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Pedologia e Geopaleontolgia para Biologia Aula 2: Eventos importantes da Terra Apresentação Trataremos da formação das placas tectônicas a partir das correntes de convecção existentes no interior da Terra, um planeta dinâmico, com os continentes ora em convergência ou divergência, isto é, colidindo ou se afastando entre si. As placas são originadas nas dorsais meso-oceânicas que, ao se chocarem, provocam o mergulho da camada mais densa. Após a constatação da existência das placas tectônicas foi possível explicar as grandes feições geológicas da Terra. Compreenderemos a formação do Himalaia e da Cordilheira dos Andes, por exemplo. Objetivos Examinar de que maneira, através de um breve histórico, a deriva continental deu origem à tectônica de placas; Analisar o atual mosaico elaborado pela distribuição das placas tectônicas; Reconhecer as principais paisagens que corroboram a deriva continental e os tipos de limites entre placas litosféricas. A tectônica de placas A origem da tectônica de placas revolucionou as Geociências assim como a origem das espécies modi�cou as Biociências. Alfred Wegener foi o primeiro pesquisador a discutir a ideia da deriva continental, incentivando outros a pesquisar sobre a existência de movimentos horizontais entre os continentes. Mas a maioria dos geólogos foi convencida pelos físicos daquela época que a Terra possuía camadas externas muito rígidas, Alfred Wegener c. 1924 — 1930. Fonte: Wikipedia. javascript:void(0); portanto seria muito improvável que a deriva continental ocorresse, com poucas exceções entre pesquisadores na Europa, África do Sul e Austrália. Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Deriva continental. Fonte: Shutterstock A deriva continental Os defensores da hipótese da deriva mostraram não apenas o encaixe geográ�co, mas também similaridades entre as rochas quanto à composição, orientações das estruturas geológicas nos lados do Atlântico, bem como em suas idades. Algumas evidências: Presença de fósseis de vegetais Glossopteris (tipo de gimnosperma primitiva) em regiões da África e Brasil, cujas ocorrências se correlacionavam perfeitamente, ao se juntarem os continentes; Evidências de glaciação bem semelhantes com as que acontecem hoje nas regiões polares presentes na região sudeste do Brasil, sul da África, Índia, oeste da Austrália e Antártida. Estas evidências incluem presença de estrias, que indicam os movimentos dessas antigas geleiras, sugerindo que, há muitos milhões de anos, várias partes da Terra, principalmente do hemisfério Sul, estariam recobertas por camadas de gelo como as que ocorrem nas regiões polares. Apesar dessas fortes e grandes evidências, Alfred Wegener não conseguiu explicar algumas questões fundamentais, como, por exemplo: Quais forças seriam responsáveis pela movimentação dos blocos continentais. Como uma crosta rígida (como a crosta continental) conseguiria deslizar sobre outra crosta (como a oceânica), sem que as mesmas fossem quebradas pelo atrito causado por esta movimentação. Na verdade, é porque não conheciam as propriedades plásticas da camada que �ca logo abaixo: a astenosfera. Comentário Os geofísicos foram os que criaram maiores objeções. Por isso, o livro de Wegener, “A origem dos continentes e oceanos”, não foi considerado sério. Com sua morte em 1930, a teoria da deriva continental começa a ser esquecida. Alguns cientistas que o apoiaram não conseguiram explicar a movimentação dessas imensas massas continentais. Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Nos anos 1940 e na década seguinte foram realizadas diversas expedições americanas objetivando mapear o fundo oceânico com equipamentos novos. Coletando amostras de rochas do assoalho oceânico foi possível cartografar uma enorme cadeia de montanhas submarinas, denominada Dorsal ou Cadeia Meso-Oceânica, estendendo-se por toda a Terra, um sistema contínuo associado a um sistema de riftes, indicando um Sistema Distensional. Esquema de funcionamento de uma dorsal oceânica. Fonte: Wikipedia. Esquema de funcionamento de uma dorsal oceânica. Fonte: Wikipedia. Foi constatado que o �uxo térmico na cadeia era mais elevado do que fora da área de sua ocorrência, mas o mais importante é que esta dorsal dividia a crosta submarina em duas partes, podendo representar a ruptura resultante da separação dos continentes. Foi possível obter dados de geocronologia, permitindo informações sobre a idade das rochas do fundo oceânico. Essas informações, e estudos no �nal dos anos 1950 sobre magnetismo das rochas, identi�caram anomalias da magnética das rochas, desvios dos valores médios medidos, que exibiam um aspecto bandado. Saiba mais Para conhecer mais sobre esse assunto, leia Cadeia Dorsal Mesoatlântica. A expansão oceânica Essas bandas magnetizadas de lavas vulcânicas do fundo oceânico guardavam o registro do campo magnético terrestre na época de extrusão das lavas submarinas. Nesse contexto surge a hipótese da expansão oceânica publicada por Harry Hess em 1962, “History of the Ocean Basins”. Tendo como base os dados geológicos e geofísicos disponíveis, esse autor propôs que as estruturas do fundo oceânico estariam associadas a processos de convecção no interior da Terra. Harry Hess, geólogo estadunidense e um oficial da Marinha dos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial. Fonte: Wikipedia. De acordo com esse modelo proposto, esse material, ao atingir a superfície, se movimentaria lateralmente, e o fundo oceânico se afastaria da dorsal. Porém, a fenda não continua a crescer porque o espaço deixado pelo material que sai para formar a nova crosta oceânica é novamente preenchido por novas lavas, que se solidi�cam javascript:void(0); javascript:void(0); formando um novo fundo oceânico. A continuidade deste processo produziria, portanto, a expansão do assoalho oceânico. Detalhe de uma zona de subducção. Fonte: Wikipédia. Com a continuidade desse processo, em algum outro local deve haver um consumo, ou a destruição da crosta oceânica mais antiga aconteceria nas Zonas de Subducção, onde a crosta mais densa “afunda” ou mergulha para o interior da Terra até atingir condições de pressão e temperatura su�cientes para sofrer fusão e ser incorporada novamente ao manto. Camadas da Terra A Terra está dividida em domínios concêntricos maiores, sendo o externo constituído pela litosfera. A parte superior é conhecida como crosta e a parte inferior, mais interna, é composta por rochas do manto superior, sendo que uma das principais diferenças entre elas é a composição química. A crosta continental inclui rochas de composição granítica, e a crosta oceânica é constituída pelas rochas basálticas. Camadas da Terra. Fonte: Shutterstock. As rochas crustais ocorrem sobre o manto superior, sendo que a espessura média da crosta varia de 5 a 10km para a porção oceânica, e entre 25 e 50km para a continental, sendo que, no caso de de grandes cordilheiras, como a do Himalaia, pode chegar a 100km de espessura, sendo compartimentada por falhas, fraturas profundas nas placas tectônicas. Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online São conhecidas como “Zona de Baixa Velocidade”, por conta de redução da velocidade das ondas sísmicas P e S, devido provavelmente à plasticidade entre 100 e javascript:void(0); 350km de profundidade (topo e base da astenosfera). Isso demarca o limite inferior da litosfera e as temperaturas alcançam valores próximos das rochas mantélicas. Placas litosféricas ou placas tectônicas As placas litosféricas podem ser de natureza continental e oceânica. As características são muito distintas, destacando-se a natureza da composição litológica e química, a morfologia, estruturas, idades, espessuras e dinâmica. Placas e crostas continental e oceânica. Fonte: UFRR. Placa Continental - tem composição litológica muito variada, pois pode conter rochas de caráter ácido até ultramá�cas, o que lhe confere uma composição média entre rochas granodioríticasa dioríticas. A parte superior é composta de rochas sedimentares, ígneas e metamór�cas de baixo a médio grau; a parte inferior é constituída predominantemente por rochas metamór�cas de alto grau. Placa oceânica - tem uma composição bem mais homogênea, consistindo de rochas ígneas básicas (basaltos), e é bem menos espessa do que a continental, em geral de 6 a 7km, enquanto a continental pode variar de 30 a 40km, adelgaçando-se à medida que se aproxima das dorsais meso-oceânicas. Saiba mais A crosta continental está sendo formada há pelo menos 4 bilhões de anos. Isso foi comprovado pelas rochas gnáissicas existentes no norte do Canadá, apresentando estruturas altamente complexas produzidas pelos diversos eventos geológicos que afetaram essas rochas após a formação. Limites das placas tectônicas Clique no botão acima. Limites das placas tectônicas As placas tectônicas possuem limites diferenciados em relação umas às outras, como veremos a seguir: 1. Limites divergentes javascript:void(0); Esse tipo de limite é de�nido quando as placas se movimentam de modo a afastarem-se entre elas. As lacunas que são abertas na crosta terrestre durante esse movimento são preenchidas por magma, que sobe para a superfície. Esse magma sofre um processo de resfriamento e consolidação, tornando-se novamente uma rocha. Um exemplo de formação geológica que se originou em um processo divergente foram as cadeias meso-oceânicas. Limite divergente. Fonte: UFFR. 2. Limites convergentes Esse tipo de limite é de�nido pelo movimento das placas em sentido de aproximação, ou seja, quando duas placas tectônicas se movimentam em sentido convergente, colidindo frontalmente. Nesses casos, a placa mais densa mergulha sob a mais leve, sendo incorporada ao material quente e �uido do manto. Um exemplo é a Placa do Pací�co, onde há fossas e províncias vulcânicas. Limite convergente. Fonte: UFFR. 3. Limites conservativos Também conhecido como movimento das falhas transformantes, esse tipo de limite de placas tectônicas ocorre quando as placas se deslocam em sentido contrário uma em relação a outra, horizontalmente. Limite conservativo. Fonte: UFFR. Exemplo Sem criação ou destruição de crostas, um exemplo deste tipo de limite é a Falha de San Andreas, na América do Norte, onde a Placa do Pací�co, contendo a cidade de Los Angeles e a zona da Baixa Califórnia, se desloca para o Norte em relação à Placa Norte Americana, que contém a cidade de São Francisco. Foto aérea da falha de San Andreas. Fonte: Wikipedia. javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); A intensa atividade sísmica e geológica do planeta estaria associada a esses limites, vulcanismo e formação de montanhas (orogênese). Algumas atividades geológicas também podem ocorrer no interior das placas, mas em menor quantidade. De acordo com a teoria da tectônica de placas, a litosfera está fragmentada em um mosaico de cerca de uma dúzia de grandes placas rígidas que estão em movimento sobre a superfície terrestre. Além das alterações nas formas de relevo continentais e oceânicas, a movimentação das placas tectônicas também acarreta outros fenômenos geológicos, como a ocorrência de terremotos e a manifestação dos vulcões. Não por acaso, os principais registros dessas ocorrências manifestam-se nas áreas limítrofes entre uma placa e outra, cujo exemplo mais notório é o Círculo de Fogo do Pací�co, uma área que se estende do oeste da América do Sul ao leste da Ásia e algumas partes da Oceania. Nessa área, os terremotos – e, consequentemente, os tsunamis – são frequentes e intensos. Círculo de Fogo do Pacífico. Fonte: Pensamento Verde. Ao todo, existem várias placas tectônicas. Em algumas de�nições, o número delas é maior, pois subdividem-se mais vezes em razão de suas manifestações internas. As principais placas tectônicas são: Placa do Pací�co, Placa Norte-Americana, Placa de Nazca, Placa do Caribe, Placa dos Cocos, Placa Sul-Americana, Placa Africana, Placa Antártida, Placa Euro-asiática, Placa da Arábia, Placa do Irã, Placa das Filipinas e Placa Indo-australiana. Se quiser ver a geologia em ação, visite um limite de placa. Dependendo da placa, poderá encontrar terremotos, vulcões, montanhas, riftes estreitos e longos etc. Muitas feições geológicas desenvolvem-se por meio de interação das placas em seus limites. Atividade 1. Por quais motivos os geocientistas resistiram à existência da teoria da deriva continental? 2. Quais as principais evidências da deriva continental utilizadas por seus defensores? javascript:void(0); 3. Quais os objetivos de expedições em mapear o fundo oceânico? E quais as principais conclusões após essas expedições? 4. A Terra está dividida em domínios concêntricos maiores, sendo o externo constituído pela litosfera. Faça uma descrição da composição química e das rochas de suas regiões. 5. O que foi proposto pela teoria da tectônica de placas e quais os principais limites e características dessas placas? Notas Referências PRESS, F.; SIEVER, R.; GROTZINGER, J; JORDAN, T.H. Para Entender a Terra. 4. ed. Porto Alegre, 2006. TEIXEIRA, W.; TOLEDO, M. C. M. de; FAIRCHILD, T. R. Decifrando a Terra. 2. ed. São Paulo: O�cina de Textos, 2003. Próxima aula Substâncias naturais, inorgânicas, com composição química de�nida e estrutura atômica bem determinada: os minerais; A gênese de formação das rochas e seus estudos; Propriedades e classes minerais. Explore mais Pesquise na internet sites, vídeos e artigos relacionados ao conteúdo visto. Em caso de dúvidas, converse com seu professor online por meio dos recursos disponíveis no ambiente de aprendizagem.
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