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Aplicação da Lei Penal no Tempo SEGURANÇA PÚBLICA - Agente • ESPÉCIES DE NORMA PENAL vNormas penais incriminadoras: são aquelas estabelecidas no Código Penal ou leis penais especiais, que descrevem o crime. Essas normas possuem dois preceitos: primário (descreve o crime) e secundário (comina a pena). • ESPÉCIES DE NORMA PENAL vNormas penais não incriminadoras: são aquelas que não descrevem o tipo penal. Podem ser: a) permissivas justificantes (excludentes de ilicitude/ antijuridicidade, art. 23, CP) e exculpantes (excludentes de culpabilidade. Ex: art. 26, caput, CP); b) explicativas (o legislador apenas explica, conceitua. Ex: art. 327, CP); e c) complementares (uma norma complementa a outra. Ex: o art. 68 complementa o artigo 59 do CP). • ESPÉCIES DE NORMA PENAL vNorma penal em branco (primariamente remetidas): precisam da complementação de outras normas. -Homogêneas: o complemento provém da mesma fonte legislativa -Heterogêneas: o complemento é proveniente de norma diversa daquela que a editou. • ESPÉCIES DE NORMA PENAL vNormas penais incompletas ou imperfeitas (ou também secundariamente remetidas ou avesso). São aquelas que necessitam de outro texto normativo para saber qual a sanção a ser imposta. Exemplo: “Art. 304 - Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se referem os arts. 297 a 302: Pena - a cominada à falsificação ou à alteração.” APLICAÇÃO DA LEI PENAL NO TEMPO “Art. 1º Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal.” à Decorre também do art. 5º, XXXIX, da CF. Referidos dispositivos estabelecem que o crime e a pena devem estar previamente definidos em lei. Assim, lei penal incriminadora somente pode ser aplicada a determinado fato concreto caso esteja em vigor antes da sua prática. LEI PENAL NO TEMPO VIGÊNCIA DA LEI - A Lei Penal só começa a vigorar a partir da determinação em seu conteúdo e, na falta desta, em 45 dias após a sua publicação (Artigo 1º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro”. - O espaço compreendido entre a publicação da lei e sua entrada em vigor denomina-se “vacatio legis” (vacância da lei). LEI PENAL NO TEMPO “Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado.” TEMPUS REGIT ACTUM A lei a ser aplicável é a lei vigente ao tempo do fato. Ø Princípios adotados: - Irretroatividade da lei penal – art. 5º, XL da CF (Regra). Absoluta impossibilidade de a lei penal retroagir para prejudicar o agente (irretroatividade in pejus). - Retroatividade da lei penal benéfica (exceção). Quando a lei posterior vier e, de qualquer modo, favorecer o agente (retroatividade in mellius). Art. 5º, XL, CF. “A lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;” CONFLITO INTERTEMPORAL NA APLICAÇÃO DA LEI PENAL NO TEMPO: ØAbolitio criminis ØNovatio legis in mellius ØNovatio legis incriminadora ØNovatio legis in pejus Aplicação da Lei Penal - Lei Penal no Tempo Abolitio Criminis Haverá abolição de crime quando a lei nova deixa de considerar crime/contravenção penal o fato anteriormente tipificado como ilícito penal. Nesse caso, o legislador retira a ilicitude da conduta, descriminalizando o ato que outrora era considerado como delito. O instituto da abolitio criminis está descrito no caput do art. 2º do Código Penal, sendo causa de extinção de punibilidade (art. 107, inciso III, do CP). Lex mitior e o trânsito em julgado - Súmula 611, STF: Transitada em julgado a sentença condenatória, compete ao juízo das execuções a aplicação de lei mais benigna. Aplicação da Lei Penal - Lei Penal no Tempo Novatio legis in mellius: De acordo com o parágrafo único do art. 2º do CP, ocorre quando a lei posterior traz um benefício, de certa forma, para o agente do fato (a lei nova beneficia a situação do acusado). Ocorrendo, portanto, essa novatio legis in mellius, aplicar-se-á a lex mitior (lei melhor) ao caso concreto, retroagindo à data dos fatos. Em suma, a novatio legis in mellius, assim como a abolitio criminis, retroage para beneficiar o agente, aplicando- se de forma imediata aos processos em andamento, sentenciados ou não, e também à execução penal. Lei Penal no Tempo Novatio legis in pejus: Entende-se por novatio legis in pejus, também chamada de lex gravior, a lei posterior que, de qualquer modo, agrava a situação do agente. Aplicando-se o critério supracitado, a lei nova que prejudica o agente não retroage, isto é, deve ser mantida a lei revogada (ultra-atividade da lei vigente na época do fato). Novatio legis incriminadora: Em se tratando de novatio legis incriminadora, ou seja, uma lei posterior que criminaliza determinada conduta, aplica-se a regra geral da irretroatividade penal. APLICAÇÃO DA LEI NOS CRIMES PERMANENTES SÚMULA Nº 711, STF “A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência.” Aplicação da Lei Penal - Lei Penal no Tempo Lex mitior x Vacatio Legis Sancionada, promulgada e publicada uma lei penal mais benéfica, é possível sua aplicação imediata? Isto é, antes mesmo de encerrar o prazo da sua vacatio, caso existente? 1ª Corrente: seguida por Damásio de Jesus, Guilherme de Souza Nucci e Frederico Marques, defende que não é possível a lei nova abranger o fato anterior ou concomitante ao período da vacatio. 2ª corrente: defendida por Rene Dotti, Celso Delmanto e Alberto Silva Franco, entende que, em se tratando de lex mitior, deve a lei ser aplicada desde logo, independentemente se se encontra em vacatio legis ou não. Isso porque “a lei em período de vacatio não deixa de ser lei posterior, devendo ser aplicada desde logo, se for mais favorável ao réu” (DOTTI, 2010, p. 344/345). Lei de vigência temporária e Leis excepcionais “Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência.” (Princípio da ultra-atividade) • Lei Penal Temporária e Excepcional Art. 3º, CP - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência. Lei Penal Temporária: São leis penais criadas para reger fatos ocorridos durante determinada situação excepcional ou durante determinado período. Ex.: Lei Penal Temporária – Lei Geral da Copa que contém tipos penais, porém impõe uma elementar que condiciona aplicação dos tipos penais para fatos praticados até dia 31/12/14. Hoje, não gera mais novas subsunções. Lei Penal Excepcional: criada para vigorar sob determinadas condições excepcionais (calamidade, guerra etc). Sua vigência se dá, apenas, no período de tais condições, ou seja, fora dos períodos “normais”. Ex.:Lei 1.521/51 – Lei 8.137/90> vender ou expor a venda produto com preço superior ao preço da tabela oficial, situação excepcional é a crise econômica e congelamento de preço. Revogada em 2011; Crimes Militares em tempo de Guerra. Ø São leis intermitentes dotadas de ultra-atividade. Em regra, a posterior autorrevogação Não caracteriza abolitio criminis em relação aos fatos ocorridos durante a vigência da lei Temporária ou excepcional Princípio da Ultra-atividade Verifica-se quando a lei, mesmo depois de revogada, continua a regular os fatos ocorridos durante a sua vigência, porque mais benéfica ao agente. Aplicação da Lei Penal no Espaço SEGURANÇA PÚBLICA - Agente TEMPO DO CRIME “Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado.” TEMPO DO CRIME Existem três teorias que indicam qual o tempo do crime: Ø Teoria da atividade Ø Teoria doresultado Ø Teoria mista ou da ubiquidade TEMPO DO CRIME Ø Teoria da atividade: tempo do crime será o da ação ou da omissão, ainda que outro seja o momento do resultado. Para essa teoria, o que importa é o momento da conduta, ainda que o resultado dela se distancie no tempo. Ø Teoria do resultado: tempo do crime será o da ocorrência do resultado da infração penal. TEMPO DO CRIME Ø Teoria mista ou da ubiquidade: tempo do crime será o da ação ou o da omissão, bem como o do momento do resultado. Atenção!!! O Código Penal adotou a Teoria da Atividade. APLICAÇÃO DA LEI PENAL NO ESPAÇO PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE: “Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional.” -Territorialidade temperada, relativa ou mitigada: (Ex: imunidade diplomática e consular- Convenção de Viena). TERRITÓRIO POR EXTENSÃO: “§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro, onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto mar.” “§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em voo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil.” (12 milhas contadas da faixa litorânea média — art. 1º da Lei n. 8.617/93); LUGAR DO CRIME “Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.” *Teorias: Atividade/ Resultado / Mista ou da Ubiquidade Nosso Código Penal adotou a teoria da ubiquidade ***Cuidado: só se aplica aos crimes à distância. EXTRATERRITORIALIDADE Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: I - os crimes: a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; c) contra a administração Pública, por quem está a seu serviço; d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil; EXTRATERRITORIALIDADE Art. 7º (...) II - os crimes: a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; b) praticados por brasileiro; c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados. Princípio da Extraterritorialidade Cuida-se aqui da aplicação da lei brasileira às infrações penais cometidas além de nossas fronteiras, em países estrangeiros. A extraterritorialidade pode ser incondicionada ou condicionada. Princípio da Extraterritorialidade Ø Extraterritorialidade incondicionada (art. 7º, I): é a possibilidade de aplicação da lei penal brasileira a fatos ocorridos no estrangeiro, sem que, para tanto, seja necessário o concurso de qualquer condição. Ø Extraterritorialidade condicionada (art. 7º, II): há a necessidade do cumprimento de condições objetivas de punibilidade (§2º, art. 7º). EXTRATERRITORIALIDADE § 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro. § 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes condições: a) entrar o agente no território nacional; b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável. EXTRATERRITORIALIDADE § 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior: a) não foi pedida ou foi negada a extradição; b) houve requisição do Ministro da Justiça. PENA CUMPRIDA NO ESTRANGEIRO “Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas.” EFICÁCIA DA LEI ESTRANGEIRA “Art. 9º - A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira produz na espécie as mesmas consequências, pode ser homologada no Brasil para: I - obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos civis; II - sujeitá-lo a medida de segurança. Parágrafo único - A homologação depende: a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte interessada; b) para os outros efeitos, da existência de tratado de extradição com o país de cuja autoridade judiciária emanou a sentença, ou, na falta de tratado, de requisição do Ministro da Justiça.” • Contagem de prazo no direito penal: artigo 10 do CP. Diferente dos prazos processuais penais (798, §1º CPP.) “Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum.” • Frações não computáveis da pena: artigo 11 do CP. Desprezam-se nas penas privativas de liberdade e restritivas de direitos as frações de dia, e nas de multa, as frações de real (centavos). •Artigo 12 do CP: aplicam-se as leis especiais o disposto no CP, se nada estiver estipulado em sentido contrário. Conflito Aparente de Normas: Solução Ø Princípio da Especialidade: majoritariamente, para os doutrinadores é o mais importante dos princípios utilizados para sanar o conflito aparente de normas penais. Os demais princípios “somente devem ser lembrados quando o primeiro não resolver satisfatoriamente os conflitos. Ø Princípio da Subsidiariedade: A norma subsidiária descreve um grau menor de violação de um mesmo bem jurídico, ou seja, um fato menos amplo e menos grave, que definido como delito autônomo é também compreendido como parte da fase normal de execução de crimes mais grave. Conflito Aparente de Normas: Solução Ø Princípio da Consunção: Princípio segundo o qual o fato mais amplo e mais grave absorve outros menos amplos e graves, que funcionam como fase normal de preparação ou execução ou mero exaurimento. Ø Princípio da Alternatividade: Princípio aplicado quando a norma descreve várias formas de realização da figura típica, onde a ação de uma ou de todas configura crime. São os chamados tipos alternativos, que descrevem crimes de ação múltipla.
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