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Luana Diaz De Nadai TIA: 41992121 3ºS Direitos Humanos 1. Qual a violação ou violações apontadas pela Requerente Maria da Penha Maia Fernandes? Maria da Penha apontou que o Estado mostrou-se tolerante perante as agressões que sofria de seu marido, violando segundo a Comissão Interamericana de Direitos Humanos os seguintes artigos: 1(1) (Obrigação de respeitar os direitos); 8 (Garantias judiciais); 24 (Igualdade perante a lei) e 25 (Proteção judicial) da Convenção Americana, e artigos II e XVIII da Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem, além dos artigos 3, 4,a,b,c,d,e,f,g, 5 e 7 da Convenção de Belém do Pará. O que demonstrou uma ineficácia do sistema judiciário em relação à violência contra mulher, além disso, apontaram que o Brasil estava sendo omisso em relação a diversas violações dos Direitos Humanos, visto que em 2002 os crimes cometidos e tentativa de homicídio prescreveriam, impedindo uma punição contra o acusado. 2. Por quê ela não ofereceu diretamente a denúncia perante a Comissão? De acordo com as próprias instruções da Comissão Interamericana de Direitos Humanos e no art. 44 da Convenção Americana, o Pacto de San José da Costa Rica , qualquer pessoa, grupo de pessoas ou organizações não-governamentais podem apresentar uma petição à Comissão, alegando violações de direitos protegidos na Convenção Americana e / ou da Declaração Americana. Porém, a denúncia foi apresentada por Maria da Penha Maia Fernandes, pelo Centro pela Justiça e pelo Direito Internacional (CEJIL) e pelo Comitê Latino-Americano de Defesa dos Direitos da Mulher (CLADEM) 3. Quais os Tratados invocados para o caso concreto e seus artigos? Foram citados: Convenção Americana e Convenção de Belém do Pará. Artigo 51 da Convenção, onde o Estado violou os direitos às garantias judiciais e à proteção judicial assegurada pelos artigos 8 e 25 da Convenção Americana, em concordância com a obrigação geral de respeitar e garantir os direitos, prevista no artigo 1(1) e nos artigos II e XVII da Declaração, além do artigo 7 da Convenção de Belém do Pará.1(1) (Obrigação de respeitar os direitos); 8 (Garantias judiciais); 24 (Igualdade perante a lei) e 25 (Proteção judicial) da Convenção Americana, em relação aos artigos II e XVIII da Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem (doravante denominada “a Declaração”), bem como dos artigos 3, 4,a,b,c,d,e,f,g, 5 e 7 da Convenção de Belém do Pará. 4. Qual o teor da denúncia? É denunciada a violência moral e física que Maria da Penha sofreu durante anos, enquanto estava casada com o agressor, além de sofrer de paraplegia irreversível e acusar o Estado de ser omisso e tolerante por não punir o agressor, quase levando a prescrição do crime. Também é citado o descaso do Brasil perante os frequentes casos de violência doméstica, os deixando impunes e ferindo diversos direitos, como a igualdade e a um processo jurídico com garantias e proteção. 5. O Brasil, ao ser notificado, manifestou-se sobre a denúncia? Sim. Não. Por quê? O Estado brasileiro não apresentou um posicionamento, apesar das solicitações formuladas pela Comissão ao Estado em 19 de outubro de 1998, em 4 de agosto de 1999 e em 7 de agosto de 2000. 6. Qual o artigo da Convenção que estabelece a competência da Comissão para apreciar a denúncia? De acordo com os artigos 44 e 46 da Convenção Americana sobre Direitos Humanos e o artigo 12 da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher (Convenção de Belém do Pará ou CVM). Conforme o artigo 46: ‘‘ Para que a Comissão possa aceitar uma denúncia é necessário “que hajam sido interpostos e esgotados os recursos da jurisdição interna, de acordo com os princípios do Direito Internacional geralmente reconhecidos”. 7. A denúncia preenche os requisitos de admissibilidade prevista na Convenção? A denúncia cumpre os requisitos de admissibilidade previstos na Convenção Americana sobre Direitos Humanos segundo os artigos 46, c e 47, d e da Convenção de Belém do Pará. Segundo os critérios de esgotamento de recursos da jurisdição interna, o que foi um fato, frente à demora de 15 anos para uma sentença definitiva, acarretando na impunidade e quase prescrição da denúncia, além do prazo para apresentação da petição, que deve ser apresentada em até 6 meses a partir da sentença interna definitiva, que na realidade nem chegou a ser proferida, o que fez com que houvesse uma exceção ao caso, considerando tal falta. 8. Na questão de mérito, como a Comissão fundamentou a violação sofrida pela denunciante? Cite os temas e os respectivos artigos. A Comissão analisou diversos documentos, incluindo livro publicado pela vítima, investigação do caso, relatórios médicos, declarações de empregadas, denuncias feitas ao Ministério Público contra Heredias, entre diversos outros fatos imprescindíveis para a análise. De acordo com Direito à justiça, artigo XVIII da Declaração e às garantias judiciais (artículo 8 da Convenção) e à proteção judicial (artigo 25 da Convenção), em relação à obrigação de respeitar os direitos (artículo 1.1 da Convenção). Em relação ao art. 25, toda pessoa tem direito de ser ouvida e acesso a um julgamento rápido, que os proteja de atentados contra seus direitos, Justiça tardia, para Rui Barbosa, não é justiça, senão injustiça qualificada e manifesta, e foi o que aconteceu neste caso, uma absurda impunidade! Citaram também a Igualdade perante a lei (artigo 24 da Convenção) e artigos II e XVIII da Declaração, fundamentado com o fato de que a violência contra a mulher no Brasil estava em dados alarmantes, em contrapartida, homens não sofriam da mesma maneira, algo extremamente desproporcional, havendo uma discriminação em relação ás mulheres, além de ineficácia do ordenamento jurídico. 9. Emita uma opinião sobre o assunto. As diversas violências contra a mulher não são recentes, nem mesmo exclusivas de determinadas localidades, a propósito, estiveram presentes durante quase toda história, em todas as localidades. A agressão contra o gênero feminino, como classificaria Durkheim, é um fato social, ou seja, as maneiras de agir, pensar e sentir, compartilhadas por diversos indivíduos que se sentem coagidos a agirem e pensarem assim, essa coerção não é feita de forma violenta, mas por ser uma criação coletiva, acabam os influenciando. A opressão feita contra mulheres demonstra claramente tal realidade, por ser algo enraizado na sociedade, que sempre as visualizaram e trataram como uma propriedade do homem, um mero objeto. Isso ainda persiste, porém, até algumas décadas atrás era mais acentuado e ‘‘aceitável’’ por ser considerado normal. As pessoas ignoravam, e quem sofria com as agressões tinha medo de denunciar, se mantendo nessa condição por não ter nenhum amparo, tanto social quanto jurídico. É nesse contexto que se manifesta o Direito, uma construção social, e consequentemente um fato social. No Brasil, após inúmeras pressões, inclusive internacionais, consequentes do caso Maria da Penha (que vivenciou diversas agressões, chegando a ficar paraplégica), foi publicada a Lei 11.340/06 que tem como objetivo a proteção da mulher vítima de violência doméstica e familiar. Além disso, casos em que haja risco a vítima, poderá ser decretada a prisão preventiva do agressor pelo descumprimento das medidas protetivas. Porém, é inegável o fato de que Maria da Penha, apesar de ter atingido uma enorme conquista, precisou passar e sofrer diversas situações inimagináveis, além de não ter tido qualquer amparo do Estado, que poderia ter evitado tudo que aconteceu a ela, se tivessem agido desde o início, mas foram omissos e apenas agiram por conta da pressão externa, algo extremamente absurdo. II - Com base no texto Direitos Humanos e Constitucionalismo – Autor Antônio Ernani Pedroso Calhao. 1- Explicar os precedentesque embasam o aparecimento, em 1945, da Carta das Nações Unidas e o surgimento dos Direitos Humanos no âmbito internacional Seguindo o período entre o Direito anterior à 2ª Guerra Mundial e, o Direito após ela houveram grandes mudanças. Buscaram através desses Direitos humanos uma ressignificação do homem devido as grandes guerras ocorridas no século XX, que causaram horrores e milhares de mortes. Fazendo surgir, segundo Antônio Ernani, uma valoração da coexistência, com deveres de abstenção e, no direito de cooperação, em torno de ideais comuns almejados enquanto valores comuns a toda a sociedade; valem universalmente e projetam-se para fora dos Estados, ou seja, no âmbito internacional. Dessa forma, a ONU em 10 de dezembro de 1948 aprovou a Declaração Universal dos Direitos do Homem, com princípios que protegem todas as pessoas, em quaisquer regiões, e que devem ser respeitadas por todos Estados. 2- Do ponto de vista filosófico qual a relação do princípio da dignidade humana com os Direitos Humanos? Com a ressignificação do homem, a maior parte das Constituições contemporâneas passaram a ter como princípio direitos fundamentais e universais para proteção do indivíduo. Sob essa ótica, é importante relacionar com um ideal de Kant exposto no texto ‘‘ Direitos Humanos e Constitucionalismo’’: “age de tal modo que sempre trates a humanidade, tanto em tua própria pessoa como na pessoa de qualquer outro, jamais simplesmente como um meio, mas sempre, ao mesmo tempo, como um fim”. Ou seja, para Kant o respeito é essencial com cada ser individual e com a humanidade, pois protegendo o indivíduo, consequentemente, refletirá na proteção da nação. Sendo evidenciada, a ideia do particular para o conjunto, pontuando principalmente a dignidade da pessoa humana. 3- Do ponto de vista do constitucionalismo contemporâneo, qual o impacto na reconfiguração do conceito de soberania, levando em conta a sociedade multicêntrica que se formou a partir da constituição da ONU como uma organização internacional. Primeiramente, a soberania é fundamental para a ordem internacional, pois impede que outro Estado interfira na ordem interna de outro, e que haja preponderância de um sobre o outro. Porém, por conta das guerras e milhares de mortes ocorridas durante o século XX, o caráter absoluto da soberania começou a ser questionado, dessa forma, passou a ser discutido que deveria haver, ao menos, direitos mínimos, fundamentais e difusos a todos Estados. Por mais que a maior parte dos Estados tenha aderido a Declaração dos Direitos Humanos, ainda ocorrem descumprimentos, que resultam em sanções, mas é nítido que houve sim uma relativização da soberania atualmente.
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