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Universidade Federal de Santa Maria Departamento de Zootecnia Avaliação – Ovinocultura Nome: Bianca Data: 1) Em relação a avaliação do Escore de Condição Corporal em ovinos, descreva sobre a importância (o porquê?, conforme comentado em aula) da realização dessa prática nos períodos: a) pré-cobertura; b) pré-parição; c) lactação; d) lotes para abate. A avaliação corporal no período de pré cobertura é importante em diversos aspectos: Uma má condição corporal tanto nas fêmeas quanto nos reprodutores afeta diretamente em suas atividades reprodutivas por conta de uma redução da atividade hormonal do eixo hipófise-hipotalâmico, devido a uma condição nutricional deficiente ou em excesso (obesidade). Uma boa condição corporal ajuda na incidência de cios em fêmeas e numa boa qualidade espermática em machos. Esse aumento da incidência de cios é reflexo do aumento das taxas de ovulação (com uma boa nutrição) e com isso, também aumenta-se a incidência de partos múltiplos, ou seja, maior prolificidade, pois o ganho de peso e balanço energético positivo potencializa as ondas de crescimento folicular. No entanto, essa circunstância só é benéfica economicamente aos proprietários se tiver uma propriedade estruturada e planejada para sustentar esse aumento de prolificidade. Uma boa condição corporal favorece a ocorrência de cios mais longos e regulares (principalmente em borregas de primeira cria) e isso reflete positivamente na percepção do cio pelos reprodutores levando a uma concentração de coberturas no início do período reprodutivo, pois quando os machos são incorporados em um rebanho os cios das ovelhas ficam mais “alinhados”, chegando a coincidirem uns com os outros e isso tudo é favorável ao manejo posterior padronizando as exigências nutricionais no terço final da gestação e concentrando as parições. O desenvolvimento ideal inicial de placenta e úbere é conseqüente de uma boa nutrição corporal e é importante para nutrição do feto. Além disso, uma saúde uterina adequada reduz os riscos de mortalidade embrionária. É importante realizar a avaliação dos escores cerca de 30 a 40 dias antes da cobertura para ter tempo de tomar medidas corretivas a respeito da nutrição dos animais. A avaliação corporal no período de pré parição possui vários pontos a serem ressaltados: No terço final da gestação, ocorre uma ascensão no desenvolvimento fetal e, por isso, é importante uma boa condição corporal da fêmea gestante, afetando diretamente o peso vivo ao nascimento dos cordeiros. Um bom peso ao nascimento pode varias de 4 a 5 quilos, sendo que menos de 3 quilos o risco de mortalidade aumenta e mais de 5 quilos o risco de distocia aumenta. Fetos com pesos ideais tem uma redução de mortalidade neo-natal (que se dá até 72h após o parto) pois isso possibilita uma boa quantidade de reserva energética na forma de tecido adiposo marrom e isso favorece a vitalidade e termorregulação do cordeiro. Cordeiros com melhor condição corporal são menos susceptíveis a predadores, pois estes escolhem os mais fracos (com dificuldades para caminhar, por exemplo). O peso vivo ao nascimento também tem uma relação direta no potencial de desenvolvimento do cordeiro ao longo da lactação. Além disso, a maturação folicular em rebanhos laneiros, que se dá no terço final da gestação e início da lactação se estendendo até 1 ano de vida do cordeiro, também é afetada no quesito de potencial da produção do fio de lã. Uma condição nutricional deficiente reflete em velos mais leves, o que não é requerido economicamente. A avaliação corporal na pré-parição também é bem vinda nas ovelhas, visto que: A preparação final do úbere para lactação ocorre principalmente no pré-parto, sendo que se este for mal desenvolvido afeta a produção de leite negativamente e a curva de lactação diminui, ou seja, as ovelhas passam a produzir leite por menos tempo. Uma má condição nutricional nesse período exige das ovelhas a mobilização de reservas energéticas para a produção de colostro e isso prejudica a lactação posterior. Ademais, essa mobilização de tecido adiposo resulta na formação de corpos cetônicos e em cetonemia (aumento destes no sangue) e isso pode levar a toxemia de gestação. É necessário ter mais atenção em partos múltiplos e principalmente em fêmeas novas. Também há a queda de imunidade desses animais mal nutridos e com isso ficam mais suceptíveis a verminoses, contaminando a pastagem e outros ovinos consequentemente. Com essa nutrição deficiente, também há a redução na produção de lã, afetando o comprimento da mecha, a resistência e o peso de velo negativamente. A avaliação corporal também deve ser realizada no período de lactação, pois: É o período de maior exigência nutricional e a produção de leite afeta diretamente no ganho de peso dos cordeiros e em sua recria e engorda. Uma nutrição ruim afeta na curva de lactação, diminuindo-a e fazendo a ovelha lactar por menos tempo e também baixa a imunidade dela, deixando a ovelha mais susceptível a verminoses, principalmente em épocas de primavera-verão e de calor e umidade. Com a pouca produção de leite, os cordeiros passam a pastar mais cedo e ficam expostos a contaminação por helmintos, devido a eliminação destes no pasto pelas suas mães. Um período de desmame prolongado desnecessário afeta na condição corporal das ovelhas e estas passam a não ter uma recuperação para o próximo período de cobertura. A maturação folicular dos cordeiros também é afetada com uma nutrição deficiente, diminuindo o comprimento da mecha, a resistência e o peso do velo. Outra fase em que é necessária a avaliação da condição corporal é no abate, com o intuito de padronizar o acabamento das carcaças com condições homogêneas e distribuição e desenvolvimento de tecido adiposo e muscular uniformes. As diferenças genéticas e raciais limitam a demarcação por peso, pois um peso pode ser bom ou ruim para diferentes indivíduos, devido a isso se determina por escore corporal. 2) Do ponto de vista produtivo, porquê em um rebanho comercial é recomendado o descarte de ovelhas com dentes rasados e/ou com “forquilha”? Pois isso caracteriza um animal já de idade e que possui dificuldades de apreensão de alimento. Isso vai resultar em deficiências nutricionais e em diminuição da produção, sendo assim, indicado o descarte desses animais. 3) Explique, de forma detalhada, como ocorre o processo da formação da lã em ovinos. O processo de formação da lã em ovinos possui como elemento básico o folículo piloso, sendo caracterizado como uma depressão da epiderme que possui um bulbo ativo em sua base onde ocorrem mitoses. O desenvolvimento inicial desses folículos ocorre na linha superior do dorso, da cabeça até a cauda e parte posterior, seguindo a direção da barriga e membros. Quando o feto atinge 90 dias, o corpo todo está composto do tipo de folículo primário que começam a surgir 40 dias após a fecundação. Após esses 90 dias, começam a aparecer folículos menores chamados de folículos secundários. A diferença entre esses dois tipos de folículos é que o primário produz lã com fibras meduladas e pelo e glândula sudorípara e o secundário produz lã mais que o primário, sendo que não possui músculo piloeretor e possui glândula sebácea. O começo da atividade dos folículos começam em 100-110 dias de vida fetal nos folículos primários e em 120-130 dias até 1 ano de vida fetal nos folículos secundários. A maior maturação é atingida no terço final da gestação e nas 4 primeiras semanas de vida. Durante esse período após o nascimento, a alimentação do carneiro tem um papel fundamental na maturação dos folículos secundários e produção de lã. Se houver uma restrição pós-natal no fornecimento de nutrientes pode prejudicar a capacidade de alguns folículos em produzir fibras, assim podendo retardara maturação destes. Como ocorre a formação de lã nos folículos: As células formadas são expulsas do bulbo devido a novas divisões celulares. Dentro das células ocorre o endurecimento (queratinização) e cimentação destas entre si, através de longas cadeias de moléculas de aminoácidos que são ligadas por meio de átomos de enxofre, e quando morrem são expulsas do folículo como fibra de lã. Uma densa rede de capilares que rodeiam o terço inferior do folículo é responsável pelo suprimento dessa produção de células novas e formação de queratina. 4) Com relação a limpeza pré-parição, descreva como essa prática pode contribuir com a redução da mortalidade neonatal de cordeiros? A obtenção do colostro é de suma importância aos cordeiros recém-nascidos. A limpeza pré-parição é realizada com o intuito de facilitar o acesso do cordeiro ao teto da mãe, visto que é necessário para seu desenvolvimento. A não obtenção do colostro resulta em deficiências nutricionais e imunológicas, imunossuprimindo o cordeiro e aumentando os riscos de mortalidade neonatal. Outras funções da limpeza pré-parição incluem evitar o acúmulo de contaminantes na região como fezes, sangue e restos de placenta juntamente a diminuição da incidência de miiase na região vulvar e aderências de bactérias. 5) A eficiência reprodutiva em um rebanho ovino está associada ao: a)aumento da taxa de parição; b) aumento da taxa de prolificidade; c) redução da taxa de mortalidade das crias. Baseado nisso, descreva sobre as medidas que podem ser adotadas para incrementar a eficiência reprodutiva em um rebanho ovino baseado nesses 3 aspectos. Como medida para aumentar a taxa de parição principalmente, deve-se ter cautela ao escolher o reprodutor. A boa escolha do reprodutor auxilia no melhoramento genético do rebanho, por isso deve-se atentar quanto a: Boa conformação (deve possui características da raça para uma melhor genética dos descendentes), deve se adaptar à nova propriedade, deve possuir os órgãos genitais em boas condições, testículos presentes na bolsa escrotal e com características normais de simetria, formato e textura, escroto íntegro e pênis e prepúcio sem alterações. Além da boa conformação dos órgãos genitais, também precisam ser funcionais e com boa qualidade reprodutiva, boa libido e o animal deve possuir características exclusivamente masculinas (sem distúrbios hormonais). Também deve ser isento de doenças e problemas genéticos como hérnia umbilical, tetas supranuméricas (que podem causam problemas às descendentes), prognatismo (que pode gerar problemas nutricionais devido ao defeito na mandíbula) e problemas de aprumos e cascos. Como medida para aumentar a taxa de parição e de prolificidade e diminuir a de mortalidade das crias, deve-se ter cuidado na escolha da matriz. Uma fêmea com boas qualidades para matriz, deve possuir boas características raciais (características ideais da raça), com ausência de raquitismo e alterações ósseas (prejudica sua função como matriz), deve possuir úbere bem inserido e com as duas tetas sadias e boa produção de leite (isso ajuda na obtenção do colostro pelo feto), deve possuir boa habilidade materna (isso pode ser evidenciado nos partos anteriores), deve ter ausência de vulva infantil e deformada (pode prejudicar o processo de reprodução), deve ter histórico de gestações e partos normais, apresentar boa fertilidade e prolificidade (aumentando as taxas de parição e prolificidade). Também deve ser isenta de doenças infecciosas e de defeitos genéticos, como prognatismo e deficiências/alterações hormonais (por exemplo, aspectos masculinos). Por fim, também como medidas para beneficiar os aspectos falados, deve-se estar atento à idade dos animais para reprodução: A partir dos 6 meses de idade, os machos já estão aptos a cobrir e fecundar uma ovelha, porém isso pode trazer prejuízos ao desenvolvimento, por isso se for optado deve-se utilizar em um número menor de ovelhas, em uma condição mais controlada de reprodução, separado e em uma área menor de campo. Fora isso, a idade mais ideal para a utilização de machos para reprodução é em torno de 18 meses, quando o desenvolvimento corporal está perto de 80% e está na fase reprodutiva plena. A partir do rasamento dos dentes e presença da forquilha é sugerido descartar esses machos, pois sua produção fica deficiente. Já as fêmeas, a puberdade também se manifesta em torno de 6 meses. No entanto, a cobertura nessa idade pode vir a ser prejudicial ao seu desenvolvimento, pois não tem uma condição corporal nutricional ideal para a gestação e lactação. O mais ideal é esperar o desenvolvimento de 60-70% do seu peso vivo adulto e mais ou menos 40 quilos de peso vivo. As ovelhas são usadas para reprodução até os 6-7 anos de idade, sendo após descartada (um ponto visível dessa idade é o rasamento dos dentes e a presença da forquilha).
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