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Histologia 3 Aula 1 - Histologia do Sistema Cardiovascular O sistema circulatório O sistema circulatório é, basicamente, um sistema de transporte, podendo transportar gases respiratórios (oxigênio e gás carbônico), nutrientes (absorvidos no intestino e distribuído para o corpo), subprodutos do metabolismo (levados para a via de excreção, como os rins), células de defesa (circulantes no sangue e deslocadas para locais de infecção), substancias sinalizadoras (hormônios, por exemplo) e a linfa. Sendo assim, o sistema circulatório é composto pelo sistema vascular sanguíneo (composto por coração e vasos associados) e pelo sistema vascular linfático (uma via unidirecional, onde só há entrada no coração). Composição dos vasos Temos que ter em mente que os vasos da circulação sanguínea, independente de ser artéria, veia ou arteríola, possuem três tecidos que irão se combinar para a formação da parede desse vaso, sendo esses: 1. Endotélio: O endotélio é o epitélio simples pavimentoso dos vasos, revestindo a luz dos vasos e tendo contato direto com o sangue. 2. Tecido muscular: Nos vasos sanguíneos, com exceção do coração, há a presença de células musculares lisas nas suas paredes. 3. Tecido conjuntivo A associação entre estes tecidos forma camadas nas paredes dos vasos, sendo chamadas de túnicas dos vasos. A quantidade e organização destes tecidos são influenciados por: fatores mecânicos (pressão sanguínea, havendo maior elastina em vasos que sofrem intensa pressão) e fatores metabólicos (necessidades locais dos tecidos, sendo aparente paredes de vasos mais finas quando há a intensa necessidade de trocas). Endotélio O endotélio é uma camada única de células pavimentosas que se apoiam numa lâmina basal. As células se associam por zônulas de oclusão, que são aquelas especialidades de membrana que faz com que as células fiquem bem próximas umas das outras e impedindo a passagem de substancias por entre as células. Dizemos então que o endotélio dos vasos sanguíneos é uma barreira de permeabilidade seletiva, ou seja, a passagem de substancias, em células saudáveis, são intensamente monitoradas em ambas as direções de trocas. O endotélio é importante por possuir uma enzima conversora de angiotensina (ECA), relacionada com o aumento de secreção de aldosterona e da pressão sanguínea. O endotélio também tem enzimas relacionadas com a lipólise de lipoproteínas, além de sintetizar e liberar fatores vasoativos (como as endotelinas, que fazem constrição vascular e NO, que participam do relaxamento), fatores de crescimento (VGEF – Fator de crescimento endotelial e vascular, que é muito importante no desenvolvimento embrionário). Forma também uma barreira não trombogênica, ou seja, impede um contato direto do sangue com o tecido conjuntivo subjacente, o que causaria processos de coagulação. Armazena e secreta também o fator de Von Willebrand (um fator de agregação placentária, relacionada com a cascata de coagulação e que é armazenado em corpúsculos de Weibel-Palade. Também é capaz de secretar colágeno para a estruturação de vasos e de degradar neurotransmissores, como serotonina, prostaglandina e noradrenalina. Nessa imagem temos duas células endoteliais vizinhas, apoiadas sobre uma lâmina basal e com a presença de adesão focal e hemidesmossomos, garantindo a sua fixação à lâmina. Possuem também especializações de membrana para garantir que fiquem juntas, como zônulas de oclusão, zônulas de adesão desmossomos; apresentam também GAP Junctions para que seja possível sua comunicação e na superfície possui receptores e moléculas de adesão, que são importantes para a sua funcionalidade. Tecido Muscular O sistema circulatório, com exceção do coração, é formado por células musculares lisas que se organizam concentricamente em camadas helicoidais. Ela pode estar presente em grande quantidade, dependendo do vaso, e cada célula é envolvida por uma lâmina basal e aliada a uma quantidade variável de tecido conjuntivo, que também terá componentes variáveis dependendo do vaso que estivermos avaliando. Tecido Conjuntivo Na imagem temos um vaso com endotélio, algumas células musculares lisas e bastante tecido conjuntivo. Encontramos no tecido conjuntivo dos vasos sanguíneos: • Fibras colágenas: Tipo I (forma fibras), Tipo III (fibras reticulares de sustentação) e Tipo IV (encontrado em lâminas basais), portanto, em cada lugar do vaso teremos um tipo de fibra colágena. • Lamelas elásticas: Tecido elástico que garante resistência ao estiramento, portanto, vasos sanguíneos que recebem sangue com uma alta pressão terão maior quantidade de lamelas. • Substância fundamental: Glicoproteínas e proteoglicanos, que são normalmente encontrados no tecido conjuntivo • Fibroblastos: Células mais comuns do tecido conjuntivo, secretando colágeno e outros componentes do tecido conjuntivo. Plano estrutural dos vasos Então, temos que ter em mente esses três tecidos. Os vasos então, de forma geral, são compostos por endotélio, tecido muscular e tecido conjuntivo, sendo que as formas que se organizam formam três camadas ou túnicas concêntricas distintas. Em um vaso sanguíneo é possível identificar uma camada interna que tem contato com o sangue, chamada de íntima, uma camada intermediária chamada de média e uma camada externa chamada adventícia. Na túnica intima teremos endotélio, tecido conjuntivo e tecido muscular. Na túnica média teremos tecido muscular e conjuntivo, assim como na adventícia. Túnica Íntima Falaremos agora da formação geral de cada túnica independente do vaso. Em um segundo momento quando formos pontuar os vasos, falaremos sobre suas peculiaridades. De uma forma geral, temos na túnica íntima três componentes: • Uma camada de células endoteliais apoiada em uma lâmina basal • Associada logo abaixo há uma camada subendotelial de tecido conjuntivo frouxo, com células musculares lisas esparsas. • Em artérias, principalmente musculares, é possível visualizar uma lâmina elástica interna, que garantem um aspecto ondulado em corte histológico. Túnica Média A túnica média é formada por: • Camadas concêntricas de células musculares lisas organizadas helicoidalmente • Quantidade variável de matriz extracelular: Sendo presentes elastinas (que dá a capacidade elástica do vaso), fibras reticulares (colágeno tipo III, que forma uma rede de sustentação), proteoglicanos e glicoproteínas. • Em artérias, é a túnica média a mais desenvolvida. Em artérias elásticas, como por exemplo a Aorta, haverá predomínio de material elástico. Em artérias musculares, por sua vez, é possível identificar uma camada elástica externa. Túnica Adventícia A túnica adventícia é a camada mais externa e faz contato com o tecido que circunda o vaso. É composto principalmente de tecido conjuntivo, sendo rica em colágeno tipo I e fibras elásticas, podem ter células musculares lisas e fibroblastos. Em veias, é a túnica mais desenvolvida. A túnica adventícia tem uma peculiaridade que podemos encontrar em vasos calibrosos, sendo uma estrutura chamada de Vasa Vasorum, que significa vaso dos vasos, ou seja, quando as paredes dos vasos são muito grossas, como em veias, a túnica adventícia pode ficar sem nutrição adequada devido o processo de difusão. Sendo assim, alguns ramos de vasos sanguíneos irão para a região levar oxigênio e nutrientes para as túnicas adventícias e algumas partes da túnica média de vasos calibrosos. Temos também algumas estruturas chamadas de Nervi Vasculares, que são nervos associados aos vasos. Os nervos são do SNA, possuindo fibras amielínicas e fazendo inervação indireta. Essas fibras liberam neurotransmissores que, por difusão, chegam às células musculares lisas, causando vasoconstrição se forem do SNA simpático ou vasodilatação se forem do SNA parassimpático. Classificação dos VasosArtérias Artéria é um vaso sanguíneo que transporta o sangue a partir do coração, através de ramificações de vasos de diâmetros cada vez menores. As artérias podem ser classificadas em: • Grandes artérias (alguns livros chamam de artérias elásticas ou artérias condutoras) • Artérias de médio calibre (ou artérias musculares ou ainda artérias distribuidoras) • Arteríolas É importante lembrar que as modificações se dão de maneira progressiva ➢ Artérias Elásticas Todas as artérias e veias possuirão túnica intima, média e adventícia. Porém, há algumas diferenças entre os vasos. As artérias elásticas possuem em sua túnica íntima um endotélio, um tecido conjuntivo subendotelial e uma lâmina elástica interna que não é nítida. Na túnica média há uma riqueza de lamelas elásticas, intercaladas com células musculares lisas. Já na túnica adventícia não há peculiaridades. Encontramos artérias elásticas na aorta, nos ramos de seu arco, no tronco pulmonar e nas ilíacas comuns. Esses vasos apresentam uma coloração amarelada, devido a sua riqueza de elastina. A lâmina elástica interna não é nítida devido ao fato de ser a ultima porção da túnica íntima, já em contato com a túnica média, que, por ser rica em lamelas elásticas, geram uma confusão ao se observar. Essa riqueza de lamelas elásticas é importante devido ao fato de serem elas as responsáveis pela a estabilização do vaso sanguíneo, conseguindo de distender durante a sístole e uma contração passiva durante a diástole. O número de lamelas elásticas aumenta com a idade. Em contrapartida, quando vamos ficando idoso, essas lamelas elásticas começam a ser substituídas por tecido conjuntivo, que podem causar danos vasculares, como por exemplo o aneurisma. O aneurisma é uma dilatação, geralmente em artérias, resultante da fraqueza da parede vascular, sendo relacionado com a idade. Essa relação é devido à substituição do sistema elástico por tecido conjuntivo, perdendo parte da capacidade de estabilizar o fluxo sanguíneo, levando à um relaxamento. É muito comum acontecer um aneurisma na aorta abdominal, podendo levar a morte em muitos casos. Esse processo de aneurisma, além de relacionado à idade, também acontece mais frequentemente em pessoas que possuem arteriosclerose, sífilis, síndrome de Marfan e síndrome de Ehlers-Danlos. ➢ Artérias Musculares As artérias musculares possuirão um diâmetro menor, pois são formadas a partir de ramificações de artérias elásticas, sendo assim artérias de médio calibre, e representando a maioria dos vasos originados da aorta. Sua túnica íntima possui endotélio, tecido conjuntivo subendotelial e uma lâmina elástica proeminente. A túnica média é rica em células musculares lisas, porém, não encontraremos aquela abundancia de lâminas elásticas como na artéria elástica. A sua túnica adventícia também não é detentora de nenhuma peculiaridade, possuindo Vaso Vasolum, tecido conjuntivo e algumas células musculares. Como vemos na imagem, é fácil de identificar a lâmina elástica interna da túnica íntima e não há grande quantidade de fibras elásticas na túnica média, devido ao grande predomínio de células musculares lisas. Outro local com presença de lâminas elásticas é na lâmina elástica externa, que divide a túnica média da túnica adventícia. As artérias musculares irão se ramificar, formando vasos cada vez menores e teremos, então, uma simplificação da composição histológica das artérias. Em artérias musculares de menor calibre encontraremos túnicas mais delgadas e a lâmina elástica externa pode não ser evidente. ➢ Arteríolas Essas artérias musculares terão, então, afinando cada vez mais suas paredes e simplificando o seu conteúdo histológico até chegarmos nas arteríolas. As arteríolas caracterizam-se por possuir apenas de 1 a 3 camadas de células musculares lisas na túnica média, além de não ser possível observar a lâmina elástica externa e externa e uma lâmina adventícia escassa. Sendo assim, na túnica íntima é bem fina e possui apenas endotélio e uma camada subendotelial delgada, não sendo presente lâminas elásticas internas em arteríolas menores. Na túnica média temos no máximo 3 camadas de células musculares lisas e lâmina elástica externa ausente. A túnica adventícia, por sua vez, é quase inexistente. Geralmente, as arteríolas possuem diâmetro menor do que 0,1mm e um lúmen bem estreito. A ramificação final das arteríolas antes de se tornarem capilares é chamada de metarteríola. Essas metarteríolas possuem apenas uma camada de células musculares lisas envolvendo, sendo essa camada incompleta. É importante pois funcionará como esfíncter pré-capilar e funcionará como controle de fluxo, sendo que se essas células da camada única das metarteríolas contrair irá impedir o fluxo para os capilares e se relaxar permitirá. Além disso, temos aqui o que chamamos de anastomoses arteriovenosas. Não necessariamente uma arteríola se ramifica e forma capilar, que se fundirá para formar vênulas. Em alguns locais há uma arteríola se fundindo ou tendo uma comunicação direta com uma vênula, sendo bem comuns em locais onde é preciso um controle local da pressão sanguínea, do fluxo sanguíneo e da temperatura, como por exemplo na musculatura esquelética e na pele. ➢ Lesões arteriais Existem lesões que são chamadas de lesões arterioscleróticas, que significam um espessamento da túnica íntima. Acontece depósito de colesterol nas células musculares lisas e em macrófagos da túnica íntima, acumulando gordura e formando o que são conhecidas como células espumosas. Para o desenvolvimento da arteriosclerose, esse depósito de colesterol é constante e de maneira acentuada, gerando placas de gordura visíveis macroscopicamente e diminuindo o lúmen do vaso. Essas placas de gordura podem ainda se desprender, formando trombos. Capilares Os capilares, diferentemente de artérias e veias, não possuem aquelas três túnicas que vimos anteriormente. Os capilares possuem então uma túnica intima formada por células endoteliais e sua lâmina basal. Na sua túnica média as células musculares lisas são substituídas por um tipo celular chamado pericito, além de não possuir túnica adventícia. Os capilares possuem as paredes mais finas possíveis para facilitar o processo de troca de gases e nutrientes. Portanto, são vasos de paredes delgadas, que formam leitos capilares, através dos quais ocorre a troca de nutrientes, gases, metabólitos e hormônios entre sangue e tecidos. Nos capilares, o fluxo sanguíneo é lento a fim de favorecer trocas bidirecionais. Como dito antes, os capilares possuem uma túnica íntima com endotélio apoiado na lâmina basal e uma substituição de células musculares lisas por periquitos na túnica média. Esses periquitos são células mesenquimais que abraçam o capilar por meio de prolongamentos, possuindo uma lâmina basal que se funde com a lâmina basal da célula endotelial. São importantes pois garantem o suporte estrutural para o capilar, uma vez que o capilar é muito delicado, além de possuir em seu citoplasma proteínas relacionadas com o processo de contração (como actina, miosina e tropomiosina), permitindo contrações leves que auxiliam no fluxo sanguíneo local. São muito importantes também pois ajudam no reparo após a lesão de um capilar, podendo se diferenciar em células endoteliais. O diâmetro capilar geralmente é formado por uma a 3 células endoteliais, sendo bem fino. Essas células são poligonais, com maior eixo no sentido do fluxo sanguíneo. O núcleo projeta-se para o lúmen capilar devido à escassez de citoplasma e organelas. Podemos classificar histologicamente os capilares em três grupos, sendo os capilares contínuos, os capilares fenestrados e os capilares sinusóides. Essa classificação é feita levando em consideração a presença de poros (fenestras) e a continuidade da lâmina basal. ➢ Capilar contínuoNo capilar contínuo não há a presença de poros nas paredes do vaso, além da sua parede basal também ser contínua. Encontramos capilares contínuos nos tecidos conjuntivos, vascularizando glândulas exócrinas, no tecido nervoso e no pulmão. É importante ter esse tipo de capilar no tecido nervoso devido ao fato de que, caso houvessem poros, seria muito fácil a passagem de moléculas que poderiam causar danos para esse tecido. A mesma coisa ocorre no pulmão, pois se houvesse poros não ocorreria apenas trocas gasosas, mas também a entrada de algumas moléculas de poderiam causar reações inflamatórias, podendo levar a um processo de infiltrado pulmonar. As trocas de nutrientes entre o capilar e as células do tecido são feitas por meio de vesículas de pinocitose, formando o processo chamado de transcitose. Nesse caso, as zônulas de oclusão são bem desenvolvidas, logo, todas as moléculas passarão pelo controle do endotélio. ➢ Capilar fenestrado Como o próprio nome já diz, esse tipo de capilar apresenta fenestras ou poros na sua parede endotelial, porém, com a lâmina basal contínua. Temos a presença desses capilares em rins, intestino e glândulas endócrinas, sendo interessantes nesses locais por permitirem trocas rápidas entre tecidos e sangue. De uma forma geral, esses poros são revestidos por uma película chamada de diafragma, sendo uma membrana que tampa parcialmente essas fenestras, portanto, o sangue não está em contato direto com o tecido adjascente, possuindo o diafragma e a lâmina basal contínua separando-o. O único lugar onde esses capilares fenestrados são destituídos de diafragma é nos capilares que formam os glomérulos. ➢ Capilar sinusóide O capilar sinusóide é o mais irregular de todos, possuindo fenestrações com ausência de diafragma, células endoteliais separadas por espaços amplos, macrófagos entre as células endoteliais e descontinuidade de lâmina basal. São encontrados no fígado, baço e medula óssea, sendo interessante sua presença por serem órgãos que fazem parte do sistema de defesa, sendo interessante uma maior troca entre sangue e tecido. Esses capilares sinusóides apresentam-se geralmente tortuosos, com diâmetro mais amplo e menor velocidade do fluxo sanguíneo. Veias As veias irão possuir uma constituição bem parecida com a das artérias, possuindo as três túnicas, sendo a adventícia a mais desenvolvida. ➢ Vênulas pós-capilares Os capilares começarão a se fundir e formarão o que chamamos de vênulas. Essas vênulas geralmente apresentam a mesma composição dos capilares, porém, como são frutos de fusão destes, apresentarão um lúmen mais amplo. Nas vênulas pós-capilares, a troca entre sangue e tecidos acontece de forma muito mais rápida e favorecida do que nos capilares e são nessas vênulas que ocorre o processo de Diapedese, que é a passagem de células de defesa pela parede do vaso para combater uma infecção, em resposta à mediadores inflamatórios. Após as vênulas pós-capilares se formarão vênulas musculares, com diâmetro um pouco maior do que 1mm e que representam a maioria no corpo humano. Nessas vênulas, as células musculares lisas substituem os periquitos, evidenciando um processo contínuo de aumento da complexidade e composição histológica. OBS: As vênulas possuem, geralmente, a mesma estrutura do que capilares, com a exceção das localizadas nos linfonodos. Nesses locais haverão as vênulas de endotélio alto, que é o único local que terão vênulas com um endotélio não pavimentoso e núcleos mais redondos. ➢ Veias As vênulas acabam se confluindo para a formação de veias. As veias são vasos que drenam os leitos capilares, formando vasos cada vez mais calibrosos e retornando o sangue ao coração, sendo esse sangue pobre em oxigênio. Da mesma forma que as artérias, temos também as veias de pequeno, médio e grande calibre, sendo que esse calibre vai aumentando conforme vai chegando próximo ao coração. Nas veias possuímos um endotélio e um tecido conjuntivo subendotelial, geralmente com ausência da lâmina elástica interna. A sua túnica média não é tão desenvolvida quanto a artéria e sua túnica adventícia é relativamente mais desenvolvida, havendo Vasa Vasolium. ➢ Veias de pequeno e médio calibres Em veias de pequeno calibre temos a presença da túnica íntima com endotélio e uma camada subendotelial pouco desenvolvida, uma túnica média com poucas células musculares lisas, e uma túnica adventícia mais desenvolvida, com a presença de fibras elásticas, colágenas e células musculares lisas. A separação das túnicas em veias é mais imprecisa do que em artérias, porém, todas as veias em geral possuem uma túnica adventícia mais desenvolvida. ➢ Veias de grande calibre As veias de médio e grande calibre, principalmente as que fazem esse intercambio entre médio e grande calibre, possuem uma túnica intima bem desenvolvida com a presença de valvas, que, principalmente em veias de membros inferiores, auxiliam no processo de retorno venoso, evitando uma espécie de refluxo sanguíneo. As suas túnicas médias são em geral pouco desenvolvidas, com poucas células musculares lisas, fibras colágenas e elásticas. Em veias de grande calibre a túnica adventícia é muito desenvolvida, com fibras elásticas, colágenas e células musculares lisas que formam feixes longitudinais. Essa riqueza de células musculares lisas se dá pelo fato de que as veias possuem um calibre grande e uma pressão sanguínea não tão alta, sendo necessário uma contração de células musculares lisas para auxiliar no retorno venoso. As veias de grande calibre possuem um Vasa Vasorum bem desenvolvido, com bastante vasos sanguíneos na adventícia para auxiliar na sua nutrição. As valvas são formadas por dobras da túnica íntima, sendo constituídas por tecido conjuntivo e revestidas por endotélio. ➢ Veias varicosas Essas valvas podem apresentar problemas de funcionamento. Durante o desenvolvimento, e também muito frequente em pessoas que ficam muito em pé, ocorre perda de tônus muscular devido à dilatação das veias, fazendo com que as veias percam sua sustentação. Isso acarreta na prejudicação do retorno venoso e um fluxo sanguíneo mais lento, sendo aparente essas veias dilatadas principalmente em membros inferiores. Artérias X Veias - Resumo Resumindo as informações que temos até agora, temos: Coração Quando falamos em coração, podemos brincar que ele é um vaso “sofisticado”, pois também possui uma túnica íntima, média e adventícia, porém com outros nomes. O endocárdio seria homólogo à túnica íntima, o miocárdio com a túnica média e o epicárdio com a túnica adventícia. ➢ Endocárdio O endocárdio possui endotélio e uma camada subendotelial, com a presença de fibras elásticas, colágenas e células musculares lisas. Porém, logo abaixo do endocárdio temos uma camada muito importante chamada de Camada subendocárdica, que possuirá vasos, nervos e fibras de Purkinje, extremamente importantes para a condução dos impulsos elétricos do coração. ➢ Miocárdio Abaixo das fibras de Purkinje temos o Miocárdio, que é homólogo à túnica média e compõe a camada mais espessa do coração. Nele possuímos células musculares estriadas cardíacas, organizadas em camadas, formando uma espiral complexa. Essas células musculares se inserem no esqueleto cardíaco fibroso, que é um tecido conjuntivo denso. ➢ Epicárdio A camada mais externa do coração e homóloga à adventícia é chamada de epicárdio. O Epicárdio é a camada visceral do pericárdio, possuindo um epitélio pavimentoso simples, também chamado de mesotélio. Ele possui uma camada abaixo dele que os livros chamam de cavidade subepicárdica, onde temos tecido conjuntivo frouxo, vasos, nervos e tecido adiposo, sendo então onde pode haver acúmulo de gordura no coração. ➢ Esqueletofibroso cardíaco O esqueleto fibroso cardíaco é uma espécie de sustentação do coração formada por um tecido conjuntivo denso não modelado. Ele garante uma sustentação estrutural do coração e é o local de inserção das células musculares e válvulas. Esse esqueleto fibroso é formado por anéis fibrosos (localizados ao redor da aorta, artéria pulmonar e orifícios atrioventriculares), trígono fibroso (ao redor da valva aórtica) e pelo septo membranáceo (porção superior do septo interventricular). ➢ Válvulas cardíacas No coração, assim como nas veias, há dobras de endocárdio que formam as válvulas cardíacas. Essas válvulas são revestidas de endotélio, possuindo um desenvolvimento mais presente e um centro de tecido conjuntivo mais resistente, uma vez que a pressão e a regulação da circulação no coração são mais fortes. ➢ Sistema gerador e condutor do impulso cardíaco As regiões de nó sinoatrial e do nó atrioventricular são as responsáveis por gerar e conduzir o impulso elétrico, Esses nós são pontos de geração de impulsos elétricos, sendo que a diferença dessas células para células cardíacas são a perda da capacidade de contração, ou seja, miofibrilas, além da ausência de discos intercalares e presença de uma morfologia mais fusiforme. Na região de nó atrioventricular teremos células com projeções citoplasmáticas que serão importantes para fazer comunicação com o sistema condutor de impulso cardíaco, formado principalmente pelas fibras de Purkinje. As células de Purkinje são formadas por 1 ou 2 núcleos centrais, citoplasma rico em mitocôndrias e glicogênio, além de fibrilas escassas e localizadas perifericamente. No coração podemos observar que o coração também pode ser um órgão secretor em microscopia eletrônica, uma vez que possui células cardíacas modificadas presentes na parede atrial e no septo interventricular que secretam Fator Natriurético Atrial, que estimulam a diurese e natriurese e o relaxamento da musculatura cardíaca. Linfa A linfa tem componentes muito parecidos com as veias. O sangue é levado à periferia do corpo pelas artérias e levado de volta pelas veias. Já nas linfas há o transporte de linfa de forma unidirecional, ou seja, só da periferia para o coração. Sendo assim, o sistema vascular é composto por canais de paredes delgadas, revestidas por endotélio e que captam o líquido que se acumula no tecido intersticial dos órgãos. O capilar linfático possui tubos de fundo cego, revestidos de endotélio, lâmina basal incompleta, ausência de junções de oclusão e filamentos de ancoragem. Esses capilares possuem uma pressão muito baixa, sendo necessário a ação dos filamentos de ancoragem para que não haja a colabação do canal. Esse capilar linfático vai aumentando de diâmetro, formando vasos linfáticos maiores, que formarão o ducto torácico e o ducto linfático direto que, por fim, desaguam em veias de grande calibre. Portanto, possuem estrutura semelhante às veias, com paredes mais finas e sem separação clara entre as túnicas e com maior número de valvas. ➢ Edema e drenagem linfática Geralmente, quando os vasos linfáticos não estão em bom funcionamento ocorre a apresentação de linfas, que são acúmulos de líquido no tecido intersticial. Com a manobra de drenagem linfática há um estímulo da recaptação das linfas, amenizando quadros de edema.
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