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1 Emanuelly Lopes Cardoso Crises Hipertensivas CRISES HIPERTENSIVAS Elevação aguda e sintomática da PA (PA ≥ 220x130 mmHg ou PAD ≥ 130 mmHg) + com ou sem risco de deterioração rápida dos órgãos- alvo (coração, cérebro, rins e artérias) + alto risco de evento cardiovascular torna necessária a redução imediata da pressão Subdividida em duas categorias (urgência e emergência) tem como referência o comprometimento ou não de órgãos-alvo e o risco de vida em potencial ↑ súbito da PA pode ser acompanhada ou não de sintomas que podem ser leves (cefaleia, tontura, zumbido) ou graves (dispneia, dor precordial, coma), consequentes de lesão de órgãos-alvo URGÊNCIA HIPERTENSIV A Elevação pressórica acentuada (PAD ≥ 130 mmHg) + sem LOA de forma aguda e progressiva ↑ da PA deve ser reduzida dentro de um período variável de poucas horas até 48 horas a fim de evitar progressão para complicações ainda mais graves Risco de evoluir para emergência hipertensiva nos próximos dias EMERGÊNCIA HIPERTENSIVA Rápida descompensação da função de órgãos vitais (coração, rim, cérebro e vasos) secundária a uma elevação extrema e inapropriada da PA dentro de uma hora Elevação pressórica acentuada (PAD ≥ 130 mmHg) + LOA de forma aguda e progressiva + risco imediato de morte O rápido abaixamento da PA se faz necessário ↳ Não necessariamente para valores normais há risco de vida evidenciado por lesão de órgãos-alvo APRESENTAÇÕES CL ÍNIC AS ↳ Cerebrovasculares = Encefalopatia hipertensiva + hemorragia intracerebral + hemorragia subaracnóide + AVE isquêmico ↳ Cardiovasculares = Dissecção aórtica aguda + IAM + angina instável + Edema agudo de pulmão hipertensivo com insuficiência ventricular esquerda ↳ Renais = LRA rapidamente progressiva ↳ Crises adrenérgicas graves = crise do FEO + dose excessiva de drogas ilícitas (crack, cocaína, LSD) ↳ Hipertensão na gestação = eclampsia + pré eclampsia grave Urgência Emergência Nível pressórico elevado acentuado Nível pressórico elevado acentuado Sem lesão de órgão-alvo aguda e progressiva Com lesão em órgão-alvo aguda e progressiva Combinação medicamentosa imediata Fármaco parenteral Sem risco iminente de vida Com risco iminente de vida Acompanhamento ambulatorial precoce (7 dias) Internação em UTI FISIOPATOLOGIA DAS LESÕES DE ÓRGÃOS ALVO 1º fator = falha no sistema de autorregulação do leito vascular + ↓ da pressão de perfusão + ↓ do fluxo sanguíneo + ↑ da resistência vascular = origina o estresse mecânico + lesão endotelial 2º mecanismo = ativação do sistema renina-angiotensina leva a uma maior vasoconstrição gera um ciclo vicioso de lesão e subsequente isquemia Estado pró-trombótico = pode desempenhar um papel fundamental na emergência hipertensiva ↑ do volume intravascular + da resistência vascular periférica ou produção reduzida de vasodilatadores endógenos = parece precipitar maior vasorreatividade resulta na crise hipertensiva Capacidade autorregulatória está comprometida, particularmente no leito vascular cerebral e renal isquemia local círculo vicioso de vasoconstrição + proliferação miointimal + isquemia em órgãos-alvo Hipertensão grave de instalação aguda = pode causar lesões decorrentes da ruptura vascular (AVE hemorrágico) ou extravasamento de líquido (encefalopatia hipertensiva) + elevação das pressões de enchimento ventricular (EAP hipertensivo) Pode haver a presença de uma patologia aguda associada cuja evolução está sendo agravada pela hipertensão ↑ excessivo da pós-carga eleva bastante o consumo miocárdico de O2 (↑ o trabalho do miocárdio) estende a área de infarto e piorando a isquemia miocárdica AUTORREGULAÇÃO DO FLUXO ORGÂNICO Os órgãos (cérebro + rins + miocárdio) possuem um mecanismo fino de autorregulação do seu próprio fluxo arterial = apesar de variações da PAM, o fluxo orgânico mantém-se constante, até certo ponto Isso se dá pela variação do tônus vascular das arteríolas e pequenas artérias do órgão ↳ ↑ da PAM induz vasoconstrição ↳ ↓ da PAM induz a vasodilatação Mecanismo funciona apena em uma faixa de variação da PA que, em indivíduos normais, está aproximadamente entre 60 e 120 mmHg Pessoas previamente hígida PAM > 120 mmHg leva a um aumento excessivo do fluxo, com possível extravasamento de líquido para o interstício e ruptura vascular, pois foi ultrapassado o limite superior da autorregulação (após uma vasoconstrição máxima) Órgão que mais sofre com este fenômeno = cérebro PA que se elevou agudamente para acima do limite da autorregulação provoca encefalopatia hipertensiva REAJUSTE DA AUTORREGULAÇÃO NO HIPERTENSO CRÔNICO Hipertenso crônico altos níveis tensionais constantes mecanismo de autorregulação está alterado Faixa de variedade da PA, com o qual o fluxo orgânico é mantido constante, este reajustada para valores maiores da PAM de 120 a 160 mmHg no hipertenso grave Nesses pacientes, para haver um hiperfluxo com extravasamento de líquido e lesão orgânica, a PA, tem que elevar-se agudamente para acima de 160 mmHg ↓ abrupta da PAM para abaixo de 120 mmHg pode levar à hipoperfusão orgânica, com consequente hipofluxo cerebral e coronariano 2 Emanuelly Lopes Cardoso A rapidez com que houve a elevação da PA é um fator crucial na ocorrência de uma crise hipertensiva SÍNDROMES ASSOCIADAS ENCEFALOPATIA HIPERTENSIVA ↑ súbito e significativo da PA pode ultrapassar o limite da autorregulação do fluxo cerebral hiperfluxo e extravasamento de líquido para o interstício edema cerebral Microvasos cerebrais perdem a capacidade de autorregulação + dilatam-se pelo efeito lesivo da hipertensão arterial Hipertensos crônicos prévios, a síndrome geralmente ocorre com níveis muito altos de PA (>240x120 mmHg) QUADRO CLÍNICO Emergência hipertensiva cerebrovascular caracterizada pela tríade: HA severa + alterações do nível de consciência + papiledema 1º sintoma = cefaleia (geralmente frontoccipital ou holocraniana + costuma ser pior pela manhã) Síndrome de hipertensão intracraniana + edema cerebral instala-se de forma insidiosa nos próximos dias náuseas + vômitos + queda do nível de consciência + sonolência + torpor + coma + crises convulsivas tônico-clônicas generalizadas Exame revela hiperreflexia + sinal de Babinski bilateral + mioclônus Geralmente, PA está excessivamente alta Principal diagnóstico diferencial é o AVE hemorrágico, que se diferencia por apresentar evolução súbita sempre está indicada uma TC de crânio RM de crânio = edema da substância branca da região occipto- parietal conhecido como leucoencefalopatia posterior = edema reversível quando os níveis pressóricos são reduzidos o paciente melhora dos sintomas + o edema desaparece AVE HEMORRÁGICO Maioria ocorre em pacientes hipertensos ↳ AVE intraparenquimatoso + hemorragia subaracnóide = ocorrem por ruptura de aneurisma sacular congênito Súbita elevação da PA = gatilho para o evento Edema cerebral + hipertensão intracraniana = desencadeiam reflexo de Cushing + ↑ a PA + ↓ a FC American Heart Association = durante um AVCH agudo, iniciar tratamento para baixar a PA se os valores excederem 180 x 105 mmHg ou se PAM >130 mmHg Altos níveis tensionais podem piorar o sangramento e o edema cerebral + a normalização da PA é deletéria pode causar isquemia nas áreas acometidas pelo vasoespasmo + no tecido cerebral edemaciado PAS entre 150 – 220 mmHg e sem contraindicação para o TTO = redução aguda da PAS para 140 mmHg é segura IV de AH e monitorização da PA 5/5 min Pacientes com PAS >220 mmHg = redução agressiva da PA com infusão IV contínua e monitorização frequente QUADRO CLÍNICO Cefaleia intensa e súbita, associada ou não a um ou mais dos seguintes sinais:↳ Crise convulsiva focal ou generalizada ↳ Queda do nível de consciência ↳ Instalação de um súbito déficit neurológico focal (hemiplegia) Rigidez de nuca costuma aparecer após os primeiros 2 dias Deve ser imediatamente confirmado pela TC de crânio AVE ISQUÊMICO Obstrução da irrigação sanguínea de determinada área cerebral por trombos ou êmbolos Área em sofrimento isquêmico que ainda não evoluiu para necrose = penumbra isquêmica Com o passar das horas, no centro do território isquêmico aparece uma área de necrose, que aos poucos se estende para a periferia A circulação colateral mantém alguma perfusão da área mais periférica, protegendo da necrose Normalmente é necessário que a PA esteja elevada para garantir o fluxo sanguíneo para a penumbra isquêmica, que apresenta uma pressão intersticial aumentada, por edema ↓ abrupta da PA pode levar a extensão do infarto cerebral, por reduzir a perfusão da penumbra Suspeita-se de AVEi sempre que: ↳ Inicio súbito de déficit neurológico focal ↳ Alteração de força ou sensibilidade em um ou ambos os lados do corpo ↳ Déficit visual ↳ Disartria ↳ Desequilíbrio D ISSECÇÃO AÓRTICA AGUDA Evento no qual há uma súbita ruptura da camada íntima da aorta permite que o sangue penetre entre a íntima e a camada média, dissecando uma da outra Sangue percorre entre as camadas falsa luz, até, na maioria das vezes, retornar à luz arterial mais à frente em uma nova ruptura da íntima Fatores etiopatogênicos = fraqueza da parede aórtica (da íntima pela aterosclerose, ou da média por necrose cística hereditária) e uma alta força de cisalhamento do sangue ejetado Força de cisalhamento = impacto tangencial do sangue, movido pela contração ventricular sistólica, sobre a parede da aorta Consequência = ruptura das camadas média e adventícia hemorragia grave e fatal Local da hemorragia depende de qual a porção da aorta rompeu e quais as suas relações anatômicas ↳ Ruptura da aorta ascendente = hemopericárdio com tamponamento cardíaco (quase sempre fatal) ↳ Ruptura da aorta descendente torácica = hemomediastino ou ao hemotórax, com consequente choque obstrutivo (compressão da cava) ou hemorrágico 3 Emanuelly Lopes Cardoso ↳ Ruptura de aorta descendente abdominal = hemorragia digestiva franca (ruptura para a luz intestinal) ou hemoperitônio, com choque hemorrágico fatal Classificação de DeBAKEY ↳ TIPO I: origina-se na aorta ascendente e se estende para o segmento descendente ↳ TIPO II: a dissecção fica limitada a aorta ascendente ↳ TIPO III: origina-se distal a artéria subclávia esquerda envolvendo a aorta descendente Classificação de Stanford ↳ TIPO A: acomete a aorta ascendente ↳ TIPO B: não acomete a aorta ascendente QUADRO CLÍNICO Tipo 1 e 2 = início súbito de uma dor torácica retroesternal de grande intensidade + náusea + sudorese ↳ Após alguns minutos ou horas = dor torácica reduz e dá lugar a uma dor na região dorsal do tórax, devido à extensão da dissecção para a aorta descendente ↳ Se a dissecção continuar para aorta abdominal, a dor migra para a região lombar ↳ Caráter da dor é variável = rasgante ou cortante, mas pode ser idêntica ao IAM (principal diagnóstico diferencial) diferenças que falam a favor da dissecção aórtica = caráter migratório + pico de intensidade logo no início Sintomas adrenérgicos = palidez + sudorese + taquicardia IAM = dor progressiva Tipo 3 = dor súbita na região dorsal torácica ou toracolombar Diferença significativa de pulso ou PA (>30 mmHg de PA sistólica) entre os membros superiores, devido a dissecção da inominada ou da subclávia Déficit neurológico focal ou sopro carotídeo intenso Sopro de insuficiência aórtica aguda devido à dissecção dos folhetos valvares aórticos, que podem deformar-se e prolapsarem para o ventrículo da diástole A dissecção aórtica abdominal pode estender-se para as artérias renais, levando à hipertensão severa renovascular achado de sopro sistodiastólico abdominal, na topografia de uma artéria renal Complicações graves = tamponamento cardíaco + compressão do mediastino (choque com turgência jugular) + choque hemorrágico franco, associado à síndrome do derrame pleural (hemotórax) e ascite (hemoperitônio) Exame físico Paciente parece estar em choque, mas a PA quase sempre está elevada Os pulsos podem estar assimétricos e a PA medida em ambos os braços pode apresentar diferença significativa (>30 mmHg de PA sistólica) Pode-se ouvir sopro de regurgitação aórtica, bem como podem ser encontrados sinais de tamponamento cardíaco e derrame pleural Achados de complicações = déficits neurológicos variáveis + isquemia de extremidades DIAGNÓSTICO Exames gerais = hemograma + eletrólitos + função renal + estudos de coagulação + urina tipo I + enzimas cardíacas Descartar IAM e angina instável = acompanhamento do ECG + dosagem enzimática específica ECG = pode mostrar sinais de hipertrofia ventricular esquerda decorrente da HAS crônica, pode ser normal ou apresentar anormalidades agudas Dissecção aórtica sempre deve ser sugerida em paciente com dor torácica associada à AVC RX de tórax + ecocardiograma transtorácico + ecocardiograma transesofáfico + TC + ressonância nuclear magnética + aortografia RX de tórax = alargamento da aorta ascendente (mediastino) ou separação maior que 1 cm entre a calcificação da parede aórtica (íntima) e o contorno externo da aorta anormal (sinal do cálcio), podendo ser encontrado sinais de derrame pericárdico e pleural Ecocardiograma transtorácico = melhor para tipo A Ecocardiograma transesofágico = extremamente útil na sala de emergência sensibilidade de 98% Tipo 1 ou 2 = Tipo A = aorta ascendente e/ou arco = melhor exame é o ecocardiograma transesofágico detecta a presença da falsa luz e da lesão da íntima geralmente em pacientes com anormalidades do colágeno como a síndrome de Marfan melhor com tratamento cirúrgico ↳ O uso do Doppler-color aumenta a sensibilidade ↳ TC de tórax helicoidal com sensibilidade de até 95% ↳ RNM possui sensibilidade de 98% ↳ Aortografia = caracteriza a anatomia da dissecção e da lesão sensibilidade entre 75 e 90% exame invasivo e nefrotóxico Tipo 3 ou tipo B = aorta descendente e abdominal = TC ou RNM geralmente em pacientes com HAS de longa data melhor com tratamento clínico EDEMA AGUDO DE PULMÃ O HIPERTENSIVO Em geral ocorre devido descompensação da insuficiência cardíaca ↑ da PA ocasiona aumento das cargas ventriculares ↑ o estresse da parede ventricular e consumo de O2 pelo miocárdio piora da função miocárdica (sistólica e/ou diastólica) QUADRO CLÍNICO Paciente com muita dispneia + ansioso + sudoreico + má perfusão periférica + cianose Dispneia de início súbito ou em progressão rápida + tosse seca ou com expectoração rósea + taquipneia + sinais de esforço respiratório + estertores crepitantes bilaterais + eventualmente sibilos Sinais e/ou sintomas de acometimento cardíaco podem estar presentes ↳ Precordiais + dispnéia paroxística noturna + ortopnéia + edema em membros inferiores + sinais de congestão hepática + estase jugular + presença de B3/B4, sopros etc; D IAGNÓSTICO MOV = oxigênio + monitorização + acesso venoso + coleta de exames + exame físico dirigido + ventilação não invasiva ECG = pode mostrar isquemia + sobrecarga de câmaras + arritmias + sinais de pericardite e bloqueio RX de tórax = pode mostrar sinais de congestão pulmonar + derrame pleural + condensações pulmonares localizadas Oximetria de pulso e gasometria arterial = doentes com insuficiência respiratória ou saturação <90% Exames gerais = função renal, eletrólitos, hemograma e urina tipo I podem ajudar a avaliar fontes de descompensaçãocomo insuficiência renal, distúrbios hidroeletrolíticos, anemia ou infecção Peptídeo natriurético cerebral (BNP) e o N- secretados em resposta ao estresse hemodinâmico 4 Emanuelly Lopes Cardoso MANEJO DA CRISE HIPERTENSIVA URGÊNCIA HIPERTENSIV A Iniciado assim que o diagnóstico é realizado + visa o controle da pressão arterial em até 24-48 horas Terapêutica farmacológica é realizada imediatamente ou após um curto período em repouso em um lugar silencioso e escuro (permite a ↓ da PA a níveis aceitáveis – 15 a 20% de ↓ da PAD – sem a necessidade de intervenção farmacológica em uma grande porcentagem dos pacientes) A maioria dos pacientes deve ser internada por alguns dias para realizar tratamento adequado e a alta hospitalar desses pacientes deve ser baseada em alguns critérios a) Pelo menos seis horas de observação após o controle adequado da pressão arterial; b) História clinica de pressão arterial previamente controlada; c) Reconhecimento de causas precipitantes reversíveis; d) Existência de condições para um seguimento ambulatorial apropriado; e) Possibilidade de acompanhamento em um curto período de tempo (2 a 3 dias) Deve-se manter a medicação previamente utilizada Se o paciente não recebia tratamento anterior à crise, recomenda-se a utilização de associação de dois ou mais fármacos anti- hipertensivos para tratamento de pacientes com estágios 2 e 3 de hipertensão arterial Objetivo inicial da terapêutica = reduzir em 20% a pressão arterial média ou a pressão diastólica para 100 mmHg Medicações que podem ser usadas para o tratamento das urgências hipertensivas ↳ Diuréticos de alça ↳ Betabloqueadores ↳ Inibidores da ECA ↳ Agonistas alfa-2-adrenérgicos de ação central ↳ Bloqueadores de canais de cálcio EMERGÊNCIA HIPERTENSIVA Visa redução rápida da PA, com a finalidade de impedir a progressão das lesões em órgãos-alvo Pacientes devem ser admitidos em UTI + AH IV + monitorados continuamente para evitar hipotensão Recomendações: ↳ Diminuição da PA 25% na 1ª hora ↳ PAD para 100-110 mmHg em 2 – 6 horas ↳ PA 135/85 mmHg 24-48 h Emergência Hipertensiva Metas Emergência Hipertensiva Metas Geral Redução ≤ 25% da PA na primeira hora Cérebro Atingir PA 160/100 a 110mmHg em 2-6 horas Encefalopatia hipertensiva PA = 160-180/100-110mmHg em 2-3 horas Coração e Aorta AVE hemorrágico Se PAS 150-220mmHg sem contraindicação para o tratamento redução aguda de PAS para 140mmHg Edema Agudo dos Pulmões Redução 10-15% na PAM em 30-60 minutos Se PAS > 220mmHg redução agressiva da PA com infusão IV contínua e monitorização frequente da PA Isquemia Miocárdica Redução 10-15% na PAM em 30-60 minutos Hemorragia subaracnóide Reduzir PA para 170-180/100mmHga em 6-12 horas Dissecção de Aorta Redução para 120/80mmHg em 20 min AVE isquêmico PA inicial > 220/120mmHg sem indicação de terapia trombolítica redução da PA até 15-20%, mantendo-se PAD em 100-100mmHg em 24 horas PRINCIPAIS ANTI-HIPERTENSIVOS PARENTERAIS DISPONÍVEIS NO BRASIL NITROPRUSSIATO DE SÓDIO Vasodilatador de ação imediata + curta duração Potente ação tanto no sistema arterial quando no sistema venoso Quando usado de modo prolongado ou em grande quantidade (particularmente em nefropatas ou hepatopatas) pode levar à intoxicação por cianeto -> manifestado como acidose metabólica + confusão mental + cefaleia Administrado por via endovenosa continuamente + de modo protegido da luz (fotossensível) + pode ser iniciado a 0,25 µg/kg/min + aumentado a cada 2 minutos até obtenção da PA desejada Na prática, podemos diluir uma ampola do nitroprussiato de sódio (50 mg) em 250 mL de solução + colocar num frasco e equipo protegidos da luz + através de bomba de infusão administrar a uma velocidade de 3 mL/h ↳ Em seguida, de 2 em 2 minutos, a PA deve ser medida e, cada vez que ainda estiver acima do desejado, aumenta-se 1 ou 2 mL/h ↳ Quando alcançada a PA desejada, pode-se administrar um anti-hipertensivo oral (preferencialmente de meia-vida curta) para começar a estratégia de reduzir a velocidade da infusão, idealmente com PA invasiva ou, na ausência deste, lançando mão de monitor não invasivo de PA com mensurações a cada 10 a 20 minutos NITROGLICERINA Vasodilatador e antianginoso que interage com os receptores de nitrato da musculatura lisa dos vasos Administrada em frascos de vidro ou de polietileno + conduzida por equipos de polietileno Ação muito mais potente na dilatação venosa do que na dilatação arterial por vezes, sua ação arterial é insuficiente para reduzir satisfatoriamente a PA Apresenta capacidade de dilatar vasos coronários epicárdicos -> um dos motivos pelos quais é usada como antianginoso Efeitos colaterais = cefaleia + vômitos + taquicardia + hipotensão -> raramente causa = bradicardia ou meta-hemoglobinemia Contraindicada em casos de infarto de ventrículo direito + em pacientes que usaram sildenafil nas últimas 24 horas Pico de ação em 2-5 minutos + duração do efeito por 5-10 minutos + deve ser administrado por via endovenosa Dose inicial de 5 µg/min + pode ser aumentada a cada 5-10 minutos se a PA-alvo não for atingida Na prática = pode-se diluir 50mg em 250ml de soro fisiológico 0,9% com os cuidados com frasco e equipo já descritos + iniciar a 5 Emanuelly Lopes Cardoso administração EV com 3ml/h em bomba de infusão + aumentar 2ml/h a cada 5 minutos até obtenção da PA desejada ou surgimento de efeito colateral (cefaleia = mais frequente) -BLOQUEADORES Metoprolol e propranolol são os mais disponíveis no Brasil Usados em casos em que a maior preocupação é com a redução da frequência cardíaca e não com a redução da PA Contraindicados em pacientes com insuficiência ventricular descompensada + portadores de DPOC ou asma + vasculopatias periférica grave + pacientes com bloqueios atrioventriculares de 3º,2º ou 1º graus Metoprolol = mais -1 seletivo que o propranolol Ambos devem ser administrados via EV através de bolus lento, sem qualquer diluição + podem ser repetidos teoricamente até 3x ou até a obtenção da FC alvo Na impossibilidade de uso de -bloqueadores devido a alguma contraindicação -> indica-se antagonistas de cálcio endovenosos que tenham efeito cronotrópico negativo (verapamil ou diltizem) -> esses antagonistas de cálcio são contraindicados na presença de bloqueios atrioventriculares e relativamente contraindicados na presença de falência ventricular HIDRALAZINA Vasodilatador arteriolar direto com rápido início de ação (5-15 minutos) + duração prolongada (2-6 horas) Metabolizada no fígado + eliminada na urina -> sua dose deve ser reduzida em hepatopatas ou nefropatas Pode induzir taquicardia reflexa -> contraindica o uso em síndrome coronarianas agudas + em dissecção aguda de aorta Geralmente é utilizada nas emergências hipertensivas em gestantes em função de sua segurança comprovada para o feto Efeitos colaterais = possibilidade de induzir doenças reumatológicas ou imunológicas -> sua suspensão geralmente curativa ENALAPRILATO A forma injetável do enalapril pode ser útil em situações como emergências hipertensivas associadas com insuficiência cardíaca grave Particularidade -> destaque para o efeito dos inibidores da ECA na circulação cerebral -> podem atuar de forma benéfica, corrigindo o desvio da curva d autorregulação do fluxo sanguíneo cerebral, reduzindo o risco de isquemia cerebral com a redução da pressão arterial sistêmica Apresentado em ampolas de 5ml om concentração de 1mg/ml Dose inicial depende da função renal + varia de 1,25-5mg em bolus + pode ser repetida a cada 6 horas MEDICAÇÕES USADAS NAS URGÊNCIAS NIFEDIP INA Bloqueador de cálcio da classe dos di-hidropiridínicos = foi a droga oralmais largamente usada para a rápida diminuição da pressão arterial em urgências hipertensivas A grande maioria dos pacientes tem boa resposta hipotensora com dose de 10-20 mg, que pode ser repetida se necessário após 30 a 60 minutos Efeito adverso mais comum = taquicardia reflexa devido à vasodilatação Hipotensão grave pode ocorrer em pacientes hipovolêmicos ou em idosos esses efeitos podem ser responsáveis pelo aparecimento de graves complicações descritas com o uso da nifedipina, principalmente em idosos (isquemia retiniana + AVE + IAM) Devido a essas e a outras complicações o uso da nifedipina no tratamento de urgências hipertensivas não foi aprovado pelo FDA + é considerado inaceitável pela Associação Médica Brasileira Considerado inapropriado o seu uso rotineiro sempre que a pressão arterial supere um determinado limite em situações de pós-op. CLONIDINA Medicação de ação agonistas 2-adrenérgicos central Rápido início de ação (30-60 minutos) + efeito máximo dentro de 2-4 horas tendo sido uma das primeiras medicações orais a ser utilizada em urgências hipertensivas Boa eficácia em controlar a pressão arterial de pacientes com urgência hipertensiva, de forma similar a outros agentes, tanto por via oral quanto por via endovenosa Esquema terapêutico recomendado = iniciar com 1 comprimido de 0,2 mg seguido de uma dose de 0,1 mg a cada hora até controlar a pressão arterial (diminuição de cerca de 30% da pressão média), com dose máxima de 0,6 mg Efeito indesejável mais referido = sonolência + tonturas e boca seca também possam ser encontrados CAPTOPRIL O uso desse inibidor da enzima conversora da angiotensina em urgências hipertensivas tem se mostrado eficaz na redução da pressão arterial com boa tolerância pelo paciente A administração deve ser por VO, na dose inicial de 25 mg, a qual pode ser repetida após 1-2 horas, ou até mesmo sublingual, cujo efeito se inicia cm 10 minutos + atinge o máximo após 2 horas O seu uso tem indicações mais apropriadas em pacientes que apresentam congestão pulmonar importante em consequência de insuficiência cardíaca congestiva BLOQUEADORES -bloqueador mais utilizado em urgências hipertensivas no Brasil = propranolol -> iniciando-se com dose oral de 40 mg, que pode ser repetida após 2 a 3 horas Em outros países utiliza-se também o labetalol Esse grupo farmacológico é usado principalmente quando o paciente apresenta-se muito taquicárdico -> nessas situações pode, eventualmente, ser usado por via endovenosa Efeitos colaterais que podem surgir com o uso de bloqueadores = bradicardia + broncoespasmo (bastante conhecidos) MINOXIDIL Vasodilatador arterial potente de ação direta sobre a musculatura lisa vascular É efetivo na dose de 5-20 mg, reduzindo a pressão arterial após cerca de 4 horas de sua administração Devido aos efeitos colaterais de retenção de líquido e taquicardia, essa medicação deve, sempre que possível, estar associada a bloqueadores adrenérgicos e diuréticos + estando contraindicada para pacientes com doença coronariana ou dissecção de aorta D IURÉTICOS Em algumas urgências hipertensivas, principalmente naquelas que cursam com congestão pulmonar + edema ou mesmo nos pacientes com insuficiência renal, os diuréticos de alça (furosemida e a bumetamida) são usados com adequada eficácia como auxiliar no controle da pressão arterial O uso desses diuréticos também se faz necessário quando o controle da pressão arterial está sendo feito com vasodilatadores diretos ou com antagonistas adrenérgicos centrais + nos casos em que existe retenção de sódio e água A dose inicial de furosemida é de 40 mg por via oral 1x/dia -> pode ser aumentada conforme a necessidade 6 Emanuelly Lopes Cardoso Medicamentos usados por via parenteral para o tratamento das emergências hipertensivas Medicamentos Modo de administração e dosagem Início Duração Indicações Eventos adversos e precauções NPS Infusão contínua IV 0,25- 10 mg/kg/min Imediato 1-2 min Maioria das emergências hipertensivas Intoxicação por cianeto, hipotensão grave, náuseas, vômitos Cuidado na insuficiência renal e hepática e pressão intracraniana alta Proteger da luz Nitroglicerina Infusão contínua IV 5-15 mg/h 2-5 min 3-5 min Insuficiência coronariana Insuficiência ventricular esquerda com EAP Cefaleia, taquicardia reflexa, taquifilaxia, flushing, metahemoglobinemia Metoprolol 5 mg IV (repetir 10/10 min, se necessário até 20 mg) 5-10 min 3-4 h Insuficiência coronariana Dissecção aguda de aorta (em combinação com NPS) Bradicardia, bloqueio atrioventricular avançado, IC, broncoespasmo Esmolol Ataque: 50 g/kg Infusão intermitente: 25-50 g/kg/min ↑ 25 g/kg/min cada 10- 20 min Máximo 300 g/kg/min 1-2 min 1-20 min Dissecção aguda de aorta (em combinação com NPS) Hipertensão pós- operatória grave Náuseas, vômitos, bloqueio atrioventricular de 1º grau, broncoespasmo, hipotensão Hidralazina 10-20 mg IV ou 10-40 mg IM 6/6 h 10-30 min 3-12 h Eclâmpsia Taquicardia, cefaleia, vômitos Piora da angina e do infarto Cuidado com pressão intracraniana elevada Furosemida 20-60 mg (repetir após 30 min) 2-5 min 30-90 min Insuficiência ventricular esquerda com EAP Situações de hipervolemia Hipopotassemia TTO dos níveis pressóricos em cada tipo de emergência hipertensiva Emergência hipertensiva TTO dos níveis pressóricos (em ordem cronológica de adm) Emergência hipertensiva TTO dos níveis pressóricos (em ordem cronológica de adm) Edema Agudo de Pulmão Nitrato sublingual Furosemida EV Morfina EV NPS EV (se PAS > 180 mmHg) ou nitroglicerina (se PAS < 180 mmHg) Dissecção Aguda de Aorta Betabloqueador EV Morfina EV NPS EV Síndrome Coronariana Aguda (SCA) Nitrato SL Morfina EV Betabloqueador NPS EV (se PAS > 180 mmHg) ou nitroglicerina EV (se PAS < 180 mmHg) Encefalopatia hipertensiva NPS EV Hipertensão Maligna NPS EV AVE isquêmico candidato à trombólise ou hemorrágico NPS EV Acrescentar nimodipina VO se HSA Eclâmpsia Hidralazina EV Órgão-Alvo Sintomas Exame físico Exames complementares Coração Dispneia + ortopneia +escarro hemoptoico + dor precordial ou retroesternal + edema + palpitações 3ª ou 4ª bulha + crepitação pulmonar + edema + estase jugular + desvio do ictus + hepatomegalia ECG: sobrecarga de câmeras + sinais de isquemia (segmento ST e onda T) + arritmias Raio-x de tórax: ↑ da área cardíaca + congestão pulmonar Ecocardiograma: hipertrofia ventricular + ↑ de átrio + disfunção ventricular sistólica e diastólica Rim Edema + oligúria + anorexia + perda de peso + náuseas + vômitos + adinamia Palidez cutânea + hálito urêmico + edema periorbital e de membros inferiores Níveis ↑ de uréia e creatinina + proteinúria + hematúria + anemia Ultrassom renal: alterações do parênquima renal Cérebro Cefaleia + confusão mental + agitação psicomotora + déficit motor + parestesias + convulsão + náuseas Alterações do nível de consciência + parestesia ou paralisia de membros + desvio de rima + anisocoria + alterações de reflexo + sinais de irritação meníngea Tomografia cerebral: hemorragia + infarto + edema RM: infarto + alterações específicas Retina Embaçamento ou turvação visual fosfenas + escotomas + amaurose Fundoscopia: exsudatos algodonosos + hemorragias retinianas + papiledema Aorta Dor torácica intensa + dorsalgia ou lombalgia Assimetria ou ausência de pulsos periféricos Diferença de PA entre os membros Ecocardiograma transesofágico: sinais de dissecção e insuficiência valvar
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