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Crise hipertensiva Definição: condição em que os altos níveis de PA estão acarretando ou podem acarretar um prejuízo agudo ao organismo, necessitando de um controle pressórico mais rápido do que aquele feito no ambulatório. Os principais órgãos afetados agudamente são o cérebro, os rins e o coração. Pressão arterial média: determina a transmissão da pressão aos capilares. Contudo, sabemos que a PAS também contribui para a lesão arterial da hipertensão. PAM: PAS + 2 x PAD 3 Fisiopatologia O quadro clínico é causado pelo efeito da hipertensão em si. Uma hipertensão grave de instalação aguda pode causar lesões orgânicas, decorrentes de: Ruptura vascular (AVE hemorrágico) ou extravasamento de líquido (encefalopatia hipertensiva) Hiperplasia arteriolar aguda (nefroesclerose hipertensiva maligna) Elevação das pressões de enchimento ventricular (EAP hipertensivo). Obs: A retina é o tecido em que podemos ver, a olho nu, o equivalente dessas lesões vasculares, através da fundoscopia. Existe uma patologia aguda associada cuja evolução está sendo agravada pela hipertensão. IAM Angina instável Dissecção aórtica aguda Autorregulação do fluxo orgânico Os órgãos possuem um mecanismo fino de autorregulação do seu próprio fluxo arterial, apesar de variações da PAM, o fluxo orgânico mantém-se constante, até certo ponto. Isso se dá pela variação do tônus vascular das arteríolas e pequenas artérias do órgão, um aumento da PAM induz vasoconstrição, enquanto que uma redução induz vasodilatação. Este mecanismo, entretanto, funciona apenas em uma faixa de variação da PA que, em indivíduos normais, está entre 60-120 mmHg. Reajuste da autorregulação no hipertenso crônico Por efeito dos altos níveis tensionais constantes, o mecanismo de autorregulação está alterado. A faixa de variação da PA, com a qual o fluxo orgânico é mantido constante, está reajustada para valores maiores de PAM (Ex. 120- 160mmHg) no hipertenso grave. Nesses pacientes, para haver um hiperfluxo com extravasamento de líquido e lesão orgânica, a PAM tem que elevar-se agudamente para >160mmHg (Ex. PA >220x130). Por outro lado, a redução abrupta da PAM para <120mmHg (Ex. PA <160x100) pode levar à hipoperfusão orgânica, com consequente hipofluxo cerebral e coronariano. Obs: Nos hipertensos crônicos moderados ou graves, uma crise hipertensiva real somente ocorrerá com níveis muito altos de PA, ex. >220x120 (PAM >150mmHg). Emergências hipertensivas: são as condições que o aumento da PA está causando um prejuízo orgânico agudo, geralmente com sintomas graves e risco de vida, exigindo rápido controle pressórico, em geral com agentes IV. Urgência hipertensiva A PA está muito alta (em níveis agudamente perigosos), mas que ainda não provocou prejuízo orgânico agudo. Convencionou-se chamar de urgência hipertensiva, todo paciente com estabilidade clínica, sem comprometimento de órgãos-alvo, porém com PD >120mmHg (em geral a PS está >180mmHg). Tratamento AVE Hemorrágico Uma súbita elevação da PA geralmente é o gatilho para o evento hemorrágico cerebral. O edema cerebral e a HIC resultantes desencadeiam o reflexo de Cushing, elevando a PA e reduzindo a FC. Por isso, muitos Emergências hipertensivas Encefalopatia hipertensiva Hipertensão grave perioperatória Dissecção aórtica aguda Hipertensão grave no grande queimado AVE isquêmico (fase aguda) com PA > 200x120mmHg GNDA pós-estreptocócica AVE hemorrágico (fase aguda) com PA >180x105mmHg Nefroesclerose hipertensiva maligna IAM ou angina instável PAD >120mmHg Eclâmpsia Edema agudo de pulmão hipertensivo Crises adrenérgicas: Feocromocitoma Rebote após suspensão de alfa-2-agonista (clonidina) Uso de cocaína Disautonomia (ex. Síndrome de Guillain- Barré) Ingestão de tiramina + IMAO Hipertensão acelerada maligna Medicamentos parenterais utilizados nas emergências hipertensivas Medicamento Inicio Duraç ão EA Indicações Nitroprussiato de Sódio (vasodilatador arterial e venoso) seg 2-5min Náuseas, vômitos (intoxicação cianeto). Maioria das emergências Nitroglicerina (vasodilatador arterial e venoso) 2-5min 3-5min Cefaleia, taquicardia reflexa, flushing. IAM, IVE Hidralazina (vaso dilatador de ação direta) 10-30min 3-12h Taquicardia, cefaleia, vômitos. Piora da angina Eclâmpsia Metoprolol (bloqueador β- adrenérgico seletivo) 5-10min 3-4h Bradicardia, BAV avançado, broncoespasmo IAM. Disseção aórtica aguda. Esmolol (bloqueador β-adrenérgico seletivo de ação ultrarrápida) 1-2min 1- 20min Náuseas, vômitos, hipotensão. Dissecção aórtica aguda. Furosemida (diurético) 2-5min 30- 60min Hipopotassemi a. IVE Sinais de Hipervolemi a pacientes com AVE hemorrágico apresentam-se com níveis muito altos de PA (ex. 240x130). Esses altos níveis tensionais podem piorar o sangramento e o edema cerebral resultante, todavia, a normalização da PA é deletéria, pois pode causar isquemia nas áreas acometidas pelo vasoespasmo e no tecido cerebral edemaciado. Hemorragia intraparenquimatosa: Manter a PA entre 150x95 e 180x105 nos pacientes previamente hipertensos. Hemorragia subaracnoide: Manter a PA entre 130x95 e 160x105. AVE isquêmico É uma das principais complicações da HA crônica. Quando uma artéria cerebral é subitamente ocluída, surge uma área de isquemia cerebral. Com o passar das horas, no centro do território isquêmico, aparece uma área de necrose, que aos poucos vai estendendo-se para a periferia. A circulação colateral mantém alguma perfusão da área mais periférica, protegendo-a contra a necrose. A área em sofrimento isquêmico que ainda não evoluiu para necrose denomina-se penumbra isquêmica. A perfusão desta área é bastante dependente da PA, que, por sua vez, mantém o fluxo das colaterais. Normalmente, é necessário que a PA esteja elevada, de modo a garantir o fluxo sanguíneo para a penumbra isquêmica, que apresenta uma pressão intersticial aumentada (por edema). A queda abrupta da PA pode levar, à extensão do infarto cerebral, por reduzir a perfusão da penumbra isquêmica. Recomenda-se não tratar a HA na fase aguda do AVE isquêmico, a não ser que PA esteja muito alta (> ou igual a 220x120) ou então quando o paciente é candidato ao uso de trombolíticos e apresenta PA > ou igual a 185x110. Se a PA estiver muito elevada (diastólica > 140 mmHg), o nitroprussiato de sódio é considerado a droga de escolha, nos outros casos pode-se utilizar o labetalol. Após os primeiros 3 dias, pode-se iniciar um anti-hipertensivo VO de meia-vida curta (ex. captopril, furosemida) para manter a PA em torno de 160x100mmHg. Após 7 dias, o médico está autorizado a controlar a PA sem restrições, com medicação ambulatorial. Dissecção aguda de aorta Objetivo: reduzir a PA e a força contrátil do miocárdio, principais propagadores da dissecção. A PAS deve ser reduzida para níveis entre 100-120 mmHg nos primeiros 20min, e uma droga inotrópica negativa deve ser adm, sendo a 1º escolha os BB. Labetalol: é um potente anti-hipertensivo com efeito BB, pode ser utilizado como monoterapia. Nitroprussiato de sódio + propranolol (ou metoprolol) venoso: é uma opção de associação. Propranolol: pode ser feito na dose 1mg IV em bolo, de 5/5 min, até reduzir a FC para < 60 bpm (dose máxima: 8mg). Esmolol: com meia-vida bastante curta, feito em infusão contínua. Verapamil ou diltiazem venosos: podem ser usados na presença de contraindicação aos BB. Contraindicação absoluta: vasodilatadores diretos (hidralazina,minoxidil, diazóxido) e a forma de ação curta da nifedipina, pois aumentam reflexamente a contratilidade cardíaca. Nos casosem que a PA está normal, deve-se prescrever apenas o BB.
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