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BIOÉTICA – A ÉTICA DA VIDA FUNDAMENTAÇÃO CONCEITO: ▪ "Bioética nada mais é do que os deveres do ser humano para com o outro ser humano e de todos para com a humanidade”. ▪ Elucidar e refletir acerca das soluções para questões éticas provocadas, principalmente, pelo avanço das tecnociências biomédicas. Abrange questões relacionadas com: ▪ Seres Humanos; ▪ Meio Ambiente; ▪ Animais Critério ético fundamental: Respeito ao ser humano, a seus direitos, a seu bem estar → Dignidade da pessoa. O INÍCIO – 1970 Publicação de duas obras muito importantes de um pesquisador e professor norte-americano da área de oncologia, Van Rensselaer Potter. DEFINIÇÕES ▪ Um dos conceitos que definem bioética (“ética da vida”) é que esta é a ciência “que tem como objetivo indicar os limites e as finalidades da intervenção do homem sobre a vida, identificar os valores de referência racionalmente proponíveis, denunciar os riscos das possíveis aplicações” ▪ Para isso, a Bioética, como área de pesquisa, necessita ser estudada por meio de uma metodologia interdisciplinar. ▪ Profissionais de diversas áreas (profissionais da educação, do direito, da sociologia, da economia, da teologia, da psicologia, da medicina etc.) devem participar das discussões sobre os temas que envolvem o impacto da tecnologia sobre a vida. A Bioética - objetivo facilitar o enfrentamento de questões éticas/bioéticas - vida profissional. Sem esses conceitos básicos, dificilmente alguém consegue enfrentar um dilema, um conflito, e se posicionar diante dele de maneira ética. Não se pretende impor regras de comportamento (para isso, temos as leis), - subsídios - refletir e saber como se comportar em relação às diversas situações da vida profissional em que surgem os conflitos éticos Van Potter estava preocupado com a dimensão que os avanços da ciência, principalmente no âmbito da biotecnologia, estavam adquirindo. Assim propôs um novo ramo do conhecimento que ajudasse as pessoas a pensar nas possíveis implicações (positivas ou negativas) dos avanços da ciência sobre a vida (humana ou de maneira mais ampla de todos os seres vivos). Ele sugeriu que se estabelecesse uma “ponte” entre duas culturas, a científica e humanística, guiado pela seguinte frase:” Nem tudo que é cientificamente possível eticamente aceitável”. O PROGRESSO CIENTÍFICO NÃO É UM MAL, MAS A “VERDADE CIENTÍFICA” NÃO PODE SUBSTITUIR A ÉTICA. O FUNDAMENTO ÉTICO ▪ Existem diversas propostas para estabelecer quais são os critérios (o fundamento, a base) que devem nos orientar nos processos de decisão com os quais podemos nos deparar na nossa vida profissional. ▪ Fundamento ético = estrutura de um prédio = concreto e metal = sustentação de toda a edificação. ▪ Não precisa ser lembrado o tempo todo= como o final da construção em que não vemos mais as fundações ▪ Fundamento ético = sustentáculo de todas as nossas decisões. ▪ Fundamento ético = a pessoa humana. A PESSOA HUMANA ▪ Embriologia = momento da fecundação = com patrimônio genético próprio, e, a partir desse momento, essa vida deverá ser respeitada = direitos e deveres. ▪ Na primeira metade do século XX = as tensões nas pesquisas científicas envolvendo seres humanos ▪ Necessidade de regulamentações éticas para condução dessas investigações ▪ Reflexões sobre as questões morais emergentes com o advento do avanço tecnocientífico. PESQUISAS COM SERES HUMANOS ▪ Início do século XX - não estavam estabelecidos os parâmetros éticos ▪ Usual a utilização dos próprios pacientes como sujeitos das pesquisas – mesmo se reconhecendo a existência, - um primeiro regramento das pesquisas em humanos na Prússia. ▪ Já era obrigatório o consentimento dos participantes. ▪ Maior visibilidade = 1930 - “o desastre de Lübeck” = a morte de 75 de 100 crianças submetidas a um teste com uma vacina para prevenção da tuberculose, sem o consentimento dos seus responsáveis. ▪ Em 1931, a Alemanha estabelece as Diretrizes para Novas Terapêuticas e Pesquisa em Seres Humanos. ▪ Segunda Guerra Mundial, foram procedidas atrocidades - sob a denominação de ‘pesquisas’ - com judeus, ciganos e com outros grupos vulneráveis. ▪ Término da Segunda Guerra Mundial e a instituição do Tribunal de Nuremberg para o julgamento dos nazistas – incluindo os médicos – foi elaborado um conjunto de 10 princípios norteadores da pesquisa envolvendo seres humanos – Código de Nurembreg / Código de Helsinque. CÓDIGO DE NUREMBERG 1. O consentimento voluntário do ser humano é absolutamente essencial. ▪ Isso significa que as pessoas que serão submetidas ao experimento devem ser legalmente capazes de dar consentimento; ▪ Essas pessoas devem exercer o livre direito de escolha sem qualquer intervenção de elementos de força, fraude, mentira, coação, astúcia ou outra forma de restrição posterior; devem ter conhecimento suficiente do assunto em estudo para tomarem uma decisão. ▪ Esse último aspecto exige que sejam explicados às pessoas a natureza, a duração e o propósito do experimento; os métodos segundo os quais será conduzido; as inconveniências e os riscos esperados; os efeitos sobre a saúde ou sobre a pessoa do participante, que eventualmente possam ocorrer, devido à sua participação no experimento. ▪ O dever e a responsabilidade de garantir a qualidade do consentimento repousam sobre o pesquisador que inicia ou dirige um experimento ou se compromete nele. São deveres e responsabilidades pessoais que não podem ser delegados a outrem impunemente. 2. O experimento deve ser tal que produza resultados vantajosos para a sociedade, que não possam ser buscados por outros métodos de estudo, mas não podem ser feitos de maneira casuística ou desnecessariamente. 3. O experimento deve ser baseado em resultados de experimentação em animais e no conhecimento da evolução da doença ou outros problemas em estudo; dessa maneira, os resultados já conhecidos justificam a condição do experimento. 4. O experimento deve ser conduzido de maneira a evitar todo sofrimento e danos desnecessários, quer físicos, quer materiais. 5. Não deve ser conduzido qualquer experimento quando existirem razões para acreditar que pode ocorrer morte ou invalidez permanente; exceto, talvez, quando o próprio médico pesquisador se submeter ao experimento. 6. O grau de risco aceitável deve ser limitado pela importância do problema que o pesquisador se propõe a resolver. 7. Devem ser tomados cuidados especiais para proteger o participante do experimento de qualquer possibilidade de dano, invalidez ou morte, mesmo que remota. 8. O experimento deve ser conduzido apenas por pessoas cientificamente qualificadas. 9. O participante do experimento deve ter a liberdade de se retirar no decorrer do experimento. 10. O pesquisador deve estar preparado para suspender os procedimentos experimentais em qualquer estágio, se ele tiver motivos razoáveis para acreditar que a continuação do experimento provavelmente causará danos, invalidez ou morte para os participantes. DECLARAÇÃO DE HELSINKI I ▪ É missão do médico resguardar a saúde do Povo. Seu conhecimento e sua consciência são dedicados ao cumprimento dessa missão. ▪ A declaração de Genebra da Associação Médica Mundial estabelece o compromisso do médico com as seguintes palavras: "A Saúde do meu paciente será minha primeira consideração", e o Código Internacional de Ética Médica declara: "Qualquer ato ou notícia, que possa enfraquecer a resistência do seu humano, só pode ser usado em seu benefício". I - PRINCÍPIOS BÁSICOS 1 - A pesquisa clínica deve adaptar-se aos princípios morais e científicos que justificam a pesquisa médica e deve ser baseada em experiências de laboratório e com animais ou em outros fatos cientificamente determinados. 2 - A pesquisa clínica deve ser conduzida somente por pessoas cientificamente qualificadas e sob a supervisão de alguém medicamentequalificado. 3 - A pesquisa não pode ser legitimamente desenvolvida, a menos que a importância do objetivo seja proporcional ao risco inerente à pessoa exposta. 4 - Todo projeto de pesquisa clínica deve ser precedido de cuidadosa avaliação dos riscos inerentes, em comparação aos benefícios previsíveis para a pessoa exposta ou para outros. 5 - Precaução especial deve ser tomada pelo médico ao realizar a pesquisa clínica na qual a personalidade da pessoa exposta é passível de ser alterada pelas drogas ou pelo procedimento experimental. PRINCÍPIOS BIOÉTICOS ▪ Conjunto de princípios, de referenciais, de meios, que contribuem para orientar a reflexão e efetivação da ação ética. ▪ Origem: EUA – Relatório de Belmont e Beauchamp e Childress. ▪ Atualmente tem abrangência mundial DIGNIDADE HUMANA Refere à garantia das necessidades vitais de cada indivíduo, ou seja, um valor intrínseco como um todo. É um dos fundamentos do Estado Democrático de Direito, nos termos do artigo 1º, III da Constituição Federal, sendo fundamento basilar da República. IGUALDADE Refere-se à igualdade de tratamento e à justa distribuição das verbas do Estado para a saúde, a pesquisa, e a prevenção, para todos aqueles que fazem parte da sociedade. INVIOLABILIDADE DA VIDA A inviolabilidade do direito à vida, disposto no artigo supra, não se revela em um dever de viver imposto pelo Estado, mas, sim, em uma proteção à vida humana, contra os atos atentatórios de qualquer tipo de poder e das agressões dos indivíduos a este bem. INFORMAÇÃO O paciente deve receber informações claras, objetivas e compreensíveis sobre hipóteses diagnósticas; diagnósticos realizados; exames solicitados; ações terapêuticas, riscos, benefícios e inconvenientes das medidas propostas e duração prevista do tratamento. PROTEÇÃO À SAUDE A bioética da proteção surge a partir de inquietações formuladas inicialmente por pesquisadores latino americanos, tornando explícitos conteúdos que perpassam a ética pela reflexão sobre os problemas morais envolvidos pelas práticas que dizem respeito ao desamparo humano. Nessa perspectiva, prioriza a atenção aos sujeitos vulnerados desprovidos dos meios para atingir seu potencial máximo de saúde. PRINCÍPIO DA BENEFICÊNCIA/NÃO MALEFICENCIA ▪ O princípio da beneficência refere-se à obrigação ética de maximizar o benefício e minimizar o prejuízo. ▪ O profissional deve ter a maior convicção e informação técnica possíveis que assegurem ser o ato médico benéfico ao paciente (ação que faz o bem). Objetivo: oferecer o melhor tratamento ao seu paciente, tanto no que diz respeito à técnica quanto no que se refere ao reconhecimento das necessidades físicas, psicológicas ou sociais do paciente. Um profissional deve, acima de tudo, desejar o melhor para o seu paciente, para restabelecer sua saúde, para prevenir um agravo, ou para promover sua saúde. AUTONOMIA O primeiro princípio que devemos considerar na prática profissional é o de beneficência/não maleficência (benefício/não malefício). O benefício (e o não malefício) do paciente (e da sociedade) sempre foi a principal razão do exercício das profissões que envolvem a saúde das pessoas (física ou psicológica). Beneficência significa “fazer o bem”, e não maleficência significa “evitar o mal”. Desse modo, sempre que o profissional propuser um tratamento a um paciente, ele deverá reconhecer a dignidade do paciente e considera-lo em sua totalidade (todas as dimensões do ser humano devem ser consideradas: física, psicológica, social, espiritual), As pessoas têm “liberdade de decisão” sobre sua vida. A Declaração Universal dos Direitos Humanos, que foi adotada pela Assembleia Geral das Nações Unidas de 1948, manifesta logo no seu início que as pessoas são livres. A autonomia é a capacidade de autodeterminação de uma pessoa, ou seja, o quanto ela pode gerenciar sua própria vontade, livre da influência de outras pessoas. Em alguns momentos, as pessoas têm dificuldade de expressar sua liberdade. Nesses casos, dizemos que ela tem sua autonomia limitada Para isso, ela deve estar livre de pressões externas, pois qualquer tipo de pressão ou subordinação dificulta a expressão da autonomia Para que o respeito pela autonomia seja possível, duas condições são fundamentais: a liberdade e a informação = em um primeiro momento, a pessoa deve ser livre para decidir. ❑ Para permitir o respeito da autonomia das pessoas, o profissional deverá explicar qual será a proposta de tratamento. ❑ Mas atenção! Essa explicação não se esgota na primeira consulta! Em todas as consultas o profissional deverá renovar as informações sobre o tratamento. ❑ Além disso, é preciso ter certeza de que o paciente entendeu as informações que recebeu. ❑ A informação não se encerra com as explicações do profissional, mas com a compreensão, com a assimilação das informações pelos pacientes, desde que essas informações sejam retomadas ao longo do tratamento. ❑ A esse processo de informação e compreensão e posterior comprometimento com o tratamento denominamos consentimento. O EXCESSO DE AUTONOMIA ➢ Supondo que - o respeito pela autonomia de uma pessoa é o princípio que deve ser considerado em primeiro lugar, cairemos em uma armadilha??!! ➢ O paciente tem condições de avaliar qual o melhor tratamento para ele??!! Nem sempre – ele é leigo, não tem o conhecimento técnico necessário para isso! ➢ Imaginemos um paciente que tem uma doença que exige a prescrição de medicamentos. Poderá ocorrer a recusa em tomar os remédios. ➢ Neste caso - o profissional não pode alegar que “o paciente é adulto, sua autonomia deve ser respeitada e por isso ele faz o que ele quiser”. ➢ O profissional = conhecimento técnico = medicamento é necessário deverá se esforçar ao máximo para explicar ao paciente a importância do medicamento. ➢ O princípio da beneficência (e não o da autonomia) deve ser respeitado em primeiro lugar. JUSTIÇA ▪ Refere-se à igualdade de tratamento e à justa distribuição das verbas do Estado para a saúde, a pesquisa etc. ▪ Justiça + Equidade = dar a cada pessoa o que lhe é devido segundo suas necessidades = as pessoas são diferentes e que, portanto, também são diferentes as suas necessidades. ▪ De acordo com o princípio da justiça, é preciso respeitar com imparcialidade o direito de cada um. ▪ Não seria ética uma decisão que levasse um dos personagens envolvidos (profissional ou paciente) a se prejudicar. Objeção de consciência = direito de um profissional de se recusar a realizar um procedimento, aceito pelo paciente ou mesmo legalizado. HIERARQUIA DOS PRINCÍPIOS ▪ Todos esses princípios = nossas “ferramentas” de trabalho = devem ser considerados na ordem em que foram apresentados, pois existe uma hierarquia entre eles. ▪ Diante de um processo de decisão, devemos primeiro nos lembrar do nosso fundamento = o preceito ético fundamental = o reconhecimento do valor da pessoa; ▪ Em seguida, devemos buscar fazer o bem para aquela pessoa (e evitar um mal!); depois devemos respeitar suas escolhas (autonomia); e, por fim, devemos ser justos. TEMAS EM DISCUSSÃO ▪ Práticas abortivas, esterilização masculina e feminina; ▪ Terapia e manipulação genética em todas as suas formas; ▪ Experiências com seres humanos, embriões e cadáveres em qualquer fase do ciclo vital. ▪ Experiências com animais; ▪ Reanimação, eutanásia e direito a uma morte digna; ▪ Suicídi9o e ajuda ao suicídio; ▪ Transplante de órgãos humanos; ▪ Biogenética animal e vegetal.
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