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Processo judicial Tributário para concursos @conteudosPGE Fonte: Leonardo da Cunha, Didier, Machado Segundo, Araken de assis e Execução fiscal aplicada. Ação declaratória tributária: Cabimento: inicialmente, cabe ressaltar que todas as sentenças possuem um conteúdo mínimo declaratório, mesmo as constitutivas e condenatórias. De acordo com Daniel Amorim: O conteúdo da sentença meramente declaratória é a declaração da existência, inexistência ou o modo de ser (não há dúvida de que a relação jurídica existe, mas há incerteza quanto à sua natureza: compra e venda a prazo ou arrendamento mercantil? Empréstimo ou doação?) de uma relação jurídica de direito material. Para a doutrina majoritária (Cassone e Marins), em âmbito tributário, a ação declaratória serve para ver reconhecida judicialmente a forma, existência ou não de determinada relação tributária, buscando acabar com a incerteza. A ação declaratória tributária não vem prevista no artigo 38 da LEF, que trata das ações tributárias, mas isso tem um motivo: a ação declaratória não é meio hábil para discutir a dívida ativa em execução, mas sim para discutir a existência ou não da relação jurídica tributária que autorize a fazenda pública a constituir dívidas ativas em face do contribuinte (Machado segundo). A fazenda pública tem legitimidade para propor ação declaratória em matéria tributária? De acordo com a doutrina majoritária, NÃO! esse entendimento tem sentido, já que a fazenda tem a possibilidade de constituir os créditos tributários que entende possuir, necessitando do poder judiciário apenas para executá-los. interesse de agir do contribuinte: Daniel Marques leciona que a ação declaratória em matéria tributária busca afastar a incerteza existente. Dessa forma, para que exista interesse de agir, é preciso que exista incerteza objetiva, atual e nociva, sob pena de transformá-la em instrumento de consulta sobre lei em tese (Machado Segundo). Também é importante ressaltar que, para a majoritária doutrina, a ação declaratória só pode ser cabível enquanto não iniciado o lançamento. De acordo com Augusto Newton: “Havendo a materialização da relação jurídica tributária por meio do lançamento, a tutela jurisdicional capaz de produzir uma norma individual e concreta contra a figura do lançamento é a tutela desconstitutiva, não a declaratória pura”. Prazo para desconstituir o lançamento: De acordo com o STJ, deve ser aplicado o prazo do decreto 20.910 para as ações desconstitutivas do lançamento tributário, ou seja, 5 anos, conforme Resp 1.033.112-RJ. Legitimidade ativa: Via de regra, a legitimidade é do contribuinte ou responsável. A jurisprudência do STJ tem alguns casos interessantes. O primeiro é a legitimidade do consumidor (contribuinte de fato), nas demandas declaratórias que visam afastar o ICMS sobre a demanda contratada e não utilizada. Vejamos: Diante do que dispõe a legislação que disciplina as concessões de serviço público e da peculiar relação envolvendo o Estado-concedente, a concessionária e o consumidor, esse último tem legitimidade para propor ação declaratória c/c repetição de indébito na qual se busca afastar, no tocante ao fornecimento de energia elétrica, a incidência do ICMS sobre a demanda contratada e não utilizada (repercussão geral do STJ). Por outro lado, o locatário não tem legitimidade para propor ação declaratória em relação ao IPTU e taxa de coleta de lixo, tendo em vista que não se enquadra como contribuinte ou responsável do crédito tributário (REsp 552.468 RJ). Vejamos outro julgado (AgRg no AgRg no REsp 1131379/RJ): A jurisprudência do STJ entende que o locatário não tem legitimidade ativa para a ação de repetição de indébito tributário do IPTU, uma vez que, à luz do art. 34 do CTN, o "contribuinte do imposto é o proprietário do imóvel, o titular do seu domínio útil, ou o seu possuidor a qualquer título", não se admitindo, por outro lado, nos termos do art. 123 do CTN, que convenções particulares, relativas à responsabilidade pelo pagamento de tributos, possam modificar a definição legal do sujeito passivo das obrigações tributárias correspondentes. Legitimidade passiva: Via de regra, é da pessoa jurídica competente para instituir o tributo, salvo no caso de delegação para exigir o cumprimento da obrigação (Rocha Lopez). Vejamos: PROCESSUAL CIVIL. INEXISTÊNCIA DE VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. AÇÃODE REPETIÇÃO DE INDÉBITO REFERENTE À CONTRIBUIÇÃO DESTINADA AOINCRA. UNIÃO. LEGITIMIDADE. LITISCONSÓRCIO PASSIVO NECESSÁRIO. 1. O Poder Judiciário não está obrigado a emitir expresso juízo de valor a respeito de todas as teses e artigos de lei invocados pelas partes, bastando fazer uso de fundamentação adequada e suficiente para o julgamento da causa, o que, no acórdão recorrido, restou atendido pelo Tribunal de origem. Ausente a violação do art. 535 do CPC. 2. Para casos anteriores à Lei 11.457/2007, tanto o INCRA como o INSS devem figurar no pólo passivo da ação em que se pleiteia a inexigibilidade da contribuição adicional ao INCRA: a autarquia agrária, por ser a destinatária da exação, e a autarquia previdenciária, por ser a responsável pelo lançamento, arrecadação e fiscalização da dita contribuição anteriormente à referida lei. Precedentes citados. 3. Com o advento da Lei nº 11.457/2007, as atribuições referentes à tributação, fiscalização, arrecadação, cobrança e recolhimento da contribuição ao INCRA passaram a ser da Receita Federal do Brasil.Outrossim, como o débito original e seus acréscimos legais, relativos à contribuição social em questão, passaram a constituir, nos termos do art. 16 da Lei 11.457/2007, dívida ativa da União, também foi transferida à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional - PGFN a representação judicial da União nas ações em que se questiona a exigibilidade de tal contribuição. Destarte, impõe-se o reconhecimento da legitimidade passiva da União em demandas que também têm por objeto a restituição do indébito tributário. 4. Recurso especial do INCRA parcialmente conhecido e, nessa parte,provido parcialmente para anular os atos posteriores à citação a fim de que a União seja citada como litisconsorte passivo necessário,ficando prejudicadas as demais questões e o recurso especial das autoras. (STJ - REsp: 1265333 RS 2011/0132316-4, Relator: Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, Data de Julgamento: 19/02/2013, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe 26/02/2013) Lançamento durante o período de supensão do CT: é possível que a Fazenda efetue o lançamento do crédito tributário para evitar a decadência enquanto ele está suspenso. Já vi esse tema em várias questões de concursos! cuidado! o crédito está com a exigibilidade suspensa, mas o ente público pode efetuar o lançamento normalmente, só não poderá efetuar atostendentes à cobrança, como inscrição em dívida ativa, propor execução fiscal, etc. Vejamos lição de Ricardo Alexandre: É possível, por exemplo, que seja concedida uma liminar em mandado de segurança mesmo antes da constituição do crédito. Nesse caso, a jurisprudência tem afirmado que a autoridade fiscal não fica impedida de realizar o lançamento, pois o que a liminar suspende é a exigibilidade do crédito e não a possibilidade de constituí-lo. Assim, o crédito pode (e deve) ser constituído, mas sem estipulação de prazo para pagamento e sem imposição de penalidade, devendo-se apor, ao final do documento que instrumentaliza o lançamento, a expressão “suspenso por medida judicial”. Aplicação em concurso de Juiz federal: A concessão de medida liminar em ação judicial suspende a exigibilidade do crédito tributário, mas não a possibilidade de sua constituição pelo fisco. Correto! nos moldes acima comentados! Tutela provisória de urgência: de acordo com a doutrina majoritária e também o STJ, é plenamente possível a concessão de tutela provisória de urgência em sede de ação declaratória. Com efeito, entende-se que essa tutela não pode impedir o fisco de lançar o crédito tributário, sob pena de decadência do direito. Nesse caso haverá um perigo da demora reverso. Efeitos da sentença: é importante conhecer a súmula 239 do STF: “decisão que declara indevida a cobrança do imposto em determinado exercício não faz coisa julgada em relação aos posteriores". É preciso interpretar bem essa súmula para não cometer equívocos. Vejamos a Lição de João Paulo Giordano Fontes: A coisa julgada sempre se formará, mesmo em relação a tributos periódicos, variando seus efeitos de acordo com a causa de pedir e pedido da demanda: se o sujeito passivo requereu o reconhecimento da invalidade ou não ocorrência do fato gerador de um determinado exercício, a decisão que acolhe este pedido só cobrirá com o manto da coisa julgada a inexigibilidade daquele fato gerador específico (enunciado 239 da súmula do STF); se, de outro lado, o pedido se dirigiu para a declaração de invalidade da norma instituidora do tributo, os efeitos da coisa julgada da decisão que o julga procedente abrangerão todos os fatos geradores futuros decorrentes dessa norma. No mesmo sentido, decidiu o STJ no REsp 576.926/PE. Vejamos: 1. A coisa julgada tributária deve ser determinada em função das partes, da causa de pedir e do pedido formulado na inicial. Este último, por sua vez, pode estar delimitado a uma cobrança, num dado exercício financeiro, ou estar relacionado ao tributo, em si mesmo. 2. No primeiro caso, em que o pedido diz respeito a um débito situado em exercício certo, deve ser aplicado o teor da Súmula 239/STF: "Decisão que declara indevida a cobrança do imposto em determinado exercício não faz coisa julgada em relação aos posteriores. " 3. No segundo caso, não se referindo o pedido a exercício financeiro específico, mas ao reconhecimento da inconstitucionalidade ou ilegalidade da exação, ou de sua imunidade ou isenção, por exemplo, deve ser afastada a restrição inserta na mencionada súmula. Isso porque, nessa hipótese, há uma abrangência no pedido e, portanto, sendo esse julgado procedente, a coisa julgada terá efeitos mais amplos, ou seja, abarcará as situações jurídicas posteriores, não se restringindo a exercício financeiro específico. 4. Assim, deve-se ter em conta que a coisa julgada somente protege o que foi objeto do pedido e, por conseguinte, da decisão, de maneira que, se o pedido foi abrangente, a decisão também o será, não se aplicando a Súmula 239/STF, na medida em que a coisa julgada terá maior amplitude; se o pedido restringir-se a determinado exercício, então a decisão estará limitada a esse, incidindo o enunciado da súmula em apreço. Em suma: ● pedido leva em consideração apenas determinado exercício financeiro -> incide a súmula do STF; ● Pedido em relação a inconstitucionalidade da exação -> Não há aplicação da súmula, a coisa julgada não se limitará ao exercício financeiro. Ação Cautelar Fiscal: Trata-se de ação destinada a obter provimento jurisdicional com a finalidade de decretar a indisponibilidade do patrimônio do sujeito passivo de crédito tributário ou não tributário, com vistas à resguardar o resultado prático da futura execução fiscal. Legitimidade ativa: fazendas públicas em geral. Legitimado passivo: devedor tributário, que pode ser contribuinte ou até mesmo o responsável. A ação pode ser intentada antes da constituição do crédito tributário nos casos do contribuinte põe ou tenta por seus bens em nome de terceiros ou aliena bens ou direitos sem proceder à devida comunicação ao órgão da Fazenda Pública competente, quando exigível em virtude de lei. Ademais, também pode ser proposta no curso da execução fiscal. É cabível contra devedor de crédito tributário e não tributário, inclusive para hipóteses de contribuições sociais, nas hipóteses legais. São elas: I - sem domicílio certo, intenta ausentar-se ou alienar bens que possui ou deixa de pagar a obrigação no prazo fixado; II - tendo domicílio certo, ausenta-se ou tenta se ausentar, visando a elidir o adimplemento da obrigação; III - caindo em insolvência, aliena ou tenta alienar bens; IV - contrai ou tenta contrair dívidas que comprometam a liquidez do seu patrimônio; V - notificado pela Fazenda Pública para que proceda ao recolhimento do crédito fiscal: a) deixa de pagá-lo no prazo legal, salvo se suspensa sua exigibilidade; http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9532.htm#art65 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9532.htm#art65 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9532.htm#art65 b) põe ou tenta por seus bens em nome de terceiros; VI - possui débitos, inscritos ou não em Dívida Ativa, que somados ultrapassem trinta (30%) por cento do seu patrimônio conhecido; VII - aliena bens ou direitos sem proceder à devida comunicação ao órgão da Fazenda Pública competente, quando exigível em virtude de lei; VIII - tem sua inscrição no cadastro de contribuintes declarada inapta, pelo órgão fazendário; IX - pratica outros atos que dificultem ou impeçam a satisfação do crédito. Será requerida ao juiz competente para conhecer de eventual execução fiscal, caso seja requerida no tribunal, o competente é o relator do recurso. Concedida a medida liminar, é cabível sua impugnação por agravo de instrumento. O Prazo para contestação é de 15 dias. Quando a medida cautelar fiscal for concedida em procedimento preparatório, deverá a Fazenda Pública propor a execução judicial da Dívida Ativa no prazo de sessenta dias (60), contados da data em que aexigência se tornar irrecorrível na esfera administrativa. O indeferimento da medida cautelar fiscal não obsta a que a Fazenda Pública intente a execução judicial da Dívida Ativa, nem influi no julgamento desta, salvo se o Juiz, no procedimento cautelar fiscal, acolher alegação de pagamento, de compensação, de transação, de remissão, de prescrição ou decadência, de http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9532.htm#art65 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9532.htm#art65 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9532.htm#art65 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9532.htm#art65 conversão do depósito em renda, ou qualquer outra modalidade de extinção da pretensão deduzida. Liminar: Caso seja concedida a medida liminar, a mesma conservará sua eficácia na pendência da execução fiscal e até mesmo nas hipóteses de suspensão do crédito tributário, mas pode ser revogada ou modificada a qualquer tempo. A fazenda não precisa formular justificação prévia ou prestar caução para que seja concedida medida liminar. Basta que esteja presente as hipóteses mencionadas acima e a prova literal da constituição do crédito tributário. Sentença: Via de regra, a sentença proferida não interfere (faz coisa julgada) em relação à execução fiscal, salvo se o juiz reconhecer a alegação de pagamento, de compensação, de transação, de remissão, de prescrição ou decadência, de conversão do depósito em renda, ou qualquer outra modalidade de extinção da pretensão deduzida (Artigo 15 e 16 da Lei). Contra a sentença, é cabível recurso de apelação, que será recebido sem efeito suspensivo, salvo se o requerido promover a garantia da execução correspondente ao valor da prestação da Fazenda Pública. A maior parte das questões de concursos sobre medida cautelar fiscal exigem a literalidade da lei 8.397/92, motivo pelo qual é preciso uma leitura atenta e a resolução de várias questões. A lei é pequena e bastante importante: foi alvo da peça judicial na prova da segunda fase da PGE/MT. Exceção de pré-executividade: De acordo com Leonardo Munareto, é instrumento hábil à defesa na execução, que serve para combater a ausência de algumas das condições da ação ou dos pressupostos processuais da tutela executiva. Para o autor, referida exceção funciona como uma comunicação ao juiz de vícios existentes no processo, que impedirá o regular prosseguimento do mesmo. Matérias alegáveis: No incio do instituto, que teve construção doutrinária de Pontes de Miranda, era aceito somente as matérias que o juiz poderia conhecer de ofício. Com a evolução da ciência processual, o rol de hipóteses que podem ser alegados aumento, sendo possível afirmar que todas as matérias podem ser alegadas na exceção de pré-executividade, desde que exista prova pré-constituída. O único limite é a vedação à produção probatória. Neste sentido, é a lição de Fredie Didier Jr. No entanto, para o STJ, somente as matérias que podem ser reconhecidas de ofício podem ser alegadas. Vejamos Julgado de 2017 (AgInt no AREsp 764227/RS): "a exceção de pré-executividade é cabível quando atendidos simultaneamente dois requisitos, um de ordem material e outro de ordem formal, ou seja: (a) é indispensável que a matéria invocada seja suscetível de conhecimento de ofício pelo juiz; e (b) é indispensável que a decisão possa ser tomada sem necessidade de dilação probatória" (REsp 1.110.925/SP, Rel. Min. TEORI ALBINO ZAVASCKI, DJe de 4/5/2009). A Primeira Seção, no julgamento do REsp 1.104.900/ES, sob o rito dos recursos repetitivos, consolidou o entendimento segundo o qual a exceção de pré-executividade constitui meio legítimo para discutir questões que possam ser conhecidas de ofício pelo magistrado, como as condições da ação, os pressupostos processuais, a decadência, a prescrição, entre outras, desde que desnecessária a dilação probatória. Incidência da Súmula 393/STJ (AgRg no AREsp 552.600/PE, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 23/09/2014). Por esse motivo, o STJ entende também que a ilegitimidade passiva não pode ser alegada em sede de exceção de pré-executividade. Seria necessário que houvesse dilação probatória, o que é vedado pelo tribunal. No entanto, há uma situação que é possível alegar a ilegitimidade em sede de exceção. Vejamos: "sendo os embargos o meio próprio de defesa na execução fiscal, só há margem para discutir a ilegitimidade passiva em exceção de pré-executividade nas situações em que o nome dos sócios não constam da CDA e desde que não haja necessidade de dilação probatória" (AgRg no AREsp 587.319/ES, Rel. Ministra Assusete Magalhães, Segunda Turma, DJe 15.9.2015). É possível alegar a prescrição em sede de exceção de pré-executividade, desde que exista prova cabal, devendo o devedor apresentar todos os elementos que a comprovem. Vejamos (REsp. 1.136.144-RJ): A prescrição, causa extintiva do crédito tributário, é passível de ser vinculada em exceção de pré-executividade, máxime quando fundada na inconstitucionalidade do art 46 da Lei 8.212/1991, reconhecida, com efeitos ex tunc, pelo Supremo Tribunal Federal, para as demandas ajuizadas até 11.06.2008. Vale ressaltar que o ônus de desconstituir a presunção de certeza, liquidez e exigibilidade da certidão de dívida ativa é do sujeito passivo, conforme previsto no artigo 204, parágrafo único do CTN e artigo 3º, parágrafo único da LEF. Art. 3º - A Dívida Ativa regularmente inscrita goza da presunção de certeza e liquidez. Parágrafo Único - A presunção a que se refere este artigo é relativa e pode ser ilidida por prova inequívoca, a cargo do executado ou de terceiro, a quem aproveite. Legitimidade da alegação: podem alegar exceção de pré-executividade o executado, os responsáveis e até mesmo os terceiros, que possam ser atingidos pela execução. O STJ já reconheceu até mesmo a legitimidade do cônjuge para propor a referida exceção (Resp 1.522.093/MS). A exceção não possui rigor, tendo em vista a ausência de regulamentação legal. No entanto, após ser proposta, por simples petição, deve ser aberto prazo (Didier defende que sejam 5 dias, em virtude da ausência legal) para outra parte se manifestar, em obediência aos princípios do contraditório, ampla defesa e vedação à decisão surpresa (Art. 9o Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida). De acordo com Leonardo da Cunha: O ajuizamento da exceção de pré-executividade impõe a instauração do contraditório. Se o juiz acolher a exceção sem que haja prévio contraditório, ainda que se refira a matéria que possa ser conhecida de ofício, haverá nulidade. É obrigatório, enfim, o contraditório na exceção de pré-executividade. Não precisa ser apensada ou recebida em autos apartados. É uma petição e deveser nos processada e também ser decidida nos próprios autos. Via de regra, a exceção NÃO possui efeito suspensivo, salvo quando houver garantia do juízo (posição do STJ – Resp 1.131.064/SP). Vejamos a lição de Araken de Assis: O oferecimento da exceção não trava a marcha do processo executivo. E isso porque os casos de suspensão do processo, em geral (art. 313), e da execução, em particular (art. 921), encontram -se taxativamente previstos. Natureza Jurídica: De acordo com Araken de Assis, a exceção é um meio de impugnação que introduz questões nos processo, buscando a sua extinção. Desta forma, a sua natureza jurídica é de incidente processual. Honorários: a questão do cabimento ou não de honorários advocatícios é bem sintetizada por Leonardo da Cunha, que sintetiza toda a polêmica. Vejamos: “Acolhida a alegação para extinguir a execução fiscal, impõe-se a condenação do exequente em honorários de sucumbência. Rejeitada a alegação, não há condenação em honorários de sucumbência”. Recorribilidade: De acordo com Didier Jr.: Qualquer que seja o nome que se dê a essa forma de defesa do executado (petição simples ou "exceção de pré-executividade), o seu acolhimento pode ensejar a extinção do processo de execução, caso em que o pronunciamento judicial, por ser uma sentença, será impugnável por apelação; a sua rejeição, porém, far-se-á por decisão interlocutória, uma vez que não põe fim ao procedimento, caso em que poderá ser impugnada por agravo de instrumento (art. 1.015, par. ún., CPC). Ação anulatória do ato declarativo da dívida simples: De acordo com João Aurino, trata-se de ação tributária antiexacional, manejada pelo contribuinte, que não possui regime jurídico processual específico, que visa desconstituir o ato administrativo declaratório da existência do crédito fiscal. Conforme mencionamos, antes da constituição do crédito tributário, que acontece pelo lançamento, a ação tributária devida é a declaratória. No entanto, após a constituição do crédito, a ação adequada é a anulatória do ato constitutivo da dívida. De acordo com Leandro Paulsen: “Trata-se de ação ordinária em que é deduzida pretensão no sentido do reconhecimento de que determinada imposição tributária é indevida e de anulação do respectivo lançamento pelo fisco”. Caso a ação anulatória seja proposta quando exista execução fiscal, com ou sem embargos, deve ser reconhecida a conexão entre as demandas para que ocorra julgamento em conjunto. Por ser matéria de interesse público, o juiz pode conhecer da conexão de ofício. Vejamos o que dispõe o CPC: Art. 55. Reputam-se conexas 2 (duas) ou mais ações quando lhes for comum o pedido ou a causa de pedir. § 1o Os processos de ações conexas serão reunidos para decisão conjunta, salvo se um deles já houver sido sentenciado. § 2o Aplica-se o disposto no caput: I - à execução de título extrajudicial e à ação de conhecimento relativa ao mesmo ato jurídico; II - às execuções fundadas no mesmo título executivo. Conforme mencionamos, a jurisprudência do STJ aceita que seja proposta ação anulatória independentemente de serem opostos embargos à execução. Tal posicionamento é fundamentado no princípio da ampla defesa. Prescrição: A ação anulatória também é sujeita à prescrição. De acordo com a jurisprudência do STJ, o prazo prescricional é de 5 anos a partir da notificação fiscal do lançamento, com fulcro no artigo 1º, do decreto-lei nº 20.910 de 1932. Depósito prévio: Alvo de muitas questões, para propor a ação anulatória, não é preciso que exista garantia do juízo. Tal entendimento está cristalizado na súmula 278 do antigo TFR e também na Súmula vinculante 28 do STF. O tema também foi alvo de recurso repetitivo no STJ. Vejamos a ementa: 1. A propositura de ação anulatória de débito fiscal não está condicionada à realização do depósito prévio previsto no art. 38 da Lei de Execuções Fiscais, posto não ter sido o referido dispositivo legal recepcionado pela Constituição Federal de 1988, em virtude de incompatibilidade material com o art. 5º, inciso XXXV, verbis: "a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito". 2. "Ação anulatória de débito fiscal. art. 38 da lei 6.830/80. Razoável a interpretação do aresto recorrido no sentido de que não constitui requisito para a propositura da ação anulatória de débito fiscal o depósito previsto no referido artigo. Tal obrigatoriedade ocorre se o sujeito passivo pretender inibir a Fazenda Pública de propor a execução fiscal. Recurso extraordinário não conhecido." (RE 105552, Relator Min. DJACI FALCAO, Segunda Turma, DJ 30-08-1985) Efeito suspensivo: A ação anulatória também não possui efeito suspensivo automático. Caso queira conferir efeito suspensivo, o contribuinte pode efetivar o depósito do montante cobrado pela fazenda pública de forma integral e em dinheiro (Súmula 112, STJ) ou buscar as outras formas de suspensão do crédito tributário. Procedimento: A ação anulatória irá seguir o procedimento comum previsto no NCPC. Caso a ação seja julgada totalmente procedente, a execução fiscal será extinta; no entanto, caso seja anulada apenas parcialmente, a fazenda pública poderá corrigir, de ofício, o vício que macula a CDA e apresentar os novos valores para dar continuidade à execução fiscal. Honorários: A ação anulatória é medida judicial autônoma e desta forma, é cabível, via de regra, a fixação dos honorários advocatícios. A exceção fica por conta da ação anulatória manejada pela defensoria pública em face de CDA do respectivo ente federativo. Neste caso, não são devidos honorários. Vejamos (Súmula 421 do STJ): Os honorários advocatícios não são devidos à Defensoria Pública quando ela atua contra a pessoa jurídica de direito público à qual pertença. A fixação dos honorários devem respeitar os critérios previstos no CPC e legislação extravagante, devendo também observar os objetivos da sucumbência e causalidade. Ação de restituição de indébito tributário: trata-se de ação com o objetivo de desconstituir o ato declarativo da dívida cumulado com pedido de devolução dos valores pagos para satisfação do crédito tributário. Art. 165. O sujeito passivo tem direito, independentemente de prévio protesto, à restituição total ou parcial do tributo, seja qual for a modalidade do seu pagamento, ressalvado o disposto no § 4º do artigo 162, nos seguintes casos: I - cobrança ou pagamento espontâneo de tributo indevido ou maior que o devido em face da legislação tributária aplicável, ou da natureza ou circunstâncias materiais do fato gerador efetivamente ocorrido; II - erro na edificação do sujeito passivo, na determinação da alíquota aplicável,no cálculo do montante do débito ou na elaboração ou conferência de qualquer documento relativo ao pagamento; III - reforma, anulação, revogação ou rescisão de decisão condenatória. De acordo com o artigo 167 do CTN, a restituição do indébito engloba o tributo pago juros moratórios e multa. Os juros de mora são devidos a partir do trânsito em julgado da ação e se não houver lei editando o mesmo, é devido no percentual de um por cento ao mês. A jurisprudência do STJ não aceita a incidência de juros compensatório em nenhuma hipótese. No entanto, é devida a correção monetária desde o pagamento indevido, nos termos da súmula 162 do STJ. Juros de mora ---> Trânsito em julgado; Correção Monetária ----> pagamento indevido. Importante ressaltarmos o que dispõe a súmula 523 do STJ: A taxa de juros de mora incidente na repetição de indébito de tributos estaduais deve corresponder à utilizada para cobrança do tributo pago em atraso, sendo legítima a incidência da taxa Selic, em ambas as hipóteses, quando prevista na legislação local, vedada sua cumulação com quaisquer outros índices (a selic já engloba juros e correção monetária). Prescrição: De acordo com o artigo 168 do CTN, o direito de pleitear a restituição ocorre após 5 anos. Vejamos: Art. 168. O direito de pleitear a restituição extingue-se com o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contados: I - nas hipótese dos incisos I e II do artigo 165, da data da extinção do crédito tributário; II - na hipótese do inciso III do artigo 165, da data em que se tornar definitiva a decisão administrativa ou passar em julgado a http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp118.htm#art3 decisão judicial que tenha reformado, anulado, revogado ou rescindido a decisão condenatória. No entanto, caso o contribuinte efetue o pedido de restituição do indébito tributário na via administrativa e o mesmo seja negado, o prazo será de dois anos, conforme disposto no artigo 169 do CTN. Vejamos: Art. 169. Prescreve em dois anos a ação anulatória da decisão administrativa que denegar a restituição. Parágrafo único. O prazo de prescrição é interrompido pelo início da ação judicial, recomeçando o seu curso, por metade, a partir da data da intimação validamente feita ao representante judicial da Fazenda Pública interessada. Execução do julgado: Conforme jurisprudência do STJ, o contribuinte pode optar por receber, por meio de precatório ou por compensação, o indébito tributário certificado por sentença declaratória transitada em julgado (Súmula 461).
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