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VARIAÇÕES DA COMUNIDADE BENTONICA DOS ARENITOS PRAIAS DE PRAIA DO FORTE Emanuel Henrique Valença Silva, Bruno Silva de Morais 1.INTRODUÇÃO Os ambientes recifais são considerados um dos ecossistemas marinhos que apresentam maior biodiversidade no mundo e que possuem um papel ecológico fundamental para os organismos que utilizam esses ambientes, suportando várias formas de vida, desde pequenos invertebrados bentônicos até grandes predadores de topo, que exploram essas áreas principalmente para alimentação (ARAUJO, 2016). As algas marinhas bentônicas são organismos importantes nos ecossistemas costeiros (CARNEIRO, 2016). Como produtores primários, elas convertem energia, sintetizam matéria orgânica e disponibilizam substâncias químicas úteis, como oxigênio (O2) e carboidratos, fazendo com que os ambientes litorâneos estejam entre os mais produtivos dos oceanos (CARNEIRO, 2016). As algas interagem de forma positiva com vários organismos numa relação de simbiose, as quais são baseadas em função do micro-habitat oferecido pelas macroalgas, pois nele os organismos encontram abrigo e proteção contra dessecação (devido ao sombreamento e ao acúmulo de água entre as folhas), impacto das ondas e predação (SANTOS, 2018). Além de todos os serviços ecológicos oferecidos pelas algas, as mesmas possuem grande valor econômico, pois estão sendo inseridas no cardápio alimentar (fonte de polissacarídeos) tanto de humanos quanto de outros animais terrestres (SANTOS, 2018). Com isso em mente foi realizado um levantamento experimental da comunidade bentônica dos arenitos de praia da Praia do Forte, Mata de São João no Litoral Norte do Estado da Bahia, com o intuito de identificar o grupo de organismos que dominava a região e como a bentofauna respondia a essa dominância. 2.MATÉRIAIS E MÉTODOS Area de estudo A localidade de Praia do Forte, com cerca de 8 km de extensão, está inserida no município de Mata de São João, no Litoral Norte do Estado da Bahia (Figura 1), distando aproximadamente 70 km a Nordeste de Salvador. Esse trecho costeiro representa um importante destino turístico, especialmente por suas características ecológicas, paisagísticas e culturais (SILVA, 2016). Figura 1: Localização da Praia do Forte no município de Mata de São João, Litoral Norte da Bahia, retirado de Silva I. R. et al. (2016). Na área de estudo bancos de recifes de coral com topos horizontais em duas situações: a) adjacentes à praia, em águas muito rasas, que ficam descobertos na baixa mar e b) distantes da praia, cerca de 1 a 3 km, em profundidades de 5 a 20m (KIKU-CHI; LEÃO, 1998). Figura 2: Mapa de localização geral do campo. Amostragem de biota A amostragem da biota constitui-se de oito transectos lineares não fixos amostrados por duas duplas e designados por números de 1 a 4 para cada dupla, posteriormente redesignados por números de 1 a 8. Os mesmos foram distribuídos sequencialmente da face mar para a face continente, paralelo ao cordão recifal local e se estendiam por aproximadamente 10 metros. Cada transecção foi realizada com quadrados de PVC que cobriam uma área de 4 metros quadrados e foram espaçados a cada dois metros de um ao outro. 3.RESULTADOS E DISCURSÃO Distribuição da bentofauna nos transectos. No 1º transecto nota-se maior presença de algas marrons – Porcentagens variando entre 25% e 90% ao longo dos quadrados analisados do início ao fim das coordenadas. Seguido pela 2ª maior presença sendo de algas verdes – Porcentagem constante de 5% ao longo dos quadrados analisados do início ao fim das coordenadas. Em sequência, a 3ª maior presença sendo de algas calcárias – Porcentagens variando entre 2% e 5% ao longo dos quadrados analisados do início ao fim das coordenadas. A 4ª maior presença sendo de Halimeda - Porcentagem constante de 1% ao longo dos quadrados analisados do início ao fim das coordenadas. Por fim, a 5ª maior presença sendo de algas vermelhas - Porcentagem constante de 1% ao longo dos quadrados analisados do início ao fim das coordenadas. Figura 3: Distribuição da porcentagem dos organismos no transecto 1. No 2º transecto nota-se maior presença de algas marrons – Porcentagens variando entre 55% e 80% ao longo dos quadrados analisados do início ao fim das coordenadas. Seguido pela 2ª maior presença sendo de algas verdes – Porcentagens variando entre 1% e 10% ao longo dos quadrados analisados do início ao fim das coordenadas. Em sequência, a 3ª maior presença sendo de zooantídeos – Porcentagens variando entre 1% e 30% ao longo dos quadrados analisados do início ao fim das coordenadas. A 4ª maior presença sendo de Halimeda – Porcentagens variando entre 1% e 10% ao longo dos quadrados analisados do início ao fim das coordenadas. A 5ª maior presença sendo de algas coralinas – Porcentagens variando entre 1% e 5% ao longo dos quadrados analisados do início ao fim das coordenadas. A 6ª maior presença sendo de cideracidreia - Porcentagem constante de 5% ao longo dos quadrados analisados do início ao fim das coordenadas. Por fim, algas calcárias e paletoa dispondo de presenças semelhantes no que diz respeito a porcentagens – Porcentagem constante de 1% para cada. Figura 4:Distribuição da porcentagem dos organismos no transecto 2. No 3º transecto nota-se maior presença de algas marrons – Porcentagens variando entre 50% e 90% ao longo dos quadrados analisados do início ao fim das coordenadas. Seguido pela 2ª maior presença sendo de algas verdes – Porcentagens variando entre 1% e 10% ao longo dos quadrados analisados do início ao fim das coordenadas. Em sequência, a 3ª maior presença sendo de algas calcárias – Porcentagens variando entre 1% e 5% ao longo dos quadrados analisados do início ao fim das coordenadas. A 4ª maior presença sendo de cideracidreia – Porcentagens variando entre 5% e 7% ao longo dos quadrados analisados do início ao fim das coordenadas. A 5ª maior presença sendo de paletoa - Porcentagens variando entre 1% e 2% ao longo dos quadrados analisados do início ao fim das coordenadas. Por fim, a 6ª maior presença sendo de Halimeda - Porcentagem constante de 1% ao longo dos quadrados analisados do início ao fim das coordenadas. Figura 5:Distribuição da porcentagem dos organismos no transecto 3. No 4º transecto nota-se maior presença de algas marrons – Porcentagens variando entre 35% e 65% ao longo dos quadrados analisados do início ao fim das coordenadas. Seguido pela 2ª maior presença sendo de zooantídeos – Porcentagens variando entre 1% e 30% ao longo dos quadrados analisados do início ao fim das coordenadas. Em sequência, a 3ª maior presença sendo de Halimeda - Porcentagens variando entre 10% e 15% ao longo dos quadrados analisados do início ao fim das coordenadas. Por fim, algas calcárias e algas verdes dispondo de presenças semelhantes no que diz respeito a porcentagens – Porcentagens variando entre 1% e 5% para cada ao longo dos quadrados. Figura 6:Distribuição da porcentagem dos organismos no transecto 4. No 5º transecto observa-se uma distribuição mais equalitária das algas verdes, marrons e halimedas na zona inicial. Contudo esse equilíbrio é rapidamente quebrado com as algas marrons exercendo dominância sobre as outras espécies, sobretudo nas verdes em maior grau e nas halimedas em menor. Figura 7:Distribuição da porcentagem dos organismos no transecto 5. No 6º transecto observa-se uma dominância inicial das algas verdes que rapidamente dá lugar a algas marrons. Paralelo a essa alternação entre algas verdes e marrons as algas halimedas apresentam-se em pequenas quantidades durante todo o transecto, e algas coralinas aparecem em quantidade mínimas nas distancias de 2 e 8 metros do ponto inicial. Figura 8:Distribuição da porcentagem dos organismos no transecto 6. O 7º transecto é dominado por algas marrons com uma baixa expressão de algasverdes. Corais e algas halimedas apresentam-se em proporções baixas ao longo do transecto com seus maiores valores ocorrendo conforme a porcentagem que as algas marrons ocorrem decai. Algas vermelhas e calcarias ocorrem em zonas pontuais do transecto em porcentagens pequenas. Figura 9:Distribuição da porcentagem dos organismos no transecto 7. Já 8º transecto as algas marrons e os zoantídeos são os organismos mais representativos ao longo da maior parte do transecto. Contudo ao aproximar-se da borda do transecto ambos organismos dão local a algas calcarias. As algas verdes passam a serem registradas na sessão conforme as algas marrons e os zoantídeos chegam aos seus respectivos pontos máximos Figura 10:Distribuição da porcentagem dos organismos no transecto 8. Relação da distribuição das algas marrons. A distribuição da bentofauna na região apresentou dois fatores limitantes, o primeiro deles sendo posicional e o segundo a dominância de algas marrons. A distribuição dos transectos não tiveram uma padronização posicional de modo que, alguns levantamentos foram realizados em partes do arenito de praia apesentava-se coberto de pequenas poças de areia e zonas o que resultou em zonas ausentes de macrobentos. O segundo fator que impactou essa distribuição foi a dominação de algas marrons nos pontos de coleta. As algas marrons foram os organismos dominantes em todos os transectos apresentando queda em alguns pontos. Nestes pontos de queda da dominação das algas marrons que outros membros da bentofauna local conseguiam alguma expressividade. As algas que possuíam esturras complexas no seu talo como a halimeda e a coralínea forma as mais afetadas pelo domínio da alga marrom. Tal fato pode ser relacionado pelo maior tempo de crescimento e facilidade de fixação que as algas marrons possuem em relação as algas halimedas e coralíneas. 4.CONCLUSÃO Com a atividade foi possível perceber que não houve variações significativas na estrutura das comunidades bentônicas entre algas. No entanto, comunidades mais ricas e abundantes ocorreram nas algas mais ramificadas, que oferecem maior quantidade e diversidade de microhábitats para colonização e estabelecimento de populações de macroinvertebrados bentônicos. A rugosidade, altura e a composição do substrato foram os principais fatores que influenciaram na complexidade estrutural bentônica deste trabalho. 5.REFERÊNCIAS ARAÚJO, Antônio Limeira Felinto de. CARACTERIZAÇÃO DO HABITAT E ASPECTOS ECOLÓGICOS DE ANISOTREMUS MORICANDI (PERCIFORMES: HAEMULIDAE) EM DOIS AMBIENTES RECIFAIS COSTEIROS DA PARAÍBA, Brasil. 2016. 67 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Biológicas) - Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2016. CARNEIRO, P. B. de M. ASPECTOS ECOLÓGICOS DE HALIMEDA OPUNTIA (L.) J.V. LAMOUR. (CHLOROPHYTA, BRYOPSIDALES) EM TRECHO RECIFAL DA PRAIA DE PIRANGI, RIO GRANDE DO NORTE. 2011. 79 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Marinhas Tropicais) - Instituto de Ciências do Mar, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2011. Kikuchi, R.K.P; Leao, Z.M.A.N. THE EFFECTS OF HOLOCENE SEA-LEVEL FLUCTUATION ON REEF DEVELOPMENT AND CORAL COMMUNITY STRUCTURE, NORTHERN BAHIA, Brazil. Anais da Academia Brasilia de Ciências. 70, n.2, p.159-171, 1998. Silva, I. R., Guimarães, J. K., da Silva Pinto Bittencourt, A. C., Rodrigues, T. K., & Fernandino, G. (2016). MODELAGENS DE CLIMA DE ONDAS E TRANSPORTE SEDIMENTAR UTILIZANDO O SMC-BRASIL: APLICAÇÕES PARA A PRAIA DO FORTE, LITORAL NORTE DO ESTADO DA BAHIA. Revista Brasileira De Geomorfologia, 17(4). https://doi.org/10.20502/rbg.v17i4.814
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