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MARÍLIA ARAÚJO – P1 MEDICINA Aminoácidos CASO CLÍNICO: LEUCINOSE Tratamento Metabólico da Doença da Urina do Xarope de Bordo Relato de caso de um RN considerado completamente normal, ao nascer. Pré-natal normal, sorologia normal, parto cirúrgico sem intercorrências, APGAR 8 e 9, peso normal. APGAR - Análise feita no 1° e 5° minuto de vida da criança para classificar seu estado de saúde. O teste baseia-se nos critérios: frequência cardíaca, tônus muscular, respiração, prontidão reflexa e cor da pele. Cada característica vale dois pontos. É considerado normal a partir de 6 pontos, mas o ideal é igual ou acima de 8. Sintomas (5° dia de vida): Prostração: estado de abatimento extremo, físico e psíquico. Total imobilidade, ausência de resposta e reflexos Hipotonia axial (tronco): ausência da capacidade de sustentar-se em seu tronco. Teste: faz com que a criança se agarre em seus dedos, e a suspende (sentar) rapidamente. Hipertonia: rigidez excessiva dos músculos do corpo, impedindo a criança de realizar seus movimentos. Suspeita: Hipogalactia: incapacidade da mãe de produzir leite em quantidade suficiente. Conduta: Introdução de leite artificial Sintomas (10° dia de vida): Piora de sintomas Conduta: Internamento por 24h para observação. Sintomas (12 dia de vida): Hipertonia Opistótono: Posição anormal causada por fortes espasmos musculares. Cabeça e coluna da criança fazendo um arco côncavo para trás Movimentos de pedalada contínuo Apneia: passa algum tempo sem respirar Conduta: Entrada na UTI. Exames: Não acusaram hipoglicemia, distúrbios eletrolíticos ou acidose. A triagem infecciosa também foi negativa. Não justificando os sintomas. Cromatografia Sanguínea: Técnica fisicoquímica de isolamento e análise biológica - nesse caso, Leucina, Isoleucina e Valina. Pode-se observar excesso desses aminoácidos de cadeia ramificada. Diagnóstico confirmado para Leucinose. Conduta: Cuidados paliativos para um maior conforto desse paciente. 1° - Dieta parenteral (via intravenosa) no baixo aporte desses aminoácidos, e alto teor de lipídeos e glicose; 2° - No 19° dia: fórmula dietética especial Para que eles atinjam níveis de normalidade, de equilíbrio. MARÍLIA ARAÚJO – P1 MEDICINA Os aminoácidos NÃO podem ser retirados completamente da dieta, pois passaria a apresentar um quadro sintomático (erupções na pele) semelhante à Acromodermatite Enteropática (causada pela deficiência de Zinco), contudo ao constatar que o nível de Zinco estava normal, entende-se que realmente os sintomas são da retirada total. OBS: o homem não conseguiu até hoje produzir aminoácidos do nada, contudo já conseguiu extraí-las de outras formas de vida, ou extraindo-os dele, ou fazendo-os produzi-los. Paciente evoluiu com resposta neurológica lenta e progressiva, com ganho de peso e redução dos níveis de aminoácidos. Teve alta com 41 dias de internação, em boas condições de sucção total da dieta. Prognóstico: Caso a doença seja detectada no início, e o paciente passe o resto de sua vida com o acompanhamento multidisciplinar correto, ele terá uma qualidade de vida alta e sem sequelas ou morte. Não há intervenção medicamentosa direta para a cura. Pode haver a reintrodução da isoleucina Sobre a doença: Aminoácidos de cadeia ramificada, quando encontrados em grande quantidade no corpo do indivíduo, é indicativo de diagnóstico de Doença de Xarope de Bordo, ou Leucinose, está na área de Doenças Metabólicas. Ela leva esse nome pois o cheiro de urina desse paciente faz lembrar o cheiro do chá de boldo. É uma doença hereditária autossômica recessiva e acomete 1:185.000 criança - rara. Esse paciente não consegue produzir as enzimas responsáveis por catabolizar esses aminoácidos (principalmente a leucina), fazendo com que aumentem sua concentração no sangue. OBS: Quando a doença acomete enzimas, em geral, não possuem cura e/ou são de elevada gravidade. Enzimas: TACR - Transaminases de aa de cadeia ramificada DCCR - desidrogenase de cetoácidos de cadeia ramificada Manifestação Clínica: Encefalopatia Metabólica entre 4° e 7° dias de vida: hipoatividade, sucção débil, perda de peso, hipotonia axial alternada com hipertonia de membros, opistótono, crises convulsivas e sinais de edema cerebral. É muito confundida com sepse e meningite, não tendo intervenção médica adequada, levando essa criança à óbito. AMINOÁCIDOS Estrutura: Todos os aminoácidos primários, exceto a glicina, o carbono α liga-se a quatro grupos substituintes diferentes: Grupo amina (NH2), Carboxila (C dupla O OH), e H+. Carbono tetravalente. É a ramificação que dá a identidade química do aminoácido. OBS: se caso algum desses grupos não estiver ligado ao carbono alfa, a estrutura já não será mais aminoácido. Características: São unidade fundamentais da proteína MARÍLIA ARAÚJO – P1 MEDICINA São ácidos orgânicos formados por átomos de carbono, hidrogênio, oxigênio e nitrogênio Alguns tipos de aminoácidos contem também átomos de enxofre e fósforo que aparecem, portanto, na composição das proteínas. Funções: Constituem proteínas, peptídeos e fosfolipídeos. São neurotransmissores: Glutamato, Aspartato e Glicina. Precursores de Oxiácidos, Aminas biogênicas, Glicose, Nucleotídeos, Creatinas. São basicamente as moléculas transportadoras do corpo. História: Nomenclatura popular, dada pelo cientista que o isolou pela primeira vez, e a oficial sistematizada da IUPAC. Ex: Asparagina: retirada do Aspargo Tirosina: retirada do queijo Tyros Ácido Glutâmico: retirada do Glúten (proteína do trigo). Aminoácidos Primários: São os que compõe toda e qualquer proteína existente na natureza. Existem 20 deles. Ex: Felilalanina, Serina, Leucina, Valina, ... Aminoácidos Não-primários: Existem 300 e são produtos de reações químicas que acontecem com os aminoácidos primários: Fosforilação, hidroxilação, carboxilação, acetilação, metilação, glicosilação (entrada de carboidrato), pontes de dissulfeto (ligação de hidrogênio entre dois grupos de tiol -SH, só ocorre entre aminoácidos cisteína). Geralmente são encontrados somente em proteínas específicas. São classificados: 1) QUANTO À SUA FORMAÇÃO o Pós-sintéticos: O aminoácido primário é recrutado para formar uma certa proteína e lá ele sofre alguma modificação estrutural. Ex: 4-Hidroxiprolina: encontrada na parede vegetal e no colágeno 5-hidroxilisina: entrada da hidroxila na lisina depois da formação do colágeno 6-N-metil-lisina: protombina Desmosina: elastina o Pré-sintéticos: Eles primeiro sofrem a modificação estrutural para depois ser recrutado para a síntese de uma certa proteína. Ex: Selenocisteína - Selênio através do enxofre na Cys, derivado da Serina durante a síntese proteica. 2) QUANTO AO DESTINO NO METABOLISMO o Glicogênicos: Podem ser transformados em glicoses. Ex: Alanina, Arginina, Metionina o Glicocetogênicos: Podem ser transformados em glicose ou em corpos cetônicos. Ex: Fenilalanina, Tirosina, Triptofano o Cetogênicos: Podem se transformar em corpos cetônicos. Ex: Leucina MARÍLIA ARAÚJO – P1 MEDICINA Grupo R Não polar Polar Sem carga Grupo R carregados - (ácido) Grupo R carregados +(básico) Aromático 3) QUANTO À CAPACIDADE DE PRODUÇÃO DO ORGANISMO Dependem de um referêncial. o Aminoácidos não-essenciais ou dispensáveis: São aqueles que, a partir do alimento ingerido, o organismo de um animal consegue sintetizar. OBS: os aminoácidos essenciais para um animal podem ser dispensáveis para o outro. o Aminoácidos essenciais ou indispensáveis: São aqueles que o organismo de um animal não consegue sintetizar, mas podem ser produzidospor outros animais ou plantas. Eles devem fazer parte da dieta dos animais para evitar a desnutrição. Ex: Treonina, Leucina, Metionina, Valina... Aspecto estrutural e sua função biológica: Ter um carbono quiral (apresenta 4 ligantes diferentes) quer dizer que a molécula tem quiralidade, ou seja, tem estereoisomeria (desviam o plano da luz polarizada - isomeria espacial), o que significa que ele pode ter os enantiomeros (pares que se espelham) D e L. Ex: L-alanina e D-alanina Nosso corpo sabe diferenciar e respondem diferentemente a cada estereoisômero. Por meio de receptores quirais específicos para cada enantiomero. Reações químicas comuns produzem uma mistura racêmica dos isômeros D e L. Muitas drogas são sintetizadas como misturas racêmicas, embora apenas um dos enantiômeros tenha atividade biológica, ou até um tendo atividade boa e o outro ruim. Ex: Talidomida, fármaco racemado (na época a farmácia não sabia) foi amplamente divulgado, com efeito sedativo e hipnótico (R). Seu estereoisômero S culminou de ter efeito teratogênico: mulheres grávidas que tomaram-no, deram à luz a bebês com mutações, muitas levando-os à óbito. Ex: Lifribol, verapamil, naproxeno, captopril,... Hoje, a indústria farmacêutica tem como obrigação analisar se aquele fármaco é racêmico, e a partir daí identificar se os estereoisômeros tem a mesma função ou não As células podem sintetizar especificamente os isômeros L dos aminoácidos, por que os sítios ativos das enzimas são assimétricos, o que leva à estereoespecificidade das reações por elas catalisadas. Os aminoácidos presentes nas proteínas em humanos e animais em geral são estereoisômeros L. OBS: Em geral os D-aminoácidos são encontrados em antibióticos e bactérias OBS: A mistura racêmica é opticamente inativa por compensação externa, ou seja, não desvia o plano de luz polarizada OBS: A Glicina não possui quiralidade, pois há a ausência de radical orgânico (dois ligantes são o H) Grupo R MARÍLIA ARAÚJO – P1 MEDICINA RADICAL POLAR indicativo N O S APOLAR conclusivo C H É de extrema importância pois dá identidade ao aminoácido, que repercute na sua função biológica. Ele influi na polaridade, na carga elétrica, na solubilidade e no tamanho molecular dos aminoácidos. o Polaridade Segundo presença ou ausência de elementos eletronegativos no grupo R. - Características da polaridade: Conclusivo se há formação de pontes de hidrogênio - HONS (sem o flúor, mesmo). A ponte de hidrogênio só ocorre se o H+ estiver ligado a um elemento eletronegativo. Podendo ambos realizarem a ponte com outra molécula. OBS: Carga elétrica parcial ou residual: gera o momento dipolar diferente de zero 1) Aminoácidos não polares, apolares, alifáticos ou hidrofóbicos Caso o radical só tenha C e H (alquila), ou seja, nenhum elemento eletronegativo, ele definitivamente será apolar. Têm essencialmente cadeias laterais apolares que interagem pouco ou nada com a água. Nas proteínas estão quase sempre localizados no interior hidrofóbicos onde não interagem com a água, e ajudam na manutenção do nível estrutural terciário e quaternário da proteína. Como não tem grupamentos funcionais reativos, as cadeias laterais hidrofóbicas raramente participam na catálise de reações químicas. OBS: Prolina: grupo imino (estrutura fibrosa do colágeno) 2) Aminoácidos polares - Não Carregados No seu radical há elementos eletronegativos com potencial de formar pontes de hidrogênio, porém compõem grupos que não são ionizáveis para o aminoácido Mais solúveis em água (hidrofílicos); Formam pontes de hidrogênio com a água. Ex: Serina e Treonina - Grupo Hidroxila Cisteína - Grupo Sulfidrila Asparagina e Glutamina - Grupo Amida - Carregados negativamente - ácidos Ter a carboxila (OH-), do ácido carboxílico, no radical já torna o AA polar e carregado negativamente. OBS: Ácido glutâmico: COOH / Glutamato: COO- Ácido aspártico: COOH / Aspartato: COO- - Carregados positivamente - básicos MARÍLIA ARAÚJO – P1 MEDICINA Ter o grupo Amina no radical já torna o AA polar e carregado positivamente. OBS: Histidina: fracamente básica. Proteína positiva ou neutra OBS: Grupo amida = C dupla O NH2 Grupo amina = CNH3 3) Aminoácidos Aromáticos Tem no seu radical anéis benzênicos. Relativamente hidrofóbicos (apolares) e participam também de interações hidrofóbicas. Ex: fenilalanina e triptofano (é um zwitterion no nosso corpo) ATT: Tirosina, seu grupo hidroxila forma pontes de hidrogênio, importantes na atividade de algumas enzimas. Formação de pontes de Dissulfeto As Cisteínas que tem o grupo Sulfdrila (SH) no radical, são capazes de se ligar por ligação covalente, ao oxidarem, liberando 2H+ + 2e-. Resultando, assim, em uma Cistina. É muito importante para a estabilidade da estrutura proteica. Ionização dos Aminoácidos Observar os grupos carboxilas e amina (PRINCIPAIS IONIZÁVEIS). - Íon dipolar ou Zwitterion (carga zero íon híbrido) A carboxila perde o H+, em forma de próton: desprotona. Enquanto isso a amina ganha um H+, contudo, o N fica estável com apenas 2 ligações, mas ao receber o H+, ele se ioniza: protona. pH muito ácido - protonados pH muito básico – desprotonados MARÍLIA ARAÚJO – P1 MEDICINA pH neutro – dipolar - Ação ácida ou básica dos Aminoácidos São substâncias anfóteras, que podem ser tanto ácidas, doando prótons, como básicas, recebendo prótons. Se o Zwitterion age como ácido, quer dizer que seu par, ou meio, está básico. (Estará sozinho como reagente, pois perde H+) Se o Zwitterion age como base, quer dizer que seu par, ou meio, está ácido. (Estará junto com o H+ no reagente, pois ganha e-) OBS: Ponto isoelétrico: ph no qual a molécula terá carga elétrica neutra o pKa Constante de equilíbrio de ionização; pH específico em que o grupo Carboxila desprotona, fazendo o aminoácido se comportar como ácido, e isso reflete na carga. Ele é importantíssimo para determinar a carga elétrica do aminoácido, afinal é com a ionização que há mudança de carga. OBS: o pKa baixo desprotona o ácido carboxílico, ou seja, não há uma grande mudança de meio. Já para desprotonar o amina precisaremos de um pKa mais alto. Ponto isoelétrico do aa pKr – valor de ph em que o grupo ionizável do radical desprotona O pI (ph do ponto isoelétrico) de aminoácidos que tem 3 grupos ionizáveis vai ser a média entre os grupos semelhantes Ex1: pI carga da alanina em pH 8: MARÍLIA ARAÚJO – P1 MEDICINA Ex2: pI e carga do ác. Glutâmico em pH 3: Ex3: pI e carga da lisina em pH 9,5: Eletroforese de aminoácidos Função biológica dos aminoácidos • Tirosina e fenilalanina • Noraepinefrina (noradrenalina) e epinefrina (adrenalina) • Estimulantes. *Epinefrina - hormônio do “voe ou luta". Ela provoca a liberação de glicose e outros nutrientes no sangue e estimula a função cerebral. • Níveis mais baixos que os normais de L-Dopa estão relacionados com a doença de Parkinson. • O triptofano • *Serotonina (5-hidroxitriptamin) • *calmante. *Níveis muito baixos de serotonina são associados com a depressão *Níveis extremamente altos produzir um estado maníaco. *Maníaco-depressiva esquizofrenia (transtorno bipolar) pode ser gerenciado por meio do controle dos níveis de serotonina e de seus metabólitos adicionais.
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