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PEÇA 1 - DIREITO PENAL

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EXCELENTISSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA CRIMINAL DA COMARCADE EXTREMA/MG
NONO NINHO, brasileiro, casado, com 20 anos de idade trabalha atualmente como vendedor, pai de duas crianças (2 e 3 anos) residente e domiciliado no endereço XXX, na cidade de vargem Estado de São Paulo, inscrito no CPF nº XXX, RG nº XXX, vem respeitosamente, por meio de seu advogado, conforme procuração em anexo, requerer a Vossa Excelência o pedido de RELAXAMENTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE.
Visando declaração de nulidade do auto de prisão em flagrante nº XXX, com a correspondente expedição de alvará de soltura com fundamento no Art 5º, LXV da CF/88:
“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária;
E do Art 310º, inciso I, do CPP:
“Art. 310. Após receber o auto de prisão em flagrante, no prazo máximo de até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da prisão, o juiz deverá promover audiência de custódia com a presença do acusado, seu advogado constituído ou membro da Defensoria Pública e o membro do Ministério Público, e, nessa audiência, o juiz deverá, fundamentadamente: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
I - relaxar a prisão ilegal; ou (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).”
Pelas seguintes razões fáticas e jurídicas: 
I – DOS FATOS: 
O requerente foi preso em flagrante delito no dia 06 de janeiro de 2020, por volta das 08:00 horas da manhã, na cidade de Vargem-SP por ter supostamente, com esteio no artigo 302, inciso IV do código penal, incorrido no crime de roubo, por possuir as mesmas características físicas e ainda, por estar utilizando um relógio da mesma marca daquele subtraído no dia anterior, 05 de janeiro, do senhor SÉTIMO SILVA, brasileiro, solteiro, motorista de 25 anos, residente e domiciliada na cidade de Extrema-MG, autor e vítima da comunicação dos fatos do roubo, que por volta das 09 horas da manhã no dia 05/01/2020 enquanto caminhava pelas ruas da cidade, teve subtraído seu relógio da marca funlerim, comprado recentemente por R$19,90 (dezenove reais e noventa centavos), fato que ocorrera mediante grave ameaça, consistente na utilização de arma de fogo, segundo narrativa da vítima Sétimo Silva, uma arma calibre 222 Remington, com energia de 1.717,63 Joules, classificada no anexo B, da portaria nº 1.222/19, como de uso restrito. O requerente foi recolhido e encaminhado à Delegacia de Polícia Cívil de Vargem-SP, vindo a prisão a ser ratificada por parte da autoridade policial, com fundamentação legal no Art 302, IV do CPP:
“Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem: 
IV – é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração.”
No inciso IV do Art.302 do CPP, há o chamado “flagrante presumido”, o qual pode ser taxado de impróprio. Nele traz a informação que pode ser preso em flagrante delito aquele que “é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração”. No caso em comento, o requerente Nono Ninho, portava apenas e tão somente um relógio da mesma marca, que por sua vez, este relógio, não é considerado peça única no comércio local. 
Merece destaque, inclusive, a expressão “logo depois” onde no fato aqui expressado, perpassa um ínterim de quase 24 horas após o dito roubo, não configurando assim, a imediatidade, seja do início da perseguição e/ou do encontro com o autor da infração. 
Ainda, houve a ratificação da prisão em flagrante e o Auto de Prisão em Flagrante Delito (APFD) foi encaminhado, após 02 horas do encarceramento, ao fórum da comarca de Extrema/MG (1º Vara Criminal), no qual o delegado alega, para tanto, tratar-se de localidade na qual a vítima, senhor Sétimo, possui residência. Não havendo manifestação, por parte do magistrado, até o momento. 
II – DO DIREITO:
A prisão em flagrante possui requisitos que, quando não observados, podem caracterizar sua ilegalidade. 
No caso concreto, prender em flagrante é capturar alguém no momento em que comete um crime. Prisão em Flagrante delito é a prisão daquele que é surpreendido cometendo uma infração penal. 
Não obstante seja seu precioso significado, certo é que as legislações alargaram um pouco esse conceito, estendendo-se a outras situações.
Daí dizer o Art. 302 do CPP que se consideram em flagrante delito, quem: 
“I – está cometendo a infração penal; 
II – acaba de cometê-lo;
III – é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido, ou por qualquer pessoa, em qualquer situação que faça presumir ser o autor da infração; 
IV – é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração.”
O que acontece é que NENHUMA das hipóteses do Art.302, do CPP foram preenchidas para a ocorrência da prisão em flagrante delito. 
Não houve flagrante nenhum com relação ao Requerente, e nem poderia, visto que o mesmo não foi flagrado no cometimento do ato delituoso, tampouco após a sua prática. Tendo em vista que o Art.302 do CPP é um norteador da validade da prisão em flagrante, tem-se que o requerente Nono Ninho não fora perseguido, nem mesmo encontrado com o objeto que o ligasse a autoria do fato, mais sim, apenas com o relógio da mesma marca e mesmas características físicas que não o incriminam por si só. 
Ademais, a autoridade deu voz de prisão ao flagrado quase 24 horas após a denúncia apresentada pelo Senhor Sétimo Silva, vítima, sem mesmo este efetuar a conferência visual do suposto autor. 
Vem de encontro com o pedido de relaxamento de prisão, o Art. 310, I do CPP que é categórico no que traz que, em até 24 horas após a prisão, o juiz deverá promover audiência de custódia com a presença do acusado, seu advogado constituído e o membro do MP, para que nessa audiência o juiz deverá, fundamentalmente relaxar a prisão ilegal, “in Verbis”
“Art. 310. Após receber o auto de prisão em flagrante, no prazo máximo de até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da prisão, o juiz deverá promover audiência de custódia com a presença do acusado, seu advogado constituído ou membro da Defensoria Pública e o membro do Ministério Público, e, nessa audiência, o juiz deverá, fundamentadamente: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
I - relaxar a prisão ilegal; ou (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).”
Ainda neste Art, temos que o Auto de Prisão em Flagrante Delito fora encaminhado ao Fórum da Comarca de Extrema/MG, (1º Vara Criminal), pela Delegacia de Polícia, na qual ainda não realiza audiência de custódia, tendo o delegado, para tanto, alegado tratar-se de localidade na qual a vítima possuía residência. 
Ante exposto, vale incorrer que transcorrido o prazo de no máximo 24 horas após realização da prisão em flagrante, não ocorrer a audiência de custódia, sem motivação idônea, ensejará também a ilegalidade da prisão, a ser relaxada pela autoridade competente conforme fundamentada no Art. 310, § 4 do CPP
Assim, sendo a prisão ilegal, deve ocorrer o seu relaxamento, soltando o requerente, sem prejuízo da responsabilização funcional e criminal da autoridade responsável pelo ato, em caso de abuso. 
O relaxamento de prisão ilegal é previsto na CF/88 em seu Art. 5º, LXV:
“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária;
Portanto, caso em que se torna demonstrada a ilegalidade da prisão em flagrante, a ordem de prisão cautelar/provisória não foi devidamente fundamentada pelo §2 do Art.312 do CPP e como não houve trânsito em julgado da sentença penal condenatória, a prisão NÃO pode ocorrer oupendurar, sendo assim, ilegal, e devendo ser relaxada. 
Desta feita, tendo o requerente, Senhor Nono Ninho, plena condição de responder o processo criminal em liberdade, não há qualquer razão para mantê-lo restrito de sua liberdade de locomoção, sendo medida que se impõe a concessão do relaxamento de prisão, uma vez que o Juiz ao receber o APF tomará as decisões previstas no Art.310 do CPP que assim entender pertinente. 
III – DOS PEDIDOS:
Diante do exposto, requer-se a procedência do pedido com o consequente relaxamento de prisão em flagrante, expedindo-se o competente alvará de soltura em favor do requerente NONO NINHO, conforme regulamentado no Art.310, I do CPP. 
Termos em que, pede e espera deferimento. 
Vargem-SP (Dia XXX, Mês XXX de 2020)
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Advogada XXX
OAB XXX

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