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Seminário IV - REALIZAÇÃO DA DÍVIDA ATIVA - EXECUÇÃO FISCAL E MEDIDA CAUTELAR FISCAL

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IBET – INSTITUTO BRASILEIRO DE ESTUDOS TRIBUTÁRIOS
MÓDULO: EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO
SEMINÁRIO IV – REALIZAÇÃO DA DÍVIDA ATIVA: EXECUÇÃO FISCAL E MEDIDA CAUTELAR FISCAL
ALUNO: DIEGO ROBERT FERNANDES MARIALVA
São José dos Campos – SP
2020
Questões
1. Qual a natureza jurídica da execução fiscal e da medida cautelar fiscal? Identificar o fundamento e os requisitos legais da medida cautelar fiscal, bem como apontar qual o momento oportuno para a sua propositura. (Vide anexos I e II).
Resposta: A ação de execução fiscal tem natureza exacional satisfativa que visa, de maneira coercitiva, a expropriação de um patrimônio do sujeito passivo com o intuito de satisfazer o crédito tributário devido.
Já a medida cautelar fiscal exige, além dos fundamentos previstos na lei 8.397/92, dois requisitos básicos para sua concessão: fumus boni juris e periculum in mora. Enquanto este prevê a necessidade da presença de uma probabilidade de dano para o credor, aquele prevê a necessidade da presença de direito do credor. 
Assim, a medida cautelar tem natureza exacional assecuratória, que visa impeder que o direito violado seja impossibilidade, garantindo assim a efetividade da decisão da execução fiscal.
Oportuno se faz definir o momento para propor a cautelar fiscal. Conforme abaixo transcrevo, o art. 1º da lei 8.397/92 prevê que a cautelar fiscal só pode ser instaurada após a constituição do crédito fiscal. Porém, em seu parágrafo único traz duas exceções (que permitem a cautelar fiscal antes mesmo da constituição do crédito tributário), quais sejam, os incisos V, alínea "b", e VII, do art. 2º. 
Ademais, entendo que o tempo da proposição da cautelar fiscal varia caso a caso, conforme ocorrer as situações previstas na lei supramencionada.
1º O procedimento cautelar fiscal poderá ser instaurado após a constituição do crédito, inclusive no curso da execução judicial da Dívida Ativa da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e respectivas autarquias.
Parágrafo Único. O requerimento da medida cautelar, na hipótese dos incisos V, alínea "b", e VI, do art. 2º, independe da prévia constituição do crédito tributário.
Art. 2º A medida cautelar fiscal poderá ser requerida contra o sujeito passivo de crédito tributário ou não tributário, quando o devedor: 
I - sem domicílio certo, intenta ausentar-se ou alienar bens que possui ou deixa de pagar a obrigação no prazo fixado;
II - tendo domicílio certo, ausenta-se ou tenta se ausentar, visando a elidir o adimplemento da obrigação;
III - caindo em insolvência, aliena ou tenta alienar bens;
IV - contrai ou tenta contrair dívidas que comprometam a liquidez do seu patrimônio;
V - notificado pela Fazenda Pública para que proceda ao recolhimento do crédito fiscal: 
a) deixa de pagá-lo no prazo legal, salvo se suspensa sua exigibilidade; 
b) põe ou tenta por seus bens em nome de terceiros;
VI - possui débitos, inscritos ou não em Dívida Ativa, que somados ultrapassem trinta por cento do seu patrimônio conhecido; 
VII - aliena bens ou direitos sem proceder à devida comunicação ao órgão da Fazenda Pública competente, quando exigível em virtude de lei; 
VIII - tem sua inscrição no cadastro de contribuintes declarada inapta, pelo órgão fazendário; 
IX - pratica outros atos que dificultem ou impeçam a satisfação do crédito.
2. A CDA que instrui a petição inicial do executivo fiscal pode ser retificada quantas vezes bem entender o Fisco? Quais vícios fundamentam sua retificação? Até que momento a CDA pode ser alterada? (Vide anexo III).
Resposta: Não há previsão legal de limitação da quantidade de vezes em que a CDA pode ser certificada. Por isso, o Fisco pode se valer de quantas vezes forem necessárias para retificar uma CDA, desde que respeitado o lapso temporal legalmente definido e que o prazo para defesa seja devolvido ao interessado. Vejamos o que dispõe o CTN:
Art. 203. A omissão de quaisquer dos requisitos previstos no artigo anterior, ou o erro a eles relativo, são causas de nulidade da inscrição e do processo de cobrança dela decorrente, mas a nulidade poderá ser sanada até a decisão de primeira instância, mediante substituição da certidão nula, devolvido ao sujeito passivo, acusado ou interessado o prazo para defesa, que somente poderá versar sobre a parte modificada.
No mesmo sentido, a lei 6.830/80 em seu art. 2º, §8º, afirma que:
"Até a decisão de primeira instância, a Certidão de Dívida Ativa poderá ser emendada ou substituída, assegurada ao executado a devolução do prazo para embargos."
Seja no CTN quanto na Lei 6.830/80, o legislador citou "decisão de primeira instância" sem especificar se tratar de mero despacho interlocutório ou sentença. Depreende por adotar a corrente que defende ser essa decisão de primeira instância a sentença de mérito proferida nos embargos à execução fiscal, pois é nesse momento em que a pretensão executiva se dá por resolvida. Ratificando assim, o entendimento sumulado do STJ abaixo transcrito:
A Fazenda Pública pode substituir a certidão de dívida ativa (CDA) até a prolação da sentença de embargos, quando se tratar de correção de erro material ou formal, vedada a modificação do sujeito passivo da execução.
Alguns doutrinadores discutem ainda o momento para a retificação da certidão nas hipóteses de não haver embargos. Nesse ponto, discordo do entendimento que afirma que a arrematação ou adjudicação são os momentos limítrofes para a retificação da CDA. Tendo em vista que, nesses casos, a pretensão executiva só se encerra com a sentença que extingue a execução fiscal, ficando postergado para este momento o limite para a retificação da CDA.
A retificação de uma certidão de dívida ativa consubstancia uma maneira célere de se satisfazer o crédito tributário, fazendo parecer a necessidade de nova ação de execução fiscal. Em que pese acreditar que a CDA possa ser retificada tantas vezes quanto forem necessárias antes da sentença de embargos, coaduno da ideia de existem limites na retificação.
A CDA deve corresponder fielmente ao contido no processo administrativo. Desta forma, não é possível que a retificação da CDA inove o lançamento, o qual só pode ser alterado nos limites do art. 149 do CTN. É nesse sentido que a jurisprudência não tem aceitado a substituição do Sujeito Passivo na CDA, conforme súmula 392 do STJ, já transcrita mais acima.
3. Considerando as alterações relativas ao processo de execução trazidas pelo CPC/15, pergunta-se:
a) Aplicam-se os arts. 915 e 919 do CPC/15 nos processos de Execução Fiscal? (Vide anexo IV);
Resposta: Entendo que o art. 915 do CPC/15 não se aplica em execuções fiscais. O embasamento segue a LEF, norma específica que estipulou um prazo de 30 dias, conforme seu art. 16. Contudo, entendo ser possível a aplicabilidade do art. 919 do CPC/15 de maneira subsidiária à LEF. Tal posicionamento baseia-se no fato de a LEF ter sido silente quanto aos efeitos suspensivos do embargo à execução.
b) Na execução fiscal, ao executado ainda persiste o direito de, no prazo de 5 dias da sua citação, “garantir a execução”? Justifique sua resposta.
Resposta: O art. 916 permitiu o parcelamento nas execuções, desde que dentro do prazo de embargos o exequente reconheça os débitos e comprove o depósito de 30% do valor em execução acrescido de custas e honorários. Ocorre que o prazo para embargos é, segundo a LEF, de 30 dias. Tal fato apresenta uma aparente antinomia, tendo em vista que o art. 8º da LEF apresenta o prazo de apenas 5 dias para que o exequente apresente bens à penhora ou efetue o pagamento. Assim, estaria esse prazo morto em virtude do art. 916, do CPC/15? Entendo que o artigo antes citado não se aplica às execuções fiscais pelo fato de ser o CPC uma norma de aplicação subsidiária à LEF, cujo art. 1º e art. 916, do CPC/15 abaixo transcrevo:
Art. 1º - A execução judicial para cobrança da Dívida Ativa da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e respectivasautarquias será regida por esta Lei e, subsidiariamente, pelo Código de Processo Civil.
Art. 916. No prazo para embargos, reconhecendo o crédito do exequente e comprovando o depósito de trinta por cento do valor em execução, acrescido de custas e de honorários de advogado, o executado poderá requerer que lhe seja permitido pagar o restante em até 6 (seis) parcelas mensais, acrescidas de correção monetária e de juros de um por cento ao mês.
Nesse sentido, os prazos processuais da execução fiscal devem ser contados em dias úteis, por aplicação subsidiária do artigo 219 do CPC/2015; e permanece a obrigatoriedade de garantia do juízo para viabilização da oposição dos embargos à execução, tendo em vista que a lei especial (LEF) disciplina especificamente a questão e deve ser privilegiada ante as disposições do CPC/2015
4. Com relação ao instrumento constritivo do patrimônio do contribuinte-devedor previsto no art. 185-A do CTN (conhecido como penhora “on-line”). Pergunta-se: (i) Qual sua natureza jurídica? Trata-se de espécie de penhora ou de medida cautelar? (ii) A decretação da indisponibilidade a que se refere o art. 185-A dp CTN é fato jurídico suficiente à abertura de prazo para apresentação de embargos? (iii) Quais seus pressupostos e limites legais? É necessária demonstração por parte da Fazenda de que inexistem outros bens capazes de garantir a dívida? Ou aplica-se o art. 854 do CPC/15? (Vide anexo V e VI).
Resposta: A penhora "online" não se trata de uma nova modalidade, mas sim de uma evolução da "penhora sobre dinheiro". Tem natureza de uma penhora constritiva direta eletrônica utilizando de modernos mecanismos tecnológicos para ser efetuada, rompendo com formalismos burocráticos. 
Quanto ao processo de execução fiscal, em que pese caso excepcional de entendimento de possibilidade de penhora online via bacenjud antes mesmo da citação do executado, nos termos do art. 854, do CPC/15, isso fere substancialmente o direito de defesa do executado, que sequer foi ainda citado. Nesse ponto, entendo que deve ser a penhora online medida de penhora em favor do fisco no decorrer do processo, não podendo ser medida cautelar antes da formação da lide. 
Em que pese o entendimento literal do art. 16 da LEF não permitir o embargo à execução sem que se tenha oferecido garantia, sigo a linha do entendimento do STJ que, com base em tais princípios constitucionais, já mitigou a obrigatoriedade de garantia integral do crédito executado para o recebimento dos embargos à execução fiscal na sistemática dos recursos repetitivos. Nessa linha de interpretação, deve ser afastada a exigência da garantia do juízo para a oposição de embargos à execução fiscal.
A controvérsia deve ser resolvida não sob esse ângulo (do executado ser beneficiário, ou não, da justiça gratuita), mas, sim, pelo lado da sua hipossuficiência, pois, adotando-se tese contrária, tal implicaria em garantir o direito de defesa ao 'rico', que dispõe de patrimônio suficiente para segurar o Juízo, e negar o direito de defesa ao 'pobre'.
Para o colegiado, não tendo a hipossuficiência do executado sido enfrentada pelas instâncias ordinárias, premissa fática indispensável para a solução do litígio, é de rigor a devolução dos autos à origem para que defina tal circunstância, "mostrando-se necessária a investigação da existência de bens ou direitos penhoráveis, ainda que sejam insuficientes à garantia do débito e, por óbvio, com observância das limitações legais.
Importante destacar que existem limites e pressupostos para a decretação da indisponibilidade dos bens. Eles estão elencados no art. 185-A do CNT:
Art. 185-A. Na hipótese de o devedor tributário, devidamente citado, não pagar nem apresentar bens à penhora no prazo legal e não forem encontrados bens penhoráveis, o juiz determinará a indisponibilidade de seus bens e direitos, comunicando a decisão, preferencialmente por meio eletrônico, aos órgãos e entidades que promovem registros de transferência de bens, especialmente ao registro público de imóveis e às autoridades supervisoras do mercado bancário e do mercado de capitais, a fim de que, no âmbito de suas atribuições, façam cumprir a ordem judicial. 
Resumidamente, os pressupostos são: (I0 citação do devedor; (ii) não pagamento e não apresentação de bens à penhora no prazo legal; (iii) não serem encontrados bens e direitos. 
No que tange a esse último, considero-o ultrapassado. Ora, nada mais fungível que o próprio dinheiro em espécie. Tanto o é que se encontra no topo da ordem de penhora prevista no art. 11 da LEF. Assim, se o devedor for citado e não pagou nem apresentou bens à penhora, logo fica autorizada a penhora de seus bens obedecendo a ordem do art. 11. Assim, ao efetuar-se a penhora "online" de depósitos, o Estado nada mais está que obedecendo a regra da LEF ao preferir dinheiro a qualquer outra coisa menos fungível. Nesse particular, se o devedor teve a oportunidade de prazo para oferecer bens à penhora e não o fez, o Estado está autorizado a fazer.
5. Na execução fiscal o devedor-executado é citado para pagar ou indicar bem (ns) à penhora em cinco dias. Na hipótese de oferecimento de seguro-garantia, terá o devedor-executado que acrescentar 30% do valor do débito executado ao seguro para que essa modalidade de garantia seja aceita? Considere em sua resposta o teor do art. 7°, II da Lei n. 6.830/80 e o § 2° do art. 835 do CPC/15.
Resposta: O Superior Tribunal de Justiça (STJ) pacificou na 1ª e 2ª Turmas o entendimento de que a garantia do juízo apresentada por seguro garantia judicial (ou fiança bancária) em penhora inicial não requer o acréscimo de 30% para a sua aceitação.
A Corte afastou a parte final do i) § 2º, do art. 835 e ii) do parágrafo único, do art. 848, ambos do CPC/15, que exigem que a apólice de garantia judicial (ou a fiança bancária) não seja inferior ao débito inicial “acrescido de trinta por cento”, afirmando que, nos casos de penhora inicial, a lei não faz qualquer previsão legal traduzindo em uma exigência mais gravosa ao executado. De acordo com os julgados precedentes, a exigência do acréscimo de 30%, originalmente do art. 656, § 2º, do CPC/73 e que resultou na redação de ambos os artigos do CPC/15, refere-se, em princípio, às hipóteses “substituição de penhora” já efetivada nos autos, ou seja, para aquelas não iniciais.
No Agravo Interno no Recurso Especial n. 1.760.556/GO, o Tribunal de Justiça do Estado do Goiás não aceitou do seguro garantia judicial para execução fiscal apresentado em execução fiscal alegando a inexistência o acréscimo de 30%, conforme § 2º, do art. 835 do CPC/15. Contudo, o Ministro Mauro Campbell Marques, da 2ª Turma do STJ, afastou tal entendimento sustentando a sua contrariedade ao posicionamento daquela Corte:
“Contudo, tal entendimento não guarda consonância com a orientação desta Corte Superior, que é firme no sentido de que o at. 656, § 2º, do CPC/1973 (equivalente ao art. 848, parágrafo único, do CPC/2015), trata da hipótese de “substituição da penhora”, razão pela qual não pode ser ampliado para as hipóteses de nomeação (inicial) efetuada pelo executado.” (STJ-2ª T., AgInt no REsp n. 1.760.556-GO, j. 14/05/2019 – grifo nosso).
Esta decisão alinhou o entendimento com outro julgamento da 1ª Turma (AgInt no REsp n. 1.316.037), na qual a Ministra Regina Helena Costa apontou que o acréscimo de 30% é exigência mais gravosa ao executado e aplicável, somente, nos casos de substituição já efetivada e não na penhora inicial para discussão judicial:
“É pacífico o entendimento no Superior Tribunal de Justiça segundo o qual a exigência mais gravosa para o executado relativa ao acréscimo de 30%, na hipótese de substituição da penhora por fiança bancária ou seguro garantia judicial, não se aplica, em princípio, ao caso da penhora inicial, dada a ausência de previsão legal.” (STJ-1ª T., AgInt no REsp n. 1.316.037-MA, Rel. Min. Regina Helena Costa, j. 13/09/2016).
Esta harmonização do STJ é muito importante porque estanca a divergência jurisprudencial existente nas instânciasinferiores promovendo uma gestão automática do risco jurídico quando da contratação do seguro garantia judicial para tomadores e corretores. O “fantasma dos 30%” já assombrou muito os operadores deste segmento seja do mercado segurador, corretor e, principalmente, tomadores de operações de massa em que a variação de preço e montante financeiro capitado no mercado são vultosos. Para o tomador ocasional este posicionamento resultará, por óbvio, em consideração diminuição do valor a ser garantido. Todavia, com os 30% ou sem eles, o importante é manter uma ajustada gestão do risco jurídico do processo garantido.
6. Qual o termo inicial para consideração da fraude à execução fiscal? Há alguma divergência entre o art. 185 do CTN e o art. 792 do CPC/15? (Vide anexo VII).
Resposta: Antes da LC 118/05, considerava-se o termo inicial para a fraude à execução como sendo o início da execução fiscal. Com o advento da referida LC retro, passou-se a considerar o termo inicial para a fraude à execução a simples inscrição em dívida ativa, não importando o início da execução fiscal (art. 185 do CTN).
Assim, entendo não haver incompatibilidade entre os dois institutos uma vez que o CTN não previu termo inicial para o caso do instituto da desconsideração da personalidade jurídica, o que torna necessária a utilização de forma subsidiária do art. 792, §3º, do CPC/5 para os casos de fraude à execução.
Em conclusão, na fraude à execução fiscal, considerando que a lei especial se sobrepõe ao regime do direito processual civil, haverá presunção absoluta de fraude quando a alienação/oneração for realizada após inscrição em dívida ativa, isso para negócios realizados após a vigência da Lei Complementar n.º 118/2005 (09.06.05), que alterou o art. 185 do CTN.
7. A Fazenda Nacional ajuizou, no ano de 2016, execução fiscal contra a empresa XPTO, requerendo, na petição inicial, o redirecionamento fiscal para seu sócio Luís Antônio, com lastro no art. 135, III, do CTN, tendo por fundamento fático o encerramento irregular da sociedade. Considerando a vigência do novo Código de Processo Civil, pergunta-se:
a) é necessário, no caso relatado, a instauração do incidente de desconsideração da personalidade jurídica (IDPJ)? Sendo negativa a resposta ou positiva a resposta, justifique? Se for negativa em que hipóteses o IDPJ seria cabível?
Resposta: Entendo não ser possível a instauração do IDPJ, pois o deferimento do pedido de desconsideração da personalidade jurídica e o consequente redirecionamento da execução contra os administradores e sócios da empresa impõem prova do abuso da personalidade jurídica, caracterizada pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial, adiciona-se isso ao dolo em criar tais situações ou mesmo na tentativa lesar credores. A existência de indícios de encerramento irregular da empresa e a insolvência da pessoa jurídica, não ensejam, por si sós, o deferimento do pedido de desconsideração da personalidade jurídica. A insuficiente demonstração acerca da existência de elementos mínimos que induzam ao uso indevido da pessoa jurídica inviabiliza a instauração do incidente de desconsideração. 
b) uma vez instaurado o IDPJ, a defesa apresentada pelo sócio ou pessoal jurídica que se pretende atribuir responsabilidade pela obrigação tributária pode versar sobre o mérito da cobrança (inexigibilidade do crédito tributário), ou apenas sobre a ilegitimidade de sua responsabilização patrimonial pela dívida objeto da execução fiscal?
Resposta: No intuito de coibir os possíveis abusos e desvios que poderão ser cometidos por indivíduos maus intencionados se valendo do escudo da autonomia e proteção patrimonial, foi criada a teoria da desconsideração da personalidade jurídica, que permite superar a separação entre os bens da empresa e de seus sócios.
Com o propósito de entregar maior segurança aos jurisdicionados, o Código Processual de 2015, nos seus artigos 133 e 134, positivou o procedimento a ser observado pelo magistrado e pelas partes que pretendam obter a desconsideração da personalidade jurídica:
Art. 133. O incidente de desconsideração da personalidade jurídica será instaurado a pedido da parte ou do Ministério Público, quando lhe couber intervir no processo.
§ 1º O pedido de desconsideração da personalidade jurídica observará os pressupostos previstos em lei.
Art. 134. O incidente de desconsideração é cabível em todas as fases do processo de conhecimento, no cumprimento de sentença e na execução fundada em título executivo extrajudicial.
Primando pela observância ao devido processo legal, contraditório e ampla defesa, o legislador infraconstitucional determinou no artigo 135 do CPC, in fine, que uma vez requerido e instaurado o incidente de desconsideração da pessoa jurídica serão os interessados intimados para apresentação de defesa:
Art. 135. Instaurado o incidente, o sócio ou a pessoa jurídica será citado para manifestar-se e requerer as provas cabíveis no prazo de 15 (quinze) dias.
O princípio do contraditório é um reflexo da democracia, já que exercer o contraditório significa participar de forma efetiva do processo, seja ele judicial ou administrativo. Em outras palavras, esse princípio garante aos litigantes o direito de participar do processo e de influenciar na decisão a ser proferida, pois não há contraditório sem defesa.
Como se nota, o conceito de contraditório compreende a garantia de efetiva participação das partes no desenvolvimento de todo o litígio, mediante a possibilidade de influírem, em igualdade de condições, no convencimento do magistrado, contribuindo na descrição dos fatos, na produção de provas e no debate das questões de direito, e, nesse momento, se aproxima do princípio da isonomia.
Essa dialética processual deve ser observada ao longo de todo o processo, de forma que, antes de decidir sobre a desconsideração da personalidade jurídica e determinar o redirecionamento da execução fiscal, o juiz deve instaurar o contraditório prévio, pois constitui uma necessidade inerente ao processo judicial, ostentando a natureza de uma garantia inviolável de todo cidadão.
É preciso observar o contraditório prévio a fim de evitar um “julgamento surpresa”, ainda que se trate de uma questão que possa ser conhecida de ofício ou de uma presunção simples, conforme previsão dos artigos 9 e 10 do CPC:
Art. 9º Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida.
Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício.
Em suma, a decisão que determina o redirecionamento da execução sem instaurar o incidente de desconsideração da pessoa jurídica viola os princípios constitucionais do devido processo legal, contraditório e da isonomia, além do princípio processual da não surpresa.
A desconsideração da personalidade jurídica é medida anômala e excepcional, cuja hipótese de cabimento exige uma análise mais detalhada e a comprovação de uma das hipóteses prevista no artigo 135 do CTN, a saber, prática de atos com excesso de poder, infração à lei, contrato social ou estatuto:
Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos:
I - as pessoas referidas no artigo anterior;
II - os mandatários, prepostos e empregados;
III - os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado.
A mera incompetência na administração da empresa não é, por isso só, motivo suficiente para superar a personalidade jurídica e, com isso, penetrar no patrimônio dos sócios, pois a insolvência do devedor compõe o risco natural da atividade empresarial.
Igualmente, a dissolução da pessoa jurídica não é motivo suficiente para a desconsideração da personalidade jurídica, pois equivale à responsabilização dos sócios por mero inadimplemento, ocasionadopela insuficiência de bens necessários à satisfação das dívidas contraídas, o que a rigor é pressuposto para decretação da falência, e não da desconsideração da personalidade jurídica.
A simples inadimplência da obrigação não configura infração capaz de ensejar a responsabilização solidária do sócio, conforme a Súmula 430 do STJ: “O inadimplemento da obrigação tributária pela sociedade não gera, por si só, a responsabilidade solidária do sócio-gerente”.
Pensar de forma diferente levaria à violação ao princípio do livre exercício da iniciativa privada e ao princípio da função social da propriedade, talhados no artigo 170 da Constituição Federal, in verbis:
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: [...]
III - função social da propriedade; [...]
Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei.
Assim, não há dúvidas de que o instituto da desconsideração da personalidade jurídica deve ser aplicado com cautela, obedecendo aos requisitos previstos em lei, com a apresentação de provas concretas de que a finalidade da pessoa jurídica foi desviada, não bastando a mera alegação genérica.
É inegável o uso do incidente de desconsideração da personalidade jurídica aos processos da seara tributária, pois o artigo 1 da Lei 6.830/1980 é claro ao prever a aplicação subsidiária do Código de Processo Civil ao processo de execução:
Art. 1º - A execução judicial para cobrança da Dívida Ativa da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e respectivas autarquias será regida por esta Lei e, subsidiariamente, pelo Código de Processo Civil.
Tal entendimento é corroborado pelo parágrafo 2º do artigo 4, ao aduzir que se aplica a Dívida Ativa da Fazenda Pública de qualquer natureza às normas relativas à responsabilidade prevista na lei civil:
Art. 4º - A execução fiscal poderá ser promovida contra: [...]
§ 2º - À Dívida Ativa da Fazenda Pública, de qualquer natureza, aplicam-se as normas relativas à responsabilidade prevista na legislação tributária, civil e comercial.
O ordenamento jurídico está em constante evolução, de forma que os operadores devem, nas lições do professor Carlos Maximiliano, interpretar o texto legislativo de maneira inteligente, não de modo que a ordem legal envolva um absurdo, prescreva inconveniência ou conclusões inconsistentes e impossíveis.
Entender que o novo instituto não tem aplicabilidade na seara tributária é desconsiderar por completo a evolução do Direito e negá-lo na sua própria essência.
8. Em sua opinião, para que a execução fiscal seja proposta já com o sócio no pólo passivo (seu nome consta na certidão de dívida ativa) e necessário que participado do processo administrativo para apuração de sua responsabilidade? Justifique sua resposta indicando o dispositivo normativo processual (CPC/2015 ou de lei de execução fiscal) que confirma ou infirma a legitimidade passiva do sócio na execução fiscal. 
Resposta: Para que um sócio seja obrigado a assumir a dívida da empresa, o Fisco precisa fundamentar sua participação em alguma infração.
O STJ tem entendimento consolidado de que se permite, em tese, o redirecionamento da execução fiscal contra o sócio-gerente cujo nome consta do título, desde que ele tenha agido com excesso de poderes, infração à lei ou estatuto, contrato social, ou na hipótese de dissolução irregular da empresa, não se incluindo o simples inadimplemento da obrigação tributária.
Incluir o nome do sócio na Certidão de Dívida Ativa (CDA) com base no art. 13, da Lei nº 8.620/93, padece inclusive de amparo constitucional, uma vez que o dispositivo foi considerado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal em 03 de novembro de 2010. 
Nesse sentido, há de se prestigiar que é inconstitucional a responsabilização ou redirecionamento de execução fiscal, quando ausentes os elementos que caracterizem a atuação dolosa dos sócios.
O STJ entendeu que o artigo tido como inconstitucional não pode ser usado, ou o Código Tributário Nacional ser aplicado acima dele. Além disso, entendeu que um sócio pode ter de arcar com dívida da empresa, mas apenas nos casos previstos no art. 135 do CTN.
Assim, na prática, mesmo que o sócio já conste da Certidão de Dívida Ativa (CDA) e esta tenha presunção de certeza e liquidez, a procuradoria está obrigada a demonstrar que cumpriu o rito e provou infração cometida por ele, ou seja, que tenha uma fundamentação válida para incluí-lo.
Por derradeiro, não basta colocar o nome do sócio na CDA. Existe o entendimento muito claro que se o nome do sócio está na CDA, ainda que este tenha o ônus de provar que não cometeu a infração, a administração também não pode fazer o que quiser para incluir o nome, precisa necessariamente de uma fundamentação.
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