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Júlia Figueirêdo - DOR PROBLEMA 2 – ABERTURA: ETIOLOGIAS PARA A LOMBALGIA E CERVICALGIA: LOMBALGIA: A lombalgia, dor na região lombar, é uma das queixas mais frequentes entre adultos por todo o mundo, com incidência semelhante entre homens e mulheres, estas últimas mais acometidas após os 60 anos. Esse quadro é um dos principais causadores de incapacidade ocupacional, implicando em um custo elevado de compensação pelos dias não trabalhados, principalmente em pacientes crônicos. A manifestação aguda da lombalgia se resolve espontaneamente em cerca de 4 a 7 semanas, porém há uma forte tendência de ressurgimento dos sintomas no período de um ano (até 50% dos casos). Nas situações de persistência da dor, as etiologias podem ser neurovasculares ou psicossociais, com destaque para a sensibilização central, na qual os cornos medulares dorsais se mantém dessensibilizados por longos períodos de tempo, mesmo sem a manutenção do estímulo (a dor permanece mesmo com o fim de seus indutores primários), promovendo alodinia e hiperalgesia. Os principais fatores de risco associados a esse quadro são de origem ocupacional (levantar peso, manter-se sentado por longos períodos, rotação repetida do tronco, insatisfação profissional), constitucional (ganho de peso, fraqueza na musculatura do abdome e das costas) e postural. Alguns agentes psicossociais como depressão, a hipocondria, o tabagismo e o etilismo são mais comuns dentre pacientes com dor lombar, podendo afetar sua percepção do quadro. PRINCIPAIS ETIOLOGIAS PARA A DOR LOMBAR: A porção lombar da coluna pode ser segmentada em três compartimentos, anterior, médio e posterior, que representam unidades mecanicamente funcionais. Na primeira região encontram-se os corpos das vértebras e os discos intervertebrais, ambos capazes de suportar peso e choques mecânicos. Na porção medial estão os pedículos e o canal medular, sendo o segmento final responsável por abrigar as fibras nervosas e guiar os movimentos de flexão, extensão e rotação. Representação gráfica dos segmentos lombares de maior destaque (anterior e posterior) Cada atividade desempenhada pelo indivíduo promove um diferente grau de pressão aos discos intervertebrais lombares, sendo de pior risco a posição sentada, principalmente com a flexão do tronco. Diversos músculos atuam constantemente para fornecer suporte às estruturas medulares, sendo os músculos extensores e rotadores os de maior destaque com os grupos eretores da espinha, semiespinhais e interespinhais atuantes na manutenção da posição ereta. Musculatura interna da região lombar Júlia Figueirêdo - DOR Nos movimentos de flexão e extensão, segmentos distintos do disco intervertebral são comprimidos e expandidos, separando-se as facetas articulares das vértebras. Os movimentos laterais, por sua vez, promovem, além da separação dos discos, um processo de aproximação do lado da concavidade e de afastamento na região convexa. Com a regularidade desses movimentos, os deslocamentos supracitados podem interferir com os ligamentos adjacentes e os nervos e vasos deles dependentes, promovendo múltiplas lesões, em sua maioria, radiculares. Graças à elevada mobilidade anteroposterior e lateral, os discos intervertebrais entre L4 e S1 sofrem com maior sobrecarga, aumentando o risco de lesões. No que se refere à classificação das lombalgias, os principais critérios a serem avaliados são a duração (aguda, subaguda e crônica), o padrão (contínuo ou recorrente) e a etiologia (específicas e inespecíficas mais comuns). Neste último grupo, destacam-se: Lombalgias inespecíficas: correspondem aos quadros de dor que não apresentam danos diretos a músculos e/ou nervos. o Lombalgia degenerativa: comumente é acompanhada por alterações discais e interapofisárias, como a planificação articular. A apresentação se dá por meio de dores súbitas ou lentas, bloqueando a movimentação do local, tornando a região rígida. As raízes nervosas de L3 a L5 e S1 podem ser afetadas, causando dor nos segmentos por elas inervados. Pode surgir lordose associada a uma maior angulação entre as vértebras e à fraqueza muscular local, aumentando a dor por meio do maior apoio sobre os ossos já fragilizados. o Lombalgia mecânica: corresponde à dor que tem início com o esforço físico (levantamento de peso ou postura inadequada), havendo melhora com o repouso. Os segmentos mais afetados são músculos, ligamentos e tendões da parte posterior do corpo. A dor é cronificada, com episódios de maior intensidade na porção final do dia, marcados por incômodo local e sensação de peso. Seu início se dá de forma insidiosa, principalmente em indivíduos com baixo condicionamento físico. Tosse e espirros não agravam os sintomas. o Síndrome dolorosa miofascial: corresponde a quase 90% dos pacientes com lombalgia, sendo um diagnóstico de exclusão feito frente à exames de imagem normais. Os músculos mais afetados por pontos-gatilho são o quadrado lombar, o piriforme, o íleopsoas, os glúteos, abdominais, multífidos e paravertebrais. Esse quadro é mais comumente referido como uma manifestação secundária à sensibilização central, acometendo o miótomo do nervo afetado. As fibras musculares afetadas encontram-se infiltradas por prostaglandinas, interleucinas e demais fatores inflamatórios que continuam a ser produzidos na ausência de tratamento adequado, deflagrando a dor e estimulando sua propagação para outras áreas. Lombalgias específicas: o Espondilolistese: ocorre devido ao deslizamento entre corpos vertebrais, que pode ter diversas etiologias, permitindo a classificação Júlia Figueirêdo - DOR desse quadro em cinco grupos distintos. O grupo I corresponde à variante congênita ou displásica, na qual as facetas articulares sacrais e lombares inferiores apresentam anomalias. No grupo II encontra-se a espondilolistese ístmica, mais comum em crianças, sendo marcada por uma fratura crônica na pars interarticularis (espondilólise – descontinuidade óssea). A fratura articular no Grupo II pode causar o desenvolvimento de espondilolistese caso haja deslizamento do disco intervertebral. No Grupo III se inserem as causas traumáticas, decorrente de fraturas agudas na região ístmica descrita anteriormente. O Grupo IV, por sua vez, abrange a espondilolistese degenerativa, decorrente da artrose em L4 e L5. Por fim, no Grupo V encontram-se as manifestações patológicas, marcadas por estreitamento ou ruptura pedicular causadas por condições osteoarticulares prévias. Esse acometimento pode ser assintomático ou ser acompanhado por dores, principalmente quando mais de ¼ do disco for deslocado. Os locais mais afetados, além da região lombar, são as nádegas e a face posterior das coxas, sendo deflagrada pela atividade física e desaparecendo com o repouso. Os músculos flexores da coxa podem se retrair sem motivo aparente, obrigando o indivíduo a flexionar joelhos e quadris, com a pelve inclinada para trás e passos curtos. O grau de comprometimento do paciente pode ser avaliado por meio de radiografia de incidência oblíqua, observando a proporção de deslizamento entre as vértebras, que pode ser dividida em 4 graus. Os 4 graus da espondilolistese em relação ao deslizamento entre L5 e S1 o Protrusão/hérnia discal: a protrusão discal é marcada por uma dilatação (pontual ou difusa) do disco intervertebral, tendo origem na degeneração do anel fibroso (sobrecarregado por aspectos mecânicos ou intrínsecos). A hérnia de disco, por sua vez, é o deslocamento do núcleo pulposo discal a partir de fissuras desse anel. As hérnias podem ser divididas em 3 grupos de acordo com a complexidadedessa movimentação, podendo ser prolapsadas, extrusas e sequestradas. Nas hérnias prolapsadas, o anel fibroso se rompe, mas o ligamento posterior se mantém íntegro, criando apenas um ponto de insinuação. Nas situações em que o anel fibroso rompe e o núcleo pulposo passa para o canal vertebral, a hérnia se torna extrusa. Se esse material se movimenta no canal, a hérnia se torna Júlia Figueirêdo - DOR sequestrada, presa nesse compartimento. Representação gráfica dos processos de exposição do núcleo medular nos diversos grupos de hérnias Adultos são mais susceptíveis à hérnia discal, pois os seus discos intervertebrais apresentam maior rigidez, impedindo sua exteriorização. A dor é causada principalmente pela compressão radicular mediada pelo desvio medular, porém, com a evolução do quadro, esta pode ser atribuída ao desgaste articular vertebral. O quadro clínico se manifesta com lombalgia de intensidade variada, mudanças na sensibilidade local, redução da amplitude de movimentos, mudança postural (escoliose antálgica) e dificuldade na elevação do membro inferior homolateral (quando contralateral, indica exposição do núcleo pulposo). Ainda que o diagnóstico da hérnia discal seja primariamente clínico, é possível confirmar o acometimento vertebral por meio de exames de imagem Algumas outras possíveis causas para lombalgia (com ou sem acometimento neurológico leve) compreendem a estenose do canal medular, a espondilolistese, distúrbios vasculares, fibromialgia e lesões miofasciais na região do quadril e coxa. o Estenose do canal medular: essa condição é marcada pela diminuição do diâmetro do canal da medula, causando dores de compressão radicular ou da cauda equina aos mínimos movimentos. Essa disfunção pode ser adquirida, decorrente da degeneração dos discos intervertebrais, varizes epidurais ou pelo deslizamento do corpo vertebral superior, patogênica ou iatrogênica. As manifestações clínicas se estendem desde uma lombalgia até crises álgicas semelhantes às da hérnia de disco, diferenciando-se desta pela claudicação neurológica intermitente (acompanhada por parestesia e fraqueza no membro inferior), que surge no momento de deflagração ou de agravamento da dor, influenciada pela deambulação. Para minimizar esse incômodo, o indivíduo deve sentar-se por cerca de 20 minutos, evitando a extensão lombar para reduzir a compressão no segmento acometido. Imagem tomográfica apontando para um foco de estenose do canal medular lombar (seta vermelha) o Anomalias da transição lombossacral: a conformação das vértebras lombares pode ser semelhante às do sacro (sacralização) e vice-versa, seja de Júlia Figueirêdo - DOR forma uni ou bilateral, provocando a criação de novos pontos articulares ou fusões intervertebrais (sinostose). Os pacientes acometidos apresentam quadro de síndrome miofascial, acometendo principalmente os glúteos. o Espinha bífida: essa má-formação ocorre quando as vértebras não finalizam sua junção, criando hemiarcos que podem ou não se superpor, principalmente na região de L5 a S1. Ainda que possa atingir a região sacral, essa manifestação não implica em transtornos. A não-junção dos processos espinhosos vertebrais criam um antro que pode ser preenchido pelas meninges o Outras etiologias: dores na região lombar podem ainda ser causadas por neoplasias, cistos, alterações na malha vascular, traumas, infecções ou por agentes psicossomáticos (percepção cortical da dor). Cabe ainda investigar alterações viscerais (doenças urológicas, gastrintestinais e pancreáticas) e, para as mulheres, manifestações ginecológicas que sejam irradiadas ou referidas na região lombar Quadro clínico das principais manifestações de lombalgia Lombalgia na gestação: a lombalgia afeta até metade das gestantes em todo o mundo, manifestando-se a qualquer momento da gestação. O ganho de peso decorrente do desenvolvimento fetal não implica em fator de risco para o desenvolvimento desse quadro, porém a paridade, a realização de trabalhos extenuantes e o histórico de dor lomba podem favorecer seu surgimento. A abertura da articulação sacroilíaca para a preparação do canal de parto envolve a secreção de múltiplos hormônios e agentes inflamatórios, que podem contribuir para as crises de dor. Em decúbito dorsal, o incômodo pode surgir devido à compressão do plexo vertebral ou da veia cava inferior pelo feto, ao passo que, em posição ortostática, a postura de aumento da lordose pode pressionar músculos e nervos. Lombalgia em atletas: até 75% dos atletas jovens, atuantes nos mais diversos esportes, referem a ocorrência Júlia Figueirêdo - DOR da lombalgia, que ocorre devido à sobrecarga mecânica a qual essa região está submetida, seja de forma direta (alto impacto) ou indireta (variações na postura). Exemplos de comprometimentos interdiscais na coluna lombar. MECANISMOS DE AVALIAÇÃO CLÍNICA E FUNCIONAL DE UM PACIENTE COM LOMBALGIA: No processo de avaliação de um paciente com lombalgia, é necessário coletar uma história clínica rica em detalhes, atendendo ao decágono da dor, já descrito anteriormente, e investigando a ocupação, os hábitos de vida e o histórico familiar do paciente, de forma a resgatar possíveis informações de cunho sistêmico. A correlação com os antecedentes individuais, como a existência de neoplasias prévias pode auxiliar a diferenciar lombalgias metastáticas (principalmente de tumores primários de mama, tireoide, pulmão, próstata e rins) daquelas mecânicas ou específicas. Ainda durante a anamnese, podem ser executados testes de avaliação funcional, que têm como objetivo determinar a capacidade individual de autocuidado e de realização de atividades da vida diária e laborais após o surgimento da dor. O exame físico permite que as diversas hipóteses diagnósticas criadas ainda na anamnese possam ser confirmadas ou refutadas. O médico deve contemplar a inspeção (estática e dinâmica), palpação, testes neurológicos e manobras provocativas especiais: Inspeção: são avaliadas a presença de deformidades, crescimento anormal de pelos, espasmos, encurtamentos musculares, a simetria entre ossos pares, a proeminência do abdome e a alteração de curvas fisiológicas, como a escoliose. A movimentação da coluna vertebral deve ser observada em todas as direções cardinais, pontuando alterações no caráter da dor. Ao solicitar que o paciente realize marcha com os calcanhares ou com a ponta dos dedos, é avaliada a força muscular nos segmentos flexores dorsais e plantares do tornozelo, que podem ser afetados por lesões entre as vértebras L4 e S1. Agachamentos repetidos sem desequilíbrio ou piora da dor asseguram a estabilidade das estruturas do quadril. A realização do Teste de Schõeber consiste na marcação inicial do ponto médio entre as espinhas ilíacas posteriores e um segmento 10 cm acima deste, momento após o qual o paciente realiza um movimento de flexão anterior, sendo o objetivo o aumento da distância previamente demarcada para 15 cm. O teste de Schõeber permite avaliar a mobilidade da coluna lombar após a extensão Palpação: procuram-se pontos-gatilho (típicos de síndromes miofasciais), áreas de reparo ósseo ou segmentos com espasmos (comuns em traumas Júlia Figueirêdo - DOR musculares), além de ser avaliada a integridade estrutural de tendões e ligamentos. Algumas áreas de destaque apresentam localização bem estabelecida, como a vértebra L4, paralela à crista ilíaca, e a S2, que se encontra no ponto médio entre as espinhas ilíacas póstero-superiores. Esse processo permite, junto a achados da anamnese, detectar quadros infecciosos com brevidade.São também relevantes para a investigação da lombalgia a palpação dos pulsos periféricos (para detectar etiologias vasculares) e do abdome (avaliação de aneurismas de aorta e acometimentos viscerais) Testes neurológicos: nesse momento, cabe a avaliação da força muscular, a investigação de reflexos tendíneo profundos (patelar, isquiotibial e aquileu, referentes às vértebras L4, L5 e S1), a realização do Teste de Laségue e a medição da sensibilidade local. No que se refere à força muscular, solicita-se ao paciente que realize movimentos de flexão do quadril (L1 a L3), extensão dos joelhos (L2 a L4), flexão dorsal do tornozelo e extensão do joelho (L4), extensão do hálux (L5) e flexão plantar do tornozelo e hálux (S1). As fibras S2 a S4 são atuantes na regulação de processos vegetativos (bexiga e esfíncteres). O Teste de Beevor também é realizado para detectar alterações na inervação do músculo reto abdominal (porção anterior de T5 a L1) e espinal (posterior dessas vértebras). O paciente com joelhos fletidos e braços cruzados, deve levantar as costas da mesa de exame, havendo movimentação da cicatriz umbilical para o lado sadio em caso de fraqueza. o Manobras especiais: podem agir pelo estiramento medular, ciático ou da cauda equina (Teste de Laségue ou elevação da perna estendida), pelo aumento da pressão intratecal (Manobra de Valsalva) ou pela mobilização sacroilíaca (Teste de Gaeslen). MÉTODOS DIAGNÓSTICOS PARA A LOMBALGIA: O diagnóstico da lombalgia é primariamente clínico, mas na presença de sinais de alarme, de déficits funcionais significativos e em casos de falha terapêutica, exames de imagem podem ser solicitados. Em pacientes crônicos, o intervalo mínimo para realização de novos estudos é de 2 anos, com exceção de pacientes que refiram mudanças no quadro clínico. Red flags para a lombalgia e cervicalgia, indicando a necessidade de avaliação por exames de imagem As principais incidências usadas são em PA e perfil, que permitem a visualização de fraturas, degenerações ósseas, anomalias congênitas e instabilidade lombar (no RX dinâmico). A incidência oblíqua é recomendada em suspeitas de espondilolistese. A RM é o tipo de exame mais recomendado para detecção precoce e monitoramento de hérnias discais, além de conseguir detectar infecções, lesões traumáticas e tumores. A eletroneuromiogafia, por sua vez, permite a avaliação funcional (motora e sensorial) da região afetada, mensurando o comprometimento do SNP ou do músculo, sendo capaz de identifica-los ainda no estágio inicial. Júlia Figueirêdo - DOR Os exames laboratoriais para a avaliação da lombalgia são empregados principalmente no contexto de resolução cirúrgica do quadro, contemplando a estratificação de risco operatório (hemograma, velocidade de hemossedimentação e função renal). CERVICALGIAS: As cervicalgias acometem mais da metade da população mundial, com maior incidência na população feminina. As etiologias para esse quadro são variadas, abrangendo desde acometimentos neuromusculares até distúrbios em órgãos distantes. Essas manifestações são ainda mais frequentes em indivíduos cujas ocupações envolvam uma postura física inadequada por longos períodos ou tensão emocional. Motoristas são especialmente afetados, seja pela vibração ou pelo risco de acidentes (síndrome do chicote). A coluna cervical é composta por 7 vértebras, sendo a primeira (Atlas) intimamente associada ao crânio e a sétima, à primeira vértebra torácica. As funções desse segmento são a sustentação e movimentação do crânio, além da proteção da porção inicial da medula. É possível dividir essa região em dois segmentos, a unidade rostral (occipto- atlantoaxial), atuante na flexão, rotação e extensão o pescoço, contemplando vértebras sem disco intervertebral (C1 e C2), e a unidade cervical caudal (C3 a C7), cooperando com a movimentação encefálica. As estruturas desse último segmento apresentam discos compostos por água, proteoglicanos e um anel fibroso, além do forame transverso, por onde passa a artéria vertebral. Da artéria vertebral surgem os sistemas de irrigação medulares, o sistema caudal, formado pelas artérias vertebromedulares, que penetram no canal raquidiano, e o sistema rostral, constituído pelas artérias espinais posteriores, ramos intracranianos da artéria vertebral, alojadas no sulco posterolateral da medula, e pela artéria espinal anterior, encontrada no sulco mediano anterior. Representação gráfica das peculiaridades ósseas e vasculares presentes na coluna cervical A musculatura encontrada na cervical não só atua na movimentação da cabeça como também auxilia na respiração, quando necessário. O trapézio, por exemplo, em seu caminho entre o osso occipital e a vértebra T12, recebe inervações provenientes das regiões C2 a C4 (porção motora) e C2 a C6 (sensorial). O mesmo ocorre para o músculo esternocleidomastoideo e o esplênio da cabeça e do pescoço, ambos cruciais para a estabilização cefálica. Há oito raízes nervosas cervicais, sendo que a primeira desponta ainda entre o osso occipital e a vértebra C1. Cada um desses processos se divide em um segmento anterior e posterior, sendo que essa última ainda contempla uma porção lateral (motora) e uma medial (sensitiva). Da porção anterior que se estende entre C1 e C4 são formados os plexos cervical (com áreas profundas, de inervação muscular, e superficiais, de caráter sensorial) e, da porção inferior (C5 a C7), o plexo braquial. Cabe ressaltar que as vísceras cervicais também podem representar focos de dor importante facilmente Júlia Figueirêdo - DOR confundidos com quadros neuromusculares, como é o caso da faringe, do esôfago e das veias e artérias locais. PRINCIPAIS ETIOLOGIAS PARA A CERVICALGIA: Síndrome dolorosa miofascial (SDM): corresponde à causa mais comum para cervicalgias crônicas, com diversas manifestações e etiologias próprias (normalmente traumatismos, distúrbios degenerativos e inflamatórios, má postura e ansiedade). Os músculos mais afetados por pontos-gatilho são o trapézio, o escaleno, o esternocleidomastoideo e o elevador da escápula, não sendo excluída a possibilidade de acometimento simultâneo entre duas estruturas. Ao menos 6 pontos-gatilho podem ser encontrados ao longo das fibras do trapézio, gerando dores que acometem a mandíbula, os vãos contralaterais, a região supraorbitária (causando vertigem e tontura), as proximidades da orelha, o acrômio, e a mobilidade cervical, principalmente para o lado sadio (torcicolo). Representação do foco inicial da dor (X) e da sua irradiação, sendo a intensidade proporcional à densidade de pontos vermelhos A ativação desses locais pode ocorrer ao tentar manter a cabeça alinhada, por traumas em veículos sem encosto de cabeça ou até mesmo pelo uso de roupas e acessórios com alças apertadas. A sintomatologia conta não só com dor local, mas também com lacrimejamento, hiperemia conjuntival, alterações na visão, perturbações auditivas, coriza ou congestão nasal. Sintomas de cunho neurovegetativo como sudorese, náuseas, plantações e palidez podem estar presentes, bem como a alteração na mobilidade local e no padrão de marcha, deslocado para o lado afetado. O paciente com SDM refere leve melhora ao se deitar com o lado acometido da cabeça apoiado no travesseiro, sem sustentar peso. A ativação desses pontos-gatilho, sejam eles no trapézio ou nos demais músculos que compõem a região cervical podem ocorrer por meio de agentes mecânicos indutores de lesão aguda (efeito chicote) ou crônica (postura inadequada ao dormir, uso excessivo de músculos acessórios da respiração). Dentre os principais diagnósticos diferenciais encontram-sea cefaleia, a osteoartrose esternoclavicular, dores faciais atípicas e o torcicolo espasmódico. O manejo da SDM busca a correção postural e dos demais agentes desencadeadores da dor, além da recuperação gradual da mobilidade, sendo o uso de medicamentos analgésicos e anti-inflamatórios empregado como suporte para essa reabilitação. Para o controle da dor intensa, também podem ser realizadas acupuntura e a infiltração com anestésicos de ação local. Síndrome fibromiálgica: esse quadro é marcado por dores musculoesqueléticas cronificadas e generalizadas (diversos pontos-gatilho difusos pelo corpo), sem que haja processos inflamatórios musculoesqueléticos concomitantes. A presença de ao menos 11 pontos (disposto por ligamentos cervicais, pelo Júlia Figueirêdo - DOR trapézio e pelos músculos para-espinais, dentre outros) confirma o diagnóstico de síndrome fibromiálgica, porém, quando o paciente não apresenta todos esses focos, sintomas associados como síndrome do intestino irritado, fadiga, depressão e alterações no sono podem fundamentar essa hipótese. Traumas: diversos tipos de acidentes podem implicar em transferência elevada de energia para a região cervical, principalmente no meio automobilístico, levando a danos osteoarticulares (deslizamentos intervertebrais e fraturas que comprimem nervos) e em partes moles. Nesse segundo caso, a dor possui intensidade variável e irradia-se para a região orbitária, podendo ou não haver comprometimento da mobilidade local. Se o esôfago ou a laringe forem atingidos, a rouquidão se faz presente. O diagnóstico pode ser feito prontamente com a associação da história clínica à palpação e ao exame neurológico, sendo os exames de imagem um excelente suporte para a avaliação de fraturas. O tratamento desse quadro visa a resolução das lesões provocadas pelo trauma, o que pode ser feito de forma conservadora, com imobilização e AINES, ou por meios invasivos, como cirurgias. Mesmo após a consolidação de eventuais fraturas, a cervicalgias pode continuar e, em situações especiais, torna-se crônica. Disfunções intervertebrais: a degeneração dos discos intervertebrais é a principal causa dessa condição, seja de forma degenerativa ou traumática. Com a perda desse “amortecimento”, os corpos vertebrais inferiores são sobrecarregados, criando herniações que podem comprimir as estruturas medulares. As áreas mais acometidas estão entre as vértebras C5 e C7. A espondilose cervical afeta principalmente as vértebras C4 a T1, sendo causada por uma redução na espessura dos discos intervertebrais e pela consequente aproximação dos processos articulares das vértebras, de forma análoga às manifestações lombares. Os sintomas dessas condições dependem amplamente da quantidade e da localização dos tecidos afetados, podendo nem se fazerem presentes. Esse quadro se torna comum após os 40 anos. Quando presente, a dor se instala de forma insidiosa, piorando com o aumento da pressão do líquor (após a manobra de Valsalva) e com a hiperextensão do pescoço, havendo melhora com o repouso. O acometimento radicular, por sua vez, irradia-se para o tórax e para o membro superior, promovendo parestesias e fraqueza muscular. Exames de imagem são fundamentais para mensurar o comprometimento das estruturas medulares, e o tratamento do quadro agudo é realizado por meio de relaxantes musculares e anti-inflamatórios. Para casos crônicos, recomenda-se a execução de cirurgias corretivas. Neoplasias: vários tipos de neoplasias podem acometer a região cervical, dada a grande riqueza de estruturas locais. O surgimento de comprometimentos neurológicos é insidioso, com lesões ósseas normalmente surgindo a partir de fraturas patológicas. Os exames de imagem são imprescindíveis na avaliação desse tipo de comprometimento. Doenças infecciosas: quadros como a osteomielite podem levar à dor na região cervical, que pode ou não estar relacionada a perda de peso e febre. A Júlia Figueirêdo - DOR história clínica auxilia a compreender a etiologia dessas manifestações, porém biópsias e testes laboratoriais para marcadores inflamatórios apresentam grande valia na identificação etiológica e na decisão da conduta implementada. Distúrbios endócrinos e metabólicos: o raquitismo, o hiperparatireoidismo e a insuficiência renal podem estar associados a fraturas na região cervical, uma vez que interferem na reabsorção de cálcio pelos ossos. O tratamento irá depender da etiologia do quadro, visando a correção da disfunção de base e o controle de seus impactos negativos. Doenças inflamatórias: manifestações inflamatórias na porção cervical da coluna comumente estão associadas a acometimentos sistêmicos, como a artrite reumatoide, que danifica as relações entre o crânio e as primeiras vértebras cervicais a partir de luxações decorrentes do enfraquecimento de ligamentos. A dor, nessa condição, localiza-se na região posterior do pescoço, sendo acompanhada por rigidez e perda da movimentação em flexão e extensão. Outro possível causador de cervicalgia é a espondilite anquilosante, que se inicia com rigidez na região sacroilíaca, mas que passa a comprometer a movimentação cervical, irradiando-se para a região mastoidea em até 5 anos após os primeiros acometimentos sacrais. As vértebras mais susceptíveis a lesões são a C6 e a C7. A poli e dermomiosite são doenças inflamatórias musculares marcadas pela fraqueza proximal dos membros e das cinturas escapular e pélvica, havendo uma grande elevação em enzimas indicadoras de degeneração dos músculos. Neuralgias: quando acometem os nervos glossofaríngeo, trigêmeo e occipital, são marcadas por dor em choque por toda a área inervada pelo feixe em questão, variando entre a porção lateral e rostral do pescoço, a base da língua, e a nuca. A dor facial atípica também pode estar associada a comprometimento cervical, sendo mais comum em mulheres de meia-idade. Essas pacientes referem peso e latejamento no rosto e, ocasionalmente, no pescoço. O tratamento dessas condições é realizado por meio do uso de miorrelaxantes, anticonvulsivantes e, para a última condição descrita, antidepressivos e fisioterapia. FORMAS DE AVALIAÇÃO DO PACIENTE COM CERVICALGIA: A anamnese de pacientes com cervicalgias deve ser realizada atentamente, coletando detalhes da HDA, de antecedentes familiares e dos hábitos de vida. Além da avaliação da dor, devem ser investigados eventuais sintomas associados como febre, perda de peso e anemia, indicadores de infecções ou neoplasias, que podem acometer as diversas estruturas inseridas nessa região. No exame físico, a inspeção é crucial para identificar anomalias posturais ou tróficas da musculatura, ao passo que a palpação de vísceras e músculos permite a detecção de pontos-gatilho, espasmos e focos intumescidos. A motricidade e a sensibilidade devem ser aferidas de forma ativa e passiva, detectando possíveis alterações neurológicas. Dentre os principais exames laboratoriais estão os padrões bioquímicos de reconhecimento de infecções ou neoplasias, a análise do LCR, exames de imagem da região cervical e a eletromiografia da musculatura Júlia Figueirêdo - DOR associada, sendo realizados em intervalos regulares frente a pacientes com menos de 15 ou mais de 60 anos. EXAME FÍSICO E EXAME S COMPLEMENTARES NA AVALIAÇÃO DA DOR LOMBAR E CERVICAL: AVALIAÇÃO MUSCULOESQUELÉTICA E NEUROLÓGICA: EXAME FÍSICO DA COLUNA VERTEBRAL: A avaliação da coluna vertebral deve prosseguir em sentido global, avaliando o funcionamento de todas as estruturas associadas (cabeça, vértebras, quadril e membros), para que, em seguida, elas possam ser observadasindividualmente. Essa interação se dá devido ao caráter funcionalmente interdependente dessa região. No exame postural, são avaliadas condições congênitas ou adquiridas que podem causar sobrecarga estrutural excessiva, favorecendo o surgimento de lesões crônicas e complicações. Coluna cervical: pode haver mudanças em sua curvatura, além de alterações no posicionamento cefálico (pendências laterais ou inclinação para a frente); Coluna torácica: os principais destaques nessa região são a cifose e a escoliose; Coluna lombar: as alterações posturais correspondem à hiperlordose, retificação da lordose e escoliose. Principais alterações posturais por segmento da coluna vertebral A avaliação continua nas cinturas escapular e pélvica, nas quais se avaliam a presença de desníveis entre os ombros ou a mudança na inclinação da pelve, decorrente da desigualdade entre membros inferiores ou de mudanças na curvatura lombar. Na avaliação do segmento inferior do corpo, detectam se o genu valgo (aproximação dos joelhos) e o genu valgo (joelhos arqueados), tendência que também pode ser projetada para os calcanhares. Após esse primeiro momento, inicia-se a inspeção dinâmica, que tem como propósito a avaliação dos movimentos da coluna, determinando eventuais restrições funcionais: Coluna cervical: solicita-se ao paciente que movimente sua cabeça para frente e para trás (os pontos satisfatórios correspondem ao contato entre o mento e o tórax e à capacidade de olhar diretamente para o teto), rotacionando-a e inclinando-a para a direita e para a esquerda (no primeiro caso, queixo e ombros ficam alinhados, no segundo, a cabeça deve chegar a no mínimo 45º); Rotina de movimentação cervical ao exame físico Coluna torácica e lombossacra: na flexão, o indivíduo deve quase conseguir tocar os dedos dos pés. Na extensão, espera-se que o tronco alcance 30º de inclinação. Na inclinação para os lados, espera-se que seja possível alcançar a cabeça da fíbula. Júlia Figueirêdo - DOR Representação da movimentação lombossacra ao exame físico De forma geral, se a dor piora com a flexão, sua causa está associada a anormalidades nos discos, ao passo que caso ela se agravar com a extensão, o comprometimento é degenerativo ou por estenose. A palpação é realizada por meio da compressão vertebral apenas com o polegar dominante, seja com o paciente em decúbito ventral ou sentado, momento oportuno para verificar o tônus muscular, em busca de pontos-gatilho. Por fim, encerra-se o exame físico da coluna por meio da avaliação da força muscular e da flexibilidade regional, identificando os limites de movimento do indivíduo e a carga máxima a qual ele consegue realizar oposição. EXAME FÍSICO NEUROLÓGICO NA AVALIAÇÃO DE COMPROMETIMENTOS MUSCULARES E MEDUARES: A realização do exame neurológico em pacientes com queixa de lombalgia ou cervicalgia deve ser direcionada para aqueles que apresentam irradiação para os membros, já que seu comprometimento é indicativo de possíveis alterações na sensibilidade ou motricidade local. Nas situações nas quais a dor é apenas lombar, esse processo pode ser simplificado, uma vez que a origem desse desconforto é majoritariamente causada por radiculopatia nas raízes L5 e S1. Esse processo se inicia com a avaliação da marcha, momento no qual o paciente caminha normalmente. A seguir, dá-se início ao teste de integridade das raízes supracitadas, respectivamente por meio da caminhada sobre os calcanhares e na ponta dos pés. Para a avaliação de cervicalgias isoladas, cabe ao profissional avaliar os impactos das lesões em C1-C4 sobre o plexo braquial, afetando assim o membro superior. Durante a avaliação dos reflexos, em caso de dor lombar é necessário verificar a prontidão dos reflexos profundos patelar (L4 – extensão do joelho após a percussão do tendão) e aquileu (S1 – flexão plantar involuntária após tensão do tendão e dorsiflexão passiva). Para cervicalgias, avaliam-se os reflexos bicipital (C5 – flexão do cotovelo após golpear o polegar, alojado na fossa cubital), tricipital (C7 – o cotovelo se estende após percutir o tendão com o braço fletido) e braquirradial (C6 – percussão pouco acima do punho). A avaliação da sensibilidade visa reconhecer a capacidade de reação os dermátomos associados aos pontos dolorosos frente a estímulos táteis, térmicos e dolorosos, provocados com o paciente mantendo os olhos fechados. Na dor lombar, basta avaliar a sensibilidade nas regiões medial (L4), dorsal (L5) e lateral (S1) do pé. Para determinar a força muscular, cabe avaliar cada segmento de forma individual, pontuando as respostas como conservadas, diminuídas ou abolidas. Recomenda-se testar a capacidade de flexão e extensão do cotovelo (respectivamente C5 a C6 e C6 a C8), a preensão (C7 a T1) extensão do joelho (L2 a L4), dorsiflexão dos pés (L4 e Júlia Figueirêdo - DOR L5) e flexão plantar (S1), sempre contra uma fonte de resistência. Diversas manobras especiais podem ser realizadas para averiguar queixas típicas de distúrbios neurológicos: Teste de Lasègue (elevação da perna estendida): empregado em caso de lombalgia que irradia para a perna, sendo positivo quando a movimentação da perna em angulações de 30º (hérnia) a 60º provoca dor, indicando uma radiculopatia. O sinal cruzado positivo ocorre quando a elevação da perna sadia também causa dor contralateral; Resultados possíveis após o Teste de Lasègue Teste de compressão: busca simular a dor cervical irradiada, sendo executado tanto pela manobra de Valsalva quanto pela pressão sobre as superfícies articulares cefálicas; A compressão sobre a cabeça gera impulsos dolorosos sobre o plexo braquial em portadores de cervicalgia, levando a dor até a região das mãos Teste de Adson: verifica a permeabilidade da artéria subclávia, que pode ser reduzida por compressões ósseas ou musculares em casos de cervicalgias que irradia pelo plexo braquial. Esse teste é realizado por meio da aferição do pulso no braço enquanto ele é rotacionado para fora, ao mesmo tempo em que o paciente gira sua cabeça para o lado testado. O resultado é positivo na diminuição ou ausência de pulso. Exemplificação gráfica da realização do teste de Adson, com destaque para o trajeto das ramificações da artéria subclávia EXAMES COMPLEMENTARES NA AVALIAÇÃO DA DOR: Ainda que a maior parte dos diagnósticos de lombalgia e cervicalgia possam ser atribuídos à avaliação da anamnese e do exame físico do paciente, em diversas situações os exames complementares têm papel fundamental, agindo na exclusão e validação hipóteses, além de permitirem a estratificação de risco para complicações e o monitoramento da eficácia terapêutica. A escolha da realização ou não de algum exame secundário, bem como a modalidade mais adequada, deve levar em conta o seu caráter invasivo, a possibilidade de causar danos ao paciente e sua necessidade e aplicabilidade a curto prazo. Júlia Figueirêdo - DOR Nesse contexto, destacam-se como procedimentos de grande valia diagnóstica para quadros musculoesqueléticos: Exames de imagem: confirmam lesões anatômicas adquiridas ou congênitas em diversos tecidos e órgãos. o Radiografia: corresponde a uma modalidade barata e amplamente difundida de avaliação por imagem, sendo o primeiro exame solicitado em casos de dores agudas ou crônicas no sistema musculoesquelético. É a “porta de entrada” para a realização de maiores investigações; o Tomografia computadorizada: vem se tornando cada vez mais acessível, permitindo a observação de dados volumétricos e a avaliação individual de tecidos moles e suas lesões. Expõe o paciente a um maior nível de radiação o Ressonânciamagnética: não necessita de radiação, sendo indicada de forma mais abrangente para diversas populações. Sua sensibilidade é bastante elevada para partes moles, permitindo a observação de lesões que não podem ser vistas na radiografia e que são pouco definidas na tomografia. É menos precisa em lesões ósseas; o Ultrassonografia: é bastante útil na avaliação de segmentos periarticulares, sendo de fácil execução e de baixo risco ao paciente. Identifica facilmente inflamações e rupturas de ligamentos. Exames laboratoriais: identificam quadros inflamatórios, metabólicos ou degenerativos por meio de marcadores bioquímicos específicos. o Proteína C reativa: é um indicador direto de processos inflamatórios e de morte tecidual; o Fatores reumatoides: são imunoglobulinas que atacam moléculas do tipo IgG, ou seja, autoanticorpos. Ainda que não seja exclusivo de doenças reumatoides, a associação entre esse achado e degradações osteoarticulares pode ser um indício de artrite reumatoide; o Hemograma: permite a identificação dos impactos globais de uma doença ao aparelho locomotor ou a detecção de etiologias ocultas para manifestações nesse sistema, além de agir como monitor da eficácia terapêutica, no caso de distúrbios nutricionais e neoplasias; o Dosagem sérica de cálcio e fósforo: permite afastar ou descartar doenças degenerativas da matriz óssea, como a osteoporose. Exames eletrofisiológicos: permitem a identificação de mudanças nos processos de condução de estímulos sensoriais e motores de e para o SNC. o Eletroneuromiografia: avalia inicialmente a condução de impulsos elétricos em nervos de determinada região, observando a resposta das fibras ao longo de sua condução ao SNC. Em seguida é realizada a eletromiografia, segmento no qual uma agulha é inserida nos grupos musculares em análise, mensurando a sua atividade espontânea e induzida por contrações musculares. Esses exames são contraindicados em caso de lesão recente de fibras nervosas, sendo necessário aguardar ao menos 3 semanas para sua realização.
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