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Os sedimentos do mar e das praias O fundo do mar e as praias apresentam partículas chamadas de sedimentos marinhos (Figura 1), e estes podem ser classificados de acordo com sua origem e seu tamanho. Com relação a sua origem, são considerados sedimentos biogênicos, terrígenos, autigênicos ou cosmogênicos, e quanto ao tamanho dos grãos estes podem ser argila, silte, areia e cascalho. Figura 1- Sedimentos marinhos do fundo do mar e das praias. Fonte: A autora. De modo geral, os sedimentos terrígenos podem ser oriundos dos solos continentais, de icebergs e argilas pelágicas, enquanto os sedimentos biogênicos são constituídos de carapaças biológicas carbonáticas ou silicosas de organismos marinhos. Em pesquisas sobre a composição dos sedimentos do fundo marinho verificou-se que é observada uma maior quantidade de sedimentos terrígenos em áreas mais próximas à costa, tais como as praias e planícies costeiras, enquanto em áreas de assoalho de mar profundo ocorre maior presença de sedimentos biogênicos. Tal constatação ocorre porque o grande aporte de sedimentos transportados por rios desembocam nas planícies costeiras e praias, e possivelmente devido à distância e outros processos não atingem amplamente as áreas de mar mais profundo, portanto tais áreas mais profundas recebem maior contribuição de sedimentos biogênicos oriundos da atividade primária na forma de carapaças carbonáticas e silicosas dos organismos do plâncton. Os sedimentos marinhos são encontrados desde áreas mais costeiras, áreas marinhas da plataforma continental e até mesmo nas áreas abissais (muito profundas), e existe uma mensuração sobre a taxa de acumulação de sedimento nesses locais. A tabela abaixo (Tabela 1) evidencia a diferença entre os locais, destacando em especial as planícies abissais que tem taxa de acumulação de sedimento bastante escassa. Tabela 1 – Taxas de acumulação sedimentar de sedimentos terrígenos e biogênicos (Dias, 2004). Ademais, na Tabela 2 a seguir é possível verificar a diferença quanto à presença e distribuição de sedimentos biogênicos e terrígenos em cada oceano (Atlântico, Pacífico e Índico) e em todos os oceanos em conjunto. Os sedimentos de origem autigênica e cosmogênica não estão expostos porque representam uma contribuição muito pequena para o meio marinho, mas serão detalhados adiante. Tabela 2 – Distribuição de sedimentos terrígenos e biogênicos nos oceanos (Dias, 2004). Composição dos sedimentos Com relação ao tamanho dos sedimentos, conforme mencionado anteriormente esses são classificados de acordo com seu diâmetro, sendo o maior denominado cascalho e o menor denominado argila. Os sedimentos quando apresentam vários grãos com tamanhos semelhantes em sua composição são chamados de bem selecionados ou bem classificados, caso contrário, seguem sendo chamados de mal selecionados ou pouco classificados, bastante encontrados em depósitos glaciais e correntes de turbidez. Quanto ao mineral mais encontrado nos sedimentos marinhos, menciona-se o granito, que é o constituinte mais comum da rocha ígnea continental. Assim destaca- se ainda que os sedimentos terrígenos encontrados nos ambientes marinhos e costeiros são representados principalmente por minerais como a argila e o granito. Os sedimentos biogênicos, conforme mencionado anteriormente são compostos de carapaças de organismos marinhos, são chamados de oozes ou vazas quando tem mais de 30% de material esquelético e podem ser vazas/oozes calcáreas e silicosas, de forma que sua presença no sedimento estará atrelada a produtividade primária da área, produtividade esta que está estritamente relacionada à disponibilidade de nutrientes locais. As oozes silicosas são formadas pela presença de organismos tais como as diatomáceas, radiolários, esponjas silicosas e silicoflagelados, enquanto as oozes carbonáticas são formadas por cocolitoforídeos e foraminíferos (Figura 2). Os foraminíferos, especificamente, são organismos que constituem as vazas calcárias e sua aparição ocorre especialmente em zonas subárticas e subantártica, desta forma tais organismos se destacam em especial quanto ao seu uso em estudos de paleoclimatologia e paleoceanografia. Ainda como representantes das vazas calcárias, os cocolitoforídeos são algas biflageladas que são essencialmente organismos de águas quentes, embora existam mesmo em águas com temperaturas de cerca de 3°C. Comenta-se que existem também algumas diferenças acerca da presença destes organismos nos oceanos que compõe os sedimentos biológicos, sendo que no oceano Atlântico são predominantes as oozes carbonáticas, no Pacífico as oozes silicosas e no Índico ambas ocorrem. Figura 2- Carapaças carbonáticas e silicosas que compõe o sedimento biogênico. Fonte: A autora (App.biorender.com). Com relação aos sedimentos autigênicos ou hidrogênicos pode-se dizer que são aqueles formados a partir de reações químicas na água do mar, ou no sedimento marinho. Ainda que seja um processo ainda pouco compreendido, diversos estudos científicos vêm sendo realizados e denotam que esses sedimentos aparecem a partir da precipitação direta da água do mar. No caso dos nódulos de ferro e manganês há uma precipitação direta da água do mar na interface com o sedimento, e a partir de uma estrutura carbonática ou de outro material, ocorrem reações químicas que fazem com que haja precipitação de óxido de ferro e dióxido de manganês que vão formando um nódulo metálico do tamanho de uma batata que pode ser encontrado sob a superfície do sedimento em especial nas margens continentais do mundo todo (Figura 3). Figura 3- Nódulos de manganês. Fonte: http://pubs.usgs.gov/of/2000/of00-006/images/nod_r.gif Há também a precipitação de nódulos fosfatados (encontrados na América do Sul) ocorrem especialmente em áreas de ressurgência, no entanto apresentam processo de precipitação mais rápida que nódulos de manganês, pode haver também sedimentos autigênicos formados a partir da precipitação de materiais de origem de fendas e fontes hidrotermais. E finalmente quanto a presença de sedimentos cosmogênicos nos oceanos, os mesmos se referem àqueles que são de origem extraterrestre, ou seja, é uma poeira que cai devido ao choque de asteroides e cometas com a atmosfera (tectitos e nódulos vítreos). Ainda com relação às taxas de sedimentação marinha, tal como apontado anteriormente há diversas diferenças nos depósitos sedimentares dos oceanos, nota- se também que a quantidade de sedimentos no oceano Atlântico é maior em espessura (1000m) quando comparado ao Pacífico (500m), e isto possivelmente porque o Atlântico é menor em extensão, apresenta maior aporte de rios e o Pacífico aprisiona seus sedimentos em suas fossas. Complementarmente menciona-se que existem algumas feições relacionadas a depósitos sedimentares, uma delas se relaciona a ocorrência de turbiditos, que nada mais é do que o deslocamento dos sedimentos em grande quantidade, formando correntes de turbidez com potencial para formação de grandes cânions submarinos. A composição do turbidito são camadas intercaladas e mal selecionadas de areia terrígena e sedimentos mais finos. Além destas feições, cita-se também os evaporitos, que são depósitos hidrogênicos que incluem muitos sais os quais tiveram origem da evaporação de tanques ou depósitos naturais, configurando assim uma feição de depósitos sedimentar. Para que os sedimentos possam ser avaliados, emprega-se uma instrumentação específica, tal como amostradores simples e de grandes profundidades (petit ponar, box corer e pistões corer). E é por meio da amostragem de testemunhos do sedimento marinho se torna possível visualizar sua estratigrafia, ou seja, a variação na composição das rochas, microfósseis, padrões deposicionais e características geoquímicas e física do sedimento, e até mesmo entender acerca da paleoceanografia(o passado dos oceanos). Uma outra forma de avaliação e possibilidade de entendimento da história dos oceanos se dá por meio da análise de isótopos estáveis, em avaliação em conchas carbonáticas de microfósseis alguns cientistas conseguiram mostrar mudanças da temperatura da superfície e fundo da água com o tempo. Por isto os levantamentos acerca dos sedimentos são tão importantes. Economicamente o estudo dos leitos oceânicos e sedimentos marinhos trazem papel relevante, em especial no que se refere ao entendimento quanto aos locais que contam com reservas de petróleo e aqueles que apresentam outros recursos tais como areia, cascalho e nódulos ferromanganesianos explorados economicamente. Bibliografia Consultada Dias, J.A. (2004). A análise sedimentar e o conhecimento dos sistemas marinhos (Uma Introdução à Oceanografia Geológica). Versão Preliminar. E-book. Disponível em: <https://www.researchgate.net/publication/236551412_A_ANALISE_SEDIMENTAR_E_ O_CONHECIMENTOS_DOS_SISTEMAS_MARINHOS_Uma_Introducao_a_Oceanografia_ Geologica> Teixeira, W.; Fairchild, T. R.; Toledo, M. C. M.; Taioli, F. Decifrando a Terra. [S.l: s.n.], 2009. Autoria Este texto é de autoria da Oceanógrafa Natalia Beloto
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