Paco del Toro retrata o tema violência doméstica no dramático filme Cicatrices

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Paco del Toro retrata o tema violência doméstica no dramático filme 
"Cicatrices" 
 
por Cremilton Santana 
 
 
Cicatrices, filme dirigido por Paco del Toro, apresenta muitas cenas fortes e 
dramáticas ao retratar o melodrama da violência doméstica. O diretor nos mostra como 
algumas pessoas sofrem esse tipo de agressão, em especial, as mulheres que são agredidas 
verbalmente e fisicamente por seus próprios companheiros. Os conflitos matrimoniais, a 
luta pela hierarquia do lar, as palavras que são ditas com o intuito de ofender um ao outro, 
que, na maioria das vezes, são os filhos quem acabam sofrendo graves consequências e, 
até mesmo, sequelas irreparáveis na alma. 
O filme desde seu início foca no drama familiar do casal de protagonistas Julian 
(Rodrigo Abed), Clara (Nora Salinas, com uma atuação irretocável), esta conhecida pelo 
público brasileiro por suas atuações nas telenovelas mexicanas transmitida pelo SBT. O 
enredo aborda os problemas conjugais entre Julian e Clara, a princípio, a última suportava 
todas as humilhações e era submissa ao esposo, este era arrogante, egocêntrico e contava 
com o apoio de sua mãe que fazia de tudo para jogar o filho contra a esposa. Diante de 
tudo isso, os problemas vieram à tona, Clara não suportou mais as agressões verbais do 
cônjuge e começou a revidar à altura as ofensas sofridas, mas com elas vieram também 
às lágrimas, decepções e o desrespeito mútuo, com isso, as agressões verbais passaram a 
ser físicas, levando ao abismo da violência e da destruição. 
Se por um lado, o longa-metragem destaca também que no meio de todo esse 
drama familiar os filhos acabam sofrendo as consequências das atitudes dos pais, muitos 
se sentem culpados por pensarem que são responsáveis pelos desentendimentos dos 
genitores. Sendo assim, muitos deles têm baixos rendimentos escolares, desenvolve 
características rebeldes, depressão, sentimento de rejeição e desvio de caráter ou 
simplesmente se isola do mundo. Por outro lado, muitas vezes, quando os pais decidem 
se separar, os filhos serão objetos de disputas como se fosse um troféu para ver com quem 
é que fica. Nesse sentido, isso acarreta disputas judiciais e principalmente psicológicas 
 
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para as crianças. Em Cicatrices, foi necessário acontecer uma tragédia para mudanças de 
pensamentos e de atitudes de alguns personagens. 
Na narrativa de del Toro, é perceptível no enredo a relação com algo de cunho 
religioso, nota-se isso, quando Julian ganha de presente do seu amigo uma Bíblia Sagrada. 
O filme nos traz, também, personagens que são contra o divórcio por pensarem que o 
casamento é eterno e que os casais têm que “suportar” um ao outro, e a mulher ser 
submissa ao esposo. 
Diante do exposto, Paco del Toro tenta transmitir a mensagem do perdão, fé e 
reconciliação em um filme que retrata, sobretudo, a violência doméstica mútua, que 
necessita curar as feridas não só física, mas principalmente as feridas da alma que deixam 
marcas no coração e quase nunca cicatriza. Parece-me que o diretor peca um pouco na 
construção dos diálogos e cenas, já que apresentam algumas cenas batidas e repetitivas, 
transmitindo a mesma mensagem várias vezes, fazendo com que o filme fique maçante e 
cansativo em alguns momentos. Entretanto, além do tema proposto, outro grande triunfo 
de del Toro foi a escolha de Nora Salinas como protagonista, ela compôs a personagem 
Clara com muita sabedoria, dosando sutileza, drama e ironia, correspondendo as minhas 
expectativas. Além disso, a visualidade fílmica de del Toro conta com ótima música de 
fundo “un Angel llora” interpretada por Anette Moreno. A canção é melancólica e bem 
condizente ao tema retratado no filme. 
 
 
 
 
Cicatrices, México, 2005 
Direção: Paco del Toro 
Elenco: Rodrigo Abed, Nora Salinas, Leonor 
Bonilla, Joana Brito e Susana González 
Duração: 1h 44min. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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