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estrutura animal para atividade 2

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1 Estrutura e função animal – Unidade 2 – Sistema esquelético, muscular e digestório. 
 
 
Estrutura e função 
animal 
 
Unidade 2 – Sistema esquelético, 
muscular e digestório 
 
 
Dianne Cassiano 
 
 
 
 
 
 
2 Estrutura e função animal – Unidade 2 – Sistema esquelético, muscular e digestório. 
 
1. Sistema esquelético 
O esqueleto é o que dá a forma ao corpo do vertebrado, sustenta seu 
peso, protege as partes moles, como sistema nervoso, vasos sanguíneos e 
vísceras e fornece um sistema de alavancas que, e associação com os músculos, 
produz os movimentos. Você já reparou que a maioria dos nossos contatos com 
os animais já extintos se dá por meio de achados de seus esqueletos? Isso 
acontece porque os pedaços do esqueleto, por ser rígido, sobrevivem melhor à 
fossilização do que os tecidos moles. A história da função e da evolução dos 
vertebrados está escrita na arquitetura do esqueleto. 
O sistema esquelético é composto por um exoesqueleto e um 
endoesqueleto. O endoesqueleto é formado nas partes profundas do corpo, a 
partir da mesoderme e de outras fontes, não diretamente do tegumento. O 
conjunto fibroso, osso e a cartilagem contribuem para a formação 
endoesqueleto. Já o exoesqueleto é formado a partir do tegumento ou dentro 
dele. A derme origina o osso e a epiderme dá origem à queratina. 
Durante a evolução dos vertebrados, a maioria dos ossos do 
exoesqueleto geralmente ficava dentro do tegumento e protegia as estruturas 
superficiais, como a armadura dérmica dos ostracodermes e as escamas ósseas 
de peixes. Nesse processo alguns ossos se voltaram para dentro, incorporando-
se com outros mais profundos e elementos cartilaginosos do endoesqueleto, 
formando estruturas compostas. 
Por questões práticas, isso torna a separação do endoesqueleto e 
exoesqueleto muito difícil. Partes de um costumam ser encontradas junto com 
o outro, por esse motivo escolhemos unidades estruturais compostas e 
seguimos sua evolução. Essa maneira de dividir o esqueleto para estudo resulta 
em duas unidades: o crânio, ou esqueleto craniano, e o esqueleto pós-craniano 
(Fig 1). O esqueleto pós-craniano inclui a coluna vertebral, os membros, as 
cinturas e as estruturas associadas, como costelas e cascos. 
 
 
 
3 Estrutura e função animal – Unidade 2 – Sistema esquelético, muscular e digestório. 
 
Fig. 1 Organização de tecidos esqueléticos nos vertebrados. A. Como um sistema de proteção 
e sustentação, o esqueleto pode ser dividido em estruturas da parte externa (exoesqueleto) e 
da interna (endoesqueleto) do corpo. B. Com base na posição, o esqueleto pode ser tratado 
como dois componentes separados, o esqueleto craniano (crânio) e o pós-craniano, que inclui 
o esqueleto axial e o apendicular. Fonte: Kardong, 2011. 
 
1.1 Esqueleto craniano 
 
O crânio do vertebrado, apesar de ter emergido como uma unidade 
harmoniosa, é uma estrutura composta por três partes distintas, cada qual 
surgindo de uma fonte filogenética separada. A parte mais antiga é o 
esplancnocrânio (crânio visceral), formada para sustentar as fendas faríngeas 
nos protocordados. A segunda parte, o condrocrânio, formado pelo osso 
endocondral ou cartilagem, ou ambos, fica embaixo e sustenta o cérebro. Por 
fim, a terceira parte, o dermatocrânio, é uma contribuição que forma grande 
parte do envoltório craniano externo, na maioria dos vertebrados. Ele é 
formado por ossos dérmicos. 
Além dessa divisão formal, temos outros dois termos que usamos para 
nos referirmos às partes do crânio. Caixa craniana é utilizada para se referir aos 
componentes cranianos fundidos que circundam imediatamente o cérebro e o 
protegem (Fig. 2). O dermatocrânio, o condrocrânio e mesmo o esplancnocrânio 
podem formar essa caixa craniana, dependendo da espécie. Outros 
morfologistas ainda usam neurocrânio como um termo equivalente de 
condrocrânio. 
 
 
4 Estrutura e função animal – Unidade 2 – Sistema esquelético, muscular e digestório. 
Os elementos do condrocrânio ficam em série com as bases das 
vértebras. Isso levou diversos morfologistas do século 19 a proporem que a 
coluna vertebral primitiva estava estendida para a cabeça, formando o crânio. 
Hoje essa hipótese não é plausível, embora muitos admitam que o arco occipital 
que forma a parede posterior do crânio pode representar vários segmentos 
vertebrais ancestrais que agora contribuem para a parede posterior do 
condrocrânio. Nos elasmobrânquios, o condrocrânio expandido e envolvente 
sustenta e protege o cérebro contido nele, mas na maioria dos vertebrados, o 
condrocrânio é primariamente uma estrutura embrionária que serve como 
etapa para o desenvolvimento do cérebro e de sustentação para as cápsulas 
sensoriais. 
 
 
Fig. 2 Crânio composto. Crânio é um mosaico formado por três partes contribuintes primárias: 
o condrocrânio, o esplancnocrânio e o dermatocrânio. Cada uma tem uma história evolutiva 
separada. O crânio do Eusthenopteron, um peixe ripidístio do Devoniano, ilustra como partes 
de todas as três fontes filogenéticas contribuem para a unidade. (A) O esplancnocrânio surgiu 
 
 
5 Estrutura e função animal – Unidade 2 – Sistema esquelético, muscular e digestório. 
primeiro e é mostrado em associação com o condrocrânio e partes do dermatocrânio. A 
maxila direita está abaixada a partir de seu melhor ponto de articulação, para revelar ossos 
mais profundos. (B) O condrocrânio no Eusthenopteron é formado pela união entre as 
unidades etmoesfenoide anterior e ótico-occipital posterior. (C) A parede superficial de ossos 
compõe o dermatocrânio. A figura central mostra a posição relativa de cada conjunto 
contribuinte de ossos que se unem no crânio composto. Fonte: Kardong, 2011. 
 
Já o esplancnocrânio, entre os vertebrados, sustenta as brânquias e seve 
para a inserção dos músculos respiratórios. Seus elementos contribuem para 
as maxilas e o aparato hioide dos gnostostomados. O esplancnocrânio é uma 
estrutura ancestral dos cordados. Nos anfioxos, por exemplo, ou pelo menos 
nos seus precursores, ele está associado às superfícies de filtração de 
alimentos. 
O crânio, por causa de seus ossos dérmicos, pertence ao dermatocrânio. 
Filogeneticamente, estas estruturas surgiram da armadura óssea do tegumento 
dos primeiros peixes, se interiorizando para se aplicarem ao condrocrânio e ao 
esplancnocrânio. Também se associando aos elementos endocondriais da 
cintura peitoral, os elementos ósseos da armadura, para originar seus 
componentes dérmicos. 
Esses ossos dérmicos associaram-se primeiro ao crânio nos 
ostracodermes. Já nos grupos posteriores, outros ossos dérmicos do 
tegumento subjacente também contribuem. O dermatocrânio forma os lados e 
o teto do crânio, completando a caixa óssea protetora em torno do cérebro. 
Bem como a maior parte do revestimento ósseo do teto da boca, além de 
envolver muito do esplancnocrânio. Os dentes que surgem dentro da boca em 
geral ficam sobre ossos dérmicos. Mediante o processo de ossificação 
intramembranosa, os tecidos mesenquimatosos e ectomesenquimatosos da 
derme formam esses ossos do dermatocrânio (Fig. 3). 
Os elementos dérmicos nos peixes recentes e anfíbios viventes se 
perdem ou fundem-se, assim o número de ossos é reduzido e o crânio, 
simplificado, em comparação com seus ancestrais. Já nos amniotas, os ossos do 
dermatocrânio são predominantes, formando a maioria da caixa craniana e a 
maxila inferior. O crânio dérmico pode conter uma série considerável de ossos 
unidos firmemente em suturas para formar a caixa que contém o cérebro e 
outros elementos cranianos. 
 
 
 
6 Estrutura e função animal – Unidade 2 – Sistema esquelético, muscular e digestório. 
 
Fig. 3 Principais ossos do dermatocrânio. Conjuntos de ossos dérmicos formam a série facial 
que circunda a narina. A série orbital circunda o olho e a série temporal compõe a parede 
lateral atrás do olho. A série mediana, os ossos do teto ficamno alto do crânio, acima do 
cérebro. A série palatina de ossos cobre o alto da boca. A cartilagem de Meckel (não mostrada) 
está encaixada na série mandibular da maxila inferior. Abreviações: angular (An), dentário (D), 
ectopterigoide (Ec), frontal (F), intertemporal (It), jugal (J), lacrimal (L), maxilar (M), nasal (N), 
parietal (P), pré-articular (Pa), palatino (Pl), pré-maxilar (Pm), pós-orbital (Po), pós-parietal (Pp), 
pré-frontal (Prf), paraesfenoide (Ps), pterigoide (Pt), quadradojugal (Qj), surangular (Sa), 
esplênio (Sp), escamoso (Sq), supratemporal (Si), tabular (T), vômer (V). Fonte: Kardong, 2011. 
 
O crânio realiza uma variedade de funções, desde a proteção e a 
sustentação do cérebro e seus receptores sensoriais, como também o abrigo 
do equipamento que resfria o cérebro durante atividade mantida sob uma 
elevação da temperatura do ambiente. O crânio de muitos animais também 
sustenta a caixa e voz e ocasionalmente serve como uma caixa de ressonância 
sonora para amplificar o chamado de animais. A foca de Weddell, por exemplo, 
desfruta da vantagem de suas maxilas abertas e mantém os orifícios 
respiratórios na superfície do gelo. Isso faz com que o crânio seja entendido 
como uma ferramenta de uso múltiplo, envolvido em uma grande variedade de 
funções. Generalizando o desenho do crânio, podemos entender alguns 
problemas funcionais fundamentais, mas é preciso ter cautela para não 
ignorarmos suas múltiplas funções. 
 
1.2 Esqueleto pós-craniano 
 
 
 
7 Estrutura e função animal – Unidade 2 – Sistema esquelético, muscular e digestório. 
O eixo longitudinal do corpo dos vertebrados é composto por duas 
estruturas fundamentais, que oferecem locais para a inserção muscular, a fim 
de evitar o engavetamento do corpo e sustentar a maior parte do peso. São eles 
a notocorda e a coluna vertebral. A notocorda é um bastão longo e contínuo de 
tecido conjuntivo fibroso, que envolve um núcleo líquido ou células cheias de 
líquido; já a coluna vertebral consiste em uma série distinta de elementos 
cartilaginosos ou ósseos repetidos. A notocorda é filogeneticamente o mais 
antigo dos componentes estruturais, mas tende a abrir caminho para a coluna 
vertebral, que vai assumir na maioria dos vertebrados o papel de sustentação 
do corpo. 
A coluna vertebral surgiu cedo. Há evidências de protovértebras em 
forma de blocos segmentares ao longo da notocorda nos fósseis Haikouella e 
Haikouichthys. A evolução da coluna vertebral em peixes e tetrápodes é 
complicada, pois alguns componentes aumentaram de tamanho, outros foram 
perdidos e alguns evoluíram de maneira independente várias vezes. Os eventos 
embriológicos iniciais falham na tarefa de esclarecer tais incertezas 
filogenéticas, porque as opiniões diferem até nos detalhes comparativos de 
eventos embrionários nas formas vivas. 
A função original das vértebras era proteger a medula espinhal e a aorta 
dorsal. Posteriormente elas adquiriram importância como locais de inserção da 
musculatura corporal. Nos tetrápodes, elas passaram a ter a função de 
suspensão do corpo e a locomoção em terra. 
 Os primeiros componentes das vértebras que surgiram foram os arcos 
dorsais e ventrais que ficam na superfície da notocorda. Os arcos dorsais, que 
são os neurais e interneurais (intercalares), protegiam o tubo neural; já os 
ventrais, constituídos pelo hemal e pelo inter-hemal, contêm os vasos 
sanguíneos. A próxima evolução sofrida pelas vértebras foi a formação de dois 
centros: um intercentro (hipocentro) e um pleurocentro. As bases dos arcos 
ventrais se expandem para formar esses centros onde encontram a notocorda. 
Cada segmento vertebral consiste em arcos e centros: até dois arcos 
dorsais (neural e interneural), outros dois arcos ventrais (hemal e inter-hemal) 
e, comumente, dois centros (intercentro e pleurocentro). Na maioria dos peixes, 
a coluna vertebral se diferencia em duas regiões: uma anterior do tronco e uma 
posterior caudal. Nos tetrápodes, o tronco se diferencia ainda mais 
anteriormente, no pescoço, ou região cervical, e, posteriormente, no quadril, ou 
região sacral. Nos primeiros tetrápodes, uma região pós-sacral, contendo até 
cinco ou seis vértebras com as bases proximais fundidas de suas respectivas 
 
 
8 Estrutura e função animal – Unidade 2 – Sistema esquelético, muscular e digestório. 
costelas, tipicamente continua além da região sacral. Em alguns tetrápodes, há 
ainda diferenciação do tronco, ou região torácica, e, na área entre o tórax e os 
quadris, a região lombar (Fig. 4). 
 
 
Fig. 4 Regiões da coluna vertebral. A cadeia de vértebras que compõem a coluna axial se 
diferencia em duas regiões (tronco e cauda) em todos os peixes e até em cinco regiões 
(cervical, torácica, lombar, sacral e caudal) nos amniotas. A coluna vertebral de um jacaré 
esquematizada na figura ilustra essas cinco regiões. Fonte: Kardong, 2011. 
 
Outro componente é o centro. Nos vertebrados, há uma grande variação 
na estrutura dos mesmos, na importância relativa do pleurocentro em 
comparação com o intercentro e no grau em que os centros suplementam ou 
substituem a notocorda como elementos mecânicos da coluna axial. Cada 
centro constitui o que denominamos corpo da vértebra. Mas existem aqueles 
vertebrados que não possuem centro (aspondilia), outros ainda podem exibir 
um (monospondilia) ou dois centros (diplospondilia) por segmento. 
Os centros são ligados sucessivamente em uma cadeia de vértebras, a 
coluna axial. As formas das superfícies das extremidades articulares dos centros 
afetam as propriedades da coluna vertebral e a maneira pela qual as forças se 
distribuem entre as vértebras. Os centros com extremidades planas são os 
acélicos parecem adequados para receber e distribuir forças compressivas 
dentro da coluna vertebral. Eles ainda podem ser anficélico, procélucos, 
opistocélicos, heterocélicos (Fig. 5) 
 
 
 
9 Estrutura e função animal – Unidade 2 – Sistema esquelético, muscular e digestório. 
 
Fig. 5 Formas gerais dos centros. As formas dos centros de articulação variam, conforme vistas 
em corte sagital, e definem tipos anatômicos específicos: (A) acélico, em que ambas as 
extremidades são planas; (B) anficélico, com ambas as extremidades côncavas; (C) procélico, 
com a extremidade anterior côncava; (D) opistocélico, com a extremidade posterior côncava; 
(E) heterocélico, em que as extremidades articulares têm forma de sela. A parte anterior está à 
direita. Fonte: Kardong, 2011. 
 
Essa classificação anatômica é feita somente a partir do formato do 
centro, mas tecidos moles geralmente estão associados e são extremamente 
importantes na função. A notocorda ou seus derivados adultos seguem pelas 
concavidades nas extremidades articular dos centros, cobertos por almofadas 
cartilaginosas preenchendo tais concavidade, denominada disco intervertebral. 
Há também as costelas, que são estruturas de reforço que se fundem ou 
se articulam com as vértebras. Elas sevem como locais para a inserção muscular 
segura, ajudando a levantar o corpo e formando uma caixa protetora em torno 
das vísceras (caixa torácica) e, algumas vezes, servem como dispositivos 
respiratórios acessórios. Além das costelas, existe o esterno. Ele é uma 
estrutura esquelética mesovental, de origem dos músculos torácicos. Ele 
também serve para a fixação das extremidades ventrais das costelas 
verdadeiras, completando a caixa torácica protetora condrificada ou ossificada. 
A caixa torácica consiste em costelas e elementos esternais que englobam as 
vísceras. Alterações no tamanho e na forma da caixa torácica também atuam 
comprimindo ou expandindo os pulmões, para proporcionar a ventilação. O 
 
 
10 Estrutura e função animal – Unidade 2 – Sistema esquelético, muscular e digestório. 
esterno pode consistir em uma única lâmina óssea ou vários elementos em 
série. 
Em alguns vertebrados, posterior ao esterno, existe um conjuntode 
elementos esqueléticos, derivado separadamente, denominados gastrália ou 
costelas abdominais. Ao contrário do esterno e diferentes das costelas, a 
gastrália tem origem dérmica e se restringe aos lados da parede corporal 
ventral, entre o esterno e a pelve, não se articulando com as vértebras. 
Além dessas estruturas do sistema esquelético, não podemos esquecer 
dos componentes do esqueleto apendicular. Ao longo da evolução, foi sendo 
selecionado alguns mecanismos locomotores mais elegantes e especializados, 
desde as nadadeiras dos peixes até os membros dos tetrápodes. Nesse 
esqueleto, denominado apendicular, a relação entre as estruturas e a função 
biológica é direta. O esqueleto apendicular compreende as nadadeiras pares ou 
membros e as cinturas, estruturas do corpo que as sustentam. A cintura 
anterior é a cintura peitoral ou escapular, que se forma por elementos 
esqueléticos dérmicos e endocondrais e sustenta nadadeiras ou membros 
peitorais. A cintura posterior é a cintura pélvica ou quadril, formada por 
elementos esqueléticos endocondrais que sustentam nadadeiras ou membros 
pélvicos. 
 
2. Sistema muscular 
E quais as funções do músculo? Eles são essenciais à nossa 
sobrevivência? 
Os músculos são aqueles que literalmente fazem as coisas acontecerem, 
pois são eles os responsáveis por proporcionarem a força para o movimento. 
Associados ao sistema esquelético, eles são os motores e as alavancas que 
fazem o animal reagir. Além de fazê-los reagir, os músculos também restringem 
o movimento, o que é igualmente importante. E mesmo quando estamos em 
pé ou confortavelmente sentados, eles mantêm a posição do nosso corpo, 
evitando que ele tombe. Essas funções são as mais facilmente visualizadas, no 
entanto, os músculos também agem internamente sobre as vísceras, como os 
vasos sanguíneos, canais respiratórios, órgãos, glândulas, etc. 
Os músculos também têm uma participação secundária na produção de 
calor. Normalmente, o corpo humano consegue produzir calor suficiente, mas 
caso a temperatura central caia no frio, grandes músculos em todo o corpo se 
contraem fortemente, produzindo os calafrios. Esses músculos não fazem 
 
 
11 Estrutura e função animal – Unidade 2 – Sistema esquelético, muscular e digestório. 
trabalho extra, mas liberam calor extra, e a temperatura central volta ao normal. 
Inclusive, em algumas espécies de peixes, os músculos extrínsecos do olho, que 
giram o globo ocular, assumem a função especializada adicional de produzir 
calor. Esses músculos, que são aumentados, contêm vias bioquímicas geradoras 
de calor e esse calor é transportado por vasos sanguíneos diretamente até o 
encéfalo para aquecê-lo. 
A contração muscular gera dois subprodutos que geralmente não são 
percebidos, o ruído e a tensão elétrica muito baixa. Muitos tubarões e outros 
peixes predadores, no entanto, têm receptores sensitivos que detectam esses 
ruídos e sinais elétricos a curta distância. A presa, mesma estando enterrada ou 
escondida, ao bombear a água através das brânquias durante a respiração, 
pode ser detectada pelo ruído elétrico. Em algumas espécies, esses 
subprodutos elétricos dispersos se tornam importantes para músculos 
especializados. A esses tipos de músculo damos o nome de órgãos elétricos. 
Eles estão presentes em mais de 500 espécies de peixes, produzindo altos 
níveis de tensão, porém não de força. 
Esses órgãos elétricos disparam energia com algumas finalidades, 
podendo ser a paralisação das presas, a proteção contra predadores ou até 
mesmo a geração de um campo elétrico em torno de seus corpos, para alerta. 
Ou seja, esses órgãos possuem a função na captura de alimentos, na defesa e 
na navegação. 
Na maioria dos vertebrados, porém, os músculos controlam o 
movimento que pode deslocar o organismo no ambiente ou controlar ações e 
processos corporais internos. 
 
 
 
2.1 Organização dos músculos 
 
Como existem diversos tipos de músculos e com várias funções, os 
cientistas que os estudam criaram então critérios para sua classificação. Essa 
classificação pode ser: de acordo com a cor – existem músculos vermelhos e 
brancos. Esse critério, no entanto, caiu em desuso porque a simples distinção 
de cor subestima a complexidade muscular. De acordo com a localização: os 
músculos somáticos movem os ossos (ou cartilagens) e os músculos viscerais 
controlam a atividade de órgãos, vasos e ductos. Segundo o modo de controle 
pelo sistema nervoso: os músculos voluntários estão sob controle consciente 
 
 
12 Estrutura e função animal – Unidade 2 – Sistema esquelético, muscular e digestório. 
imediato, ao contrário dos músculos involuntários. De acordo com a origem 
embrionária. E segundo a aparência microscópica geral: existem músculos 
estriado esqueléticos, estriado cardíacos e lisos. 
As células que compõe os músculos contêm todas as estruturas 
celulares, como núcleos, mitocôndrias, etc., mas criaram-se termos 
especializados para organelas celulares conhecidas. Analisaremos a seguir os 
músculos a partir da sua aparência microscópica geral: 
 
 Músculo estriado cardíaco 
O músculo estriado cardíaco, como o próprio nome designa, é exclusivo 
do coração. As células cardíacas são involuntárias, curtas, mononucleadas e 
binucleadas, muitas vezes ramificadas e unidas umas às outras por discos 
intercalares, formando lâminas (Fig 6). As ondas de contração que conduzem 
impulsos elétricos podem ser iniciadas por nervos ou por contração intrínseca 
do próprio tecido muscular. Elas se propagam nas células e através dos discos 
intercalares. Se mantido saudável e ativo fora do corpo, o tecido muscular 
cardíaco é capaz de se contrair de maneira espontânea e rítmica sem 
estimulação externa. 
 
 
Fig. 6 Músculo cardíaco. As células musculares cardíacas se organizam em lâminas, que 
formam as espessas paredes do coração, capazes de bombear o sangue. Fonte: Kardong, 
2011. 
 
 
 
 
13 Estrutura e função animal – Unidade 2 – Sistema esquelético, muscular e digestório. 
 Músculo liso 
O músculo liso, ao ser visualizado no microscópio óptico, não possui 
estriações, por isso ele foi denominado “liso”. Ele está quase totalmente 
relacionado às funções viscerais – trato digestório, pulmões e vasos sanguíneos 
– sendo considerado, portanto, um músculo visceral. A atividade do músculo 
liso é voluntária, suas contrações típicas são lentas e contínuas. Por esse motivo, 
o músculo liso é adequado para esfíncteres, nos quais a fadiga poderia significar 
perda de controle. 
Todas as suas células são mononucleadas, curtas e fusiformes (Fig. 7). As 
células musculares lisas são unidas por junções e formam lâminas que 
envolvem os órgãos nos quais exercem controle mecânico. As células 
musculares lisas que compõe as lâminas estão acopladas eletricamente e a 
inervação da superfície geralmente se propaga por toda a lâmina. Os hormônios 
também podem excitar ou inibir diretamente a contração desse tipo de 
músculo. O mecanismo molecular de contração do músculo liso ainda não é tão 
bem compreendido, mas supõe-se que ele dependa de um mecanismo de 
filamentos deslizantes. 
 
 
Fig. 7 Músculo liso. À direita está uma célula muscular lisa ampliada e isolada e à esquerda um 
bloco de músculo liso. Fonte: Kardong, 2011. 
 
 Músculo estriado esquelético 
 
 
14 Estrutura e função animal – Unidade 2 – Sistema esquelético, muscular e digestório. 
Os músculos estriados esqueléticos estão geralmente associados a ossos 
e cartilagens sob controle voluntário. Ao microscópio, parecem ter linhas ou 
estriações transversais produzidas pela estrutura subjacente. Todas as células 
musculares esqueléticas são multinucleadas, com muitos núcleos distribuídos 
em seu citoplasma. Apesar de terem menos de 5 cm de comprimento, elas 
podem estar unidas pelas extremidades, formando fibras compostas mais 
longas. Internamente, essas células possuem longas unidades denominadasmiofibrilas. Cada miofibrila é uma cadeia de unidades repetidas (sarcômeros). 
Os sarcômeros, por sua vez, são constituídos por miofilamentos de dois tipos: 
filamentos grossos e finos (Fig. 8). As miofibrilas na célula tendem a estar bem 
alinhadas entre si, causando o efeito da “estriação”, visível ao microscópio 
óptico. 
Cada uma dessas células musculares é inervada individualmente por um 
ramo de uma única célula nervosa. A terminação do nervo se expande e forma 
uma placa terminal motora, que estabelece o contato com o sarcolema da célula 
muscular. A onda de excitação elétrica originada na célula nervosa se propaga 
ao longo do sarcolema e é levada ao interior da célula por invaginações do 
sarcolema, os túbulos transversais. 
 
 
Fig. 8 Músculo esquelético. Cada célula muscular é constituída internamente de miofibrilas; 
cada miofibrila é uma cadeia de sarcômeros; e cada sarcômero é constituído em nível 
molecular de miofilamentos: especificamente, miofilamentos de miosina (grossos) e actina 
(finos) superpostos. O arranjo molecular desses filamentos cria o padrão de estriações na 
miofibrila. Fonte: Kardong, 2011. 
 
 
 
15 Estrutura e função animal – Unidade 2 – Sistema esquelético, muscular e digestório. 
O termo músculo tem, no mínimo, dois significados. Ele ora se refere ao 
tecido muscular (incluindo células e endomísio), ora se refere a todo o órgão 
(células musculares e tecido conjuntivo, nervos e suprimento sanguíneo 
associados). Nós usamos o termo específico célula muscular para designar o 
componente contrátil ativo de um músculo como órgão. 
É comum ouvirmos o termo fibra muscular em vez de célula muscular. A 
olho nu um músculo destrinchado se assemelha a uma corda desgastada. Isso 
inspirou o termo fibra muscular para designar esses filamentos diminutos e 
desgastados que, na verdade, são longas células musculares individuais. Mas 
como essas estruturas, de fato, são células musculares alongadas, o termo fibra 
é infeliz. No entanto, para não nos distanciarmos da convenção adotada entre 
os anatomistas e fisiologistas, usaremos o termo fibra muscular para designar 
uma célula muscular inteira, esquelética ou lisa, mas não uma célula muscular 
cardíaca. 
A parte carnosa de um músculo é denominado ventre e as extremidades 
que se unem ao esqueleto ou aos órgãos adjacentes, inserções. Cada célula 
muscular é envolvida por uma camada de tecido conjuntivo, o endomísio. Já os 
grupos de células musculares são envolvidos pelo perimísio. O epimísio é a 
camada externa de tecido conjuntivo que envolve o músculo. O fascículo, por 
sua vez, é um feixe de células musculares, delimitado por perimísio próprio. 
O órgão muscular não está fixado nos ossos pelas fibras musculares 
contráteis que o constituem. O que acontece, na verdade, é que os vários 
envoltórios de tecido conjuntivo se estendem além das extremidades das fibras 
musculares e se conectam ao periósteo do osso. Esses componentes 
conjuntivos do músculo que se fixam no osso são denominados tendões. Os 
tendões expandidos em lâminas planas e delgadas de tecido conjuntivo 
resistente são aponeuroses, enquanto as de tecido conjuntivo fibroso que 
envolvem e conectam partes do corpo são fáscias. 
Esses tendões possuem várias funções, entre elas a transmissão da força 
muscular a um ponto distante. Os músculos dos membros de animais 
cursoriais, por exemplo, geralmente estão agrupados perto do corpo, mas por 
intermédio dos longos tendões, a força é aplicada nas extremidades das pernas 
(Fig. 9). Eles são metabolicamente econômicos e o suprimento vascular é 
modesto. Dessa forma, como eles necessitam de pouca manutenção e 
consomem pouca energia em comparação com as fibras musculares, eles 
possibilitam que essas tenham apenas o comprimento suficiente para produzir 
 
 
16 Estrutura e função animal – Unidade 2 – Sistema esquelético, muscular e digestório. 
o grau necessário de encurtamento ou força. O restante da distância entre o 
músculo e seus dois locais de inserção é completado pelos tendões. 
 
 
Fig. 9 Tendões do membro de uma girafa. Os músculos dos membros de uma girafa estão 
localizados perto do corpo, mas os tendões seguem ao longo dos ossos da perna e 
transmitem a força aos cascos da girafa. Fonte: Kardong, 2011. 
 
Outra questão interessante para ser destacada sobre o sistema 
muscular, consiste nas bases da contração muscular. Um músculo que está 
relaxado ou em estado de repouso não está recebendo estimulação nervosa. 
Ele é macio e as fibras colágenas que o circundam mantêm seu formato durante 
este estado. Não é a força tensora que faz com que o músculo produza força e 
se expanda. O músculo, ao se estimulado pelo nervo até seu limiar, contrai e é 
gerada a força tensora, o que constitui o estado ativo do músculo. A massa que 
esse músculo deve mover o os ossos nos quais ele se insere representam 
resistências externas denominadas cargas. O encurtamento do músculo por 
contração dependo do equilíbrio relativo entre a força tensora de contração e 
a carga a ser movida. 
Já a química da contração muscular se baseia em filamentos de proteínas 
musculares (actina e miosina) que deslizam entre si para encurtar o músculo. 
Esse processo encurta o sarcômero do qual os filamentos de proteína fazem 
parte. A terminação do neurônio responsável pela inervação, transmite a onda 
elétrica de despolarização para o sarcolema (membrana plasmática) que 
distribui o estímulo que está se propagando para todas as partes da fibra 
muscular e para seu interior a intervalos regulares, via túbulos transversais 
 
 
17 Estrutura e função animal – Unidade 2 – Sistema esquelético, muscular e digestório. 
associados ao retículo endoplasmático. No interior da fibra muscular, essa onda 
elétrica de despolarização estimula eventos químicos locais, resultando no 
deslizamento de filamentos moleculares. Como a contração é simultânea em 
todos os sarcômeros de uma célula, há o encurtamento simultâneo das cadeias 
de sarcômeros, encurtando também a fibra muscular, o que gera uma força 
tensora. 
 
 
Você sabia? 
Como exercitamos o músculo? Quando um músculo se contrai durante uma 
caminhada lenta, ele já está sendo “exercitado”. Portanto, os fisiologistas do 
exercício preferem o termo sobrecarga crônica para descrever altos níveis de 
atividade muscular prolongada, ou apenas “treinamento” para reconhecer as 
demandas musculares elevadas e suas consequências. Ou seja, quando 
dizemos que vamos para a academia para nos exercitarmos, na verdade 
estamos indo para produzir uma sobrecarga crônica nos nossos músculos. 
 
 
 
As características de desempenho, como força e velocidade da inserção, 
são afetadas também pela área de corte transversal, pela orientação das fibras 
(paralela ou pinada), pelo comprimento do músculo e pelos locais de inserção 
em um sistema de alavanca (proximal ou distal). 
Nos peixes, a musculatura axial é predominante, sendo representada por 
blocos de músculo com organização segmentar. Já nos tetrápodes, a essa 
musculatura é reduzida e os músculos apendiculares ganham mais importância. 
Eles também apresentam maior complexidade nas massas musculares. 
A diferenciação filogenética dos músculos ocorre de muitas formas, 
sendo uma delas a migração de primórdios musculares para outras regiões do 
corpo. Por exemplo, a muscularização do diafragma em mamíferos começa com 
o surgimento de primórdios musculares no pescoço. Esses primórdios migram 
durante o desenvolvimento embrionário para o septo do corpo anterior do 
fígado, se diferenciando, nesse local, nos músculos esqueléticos do diafragma. 
Outro mecanismo de diferenciação filogenética é a fusão. O musculo reto do 
abdome, que se estende pelo ventre dos tetrápodes, é formado pela fusão das 
 
 
18 Estrutura e função animal – Unidade 2 – Sistema esquelético, muscular e digestório. 
regiões ventrais de vários miótomos que crescem emdireção à região 
abdominal durante o início do desenvolvimento embrionário. Os músculos 
também podem se diferenciar por divisão. O músculo peitoral no tórax é um 
músculo grande, em formato de leque nos tetrápodes inferiores, mas nos 
mamíferos, divide-se em até quatro músculos distintos que atuam no membro 
anterior. 
As demandas da sustentação e locomoção na terra produziram a maior 
diferenciação da musculatura dos tetrápodes em comparação com a 
musculatura dos peixes. A corrida, o voo e outras atividades dos tetrápodes 
implicam mais que a simples mecânica de balançar os membros ou bater as 
asas, sendo compostos por motores complexos que exigem controle preciso. 
Um guepardo que corre em uma superfície irregular precisa não só balançar os 
membros com rapidez, como também posicionar o pé de modo a se acomodar 
rapidamente às pequenas irregularidades da superfície a cada vez que o pé toca 
o solo. O fato de os tetrápodes terem uma musculatura mais diferenciada é uma 
indicação indireta dessa maior variedade e precisão dos movimentos que eles 
podem e devem realizar. 
A filogenia muscular também é exemplo da evolução desses seres. 
Músculos que surgem inicialmente na mandíbula e na maxila e na musculatura 
axial são incorporados ao sistema muscular do ombro e do membro anterior 
(Fig. 10). Vemos na evolução muscular uma incrível fidelidade entre os músculos 
e sua inervação. Por exemplo, grupos de músculos associados aos arcos 
branquiais são, de modo geral, fielmente supridos pelo mesmo nervo craniano 
em todos os vertebrados, apesar de esses músculos do arco branquial 
costumarem ser remodelados para desempenhar novas funções nos 
tetrápodes. 
 
 
 
 
19 Estrutura e função animal – Unidade 2 – Sistema esquelético, muscular e digestório. 
 
Fig. 10 Evolução dos músculos da face. Nos tetrápodes, a musculatura hioidea se expande e 
circunda parcialmente o pescoço como uma delgada lâmina, o constritor do pescoço. Esse 
músculo também tende a aderir à derme. Nos mamíferos, a musculatura derivada do arco 
hioide se expande radicalmente sobre a cabeça e se diferencia em um conjunto de músculos 
faciais, mais bem diferenciados ao redor dos olhos, lábios e orelhas, nos quais acentuam a 
expressão facial. Fonte: Kardong, 2011. 
3. Celoma e mesentérios 
 O celoma, presente em todos os vertebrados, é uma cavidade interna do 
corpo que se forma como uma fenda no interior do mesoderma (folheto 
germinativo que se localiza entre os folhetos endoderme e ectoderme) e 
circunda o tubo digestivo. Tipicamente, o celoma é constituído por um ou mais 
pares de câmaras, dependendo da espécie. 
Animais celomados são divididos em dois grupos com base em como a 
boca e o ânus se formam. Quando a blástula sofre invaginação para formar uma 
gástrula, ela deixa uma abertura para o exterior chamada blastóporo. Nas 
medusas, o blastóporo é a única abertura do corpo e serve como ânus e boca. 
Nos celomados, durante o desenvolvimento embrionário, surge uma segunda 
abertura. Na linhagem dos protostômios (Grego protos = primeiro e stoma = 
boca), o blastóporo (que foi a primeira abertura no embrião) origina a boca. Já 
os deuterostômios (Grego deuteros = segundo), o blastóporo torna-se o ânus e 
a segunda abertura origina a boca. A forma como o celoma desenvolve-se 
também difere entre os protostômios e deuterostômios. Para entendermos 
essa classificação, os moluscos (caramujos, bivalves, lulas), artrópodes (insetos, 
caranguejos, aranhas) e anelídeos (minhocas) e alguns outros filos são 
 
 
20 Estrutura e função animal – Unidade 2 – Sistema esquelético, muscular e digestório. 
protostômios; já os cordados, hemicordados e equinodermos são 
deuterostômios. Dessa forma, entendemos que os vertebrados são 
deuterostômios. 
O celoma surge, como indicado, durante o desenvolvimento embrionário 
e é formado por camadas de tecido e preenchido pelo líquido celômico. Sua 
função varia de acordo com os diferentes grupos de animais que o possuem. 
Ele pode servir para dar espaço para os órgãos internos, maior flexibilidade 
corporal, esqueleto hidrostático, proteção, processamento de produtos da 
excreção, e transporte de gases e substâncias nutritivas. 
O celoma é produzido durante o desenvolvimento embrionário e dividido 
durante a fase final. Em peixes, anfíbios e na maioria dos répteis ele é 
subdividido em uma cavidade pericárdica anterior, contendo o coração, e uma 
cavidade pleuroperitoneal, onde estão a maioria das outras vísceras. Esse nome 
teve origem com os tetrápodes, mas é aplicado mesmo a tubarões e outros 
peixes em pulmões. Esses dois compartimentos do celoma são separados pelo 
septo transverso, uma divisão fibrosa complicada. Grandes veias embrionárias 
atravessam esse septo à medida que voltam do coração. Essas veias entram em 
contato com o divertículo hepático do intestino, que posteriormente se tornará 
o fígado (Fig. 11). 
Nos répteis, o septo transverso fica oblíquo dentro do corpo e não 
dorsoventralmente. Isso faz com que haja um desvio posterior para uma 
posição abaixo da cavidade pleuroperitoneal situada dorsalmente. Os pulmões 
ficam na extremidade cranial da cavidade pleuroperitoneal, mas em geral, não 
são localizados separadamente, em seus próprios compartimentos celômicos. 
Existem alguns répteis, entretanto, nos quais cada pulmão é sequestrado 
em um compartimento celômico separado, a cavidade pleural. As cavidades 
pleurais formam-se nos crocodilos, tartarugas e alguns lagartos, assim como em 
aves e mamíferos. O padrão de desenvolvimento nos mamíferos, no entanto, é 
diferente do observado em outros grupos. Nos répteis que têm uma cavidade 
pleural e em todas as aves, ela é delimitada por um septo oblíquo fino, não 
muscular, conhecido como prega pulmonar que cresce a partir da linha média 
na direção e dentro da serosa hepática. Esse crescimento continua e a prega 
pulmonar se une à parede corporal, suspendendo parcialmente o fígado e 
sequestrando cada pulmão em sua própria cavidade. 
Nos mamíferos, uma prega celômica (membrana pleuroperitoneal) 
origina-se da parede corporal dorsal e cresce ventralmente, encontrando o 
septo transverso e se fundindo a ele. Essa união vai restringir cada pulmão em 
 
 
21 Estrutura e função animal – Unidade 2 – Sistema esquelético, muscular e digestório. 
sua própria cavidade pleural. Essa prega se torna um diafragma vascularizado e 
suas contrações influenciam diretamente a ventilação pulmonar após o 
nascimento ou eclosão. 
Finas bainhas de mesotélio, uma categoria especial de epitélio que forma 
a placa lateral da mesoderme, reveste o celoma e suas subdivisões. Ele garante 
a integridade das cavidades e define espaços em que os órgãos operam mais 
livremente, além de ajudar a sequestrar órgãos com atividades conflitantes. 
Como exemplo, podemos citar tanto a cavidade pericárdica, que separa o 
coração de outras vísceras para permitir a geração transitória de pressão 
favorável em torno desse órgão nos estágios críticos de seu ciclo de 
bombeamento, para que suas câmaras possam ser preenchidas; como a 
cavidade pleuroperitoneal, que acomoda o intestino, em que ondas peristálticas 
movem o alimento durante a digestão. A cavidade dá liberdade de movimento 
ao intestino durante a digestão, embora a atividade do trato digestório continue 
sob o controle dos mesentérios, que o mantêm suspenso. 
Essa divisão do celoma em compartimentos também torna possível o 
controle mais localizado dos órgãos internos. O mesotélio de lados opostos do 
corpo se encontra e envolve os órgãos internos, formando um pedúnculo 
conectante que os suspende dentro da cavidade e conecta os órgãos 
adjacentes. Esse pedúnculo é um mesentério que consiste em duas camadas 
de mesotélio com tecido conjuntivo, vasos sanguíneos e tecido nervoso entre 
elas. 
 
 
Fig. 11 Cavidades corporais. O celoma, que surge do hipômero, é dividido por um septo 
fibroso transversoem cavidades pericárdica e pleuroperitoneal nos peixes (A), anfíbios (B) e na 
 
 
22 Estrutura e função animal – Unidade 2 – Sistema esquelético, muscular e digestório. 
maioria dos répteis (C). Nos mamíferos embrionários, uma prega celômica cresce na face 
pulmonar posterior e faz contato com o septo transverso (D), separando, assim, a cavidade 
pleural da peritoneal. Subsequentemente, essa prega é revestida com primórdios musculares 
e, junto com o septo transverso, torna-se o diafragma muscular pré-hepático no adulto (E). 
Nos machos de algumas espécies, uma extensão posterior do celoma através da parede 
corporal produz a bolsa escrotal (escroto), que recebe os testículos. Fonte: Kardong, 2011. 
 
O mesentério, recentemente classificado como um órgão, então envolve 
os intestinos e os “prendem” à parede abdominal. Nos intestinos, essa estrutura 
se dobra sobre si mesma e fornece pontos de fixação para outros órgãos 
internos. Os estudos recentes demonstram que existem, dentro dessas dobras 
e tecido, arranjos complexos contendo vasos linfáticos, vasos sanguíneos e 
células imunes. Isso faz com que acreditemos que o mesentério funcione como 
um órgão complexo que transporta os nutrientes para fora do intestino, além 
de oferecer proteção ao mesmo. 
O mesentério, nesse contexto, oferece uma rota para os vasos que 
chegam ao intestino passem. Ele também permite que os vasos linfáticos 
atinjam os intestinos, oferecendo proteção. Além destas funções, ele 
desempenha um papel no desenvolvimento e suporte do intestino. 
 
Você quer ler? 
Acesse o link a seguir para ver uma notícia sobre a promoção do mesentério à 
categoria de órgão: https://www.bbc.com/portuguese/geral-38505488 
 
 
4. Sistema digestório 
 
Todos os animais necessitam de alimentos para sobreviverem. No caso 
dos predadores, falamos de outros animais. No caso dos herbívoros, significa 
plantas. Uma perseguição rápida e morte da presa por subjugação caracterizam 
a captura por um carnívoro. A pastagem prolongada ou a migração para novas 
fontes de plantas suculentas, a alimentação por um herbívoro. Ainda os 
onívoros, capaz de uma alimentação ambivalente. No entanto, em qualquer 
caso, essa refeição obtida inicialmente é inutilizável. O processo de converter 
uma refeição em combustível passível de ser usado pelo corpo é a tarefa do 
sistema digestório. É ele que degrada as grandes moléculas presentes nesses 
https://www.bbc.com/portuguese/geral-38505488
 
 
23 Estrutura e função animal – Unidade 2 – Sistema esquelético, muscular e digestório. 
alimentos, fazendo com que elas possam ser absorvidas pela corrente 
sanguínea e tornando-a disponível para todo o corpo. 
 
4.1 Componentes do sistema digestório 
 
O termo trato gastrointestinal, normalmente utilizado para designar todo 
o trato digestório (desde a cavidade bucal até o ânus), na verdade significa 
literalmente estômago e intestino. Os médicos utilizam os termos populares 
intestino delgado e intestino grosso. Ou seja, os termos que descrevem as 
partes do trato digestório são frequentemente empregados de modo casual. O 
sistema digestório de um adulto inclui o trato digestório e as glândulas 
digestivas acessórias. Esse trato digestório é uma passagem tubular que se 
estende pelo corpo e vai dos lábios da boca até o ânus ou a cloaca. As glândulas 
imersas nas paredes que revestem o trato liberam secreções diretamente no 
lúmen. Com base em diferenças histológicas entre essas glândulas e diferenças 
no tamanho, no formato e na derivação embrionária, são identificadas três 
regiões do trato digestório: a cavidade bucal, a faringe e o canal alimentar. Com 
base em diferenças histológicas na parede do lúmen do canal alimentar, são 
identificadas quatro regiões: esôfago, estômago, intestino delgado e intestino 
grosso (Fig. 12). 
Na maioria dos vertebrados, o canal alimentar termina em uma cloaca, 
que recebe tanto os materiais fecais provenientes dos intestinos quanto os 
produtos do trato urogenital. A porta de saída da cloaca é a abertura ou orifício 
cloacal. Todavia, em alguns peixes e na maioria dos mamíferos, a cloaca está 
ausente, e os intestinos e o trato urogenital possuem portas de saída separadas. 
O intestino grosso se torna retilíneo posteriormente, formando o reto com uma 
abertura anal para o exterior. 
As principais glândulas do trato digestório são as glândulas salivares, o 
fígado e o pâncreas. Essas glândulas digestivas acessórias estão localizadas fora 
das paredes do trato digestório, secretando enzimas químicas da digestão e sais 
emulsificadores no lúmen por meio de ductos longos. 
 
 
 
24 Estrutura e função animal – Unidade 2 – Sistema esquelético, muscular e digestório. 
 
Fig. 12 Sistema digestório dos vertebrados. Fonte: Kardong, 2011. 
 
Voltando à divisão em partes que compõe o sistema digestório, temos 
inicialmente a cavidade bucal. Ela contém os dentes, língua e palato, além das 
glândulas salivares, que ajudam a umedecer o alimento e secretar enzimas para 
iniciar a digestão química. Em algumas espécies, a mastigação que começa o 
processo de degradação mecânica do alimento. Dentre essas estruturas que 
compõe a cavidade bucal, os dentes são exclusivos dos vertebrados e são 
recobertos por esmalte, um revestimento mineralizado. Os dentes ajudam a 
capturar e segurar a presa. Eles também oferecem fortes superfícies de 
oposição que as maxilas usam para esmagar as conchas duras da presa. Depois 
de cada mordida, a língua e as bochechas coletam o alimento e o colocam entre 
as fileiras superior e inferior dos dentes, que quebram mecanicamente o bolo 
(como denominados a massa de alimento na boca) em pedaços menores. Esse 
processo, além de tornar a deglutição mais fácil, também aumenta a superfície 
exposta a digestão química. Mesmo nos vertebrados que não mastigam o 
alimento, os dentes afiados perfuram a superfície do alimento, criando locais 
através dos quais as enzimas digestivas penetram. 
 
 
 
 
Você sabia? 
Você sabe qual a relação entre a anatomia e a fala nos seres humanos? As 
mudanças anatômicas que possibilitam a fala se concentraram no alongamento 
da faringe, que foi obtido pela separação do palato mole e da epiglote. Por meio 
 
 
25 Estrutura e função animal – Unidade 2 – Sistema esquelético, muscular e digestório. 
desse alongamento, o ar pode ser conduzido sem esforço e de modo contínuo 
passando pela boca, na qual é transformado em sons. Por meio do controle de 
suas paredes musculares, a faringe reestruturada dos seres humanos se tornou 
a principal câmara produtora de vogais. 
 
 
Os dentes são fixados aos ossos de sustentação de três maneiras gerais. 
Os répteis Archosauria e os mamíferos apresentam dentes tecodontes 
inseridos em alvéolos dentro do osso. Outros vertebrados exibem uma 
condição acrodonte, com alvéolos superficiais e dentes fixados à crista do osso, 
ou uma condição pleurodonte, com dentes fixados no lado medial do osso. 
Entre os herbívoros e predadores, os dentes são frequentemente achatados 
em superfícies semelhantes a bigornas para esmagar o material vegetal fibroso 
ou as conchas duras dos moluscos. Os dentes podem ser especializados, de 
forma a deixar mais eficiente a captura do alimento. 
À semelhança dos dentes da maioria dos répteis carnívoros, as cobras 
possuem dentes que se afilam em uma cúspide acentuadamente pontuda, que 
penetra da pele e proporciona uma mordida firme sobre a presa. Alguns dentes 
desse grupo são especializados, apresentando uma margem semelhante a uma 
lâmina ou cristas baixas ao longo de suas laterais, ajudando na penetração do 
dente. 
Para deixar mais claro, vamos tentar visualizar o momento em que a 
cobra dá o bote. Após o bote ela fecha sua boca rapidamente sobre a vítima, 
que é presa por uma série de dentes semelhantes a agulhas que forma uma 
superfície espinhosa. Os dentes na frente da boca da cobra são frequentementeinvertidos, ou seja, possuem a ponta inclinada para frente em relação ao 
restante dos dentes, dando uma inclinação posterior acentuada em sua base e 
uma inclinação para frente no seu ápice. Essa inclinação da cúspide para frente 
faz com que durante o bote a ponta afiada seja trazida para uma posição mais 
alinhada com a linha de captura da presa pela cobra, facilitando a perfuração 
da pele com o impacto. A inclinação posterior na base do dente atua para 
segurar a presa e facilitar a sua deglutição (Fig. 13). 
Em virtude de sua inclinação dos dentes, se a presa recuar na tentativa 
de escapar, os dentes são inseridos mais profundamente. Os dentes com 
curvatura invertida são encontrados em outros vertebrados, como os tubarões, 
funcionando de modo semelhante. 
 
 
 
26 Estrutura e função animal – Unidade 2 – Sistema esquelético, muscular e digestório. 
 
Fig. 13 Curvatura invertida dos dentes da cobra. (A) Quando uma cobra lança sua cabeça e 
fecha as maxilas sobre uma presa, duas forças são transmitidas pela ponta dos dentes 
anteriores, representadas aqui por vetores. Um vetor representa a força que surge do 
movimento do crânio (C) para frente. O outro representa a força de fechamento da maxila (M). 
A força resultante no impacto é C + M. (B) A inclinação da ponta do dente para frente (arco 
secundário) em relação à sua base (arco primário) pode fazer com que a ponta coincida mais 
com a linha dessa força resultante sobre o impacto. O arco primário da base do dente orienta 
o dente posteriormente. Quando a cobra deglute a presa, essa inclinação para trás resiste à 
fuga da presa para fora da boca. Durante o bote, o arco secundário inverso ajuda o dente a 
penetrar na superfície da presa. Fonte: Kardong, 2011. 
 
Seguindo na apresentação dos componentes gerais do sistema 
digestório temos o próximo local por onde o alimento vai passar, que é faringe. 
Nos adultos ela é um pouco mais do que um corredor de passagem de alimento 
e ar. É interessante destacarmos que do ponto de vista filogenético, a faringe 
constitui a fonte de muitos órgãos e, em termos de desenvolvimento, sua 
história é complexa. Durante esse desenvolvimento uma série de reentrâncias 
ou bolsas faríngeas se forma em suas paredes laterais e cresce para fora para 
encontrar invaginações da ectoderme da pele, denominadas sulcos branquiais. 
Essas bolsas e sulcos, em seu ponto de contato, estabelecem uma divisão ou 
placa de fechamento entre eles. Nos peixes e larvas de anfíbios, as placas de 
fechamento são perfuradas para formar as fendas branquiais funcionais. Nos 
outros vertebrados, não há ruptura nas placas de fechamento. 
 
 
27 Estrutura e função animal – Unidade 2 – Sistema esquelético, muscular e digestório. 
A deglutição do bolo, antes presente na cavidade bucal, envolve um 
movimento vigoroso do mesmo para dentro do esôfago e posteriormente para 
o estômago. A maioria dos vertebrados engolem o alimento por inteiro, sem 
mastigá-lo, e o esôfago acaba se expandindo para abrigar o alimento deglutido. 
Quando o alimento entra no esôfago, ondas de contração em suas paredes e 
movimentos gerais do pescoço fazem com que esse alimento desça ao 
estômago (Fig. 14). Formam-se três vedações temporárias conforme a maioria 
dos mamíferos mastiga e deglute o alimento, sendo elas: a vedação oral 
anterior, que é formada pelos lábios; a vedação oral média, que se desenvolve 
entre o palato mole e a parte posterior da língua; e a terceira vedação, que é 
oral posterior, observada entre o palato mole e a epiglote (Fig. 15). 
 
 
Fig. 14 Quando a cobra está engolindo a presa, ela desloca suas maxilas alternadamente para 
a esquerda e para a direita no decorrer do corpo presa, fazendo-a “andar” sobre sua 
superfície até que a presa alcance a fração posterior da garganta. Os músculos lisos na parede 
do esôfago, auxiliados por músculos estriados na parede lateral do corpo, movimentam a 
presa em direção ao estômago. Enquanto a presa está na boca da cobra, a traqueia desliza 
por debaixo dela e para frente, a fim de manter uma via aberta por meio da qual a cobra 
respira até mesmo enquanto está deglutindo. Fonte: Kardong, 2011 
 
 
Fig. 15 Passagem para o alimento e o ar. (A) Vista sagital da cabeça de um gambá mostrando 
as três vedações orais: anterior (lábios), média (palato mole e língua) e posterior (parte 
 
 
28 Estrutura e função animal – Unidade 2 – Sistema esquelético, muscular e digestório. 
posterior da língua e epiglote). O ar (setas cheias) flui diretamente das passagens nasais para 
dentro da traqueia. O alimento (setas vazadas) passa ao redor das partes laterais da laringe 
para alcançar o esôfago. (B) Vista sagital da cabeça de um ser humano. A vedação oral 
posterior está ausente, visto que a faringe está localizada mais baixa no pescoço para 
acomodar a produção de som para a fala. Assim, o alimento e o ar se cruzam potencialmente 
na extensa faringe humana. Fonte: Kardong, 2011 
 
O esôfago pode ser caracterizado como um tubo delgado, que se 
distende facilmente, como observamos, para acomodar o bolo alimentar. Há, 
com frequência, a secreção de muco para facilitar a passagem do alimento, mas 
ele não produz qualquer enzima que contribui para a digestão química. O 
esôfago pode atuar ainda como um local de armazenamento para aqueles 
vertebrados que deglutem grandes quantidades de alimento de uma só vez até 
que o canal alimentar possa receber mais alimento para digestão. 
O estômago, próxima etapa do sistema digestório, recebe o bolo de 
alimento do esôfago. Os animais que ingerem quantidades grandes de 
alimentos e de modo irregular, como os carnívoros, possuem estômagos que 
também atuam como compartimentos de armazenamento até que os 
processos de digestão química e mecânica se emparelhem. Nos primeiros 
vertebrados, a função inicial do estômago provavelmente se resumia a esse 
armazenamento. Como eles passaram a ingerir alimentos em pedaços maiores, 
o ácido clorídrico produzido no estômago pode ter impedido a putrefação dos 
alimentos por bactérias, preservando-os até que a digestão estivesse em 
andamento. 
Esse órgão desempenha um papel mais amplo nos vertebrados. Apesar 
de servir predominantemente para agitar e misturar o alimento mecanicamente 
e acrescentar as substâncias químicas digestivas, denominadas suco gástrico 
(compostas por algumas enzimas, muco e predominantemente ácido 
clorídrico), nele também ocorre a absorção de água, sais e vitaminas. O tamanho 
expandido do estômago é o que o separa do esôfago e do intestino delgado, no 
qual ele se esvazia. Quando ele não está digerindo alimentos, ele relaxa, 
formando pregas gástricas (Fig. 16). 
 
 
 
29 Estrutura e função animal – Unidade 2 – Sistema esquelético, muscular e digestório. 
 
Fig. 16 Anatomia do estômago. Podemos distinguir três regiões no estômago, sendo a maior 
delas a região fúndica. As fossas gástricas se abrem nas glândulas fúndicas, que apresentam 
células parietais e principais em suas bases. As outras duas regiões glandulares do estômago 
são a cárdica e a pilórica, nas bases das fossas gástricas. Vários tipos de células mucosas 
predominam nessas glândulas. Fonte: Kardong, 2011 
 
Após passar pelo estômago, o alimento segue então para os intestinos. 
A mucosa dos intestinos é distinta. Primeiramente, o intestino contém um 
epitélio cuja superfície livre em contato com o lúmen apresenta numerosas 
microvilosidades. Essas microvilosidades aumentam substancialmente a área 
de superfície absortiva total do canal alimentar. As enzimas digestivas estão 
ligadas, majoritariamente, a essas microvilosidades e incluem dissacaridases, 
peptidases e algumas lipases. Em segundo lugar, temos as glândulas intestinais 
que formam um reservatório de células imaturas, que se dividem e migram pra 
cima, ocupando a posição de células epiteliais maduras de absorção que 
revestem o lúmen dos intestinos. 
 Em geral, existemduas regiões principais dos intestinos: o intestino 
delgado e o intestino grosso. O intestino delgado é mais comprido que o 
intestino grosso, mas seu diâmetro é menor. Ele possui vilosidades, que 
consistem em pequenas projeções superficiais que também aumentam a 
 
 
30 Estrutura e função animal – Unidade 2 – Sistema esquelético, muscular e digestório. 
superfície da mucosa. Essas vilosidades não podem ser confundidas, no 
entanto, com as microvilosidades, que são muito menores (Fig. 17). Já o intestino 
grosso é um tubo reto que se estende até a cloaca ou ânus, sendo desprovido 
de vilosidades. Ele geralmente está deslocado para um dos lados da cavidade 
do corpo, formando uma alça suave, denominada cólon. Próximo de sua 
extremidade, ele fica reto, formando uma porção terminal distinta antes da sua 
abertura. Se essa porção terminal recebe produtos do sistema urinário e/ou 
reprodutor, trata-se apropriadamente de uma cloaca, que termina na abertura 
cloacal. Se ela receber apenas produtos do canal alimentar, ela forma o reto, 
que termina no ânus. 
 
 
Fig. 17 Anatomia do intestino delgado. 
Em geral, os intestinos desempenham várias funções, entre elas 
movimentar o alimento ao longo do trato digestório, adicionar secreções aos 
alimentos que estão sendo digeridos, facilitando a passagem do mesmo. O suco 
 
 
31 Estrutura e função animal – Unidade 2 – Sistema esquelético, muscular e digestório. 
intestinal, produzido pelas glândulas intestinais inclui enzimas para a digestão 
de proteínas, carboidratos e lipídios. Por fim, eles também absorvem 
seletivamente os produtos finais da digestão – aminoácidos, carboidratos e 
ácidos graxos. A água também é absorvida principalmente no intestino grosso. 
Assim se desencadeia, de modo geral, a atividade do sistema digestório 
nos vertebrados. As respostas dinâmicas do canal alimentar são evidentes 
principalmente durante a alimentação e o jejum. A chegado do alimento no trato 
digestório desencadeia, como pudemos perceber, atividades mecânicas e 
químicas, que visam a degradação desse para a liberação dos componentes que 
necessitamos para sobreviver. 
 
Síntese 
 Chegamos ao final desta unidade. Exploramos mais alguns sistemas 
presentes nos organismos dos animais vertebrados. Observamos a função que 
desempenham, seu aparecimento no processo evolutivo destas espécies e a 
importância que detém no interior da organização de seus respectivos 
sistemas. E agora avançamos mais no desenho de nosso quadro geral para o 
organismo dos animais vertebrados. 
 
Neste capítulo você teve a oportunidade de: 
 Compreender a formação e função do sistema esquelético, bem como 
sua divisão em esqueleto craniano e pós-craniano; 
 Estudar a importância do sistema muscular, sua organização e 
especialização em diferentes vertebrados; 
 Determinar o papel dos celomas e mesentérios na formação e 
organização interna dos órgãos e tecidos no corpo dos animais 
vertebrados; 
 Compor o sistema digestório, observando o papel dos diferentes órgãos 
para o funcionamento adequado do sistema. 
 
 
 
32 Estrutura e função animal – Unidade 2 – Sistema esquelético, muscular e digestório. 
Bibliografia 
 
KARDONG, KENNETH G. Vertebrados: anatomia comparada, função e evolução. 
São Paulo: Roca, 2011. 
 
POUGH, F. Harvey; JANIS, Christine M. A vida dos vertebrados. 4ª ed. São Paulo: 
Atheneu, 2008.

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