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TRAUMA ABDOMINAL E PÉLVICO! A N A T O M I A Particularidades Anatômicas: - parede anterior: vísceras ocas - flanco e dorso: musculatura espessa • barreira a ferimento penetrantes - lesões de órgãos e vísceras retroperitoneais: difícil diagnóstico • não é possível exame físico adequado • sem sinais e sintomas de peritonite na fase inicial • LPD não acessa • difícil avaliação por USG FAST M É T O D O E P R I O R I D A D E 1. mecanismo de trauma 2. forças da lesão 3. localização do ferimento 4. estado hemodinâmico do paciente Mecanismo de Trauma —————————— - identificação precoce de possíveis lesões - exames necessários - eventual transferência Classificação ————————————— - trauma fechado (o abdômen está íntegro); - trauma penetrante (ferida penetrante); - combinação de ambas as classes; T R A U M A F E C H A D O Impacto direto ——————————-—— • compressão ou esmagamento de visceras; ruptura; • hemorragia secundária; • contaminação pelo conteúdo intestinal; • peritonite; Cisalhamento ————————————— (parte fixa do órgão e a porção seguinte móvel) • uso de dispositivo de segurança/ restrição inadequado Desaceleração———————-————— • movimentos em sentidos oposto (ex. acidentes automobilísticos) Órgãos mais frequentes: - baço (40-45%) - fígado (35-45%) - intestino delgado (5-10%) T R A U M A P E N E T R A N T E Ferimento por arma branca ———————— (local do trauma, delimitado) - estruturas adjacentes: • Fígado (40%) • Intestino delgado (30%) • Diafragma (20%) • Cólon (15%) Ferimento por armas de fogo ———————- (não é delimitado, se atentar a diversas possibilidades) - lesão adicionais pela trajetória, lesão por calor, efeito cavitação e fragmentação do projetil • Intestino delgado (50%) • Cólon (40%) • Fígado (30%) • Estruturas vasculares abdominais (25%) T R A U M A C O M B I N A D O Dispositivos explosivos ————————— - ferimentos penetrantes por fragmentos - lesões contusas pelo impacto da ejeção - (queimaduras) A V A L I A Ç Ã O história do paciente ——————————— - descobrir o mecanismo de trauma - tentar contato com: paciente / equipe pré- hospitalar / familiares / populares que podem estar acompanhando - Se possível: • Localização da dor • Intensidade da dor — questionar sempre sobre o incidente detalhadamente (ex. acidente de carro, questionar local em que se estava sentado no carro, se utilizava cinto ou não) — Exame físico —————————————- Meticuloso e sistemático – Sequência padrão: • Expor o paciente • Inspeção Ausculta • Percussão • Palpação Análise da estabilidade pélvica • Exame da uretra, períneo, reto, vagina e glúteo — documentar todos os dados após o atendimento — LEMBRAR! Avaliação da Estabilidade pélvica - Manipulação manual se necessário: 1X - Evitar nos pacientes em choque ou com fratura pélvica Achados sugestivos de fratura pélvica: - Evidência de ruptura de uretra • Próstata alta • Hematoma escrotal • Sangue em meato uretral - Discrepância no comprimento dos MMII - Deformidade rotacional da perna (sem fratura óbvia) Exame retal No trauma fechado: - Avaliar tônus do esfíncter - Integridade da mucosa - Determinar posição da próstata - Identificar fratura de ossos da pelve No trauma penetrante: - Avaliar tônus do esfíncter - Sangramento ou perfuração de intestino Medidas Auxiliares ao Exame Físico ———— Sondagem Vesical: - Descomprimir bexiga antes LPD - Monitoração do débito urinário (índice de perfusão tecidual) - Hematúria MACRO – Sinal de trauma geniturinário - Suspeita de lesão: confirmar integridade da uretra antes de sondar - Confirmada lesão: sonda suprapúbica Sondagem Gástrica: - Descomprimir estômago antes LPD - Remover conteúdo gástrico (diminui risco de aspiração) • Sangue na secreção sugere lesão TGI alto - Não passar via nasal em fraturas graves de face ou suspeita de fratura de base de crânio - Passe VO Confirmar integridade da uretra - Uretrografia: - Incapacidade de urinar espontaneamente - Presença de fratura pélvica instável - Sangue no meato uretral - Hematoma escrotal - Equimose perineal - Próstata deslocada cranialmente Exames complementares ————————— - RX de abdome agudo (inclui RX tórax) - USG FAST (detecta presença de hemoperitônio; dificuldades: obesidade, enfisema subcutâneo e cirurgias prévias) - Lavado Peritoneal Diagnóstico (LPD) • Exame rápido • Invasivo • Identifica hemorragia • Investigação de possível lesão de víscera oca • Pode ser indicado em paciente estável quando sem FAST ou TC Contraindicações relativas: • Cirurgia abdominal prévia • Obesidade • Cirrose avançada • Coagulopatia Acesso infraumbilical: • Técnica aberta ou Seldinger Positivo: • Aspiração de sangue >10ml • Conteúdo GI, fibras vegetais, bile • > 100 000/mm3 hemácias • > 500/mm3 leucócitos • Amilase > 175UI/dl • Detecção de bactérias pelo Gram - TC (tomografria computadorizada) • Requer transporte • Administração de contraste • Demorado • Estáveis sem indicação de laparotomia de emergência • Melhor avaliação do retroperitônio - Exames contrastados • Uretrografia • Cistografia • Urografia excretora • Estudo contrastado do tubo digestivo Outros exames ——————————— — exames não devem atrasar a transferência do paciente para o tratamento definitivo — Pacientes instáveis: Avaliação rápida: LPD ou FAST Contraindicação: indicação clara de laparotomia Pacientes Estáveis: - Alteração do sistema sensorial • Lesão cerebral / Intoxicação alcoólica e drogas ilícitas - Mudança na sensibilidade • Lesão da coluna vertebral - Lesão de estruturas adjacentes • Arcos costais inferiores, pelve e coluna lombar - Exame físico duvidoso - Perda de contato com paciente • Anestesia geral por ferimento extra- abdominal / estudos demorados - Sinal do cinto de segurança com suspeita de lesão de intestino Comparação de Exames ——————— V A LE L E M B R A R! - pacientes hemodinamicamentes estaveis sem peritonite: permite avaliação detalhada - pacientes hemodinamicamentes instaveis exposição de vísceras, peritonite: avaliação rápida / Laparotomia LESOES ESPECÍFICAS ! D I A F R A G M Á T I C A S - Lado esquerdo é mais acometido - Região póstero-lateral - Pode ser assintomático - Rx de tórax anormal - Suspeitar em ferimentos tóraco-abdominais G Á S T R I C A S - Mais frequentes de traumas penetrantes Tratamento: • Debridamento de bordas • Fechamento primário • Lesões com perda tecidual importante: ressecção gástrica - Suspeitar em ferimentos tóraco-abdominais (pela proximidade com o diafragma) D U O D E N A I S - Motoristas sem cinto com colisão frontal - Golpe direto no abdome (ex: guidão bicicleta) - Sangue na sonda gástrica - Maioria acompanhada de outras lesões abdominais - Rx com contraste ou TC c/ contraste EV e VO P A N C R E Á T I C A S - Golpe direto no epigástrio: comprime o órgão contra a coluna - TC inicial pode não identificar V I S C E R A S O C A S - Desacerelação brusca com esgarçamento próximo à um ponto fixo (cintode segurança usado de maneira incorreta) - Pesquisar quando apresenta sinal do cinto de segurança - USG e TC não fornece diagnóstico precoce I N T E S T I N O D E L G A D O Cirurgia: examinar todo intestino delgado com cuidado • Controlar sangramento / Conter conteúdo intestinal - Lesões penetrantes por arma de fogo devem ser debridadas - Pequenas lacerações fechadas primariamente - Sutura transversal para evitar estreitamento luminal - Ressecção e reanastomose: • Lacerações extensas • Segmentos desvascularizados • Lacerações múltiplas em segmento curto - Hematomas mesentéricos devem ser explorados (pode esconder pequenas lesões intestinais) C Ó L O N - Usualmente de traumas penetrantes - Tratamento controverso - Critérios para tratamento primário • Diagnóstico precoce (4 a 6hs) • Ausência de choque ou hipotensão prologada • Ausência de contaminação MACRO da cavidade peritoneal • Ausência de lesão vascular do cólon associada • Menos de 6UI de transfusão de sangue • Fechamento permanente da parede abdominal sem uso de tela R E T O - Fechamento primário: ( lesões extraperitoneais — 1/3 inferior do reto —) - Colostomia para desvio - Limpeza do coto retal distal - Ampla drenagem pré-sacral - Lesões intraperitoneais: ( fechamento primário ou colostomia para desvio ) O R G Ã O S S Ó L I D O S Laparotomia de urgência: - Choque - Instabilidade hemodinâmica - Evidência de hemorragia ativa Quando estável: poder ser tratado conservador - Internação: observação e exames seriados H E P Á T I C O S - Trauma frequente pelo tamanho e localização - Hemostasia espontânea em mais de 50% das lacerações pequenas - Lacerações sangrantes não profunda • Suturas simples ou agentes hemostáticos - Lacerações profundas com possibilidade de fístula biliar: drenar - Vasos sangrantes e canais biliares: devem ser ligados - Manobra de Pringle ( compressão da porta hepatis no forame de Winslow para controlar sangramento hepático; a manobra é frequentemente utilizada em cirurgias de trauma e consegue, de maneira efetiva, parar o sangramento hepático caso a origem seja da veia porta ou artéria hepática ) - Falha no controle de hemorragia: faz tamponamento D U C T O B I L I A R - Reparo primário desafiador - Lesões pequenas ou parciais (<50% da circunferência) • Colocação de tubo “T” - Lesões mais importantes ou transecções completas • Anastomose coledocoentérica E S P L Ê N I C A S - Evitar esplenectomia - Sepse pós-esplenectomia: Vacina pneumocócica antes da alta - Estáveis: mais de 70% conservador • UTI: repouso com SNG e seriar exames 48-72hs G E N I T U R I N Á R I A S P/ T R A U M A - 15% dos pacientes com trauma abdominal e pélvico - Rins (2° órgão visceral mais lesionado) - Ureteres - Bexiga - Uretra — Retroperitoneais — - Não Cirúrgico Preocupações: • Hemorragia • Extravasamento de urina R E N A I S - Trauma fechado (maioria - 80%) - Trauma penetrante (20%) CLÍNICA - Equimose nos flancos e dorso - Hematúria: MACRO / MICRO - Mecanismo de lesão • Localização do impacto • Lesão concomitante • Lesões abertas • Ponto de entrada • Ponto de saída • Estimar trajetória do projétil Tratamento: - Não cirúrgico • Lesões de menor grau • Graus I a III em pacientes hemodinamicamente estáveis - Controverso • Graus IV - Cirúrgico • Lesões de grau elevado - Graus IV e V • Lesões intraperitoneais concomitantes Pacientes hemodinamicamente instáveis já em sala de cirurgia: - Indicação de exploração renal • Critérios absolutos - Hematoma crescente ou pulsátil - Hemorragia renal persistente - Indicadores de possível lesão do pedículo renal • Critérios relativos - Extravasamento urinário persistente - Parênquima renal não viável - Lesão arterial - Estadiamento incompleto da lesão renal U R E T R A I S - Incomuns (mobilidade/retroperitoneal) - Raramente fatais (contexto de politrauma) - Traumas penetrantes (mais frequentes) - Sem sinais ou sintomas específicos Exames de imagem: - TC c/ contraste - Pielografia - Urografia intravenosa Tratamento – Reparo cirúrgico: • Stents ureterais endoscópicos • Derivação percutânea • Desbridamento adequado • Reparo livre de tensão • Anastomose espatulada • Fechamento impermeável • Colocação de prótese ureteral • Drenagem B E X I G A - 2° estrutura urológica mais lesada - 10% dos traumas urológicos - Trauma fechado (principal causa 80-85%) - Muito associado com FX pelve Exames de imagem: - Cistografia (AP – antes, bx cheia, após esvaziamento) - - TC com cistografia (300-400ml contraste) Tratamento: - Lesão intraperitoneal: Cirurgia no momento do diagnóstico - Lesão extraperitoneal: • Maioria não cirúrgica: drenagem por cateter (sonda) • Cirúrgica - Trauma penetrante - Hematúria em curso - Lesão concomitante de órgão pélvico - CE ou fragmento ósseo na bexiga - Lesões de colo da bexiga U R E T R A - Nos homens • Uretra anterior: mais na uretra bulbar (85%) • Uretra posterior: associado com fraturas pélvicas CLÍNICA / APRESENTAÇÃO - Tríade clássica: • Sangue no meato uretral (37-93%) • Incapacidade de urinar • Bexiga distendida e palpável - Hematoma perineal ou “em forma de borboleta” (ruptura da fáscia de Buck) - Próstata deslocada - Exames de imagem: • Uretrografia retrógrada (antes de sondar) Tratamento: - Imediato: Drenagem da urina (prevenir lesões) - Abordagem tardia: Reconstrução da uretra (Urologista) G E N I T A I S - Traumas fechados (maioria – Contusão) - Traumas penetrantes - Queimaduras - Mordeduras - Avulsões Diagnostico: - Exame físico - USG - UCM (quando suspeita de lesão uretral concomitante) Tratamento: Lesões do pênis - Eliminar CE - Limpeza da ferida - Hemostasia - Identificar defeitos na túnica albugínea ou na uretra - Reparo adequado Lesões testiculares - Desbridamento do parênquima desvitalizado - Fechamento da cápsula (túnica albugínea do testículo) - Reparação do escroto FRATURAS PÉLVICAS ! - Mortalidade (sangramento) - Lesões associadas - Objetivo do tratamento inicial: • Controle da hemorragia • Fixação externa no cenário agudo - Faturas posteriores – sangramento arterial (ramos da artéria ilíaca interna) • Embolização do vaso sangrante E S T A B I L I Z Ç Ã O C O N T R O L E D A S L E S O E S OBJETIVO: Atenuar resposta fisiológica ao choque prolongado e hemorragia maciça - Laparotomia simplificada - Curativo temporário - Fechamento abdominal - 48 a 72hs nova cirurgia:• Remoção do curativo • Desbridamento do tecido inviável • Reparo definitivo S I N D R O M E C O M P A R T I M E N T O A B D O M I N A L - Aumento da pressão intra-abdominal - Diminuição do débito urinário - Hipóxia - Hipercarbia - Hipotensão (diminui retorno venoso ao coração)
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