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Alice Bastos Interpretação do hemograma: Dengue Introdução O hemograma auxilia no diagnóstico de diferentes patologias e seus dados gerais permitem uma avaliação extensa da condição clínica do paciente; Constitui importante exame de auxílio para diagnóstico de doenças hematológicas e sistêmicas; É indicado rotineiramente para avaliação de: Anemias; Neoplasias hematológicas; Reações infecciosas e inflamatórias; Terapia medicamentosa; Distúrbios plaquetários; O hemograma é recomendado para todos os pacientes com suspeita de dengue; A infecção pelo vírus da dengue causa uma doença de amplo espectro clínico; Destaca-se a ocorrência de febre hemorrágica, baixo nível de contagem das plaquetas, hemorragias graves e presença de petéquias por todo o corpo. O hemograma O hemograma é composto por: Eritrograma: Contagem de eritrócitos (CE): 106/mm3; Dosagem da hemoglobina (Hb): g/dL; Hematócrito (Ht): %; Volume Corpuscular Médio (VCM): µm3; Hemoglobina Corpuscular Média (HCM): pg; Concentração da Hemoglobina Corpuscular Média (CHCM): g/dL; Índice RDW (indica a variação do tamanho dos eritrócitos); Plaquetograma: Contagem de plaquetas: 103/mm3; Índice PDW (resultado da amplitude da superfície das plaquetas quantificadas): %; Volume médio plaquetário (MPV): fm3; Leucograma: Contagem total de leucócitos (CTL); Contagem diferencial de leucócitos (CDL): o Neutrófilos (bastonetes e segmentados); o Basófilos, o Eosinófilos; o Linfócitos; o Monócitos. A contagem diferencial de cada leucócito é emitida em % (ou valor relativo) e em 103/mm3 (ou valor absoluto), sendo que o valor absoluto tem melhor expressão diagnóstica em relação ao valor relativo. É uma avaliação qualitativa e quantitativa das células do sangue; Deve abranger as análises qualitativas dos eritrócitos, leucócitos e plaquetas que consideram o tamanho e a forma celular, a coloração e as inclusões citoplasmáticas e nucleares, a presença de vacúolos, as atipias celulares, etc; Essas são informações fundamentais para auxiliar o diagnóstico clínico; O processo de realização do hemograma envolve quatro etapas: Coleta da amostra de sangue periférico; Contagem das células; Determinação diferencial dos leucócitos; Microscopia do esfregaço de sangue periférico para avaliação de potenciais anormalidades morfológicas. Ç Oligocitemia: diminuição da contagem de hemácias; Poliglobulia: aumento da contagem de hemácias; Macrocitose: VCM acima do limite (80-98 fL); Alice Bastos Microcitose: VCM abaixo do limite; Anisocitose: heterogeneidade volumétrica dos eritrócitos; Hipercromia: HCM aumentado; Hipocromia: HCM diminuído; Ç Leucocitose: aumento do número de leucócitos; Leucopenia: diminuição do número de leucócitos; Neutrocitose ou neutrofilia: é a elevação da contagem absoluta de neutrófilos acima da que seria considerada normal; Neutropenia ou neutrocitopenia: é a diminuição do número absoluto de neutrófilos; Pode ser um fenômeno isolado ou fazer parte de uma pancitopenia (diminuição de todas as células do sangue); Eosinofilia: aumento do número absoluto de eosinófilos, ultrapassando o número de referência; Eosinopenia: é a redução da contagem de eosinófilos abaixo do que seria esperada em um indivíduo da mesma idade; Linfocitose: é o aumento do número absoluto de linfócitos; Linfopenia: é a redução da contagem de linfócitos; Monocitose: é o aumento de monócitos; Monocitopenia: diminuição do número de monócitos; Basofilia: aumento nas contagens de basófilos. Ç Trombocitopenia (ou plaquetopenia): contagens de plaquetas abaixo dos limites de referência; Trombocitose: contagens de plaquetas acima dos valores de referência. O hemograma na dengue A dengue é manifestada como uma doença infecciosa aguda caracterizada por um amplo espectro clínico, podendo variar desde formas de infecção assintomática ou febre indiferenciada, até as formas mais graves, como hemorragias e/ou choque; A dengue apresenta como forma clássica, a presença de leucopenia detectada pelo hemograma; As formas mais graves indicam queda acentuada de plaquetas (≤ 100.000/µL) e aumento do hematócrito; No segundo dia de febre, a dengue clássica apresenta leucograma com leucopenia e neutropenia; No quarto ou quinto dia, a leucometria pode chegar a 2-4 mil leucócitos com apenas 20- 40% de neutrófilos; Raros plasmócitos e linfócitos atípicos são às vezes encontrados no quinto e sexto dia; Ç Linfócitos atípicos são definidos como formas intermediárias de ativação dos linfócitos T em decorrência de estímulos antigênicos virais. A contagem de plaquetas em casos de dengue clássica poderá estar normal ou diminuída; Já na dengue hemorrágica, em pacientes adultos, é mandatória uma contagem inferior a 100.000 plaquetas/mm3 (plaquetopenia); Além disso, na dengue hemorrágica é comum a linfocitose com atipia linfocitária; Quaisquer uma dessas alterações sendo observadas no hemograma sugerem indícios da dengue amparadas ainda pelos achados clínicos indicativos. Referências OLIVEIRA, É. C. L. et al. Alterações hematológicas em pacientes com dengue. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, Uberaba, v. 42, n. 6, 2009. p. 682-685. SCHIAVO, S. Hemograma: características diagnósticas frente a suspeita de dengue. Revista Ciência e Tecnologia, São Paulo, v. 7, n. 4, 2012. p. 11-20.
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