Buscar

NOVA TRANSAÇÃO NUTRICIONAL NO BRASIL

Prévia do material em texto

Universidade Federal do Maranhão – UFMA 
Colégio Universitário - COLUN 
 
Aluno: Railson Seguins Maia 
Disciplina: Nutrição e Dietética 
 
Resenha: Transição nutricional no Brasil: análise dos principais fatores 
 
Elaborado por Elton Bicalho de Souza, Mestre em Nutrição Humana, o presente artigo tem 
por finalidade analisar e expor causas e consequências da transição alimentar no Brasil a partir da 
análise de evidências anteriores. Este, por sua vez, abordar temas de extrema relevância, como a 
mudança no padrão alimentar do brasileiro, redução da prática de atividade física e aumento do 
sobrepeso e da obesidade, além de sugerir e caminhos para superação desses entraves e discussão dos 
dez passos para uma alimentação saudável elaborados pelo Ministério da Saúde. 
 
1 Mudanças no padrão alimentar brasileiro 
O processo de urbanização no Brasil acarretou grandes mudanças no modo e qualidade de 
vidas das pessoas. Caracterizado como o maior êxodo rural da história do país, este, por sua vez, 
atraiu as populações do campo para a cidade. O principal motivo foi o crescimento industrial e a 
Consolidação das Leis Trabalhistas – CLT nos anos 50. Como consequência desse processo, o Brasil 
tornou-se um país predominantemente urbano, o que significa um alto número de pessoa vivendo em 
cidades e, consequentemente, mudanças no modo de vida e na demanda de serviços prestados pelo 
Estado como saúde, emprego e alimentação. 
Com isso, o padrão alimentar também sofreu alterações. O novo modo de vida (acordar cedo, 
chegar tarde, pegar ônibus, cansaço, longas jornadas de trabalho), alterou significativamente a 
qualidade alimentícia, levando as pessoas a consumir alimentos industrializados ricos em sódio, 
gordura, açúcar, ácidos graxos etc. Outro fator contribuinte é a inserção da mulher no mercado de 
trabalho nos anos 70. Conciliar trabalho e atividades domésticas torna-se uma tarefa que demanda 
tempo, o que impacta negativamente na qualidade da alimentação do núcleo familiar, não sobrando 
tempo para o preparo de refeições de qualidade, optando, assim, pelo consumo de industrializados, 
fast – foods e restaurantes. 
Com essa transição, as pessoas passaram a consumir desenfreadamente gorduras, sódio, 
açúcar, doces, chocolates e derivados ricos em gorduras. As frutas, legumes, carboidratos complexos 
Universidade Federal do Maranhão – UFMA 
Colégio Universitário - COLUN 
obtiveram reduções drásticas, resultando na deficiência nutricional de micronutrientes e aumento de 
doenças não transmissíveis, como diabetes, obesidade, hipertensão e anemia. 
 
2 Redução da prática de atividade física 
A globalização revolucionou o mundo nos seus mais diversos aspectos. A desenvolvimento e 
avanço das tecnologias é uma característica predominante até o dia de hoje. A incorporação de 
computadores, impressoras e internet tornou o trabalho cômodo e confortável devido a redução de 
esforço físico. Atividades de lazer também sofreram alterações. Videogames, assistir filmes, 
desenhos, séries e consumir pipocas, doces e fast-foods tornaram-se corriqueiros e habituais. Dessa 
forma, a mudança de hábitos causados pela incorporação das tecnologias tem alavancado dois 
problemas: a diminuição do gasto calórico (devido a redução da prática de atividade física) e o 
aumento do consumo de alimentos com alta concentração calórica. 
A tecnologia possibilitou, ainda, a implantação de portões eletrônicos, escadas rolantes, 
equipamentos domésticos, máquinas de lavar etc. Estas tarefas, antes realizadas manualmente, hoje 
são totalmente automatizadas, o que resulta em diminuição do gasto calórico e contribui para o 
aumento do sedentarismo. 
Ademais, é lícito destacar que é possível equilibrar tecnologia com atividade física. Trocar 
elevador por escadas, sair do carro para abrir/fechar o portão, deixar a TV ou computador e caminhar, 
trocar a pipoca por uma fruta são atividades simples, mas que proporcionam bem-estar, saúde e, 
sobretudo, qualidade de vida. 
 
3 Aumento do sobrepeso e da obesidade 
A mudança no padrão alimentar brasileiro e a redução da prática de atividade física são fatores 
determinantes para o aumento do sobrepeso e da obesidade. Definida como o excesso de gordura 
corporal, a obesidade é considerada um problema de Saúde Pública. Esta, por sua vez, tem sido 
catastrófica, pois é o principal fator de risco para hipertensão arterial, hipercolesterolemia, diabetes 
mellitus, doenças cardiovasculares e alguns tipos de câncer além de ser uma das principais causas de 
morte no mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde. 
No Brasil, as doenças cardiovasculares são a primeira causa de morte por, aproximadamente, 
quarenta anos, sendo que, nos últimos 20 anos houve aumento significativo de mortalidade por 
diabetes e neoplasias decorrentes de má conduta alimentar. Esta causa demanda gastos para contê-la, 
Universidade Federal do Maranhão – UFMA 
Colégio Universitário - COLUN 
em alguns países os gastos públicos com excesso de peso aproximam-se de 2% a 7%. No Brasil, 
estima-se que esse gasto próximo a R$ 1bilhão por ano. 
 
4 Considerações finais 
A diminuição progressiva da desnutrição e o aumento do excesso de peso, independente de 
idade, sexo ou classe social é uma realidade que há tempos os estudos demonstram. Faz-se necessária 
a mobilização das autoridades para a determinação de prioridades para a definição de estratégias de 
ação de Saúde Pública. Ações de educação alimentar e incentivo à prática de atividades físicas diárias 
merecem destaque como forma de combate ao sobrepeso e as doenças não transmissíveis. Oriundo 
do Plano Nacional para a Promoção da Alimentação Adequada e do Peso Saudável e, visando à 
modificação do estilo de vida da população brasileira, principalmente, sobre a prática alimentar e 
atividade física, o Ministério da saúde publicou os dez passos para o peso saudável. Apesar de evitar 
o excesso de peso, os dez passos é insatisfatório e ineficaz. Sugere-se a criação de políticas eficientes, 
como projetos e programas intersetoriais objetivando a conscientização da necessidade de um estilo 
de vida mais ativo e de uma alimentação mais saudável. A médio e longo prazo, essas políticas 
reduziriam consideravelmente os gastos com o tratamento da obesidade e doenças subsequentes. 
Divulgação de campanhas educativas em rede nacional, incentivando o consumo de alimentos 
saudáveis e adoção de educação alimentar nas escolas, aumento do número de aulas de Educação 
Física e incentivos a prática esportiva são alternativas que devem ser adotadas imediatamente para 
tentar reverter o atual quadro da epidemia do excesso de peso.

Continue navegando