam quase invariavelmente, mas estão motivados por simples considerações de cortesia, de conveniência ou de tradição, e não por um sentimento de dever jurídico”.
FONTES DO DIREITO INTERNACIONAL
A NORMA COSTUMEIRA NO DIREITO INTERNACIONAL
Caráter dinâmico, repetitivo, plural e compreendido como Direito.
“Não se formam costumes internacionais assim como não se celebram tratados internacionais por vontade unilateral. Impõe-se o consentimento e, pois, a pluralidade, ainda que em número mínimo, de vontades singulares” (Francisco Rezek).
Qual a prova da prática dos costumes? Os atos dos sujeitos de Direito Internacional Público envolvidos (Estados e Organizações Internacionais). Ex: atos que compõem, por exemplo, a prática diplomática entre Estados. 
FONTES DO DIREITO INTERNACIONAL
“O Estatuto da Corte da Haia não tencionou ser hierarquizante ao mencionar os tratados antes do costume. É sabido que aqueles primam grandemente sobre este em matéria de operacionalidade: todo tratado oferece alto grau de segurança no que concerne à apuração de sua existência, de seu termo inicial de vigência, das partes obrigadas, e do exato teor da norma — expressa articuladamente em linguagem jurídica. A apuração da norma costumeira é muitas vezes árdua e nebulosa” (Francisco Rezek).
FONTES DO DIREITO INTERNACIONAL
PRINCÍPIOS GERAIS DE DIREITO
São fontes autônomas do DIP e estão expressamente previstas no art.38 da CIJ;
Cuidado com a expressão “nações civilizadas”!
A maior parte já se encontra expressamente prevista em convenções e tratados;
Princípios gerais de Direito e não do Direito! Porque? Convicção jurídica generalizada prevista nos principais sistemas jurídicos dos Estados. Ou seja, princípios previstos nos principais sistemas jurídicos dos Estados. 
FONTES DO DIREITO INTERNACIONAL
A EQUIDADE NO DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO
Nesses casos, a norma é inexistente ou, quando existente, ineficaz para garantir soluções em casos concretos.
Aplicação em determinado caso concreto de ideias e princípios de justiça.
DIREITO INTERNACIONAL
1- QUESTÃO - Sobre as fontes do direito internacional, julgue a afirmação abaixo em certo ou errado. 
“É fonte de direito internacional reconhecida à doutrina dos juristas mais qualificados das diferentes nações”.
( ) CERTO 
( ) ERRADO
DIREITO INTERNACIONAL
2- QUESTÃO- A realidade internacional contempla uma série de atores, nem todos portadores de personalidade jurídica internacional, com direitos e deveres perante o direito das gentes. Com relação a esse assunto, julgue o item subsecutivo. Somente Estados soberanos, entes assemelhados e organizações não governamentais internacionais são sujeitos de direito internacional. 
( ) Certo 
( ) Errado 
DIREITO INTERNACIONAL
3- QUESTÃO- A jurisprudência tem constituído importante acervo de decisões que balizam o desenvolvimento progressivo do direito internacional, não apenas como previsão ideal, mas como efetivo aporte à prática da disciplina. Acerca da aplicação do art. 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça, de antecedentes judiciários, de tratados e de costumes, julgue (C ou E) o seguinte item: 
“Aos juízes de Haia, autorizados pelo estatuto da Corte Internacional de Justiça, é conferido o poder de aplicar, de forma automática, tanto normas escritas quanto normas não escritas, além de costume, de equidade e de princípios gerais do direito”. 
( ) CERTO 
( ) ERRADO 
DIREITO INTERNACIONAL
4- QUESTÃO- A respeito das fontes do direito internacional público, julgue (C ou E) o item a seguir: 
“O Estatuto da Corte Internacional de Justiça reconhece os princípios gerais de direito como fontes auxiliares do direito internacional”. 
( ) CERTO 
( ) ERRADO 
DIREITO INTERNACIONAL
5- QUESTÃO- Sobre os sujeitos de direito internacional público, assinale a alternativa correta. 
A) O Estado Nacional é o único sujeito de direito internacional público. 
B) Numa federação, o estado-membro será considerado sujeito de direito internacional público. 
C) Conforme a Constituição Federal de 1988, o município será considerado sujeito de direito internacional público, vez que possui autonomia política. 
D) As organizações internacionais são consideradas sujeitos de direito internacional público. 
E) O Mercosul não é considerado sujeito de direito internacional público 
DIREITO INTERNACIONAL
6- QUESTÃO- A realidade internacional contempla uma série de atores, nem todos portadores de personalidade jurídica internacional, com direitos e deveres perante o direito das gentes. Com relação a esse assunto, julgue o item subsecutivo. Somente Estados soberanos, entes assemelhados e organizações não governamentais internacionais são sujeitos de direito internacional. 
( ) Certo 
( ) Errado 
DIREITO INTERNACIONAL
7- QUESTÃO- A história da evolução do direito internacional público é, em certa medida, a história da evolução do Estado nacional moderno. Julgue certa ou errada a afirmação abaixo.
“O direito internacional público surgiu na Idade Moderna, como disciplina jurídica subsidiária ao poder absolutista dos soberanos europeus e do Estado nacional moderno, a partir de estudos sobre direitos referentes à guerra e à paz entre as nações”. 
( ) CERTO
( ) ERRADO