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APG – SOI V Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/5º Período 1 @emilly.lorenaa APG 1 – Dores tecnológicas e dor que irradia 1) REVER A MORFOFISIOLOGIA DA COLUNA E MUSCULATURA CERVICAL E LOMBAR (OS PRÓXIMOS RESUMOS DO 5º PERÍODO SOMENTE PELO DRIVE) A coluna vertebral, também chamada de espinha ou coluna espinal, constitui cerca de 2/5 da altura total e é composta por uma série de ossos chamados vértebras. É composta de osso e tecido conjuntivo. Com aproximadamente 71 cm no homem adulto médio e cerca de 61 cm na mulher adulta média, a coluna vertebral atua como uma forte haste flexível com elementos que podem promover movimentos em direção anterior, posterior, lateral e ainda de rotação. Além de encerrar e proteger a medula espinal, a coluna vertebral sustenta a cabeça e serve de ponto de fixação para as costelas, o cíngulo dos MMII e músculos do dorso e MMSS. O número total de vértebras durante o desenvolvimento inicial é de 33, conforme a criança vai crescendo, várias vértebras nas regiões sacral e coccígea se fundem. Dessa forma, a coluna vertebral adulta, normalmente, possui 26 vértebras. 7 vértebras cervicais na região do pescoço; 12 vértebras torácicas posteriores à cavidade torácica; 5 vértebras lombares que sustentam a parte inferior da coluna; 1 sacro que consiste em 5 vértebras sacrais fundidas; 1 cóccix que, em geral, é composto por 4 vértebras coccígeas fundidas. As vértebras nas diferentes regiões da coluna vertebral variam de tamanho, forma e detalhes, porém são similares o suficiente para permitir a discussão das estruturas gerais (e suas funções) de uma vértebra. Tipicamente, as vértebras consistem em um corpo vertebral, um arco vertebral e diversos processos. CERVICAL Os corpos das vértebras cervicais (C1 a CVII) são menores que os das outras vértebras, exceto aquelas que formam o cóccix. No entanto, seus arcos cervicais são maiores. Todas as vértebras cervicais apresentam três forames: um forame vertebral (são mais largos porque alojam a intumescência cervical da medula espinal) e dois forames transversos (de cada processo transverso, passam a artéria vertebral e sua veia acompanhante, além de fibras nervosas). Os processos espinhosos de CII a CVI são muitas vezes bífidos, ou seja, se ramificam em duas projeções pequenas nas extremidades. As duas primeiras vértebras cervicais são consideradas diferentes das outras: C1 (ATLAS): é a 1ª vértebra cervical abaixo do crânio, sendo um anel ósseo com arco anterior e arco posterior e grandes massas laterais; Não apresenta corpo vertebral nem processo espinhoso; As superfícies superiores das massas laterais, chamadas faces articulares superiores, são côncavas e se articulam com os côndilos occipitais do occipital para formar o par de articulações atlantoccipitais = movimento de anuência; As superfícies inferiores das massas laterais, as faces articulares inferiores, se articulam com a segunda vértebra cervical. Os processos transversos e os forames transversos do atlas são bastante grandes. C2 (ÁXIS): apresenta corpo vertebral, um processo chamado dente do áxis, que se projeta superiormente pela porção anterior do forame vertebral do atlas, e serve de eixo em torno do qual a cabeça faz rotação. A articulação formada entre o arco anterior do atlas e o dente do áxis, e entre suas faces articulares, é chamada de articulação atlantoaxial. APG – SOI V Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/5º Período 2 @emilly.lorenaa A 3ª, 4ª, 5ª e 6ª vértebras cervicais (CIII a CVI), correspondem ao padrão estrutural de uma vértebra cervical típica previamente descrita. A 7ª vértebra cervical (VII) chamada de vértebra proeminente, é um tanto diferente, revelando um processo espinhoso grande e não bífido que pode ser percebido e palpado na base do pescoço, mas, sob outros aspectos, é típica. Os músculos cervicais e trapézio têm duas funções principais: apoiar e fornecer movimento e alinhamento para a cabeça e o pescoço e proteger a medula espinhal e os nervos espinhais quando a coluna vertebral está sob estresse mecânico. Existem 8 nervos espinhais cervicais, cada um resultante da medula espinhal e constituído por uma raiz ventral e uma dorsal. A raiz ventral contém fibras eferentes dos neurônios motores alfa no corno ventral da medula espinhal. A raiz dorsal transporta fibras aferentes sensoriais primárias das células no gânglio da raiz dorsal. O plexo cervical é formado pelas raízes (ramos anteriores) dos primeiros quatro nervos cervicais (C1–C4), com contribuições de C5. Existe uma raiz de cada lado do pescoço, junto com as primeiras quatro vértebras cervicais. O plexo cervical supre a pele e os músculos da cabeça, do pescoço e das partes superiores dos ombros e do tórax. Os nervos frênicos originam-se dos plexos cervicais e fornecem fibras motoras que inervam o diafragma. Ramos do plexo cervical também apresentam trajetória junto a dois nervos cranianos, o acessório (XI) e o hipoglosso (XII). LOMBAR As vértebras lombares (LI a LV) são os maiores e mais resistentes ossos não fundidos da coluna vertebral, porque a quantidade de peso corporal sustentada pelas vértebras aumenta em direção à extremidade inferior da coluna vertebral. Suas várias projeções são curtas e espessas. Os processos articulares superiores se dirigem medial e não superiormente e os processos articulares inferiores se direcionam lateral e não inferiormente. Os processos espinhosos têm forma quadrilátera, são espessos e largos e se projetam quase em linha reta posteriormente. Os processos espinhosos são bem adaptados para a fixação dos grandes músculos vertebrais. As raízes (ramos anteriores) dos nervos espinais L1 a L4 formam o plexo lombar. De cada lado das quatro primeiras vértebras lombares, o plexo lombar se projeta obliquamente para fora, entre as cabeças superficial e profunda do músculo psoas maior e anteriormente ao músculo quadrado do lombo. Entre as cabeças do músculo psoas maior, as raízes dos plexos lombares se separam em divisões anterior e posterior, as quais dão origem aos ramos periféricos dos plexos. O plexo lombar supre a parede abdominal anterolateral, os órgãos genitais externos, e parte dos membros inferiores. As raízes (ramos anteriores) dos nervos espinais L4–L5 e S1–S4 formam o plexo sacral. Este plexo está situado, em sua maior parte, anteriormente ao sacro. O plexo sacral inerva as regiões glúteas, o períneo e os membros inferiores. O maior nervo do corpo, o nervo isquiático ou ciático, se origina deste plexo. 2) COMPREENDER A EPIDEMIOLOGIA, ETIOLOGIA, FISIOPATOLOGIA, MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS, DIAGNÓSTICO, TRATAMENTO E PREVENÇÃO DA CERVICALGIA E LOMBALGIA CERVICALGIA APG – SOI V Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/5º Período 3 @emilly.lorenaa A cervicalgia é uma das queixas mais frequentes no dia a dia da prática clínica. Sendo observada em cerca de 25% dos indivíduos na faixa etária de 25-29 anos e em até 50% da população com mais de 45 anos de idade. Estudos epidemiológicos revelaram prevalência no decorrer de toda a vida, superior a 70%. É uma condição mais frequente em mulheres e aumenta com a idade. A cervicalgia e a cervicobraquialgia são sintomas que traduzem, na maioria das vezes, um processo degenerativo ou um distúrbio funcional das estruturas ligamentares, musculares, discais e osteocartilaginosas da região cervical. FISIOPATOLOGIA É muito difícil, na prática clínica, estabelecer com exatidão qual a estrutura anatômica responsável pela cervicalgia crônica comum. Na teoria,a irritação do disco intervertebral, as articulações facetarias, as articulações uncovertebrais, os ligamentos e os enteses podem causar dor. Ao contrário, a simples compressão da raiz nervosa não é suficiente para causar dor, dessa forma, é que preciso que, além da compressão, haja inflamação para o desenvolvimento de dor radicular. As cervicalgias estão com frequência associadas à sensibilidade focal e “pontos-gatilho” na musculatura do pescoço. Por fim, as artérias vertebrais carregam consigo fibras simpáticas que podem estar envolvidas nas alterações simpático-reflexas da síndrome de Barré-Lieou. As cervicalgias agudas podem ocorrer como um sintoma de patologias subjacentes inflamatórias, infecciosas ou mesmo tumorais. Estas são menos frequentes, porém seu diagnóstico precoce é de extrema importância no prognóstico desses doentes, em razão da gravidade do acometimento cervical. Na artrite reumatoide, o comprometimento cervical pode até ser fatal, já que uma sinovite reumatoide pode se desenvolver nas primeiras vértebras cervicais ocasionando ruptura ligamentar e consequente subluxação atlantoaxial. Mais frequentemente, as cervicalgias ocorrem em razão de distúrbios mecânicos e musculoesqueléticos inespecíficos. Tratam-se de situações clínicas benignas, na maioria das vezes com evolução para a cura em alguns dias ou semanas. Os fatores relacionados com uma evolução para cronicidade das cervicalgias são pouco conhecidas. Sendo traumas e fatores ocupacionais envolvidos na maioria dos casos. Fatores posturais, principalmente hiperflexão prolongada da coluna cervical, também podem desencadear cervicalgia em consequência do estiramento das articulações zigoapofisárias posteriores. Um achado quase universal na população com mais de 65 anos de idade é a prevalência de processos degenerativos da coluna cervical envolvendo discos (espondilose), articulações facetárias e unciformes (osteoartrite) aumenta com a idade. Com o processo de envelhecimento normal, o disco intervertebral cervical desidrata e sofre um processo de fragmentação e fissuração posterior. Traumas repetidos podem contribuir para o desenvolvimento deste processo, bem como o desenvolvimento de osteoartrite prematura das articulações zigoapofisárias e unciformes. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Podem ser agudas (menos de 6 semanas duração), subagudas (entre 6 e 12 semanas) e crônicas (mais de 12 semanas). A principal manifestação clínica é a dor. A dor sentida na região cervical se origina no estímulo de qualquer das estruturas inervadas pelos nervos espinais cervicais. Em casos agudos, com etiologia mecânico-postural, além da dor, os achados usuais são restrição de movimentos e contratura muscular. Torcicolo: dor cervical de intensidade variada associada à atitude viciosa do pescoço. Entra no quadro das cervicalgias comuns. Tem início abrupto, geralmente durante a noite, com uma dor intensa que impede o movimento. A cura ocorre de maneira espontânea em alguns dias, mas a recidiva é possível. Neuralgia de Arnold.: ligada ao sofrimento do ramo posterior do segundo nervo cervical que leva à dor localizada na região homolateral do crânio entre o occipto e o vértice. A cervicalgia crônica também costuma ser causada por problemas mecânicos, dessa forma, é fundamental excluir outras patologias mais graves e potencialmente tratáveis. APG – SOI V Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/5º Período 4 @emilly.lorenaa Na maioria dos casos, ocorre pós-trauma (síndrome do chicote) ou evolução de cervicalgias mecânicas comuns, em geral associadas aos processos degenerativos discais e articulares ao nível cervical. A dor ocupa toda a região cervical, irradiando, em geral, pela região dos trapézios até a região dorsal. A mobilidade do pescoço é normal, mas a palpação das massas musculares é dolorosa. Parestesias, diminuição de força e dor do tipo “choque” indicam radiculopatia por provável hérnia de disco cervical. Para definir qual a raiz cervical está acometida, deve-se analisar os reflexos tendinosos que podem estar abolidos ou reduzidos e os dermátomos com alteração de sensibilidade. Dor de caráter noturno, que pode acordar o paciente, leva à suspeita de doenças malignas. Febre, inapetência e perda de peso sugerem, principalmente, infecções vertebrais, mas podem também ser indícios de neoplasias malignas (síndrome paraneoplásica). Diminuição da força nos membros superiores, com dificuldade para a marcha, e reflexos exacerbados sugerem um quadro de mielopatia cervical. DIAGNÓSTICO O diagnóstico deve se basear sobretudo em dados de história e exame físico, que devem ser os mais completos possíveis e não dirigidos apenas à queixa cervical. O interrogatório deve ser o mais completo possível, incluindo dados como profissão, atividades esportivas, antecedentes mórbidos, data e forma de início da dor. A topografia da dor deve ser bem estabelecida, bem como sua irradiação. No exame do pescoço, é extremamente importante que o paciente se sinta confortável e seguro para que seja possível diferenciar os pontos dolorosos, tensões musculares ou a amplificação dos sintomas. O exame deve ser realizado com o paciente despido e inclui dados vitais, exame da pele, linfonodos, mamas, pulmões, ombros e coluna como um todo. O exame local do pescoço começa por estruturas não esqueléticas da face anterior (linfonodos, traqueia, tireoide e glândulas salivares, a procura de pontos dolorosos e edemas). O exame de movimentação cervical ativa e passiva permite diferenciar a restrição mecânica da restrição antálgica associada a tensão muscular. Alguns testes clínicos podem ser realizados: TESTE DE SPURLING: é feito com o paciente sentado. O examinador gira e inclina a cabeça do paciente para o lado doloroso, enquanto aplica uma pressão para baixo durante 10seg. O teste é positivo se houver reprodução da dor e parestesia característica. TESTE DE ADSON: é uma forma de avaliação da permeabilidade da artéria subclávia que pode estar comprimida pela costela cervical ou contratura dos músculos escalenos anterior e médio. O examinador palpa o pulso radial do paciente em abdução, extensão e rotação externa do braço. Então, o paciente inspira profundamente e prende a respiração enquanto roda a cabeça na direção do lado testado. A diminuição na amplitude do pulso radial durante esta manobra é indicativa de compressão de artéria subclávia. O exame neurológico deve ser minucioso. Os membros devem ser examinados para atrofias, fasciculações, força muscular e sensibilidade ao toque. RADIOGRAFIA: constitui a 1ª etapa da investigação radiológica. Deve ser sempre analisada nas incidências anteroposterior, lateral e oblíquas. As incidências em flexão/extensão permitem avaliar a estabilidade cervical, enquanto a incidência com a boca aberta permite avaliar o segmento atlantoaxial. A principal utilidade se dá nos casos de trauma grave com suspeita de fratura, luxação e instabilidade. Nos casos de cervicalgia mecânica simples, a utilidade da radiografia é limitada. TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA: a TC é um método sensível para a identificação e a caracterização de lesões cervicais. A injeção de contraste intravenoso permite melhor delineamento das lesões. Enquanto a injeção de contraste intratecal (mielo-TC) é um método altamente sensível e específico para a avaliação de compressões nervosas cervicais. Permite apenas a visualização de segmentos limitados da coluna. APG – SOI V Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/5º Período 5 @emilly.lorenaa RESSONÂNCIA MAGNÉTICA: é extremamente útil na visualização de patologiaintramedular, além de possuir altas sensibilidade e especificidade para a detecção de infecções e hérnias discais. Possui a vantagem de não utilizar radiação e permitir a visualização da coluna como um todo. Assim como os demais exames radiológicos, a RM não está indicada em casos de cervicalgia mecânica simples. TRATAMENTO E PREVENÇÃO As diferentes etiologias de cervicalgia exigem diferentes abordagens terapêuticas. Obviamente, o tratamento deve ser dirigido à patologia subjacente, nos casos de cervicalgia sintomática. Nas cervicalgias mecânicas, o tratamento visa tanto a diminuir a dor como melhorar a função. TRATAMENTO FARMACOLÓGICO: o alivio adequada da dor pode ser obtido na maioria dos casos com analgésicos simples, como o paracetamol. Além dos analgésicos, os AINE's e miorrelaxantes são frequentemente utilizados no tratamento das cervicalgias. Os AINE’s atuam inibindo a síntese de prostaglandinas, sendo que essas moléculas atuam na resposta inflamatória, aumentando a permeabilidade capilar, atraem macrófagos e sensibilizam terminações nervosas, provocando dor no local. Com isso, os AINES atuam diretamente gerando um efeito anti-inflamatório, analgésico e antipiréticos. Ocasionalmente, nas radiculopatias agudas, podem-se utilizar glicocorticoides por curtos períodos. Os AIEs (glicocorticoides) atuam na inibição das COXs, fazendo com que os genes de transcrição destas enzimas não sejam expressos, suprimindo assim a produção de prostaglandinas, por exemplo, e isso acontece através de ligações intracelulares. LOMBALGIA As lombalgias são um dos principais motivos de consulta médica em todo o mundo. Uma grande variedade de situações clínico-patológicas está relacionada com o desenvolvimento de lombalgia ou lombociatalgia. A maioria dos casos é benigna e autolimitada, contudo, é importante reconhecer precocemente as situações mais graves, evitando, assim, sequelas ou perda de mobilidade. A dor lombar baixa (DLB) é a 2ª doença mais frequente da humanidade, atrás apenas do resfriado comum. A prevalência pode variar de 10-15%, sendo mais relatada em países desenvolvidos e em adultos na fase produtiva. Cerca de 80% da população já apresentou pelo menos um episódio de DLB. Nos países em desenvolvimento ou subdesenvolvidos, as diferenças de prioridades de saúde, o acesso limitado a cuidados de saúde, a falta de seguro de saúde ou sistemas de compensação podem levar à menor comunicação de DLB. FISIOPATOLOGIA Existem várias estruturas anatômicas que podem gerar dor lombar, sendo que cada uma pode ter etiologia e fisiopatologia específica. Muitas vezes, a etiologia exata de uma lombalgia aguda e crônica não consegue ser definida. Acredita-se que a maioria das lombalgias são de origem muscular, ocasionadas por contraturas musculares. Afinal, a musculatura pode ser foco de dores e contraturas crônicas. Além disso, a fonte da dor lombar pode ser por conta do disco intervertebral, que é inervado em seu ânulo fibroso. Essa dor chamada de axial ou discogênica, tem como principal teoria fisiopatológica a irritação dessas terminações nervosas livres por substâncias do núcleo pulposo que, com elas, venha entrar em contato por fissuras no ânulo fibroso quando o disco é submetido a carga axial constante. No geral, as etiologias podem ser classificadas em: Mecânicas: Dentro das causas mecânicas, estão as anomalias congênitas (espinha bífida; sacralização); degenerativas (espondilo-artrose); síndromes discogênicas (prolapso discal) e traumatismos. Lombalgia mecânica comum: caracteriza-se por dor lombar em região mais próxima às nádegas, normalmente eu um único lado do corpo, às vezes central, irradiando- se para a região sacral e nádegas. De maneira geral, a dor ocorre após esforço físico maior ou esforços repetidos em posições de estresse para a coluna. Espondilolistese e Espondilólise: A espondilolistese é o arrastar parcial ou total de uma vértebra em relação a outra vértebra. Já a espondilólise é a fratura do pars interarticularis. Osteoartrite e discopatia: Na população, alterações de disco e facetas são muito comuns. Por serem alterações que surgem com o envelhecimento, existe um debate se devem ser consideradas patológicas ou fisiológicas. Os pacientes sintomáticos apresentam dor mecânica, podendo ser observado um grau de rigidez matinal. APG – SOI V Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/5º Período 6 @emilly.lorenaa Inflamatórias: Estão associadas com doenças que possuem manifestações sistêmicas, além do acometimento da coluna vertebral, como: fibromialgia, espondilite anquilosante e artrite reumatoide. É esperado que os pacientes apresentem rigidez matinal importante (com mais de 1 hora de duração) e dor noturna presente. Na fibromialgia, trata-se de um quadro poliálgico, articular e muscular acompanhado de sono não reparador, cefaleia e fadiga persistente Infecciosas: são pouco frequentes. A suspeita deve ser aventada sempre que houver dor persistente, presente no repouso e piorando aos movimentos, associada ou não à febre. Metabólicas: as mais frequentes são: osteoporose, osteomalácia e hiperparatireoidismo Tumores: por serem bem raros, o diagnóstico de uma patologia tumoral de coluna precisa ser bem analisado. Se a dor característica for mais localizada, tende a ser um tumor benigno. Se a dor for mais difusa, às vezes, associada a manifestações sistêmicas, tende a ser um tumor maligno. Dor visceral referida: A dor referida na região lombar e sacral pode ser consequência de várias patologias. A lombalgia raramente é o único sintoma nesses casos, porém, dor com ritmo próprio que não melhora ao repouso deve levar à suspeita de dor referida = gravidez, endometriose, aneurisma de aorta, pancreatite. DIAGNÓSTICO A anamnese inclui a pesquisa dos seguintes itens: Raça, idade e sexo; Início da dor: quadro súbito e intenso sugere uma hérnia discal, enquanto que sintomatologia insidiosa sugere patologias degenerativas. Localização da dor: difusa ou localizada em algum segmento específico da coluna; Irradiação da dor: com ou sem trajeto radicular específico. A dor irradiada abaixo do joelho geralmente é radicular. Dor irradiada apenas até o joelho pode estar relacionada com estruturas próprias da coluna (articulações posteriores, músculos e ligamentos); Ritmo da dor: a dor que piora ao repouso e melhora com o movimento sugere patologia inflamatória como as espondiloartropatias. A dor que piora aos movimentos e melhora pelo menos parcialmente ao repouso sugere patologia mecânico-degenerativa. A dor fixa, de intensidade crescente, sem fatores de melhora, sugere patologia infecciosa ou tumoral; Características da dor: a dor radicular costuma ser lancinante, acompanhada de parestesias. Já a dor psicogênica costuma ser descrita em termos de sofrimento ou punição e não segue um trajeto dermatomérico específico, a dor da lombalgia mecânica costuma ser descrita como uma dor “surda”, profunda e mal delimitada; Presença de febre e perda de peso: são sinais de alerta para a pesquisa de infecção e tumores; Apreciar o envolvimento psico-afetivo; Avaliação da situação socioprofissional com suas possíveis consequências no diagnóstico e tratamento; Avaliação dos antecedentes pessoais e familiares que possam orientar um diagnóstico etiológico. O exame físico deve sempre incluir um exame geral procurando alterações e a seguir, o exame da coluna deve ser realizado de forma metódica e organizada. O paciente deve sempre estar desnudo para que o médico possa observar a presença de lesões cutâneas, deformidades, contraturas musculares. O exame inicia-se com o paciente em ortostase. INSPEÇÃO: a visão posterior permiteidentificar desvios no plano sagital, assimetria das cristas ilíacas, pregas glúteas e joelho. A visão lateral permite observar a presença de hiperlordose ou retificação da lordose. Avalia também a presença de tumorações, edema e atrofias também pode ser pesquisada. PALPAÇÃO: da musculatura, dos processos espinhosos e dos espaços intervertebrais. MOVIMENTOS DA COLUNA LOMBAR: flexão, extensão, rotação ou torção direita e esquerda e lateralidade. EXAME NEUROLÓGICO: parte obrigatória e extremamente importante do exame da coluna. O exame motor, da sensibilidade e dos reflexos permite estabelecer uma topografia radicular típica. APG – SOI V Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/5º Período 7 @emilly.lorenaa As raízes acometidas com mais frequência são as raízes L4, L5 e S1, que merecem atenção especial. A força de flexão da coxa é papel da raiz L4, enquanto que a dorsiflexão do pé é função da L5. A função motora da S1 pode ser examinada pela marcha nas pontas dos pés. A sensibilidade deve ser examinada ao longo dos MMII. TESTES ESPECIAIS: Sinal de Lasegue: Elevação do membro inferior estendido sobre a bacia, manobra que acarreta estiramento do nervo ciático. Se houver compressão, ocorre dor no trajeto do referido nervo em até 60°. Sinal de Bragard: dorsiflexão do pé quando o membro estiver elevado, provocando exacerbação da dor. Teste de Fabere: o paciente, em decúbito dorsal, realiza abdução do quadril, flexão e rotação externa com o tornozelo sobre o joelho oposto. O examinador, com uma das mãos localizada sobre o joelho e a outra sobre a crista ilíaca contralateral, exerce pressão contra a mesa. Dor referida na região sacroilíaca posterior indica patologia dessa articulação. Dor referida na região inguinal ipsilateral pode ser consequência de doença no quadril. Teste de Schober: O paciente permanece em posição ortostática e a sua coluna é marcada com uma caneta, tendo como ponto de referência a espinha ilíaca posterossuperior. Um segundo ponto é mensurado 10 cm acima. Solicita-se que o paciente flexione o tronco na tentativa de tocar o chão. Nessa posição é mensurada a distância entre os pontos marcados. A medida na pele deve aumentar cerca de 5 cm. O teste é positivo se mobilidade menor que 5 cm A maioria dos pacientes portadores de lombalgia não necessita inicialmente de qualquer investigação radiológica ou laboratorial. A indicação de uma investigação é limitada aos pacientes com história de trauma importante, com suspeita de doença sistêmica (febre, perda de peso) e com dor persistente ou progressiva. RAIO X: constitui a primeira etapa da investigação radiológica. Uma radiografia de face com incidência posterior centrada sobre o disco L4-L5, face centrada em L5-S1 e uma incidência de perfil são suficientes. O RX é útil para estabelecer se há alterações da arquitetura da coluna e, particularmente, no diagnóstico de lesões vertebrais tumorais e fraturas. TC: A TC permite formular imagens coronais e sagitais da coluna. É o melhor método para visualização da arquitetura óssea. Os limites do canal medular são bem visualizados com o corpo vertebral e o disco anteriormente, e o arco posterior, as articulações facetárias e o ligamento amarelo posteriormente. Ressonância nuclear magnética (RNM): Trata-se de exame não invasivo, que não utiliza radiação, permite a visualização de toda a extensão da coluna, partes ósseas e partes moles sem a necessidade de contraste intra- tecal. TRATAMENTO E PREVENÇÃO A terapia não farmacológica é baseada em mudanças comportamentais, como perda de peso, prática de exercício físico, fisioterapia e medidas terapêuticas como: terapia cognitivo-comportamental, acupuntura e outas. O repouso deve ser desencorajado, e os pacientes devem ser orientados a manter suas atividades rotineiras, o que leva a recuperação mais rápida e menor incapacidade a longo prazo. Cerca de 90% das lombalgias melhoram espontaneamente, sem qualquer intervenção, em um período de 30 dias. No entanto, é comum a prescrição de medicamentos, como os anti-inflamatórios não-esteroidais. Ademais, o tratamento deve ser dirigido à etiologia. Causas infecciosas devem ser tratadas com uso de antibióticos; As inflamatórias, com corticoides; As sistêmicas serão tratadas segundo suas recomendações. 3) ENTENDER A ESCOLHA DOS MEDICAMENTOS DE ACORDO COM SUAS CLASSES (ESCADA) Escalas de avaliação da dor são usadas como instrumento para julgar a necessidade ou não de alterar a analgesia escolhida. ESCALA NUMÉRICA-VERBAL: é utilizada em crianças >6 anos e adultos alfabetizados sem limitações cognitivas onde deverá ser questionado a nota para sua dor de 0-10, sendo que 0 é nenhuma dor e 10 a maior dor que já sentiu. ESCALA DE FACES: A escala de faces de dor para adultos e crianças acima de 2 anos apresenta categorias de descritores visuais, usando expressões faciais refletindo magnitudes de intensidades de dor diferentes. Ela consiste de APG – SOI V Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/5º Período 8 @emilly.lorenaa seis imagens de faces com várias expressões. O paciente seleciona a face que é consistente com seu nível atual de dor. A escolha do analgésico baseia-se na intensidade da dor, sua natureza e risco. A OMS recomenda a escada analgésica para orientação em relação à terapia com opióides, sendo: Na dor leve (EV entre 1 e 3) tratada com AINEs, Dipirona, Acetaminofen e adjuvantes; Na dor moderada (EV entre 4 e 7), associa-se o 1º degrau aos opióides fracos, como Codeína e Tramadol; Na dor intensa aos opióides fortes (EV maior do que 7), como Morfina, Fentanil, Metadona e Oxicodona. REFERÊNCIAS TORTORA, G. J; DERRICKSON, B. Princípios de anatomia humana. 14. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. MARTINS, Mílton de A.; CARRILHO, Flair J.; ALVES, Venâncio Avancini F.; CASTILHO, Euclides. Clínica Médica, Volume 5: Doenças Endócrinas e Metabólicas, Doenças Osteometabólicas; Doenças Reumatológicas. 2. ed. Barueri, SP: Editora Manole, 2016. WHALEN, Karen; FINKELL, Ricardo; PANAVELIL, Thomas A. Farmacologia Ilustrada. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016. BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Cuidados paliativos oncológicos: controle da dor. - Rio de Janeiro: INCA, 2001.
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