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Contabilidade Internacional Aula 10: Contrato de construção, contas regulatórias e receitas provenientes de contratos com clientes Apresentação Examinaremos o tratamento contábil estabelecido pelo Pronunciamento Contábil CPC 47 e aplicado às Demonstrações Contábeis sobre a natureza, valor e incertezas dos fluxos de caixas provenientes dos contratos com clientes. Compreenderemos conceitos dados às contas regulatórias diferidas previstas na IFRS 14, especificas para as empresas reguladas por órgãos como a Aneel, Anatel, Anvisa, ANS, entre outras. Objetivos Identificar contratos e suas obrigações; Reconhecer e mensurar receitas provenientes de contratos com clientes. Pronunciamento contábil O Pronunciamento Contábil que trata do reconhecimento, mensuração e divulgação das receitas e fluxos de caixas provenientes dos contratos com clientes é o CPC 47, em correlação com a IFRS 15. Fonte: Freepik Essa norma contábil trouxe uma profunda alteração nos conceitos e nos métodos de reconhecimentos das receitas das empresas, e começou a vigorar a partir de 01 de janeiro de 2018, substituindo os seguintes Pronunciamentos Contábeis: CPC 30 Receitas; CPC 17 Contratos de construção; e ICPC 02 Contrato de construção do setor imobiliário. javascript:void(0); Depois de um longo período de análises e discussões, os órgãos responsáveis pela edição e publicação de normas no âmbito internacional, IASB (responsável pela emissão das IFRS) e o FASB (responsável pela emissão das USGAAP), estabeleceram novos conceitos e definições para o reconhecimento e mensuração das receitas oriundas das receitas de contratos de clientes, afetando as empresas de diversos segmentos. Norma contábil Mas o que muda com essa nova norma contábil? É um novo modelo conceitual em relação às práticas vigentes até 31 de dezembro de 2017, e utilizadas pelas empresas até então. Esses novos conceitos surgiram a partir da necessidade dos usuários das informações contábeis de ambos os órgãos internacionais em relação a uma maior transparência e representação fidedigna no momento do registro contábil e de atribuição de valores aos fatos ocorridos entre cliente e empresa vendedora. CPC 47 O CPC 47 é baseado em princípios e diz respeito à obrigação da empresa vendedora em desempenhar a sua obrigação de entregar o controle dos bens e serviços à empresa compradora, ou seja, realizar a transferência da gestão dos serviços e produtos em troca de registrar um direito de recebimento de valores monetários no ativo. A respectiva norma tem como propósito criar um modelo único de reconhecimento e mensuração de receitas provenientes da relação de contratos com clientes, e que independa da atividade ou segmento em que a companhia estiver alocada. Ou seja, deve ser aplicada a todas as empresas no momento do reconhecimento e mensuração das suas receitas, independentemente do ramo de operação ou atividade da empresa. Para que a empresa esteja apta a reconhecer essa receita, e esse direito como ativo no balanço patrimonial, é necessário atender aos requisitos necessários de identificação do contrato com cliente, bem como estar em acordo com as orientações do CPC 47. Critérios exigidos pela norma Os critérios para o respectivo reconhecimento do contrato com o cliente ocorrem: quando as partes aprovarem o contrato e se comprometerem a cumprir com as respectivas obrigações contratuais; quando for possível a identificação dos direitos de cada uma partes em relação à transferência dos bens e direitos; quando da identificação pelas empresas envolvidas dos termos de pagamentos; quando o contrato comercial possuir substância comercial, ou seja, os riscos e benefícios futuros associados provenientes da relação de compra e venda. O primeiro momento é quando o contrato com o cliente não atender pelo menos um dos critérios exigidos pela norma, a empresa deve contabilizar essa contraprestação como um passivo até que, ao menos, um dos critérios seja satisfeito. O segundo momento é a identificação da obrigação de desempenho ou performance em relação ao comprometimento de transferir para o cliente o bem ou serviço objeto da relação de compra e venda prevista no contrato. A entidade somente poderá reconhecer a receita se satisfizer a obrigação de desempenho ao transferir o bem ou serviço prometido ao cliente. Ou seja, esse ativo somente será considerado transferido, e sua receita reconhecida, se o cliente obtiver o controle desse ativo objeto da negociação. Portanto, verifica nesse momento o conceito de ativo atribuído pela estrutura conceitual o controle do ativo pela entidade compradora. O terceiro momento é a atribuição de valor a essa obrigação, ou seja, o momento da mensuração dos bens e serviços objetos da transação. A entidade deve reconhecer como receita o valor do preço da transação. O valor do preço da transação é o valor da contraprestação a qual a entidade espera ter direito em troca das transferências dos bens e serviços prometidos ao cliente, e será incorporado ao ativo circulante da empresa vendedora na conta de clientes no Balanço Patrimonial. O quarto momento é a alocação do preço da transação à obrigação, quando a entidade determina o preço da transação a cada obrigação pelo valor que reflita a contraprestação a qual a entidade espera ter direito a receber. E, por fim, o quinto momento é o reconhecimento da receita. Esse passo deverá ser dado quando todos os anteriores forem satisfeitos ou concluídos, e significa dizer que os bens e serviços prometidos ao cliente foram transferidos e repassados à gestão ou controle desse ativo adquirido pelo cliente. O reconhecimento ou registro contábil da receita pode ocorrer em um momento específico ou ao longo do tempo. Atendidos os passos anteriores, a empresa necessariamente deve levar em consideração outros pontos importantes, tais como: os custos, as amortizações e a redução do valor recuperável dos custos capitalizados, por exemplo. Atenção Também é importante salientar que a relação de cumprimento do desempenho da obrigação prevista na norma se dá de forma não expressa em contrato propriamente, ou seja, a relação de cumprimento da obrigação de desempenho pela empresa pode ser de forma não expressa em contrato e, sim, de maneira costumeira ou proveniente da prática de mercado e das relações negociais entre vendedor e comprador. Os segmentos mais afetados foram aquelas empresas com muitos contratos com clientes e com termos variáveis e complexos, como, por exemplo, o segmento de telecomunicações. De forma geral, a situação é gerenciável e exige das empresas maior controle nos processos e nas estimativas realizadas, ou seja, aumenta a responsabilidade de julgamento do profissional contábil. Na Figura abaixo, identificamos numa forma mais objetiva as cinco etapas que devem ser percorridas até o reconhecimento da receita pelas empresas a partir de janeiro de 2018: As empresas devem aplicar as novas orientações trazidas pelo pronunciamento contábil e mensurar os respectivos impactos nos seus negócios. No quesito divulgação, a empresa deve fornecer informações suficientes para permitir que o usuário das demonstrações contábeis possa compreender de forma clara e objetiva a natureza, o valor, o período, as incertezas da receita e os fluxos de caixa oriundos da relação contratual com clientes. Nesse sentido, a entidade deve divulgar informações qualitativas e quantitativas sobre os seguintes itens: contratos realizados; julgamentos e estimativas relevantes e mudanças aplicadas no momento da adoção do Pronunciamento Contábil CPC 47; e custos incrementais para obtenção do contrato com o cliente reconhecido como ativo. Os custos incrementais reconhecidos como ativo são custos como, por exemplo, despesas/custos com as comissões de venda que a empresa espera recuperar no futuro, e que, devido a não efetivação ou não realização, não podem ser reconhecidos no resultado do exercício ainda. Não foram tratadas nesta aula os impactos tributários advindos dessas modificações nos conceitos quantoao reconhecimento das obrigações de desempenho ou das provisões a serem registradas relacionadas ao direito de devolução prevista no CPC 47. Fonte: IFRS15 Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Saiba mais javascript:void(0); Essas diferenças, que impactarão o resultado tributável das empresas conforme orientação da própria RFB, devem ser neutralizadas para fins de apuração dos tributos sobre o lucro, mas serão tratadas na disciplina de Contabilidade Tributária I. Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Contas regulatórias diferidas (IFRS 14) Com objetivo de melhorar a comparabilidade e transparência dos relatórios contábeis das empresas que atuam em mercados regulados, o IASB editou, no início de 2014, a norma IFRS14, que passou a ser obrigatória em 2016. Conforme o Ibracon, a norma IFRS 14 ainda não atenderá às expectativas da comunidade contábil e das empresas reguladas brasileiras, pois se aplicam apenas às empresas que adotam normas internacionais. Ainda não há no Brasil uma norma correlacionada ao IFRS 14, ou seja, o Comitê de Pronunciamentos Contábeis ainda não editou a norma em forma de CPC. Como regra geral, as empresas reguladas por órgãos como ANEEL, ANATEL, ANVISA, ANS, entre outras, devem possuir contas contábeis especificas para receber os registros de ativos e passivos adequadamente no balanço patrimonial. Até mesmo porque há previsão no plano de contas a ser adotado por empresas reguladas. Conforme o coordenador do Ibracon, encontra-se em andamento um projeto mais abrangente de revisão das regras contábeis para as empresas reguladas, e deverá ser reaberta a discussão sobre o registro de ativos e passivos regulatórios pelas empresas que já adotam as IFRS. Fonte: IBRACON Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online “A expectativa é de que esse projeto, por ser mais abrangente e incluir também uma discussão sobre o ‘framework’ do IFRS poderá, num futuro relativamente próximo, resultar na modi�cação do IFRS para permitir o registro de ativos a passivos regulatórios nas demonstrações �nanceiras societárias das empresas Brasileiras”. - Coordenador do Ibracon javascript:void(0); Atividade 1. Complete as lacunas: a. O CPC 47 é baseado em digite a resposta e diz respeito à obrigação da empresa vendedora em desempenhar a sua obrigação de entregar o controle dos bens e serviços à empresa compradora. b. Para que a empresa esteja apta a digite a resposta a receita e o direito como ativo no balanço patrimonial é necessário atender aos requisitos necessários de digite a resposta do contrato com o cliente, bem como estar em acordo com as orientações do CPC 47. c. O quinto passo especificado pela norma é o digite a resposta . Esse passo deverá ser dado quando todos os anteriores forem satisfeitos ou concluídos e significa dizer que os bens e serviços prometidos ao cliente foram digite a resposta e repassados à gestão ou controle desse ativo adquirido pelo cliente. d. Para a digite a resposta das informações, a empresa deve fornecer dados suficientes para digite a resposta que o usuário das demonstrações contábeis possa compreender de forma clara e objetiva a digite a resposta , o valor, o período, as incertezas da receita e os fluxos de caixa oriundos da relação contratual com clientes. Notas Referências BERRINGER, Marcos. IFRS 14 só se aplicará às empresas que estão em processo de adoção da norma, avalia especialista. Disponível em //www.ibracon.com.br/ibracon/Portugues/detNoticia.php?cod=1675. Acesso em 10 set. 2019. BRAGGIO, M. B. Contabilidade Internacional. Rio de Janeiro: SESES, 2017. CARVALHO, L. Nelson et al. Contabilidade internacional. Ed. Atlas. 2005. COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. Pronunciamento técnico CPC 47. Disponível em: //static.cpc.aatb.com.br/Documentos/527_CPC_47_Rev_13.pdf Acesso em: 10 set. 2019. PWC. IFRS 15 O futuro está aqui – analisando o impacto da nova norma sobre reconhecimento de receita nos seus negócios. Disponível em: https://www.pwc.com.br/pt/estudos/servicos/auditoria/2017/futuro_ifrs_17.pdf Acesso em: 10 set. 2019. Próxima aula TEXTO Explore mais IFRS 14 Regulatory Deferral Accounts javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); Disponível em: https://www.ifrs.org/issued-standards/list-of-standards/ifrs-14-regulatory-deferral-accounts/. Acesso em 10 set. 2019. IFRS 14 Regulatory Deferral Accounts Disponível em: https://www.ifrs.org/issued-standards/list-of-standards/ifrs-14-regulatory-deferral-accounts/. Acesso em 10 set. 2019. IFRS 14 divide opinião de especialistas Disponível em: //marinacontabil.com.br/ifrs-14-divide-opiniao-de-especialistas/. Acesso em 10 set. 2019. CPC 47 e IFRS 15: como e quando uma entidade poderá reconhecer uma receita? Disponível em: https://www.blbbrasil.com.br/blog/cpc-47-ifrs-15-reconhecer-receita/. Acesso em: 10 set. 2019. Adoção do CPC 47 -Reconhecimento de Receita em Contratos com Clientes, os efeitos fiscais e a necessidade de controles para manutenção da neutralidade tributária javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0);