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Gabriela C. Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial – 2020 Barroso et al. Critérios diagnósticos e classificação da hipertensão arterial sistêmica e estratificação de risco cardiovascular Recomenda-se que a PA seja classificada como HA ótima, normal, pré-hipertensão ou estágios 1 a 3, de acordo com a PA do consultório. Programas de triagem para HA são recomendados. Todos os adultos (≥ 18 anos) devem ter a PA no consultório medida e registrada em seu prontuário médico e estar cientes da PA. Diante da simplicidade da medida realizada pela técnica oscilométrica, a utilização de dispositivo automático de braço pode ser preferível ao auscultatório, quando as duas técnicas estiverem disponíveis. Indica-se a medida da PA, anualmente, se a PA do consultório for < 140/90 mmHg. Recomenda-se que a PA no consultório seja medida em ambos os braços pelo menos na primeira consulta, porque uma diferença de PAS entre os braços > 15 mmHg é sugestiva de doença ateromatosa e está associada a um risco CV aumentado. Se uma diferença entre os braços < 15mmHg da PA for registrada, recomenda-se que todas as leituras subsequentes da PA usem o braço com uma leitura mais alta da PA. Na suspeita de HA secundária à coartação da aorta, a medida deverá ser realizada também nos membros inferiores, utilizando-se manguitos apropriados para a circunferência do braço ou da coxa. Em idosos, diabéticos, disautonômicos ou naqueles em uso de anti-hipertensivos, a PA também deve ser medida 1 minuto e 3 minutos após estar em pé (imóvel). A hipotensão ortostática é definida como uma redução na PAS ≥ 20 mmHg ou na PAD ≥ 10 mmHg dentro do 3o minuto em pé e está associada a um risco aumentado de mortalidade e eventos cardiovasculares. Nos indivíduos obesos, o uso de um manguito com tamanho e forma ideais em relação ao braço do paciente é de importância primordial. Manguitos mais longos e largos são necessários nesses pacientes para não haver superestimação da PA. A abordagem do antebraço deve ser considerada válida e pode ser usada em contextos clínicos para medir a PA, quando a medição do braço for desafiadora na obesidade grave (circunferência superior a 50 cm, em que não há manguito disponível). Assim, o pulso auscultado deve ser o radial, embora haja restrições a tal prática. Classificação São considerados hipertensos os indivíduos com PAS ≥ 140 mmHg e/ou PAD ≥ 90 mmHg. Quando utilizadas as medidas de consultório, o diagnóstico de HA deverá ser sempre validado por medições repetidas, em condições ideais, em duas ou mais visitas médicas em intervalo de dias ou semanas; ou de maneira mais assertiva, realizando- se o diagnóstico com medidas fora do consultório (MAPA ou MRPA), excetuando-se aqueles pacientes que já apresentem LOA ou doença CV. Define-se a classificação de acordo com a PA do consultório e pelo nível mais elevado de PA, sistólica ou diastólica. Indivíduos com PAS ≥ 140 mmHg e PAD < 90 mmHg são definidos como portadores de HA sistólica isolada, enquanto a presença de níveis de PAS < 140 mmHg e PAD ≥ 90 mmHg caracteriza a HA diastólica isolada. Tanto a HA sistólica isolada quanto a HA diastólica isolada apresentam maior prevalência de HA do avental branco (HAB). Medida da Pressão Arterial Fora do Consultório A MRPA fornece valores de PA mais reprodutíveis e está mais fortemente relacionada com a LOA, particularmente à hipertrofia ventricular esquerda, e a predição de morbimortalidade CV do que a PA do consultório. Há também evidências de que a MRPA pode ter um efeito benéfico na adesão à medicação e no controle da PA, especialmente quando combinada com orientação e aconselhamento. O telemonitoramento e os aplicativos de smartphone podem oferecer vantagens adicionais à MRPA, como auxílio à memória das medidas da PA e uma maneira conveniente de armazenar e editar os dados da PA em laudo digital. A MAPA é melhor preditor de risco CV e de LOA do que a PA do consultório. Hipertensão do Avental Branco (HAB) e Hipertensão Mascarada (HM) Define-se a normotensão verdadeira (NV) como as medidas da PA no consultório e fora do consultório normais, a HA sustentada (HS) quando ambas são anormais, a HAB quando a PA é elevada no consultório, mas é normal fora dele, e HM quando a PA é normal no consultório, mas é elevada fora dele. HA mascarada não controlada, quando a PA está controlada no consultório, mas elevada fora dele; HA do avental branco não controlada quando a PA está elevada no consultório, mas normal fora dele; HA sustentada não controlada, quando a PA no consultório e a fora dele estão elevadas; e HA controlada, quando a PA está normal no consultório e fora dele. Gabriela C. Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial – 2020 Barroso et al. Medida da pressão arterial no consultório O paciente deve sentar-se confortavelmente em um ambiente silencioso por 5 minutos, antes de iniciar as medições da PA. Explique o procedimento ao indivíduo e oriente a não conversar durante a medição. Possíveis dúvidas devem ser esclarecidas antes ou depois do procedimento. Certifique-se de que o paciente NÃO: • Está com a bexiga cheia; • Praticou exercícios físicos há, pelo menos, 60 minutos; • Ingeriu bebidas alcoólicas, café ou alimentos; • Fumou nos 30 minutos anteriores. Três medidas de PA devem ser realizadas, com intervalo de 1 a 2 minutos; e medidas adicionais somente se as duas primeiras leituras diferirem em > 10 mmHg. Registre em prontuário a média das duas últimas leituras da PA, sem “arredondamentos” e o braço em que a PA foi medida. Medidas adicionais podem ter que ser realizadas em pacientes com valores instáveis da PA devido a arritmias. Nos pacientes com FA, os métodos auscultatórios devem ser preferencialmente usados, pois a maioria dos dispositivos automáticos não foi validada para a medida da PA. Use o manguito adequado para a circunferência do braço. O manguito deve ser posicionado ao nível do coração. A palma da mão deve estar voltada para cima e as roupas não devem garrotear o braço. As costas e o antebraço devem estar apoiados; as pernas, descruzadas; e os pés, apoiados no chão. Meça a PA nos dois braços na primeira visita, de preferência simultaneamente, para detectar possíveis diferenças entre os braços. Use o braço com o maior valor como referência. Para pesquisar hipotensão ortostática, meça inicialmente a PA (de preferência, em posição supina), e depois medir a PA 1 minuto e 3 minutos após a pessoa ficar em pé. As medições da PA em repouso e em pé devem ser realizadas em todos os pacientes na primeira consulta e também consideradas em visitas subsequentes em idosos, diabéticos, disautonômicos e pessoas em uso de anti-hipertensivo. Registre a frequência cardíaca. Para excluir arritmia, use palpação do pulso. Informe o valor de PA obtido para o paciente. Classificação da pressão arterial de acordo com a medição no consultório a partir de 18 anos de idade PA ótima < 120 e < 80 PA normal 120-129 e/ou 80-84 Pré-hipertensão 130-139 e/ou 85-89 HA Estágio 1 140-159 e/ou 90-99 HA Estágio 2 160-179 e/ou 100-109 HA Estágio 3 ≥ 180 e/ou ≥ 110 MAPA Vantagens: Leituras noturnas; Permite medições em condições de vida real; Uso em pacientes com cognição prejudicada e nos raros casos de comportamento obsessivo; Permite avaliar a variabilidade da PA em períodos curtos de tempo; Evidência prognóstica mais robusta Desvantagens: Custo elevado; Disponibilidade por vezes limitada; Pode ser desconfortável. MRPA Vantagens: Baixo custo e amplamente disponível; Medição em um ambiente domiciliar, que pode ser mais relaxado do que o do consultório; Permite avaliar a variabilidade da PA no dia a dia; Envolvimento do paciente na medição da PA; Maior adesão ao tratamentoDesvantagens: Somente PA em repouso; Potencial para erro de medição; Não tem leitura noturna. Indicações: • Pesquisa de HA do avental branco e HA mascarada; • Confirmação do diagnóstico de HA resistente • Avaliação do controle da HA, especialmente em pacientes de alto risco CV • Indivíduos com resposta exacerbada da PA ao exercício • Presença de grande variabilidade da PA no consultório • Avaliação de sintomas sugestivos de hipotensão durante o tratamento Indicações específicas para MAPA: • Avaliação da PA durante o sono e/o descenso vigília/sono (p. ex., suspeita de HA noturna, apneia obstrutiva do sono, doença renal crônica, diabetes, HA endócrina ou disfunção autonômica) • Investigação de hipotensão postural e pós-prandial em pacientes não tratados e tratados. Gabriela C. Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial – 2020 Barroso et al. Estratificação de Risco Cardiovascular A DCV é uma condição multifatorial que depende de interações sinérgicas em todo o complexo causal responsável por seu desenvolvimento. Quantificar o risco do paciente hipertenso pode nortear estratégias preventivas e de tratamento. A presença de um ou mais FRCV adicionais aumenta o risco de doença coronariana, cerebrovascular, renal e arterial periférica nos pacientes hipertensos. A identificação dos FR adicionais deve fazer parte da avaliação diagnóstica do paciente hipertenso, especialmente quando há história familiar de DCV. Uma estimativa confiável do risco CV pode ser feita de forma prática por meio da identificação de FR, como: Idade > 65 anos, Sexo (homens > mulheres), Frequência cardíaca (> 80 bpm), Aumento do peso corporal, Diabetes melito, Elevação do LDL-c, História familiar de DCV, História familiar de HAS, Tabagismo e fatores psicossociais e/ou socioeconômicos; Lesões em Órgãos Alvos: presença de HVE, DRC moderada a grave (RFG-e < 60 mL/min/1,73m2) ou de outra avaliação que confirme presença de LOA Doenças prévias: DAC, IC, AVE, DAOP, FA e DRC estágio 3 ou maior. Razões para realizar a estimativa de avaliação de risco •Estimar o risco de eventos cardiovasculares em médio e longo prazos •Determinar o nível de atenção à saúde, como frequência dos atendimentos •Determinar a precocidade de início do tratamento farmacológico •Determinar a intensidade do controle dos fatores de risco modificáveis. Fatores que podem modificar o risco do paciente hipertenso •História familiar ou nos pais de início precoce de hipertensão arterial •Nível muito elevado de um FR individual, incluindo HA estágio3 •Eclâmpsia/pré-eclâmpsia prévia •Apneia do sono •Pressão de pulso > 60 (em pacientes idosos) •Ácido úrico > 7 mg/dL (homens) e > 5,7 mg/dL (mulheres) (GR: I, nível: C) •PCR ultrassensível > 2mg/L (GR: I, nível B) •FC > 80 bpm •Síndrome metabólica •Sedentarismo •Fatores psicossociais e econômicos •Distúrbios inflamatórios crônicos
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