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Dialogando SOBRE Metodologia Científica Presidente da República Dilma Rousseff Ministro da Educação Fernando Haddad Universidade Federal do Ceará ReitoR Prof. Jesualdo Pereira Farias Vice-ReitoR Prof. Henry Campos Conselho Editorial PResidente Prof. Antônio Cláudio Lima Guimarães conselheiRos Profa Adelaide Maria Gonçalves Pereira Profa Ângela Maria Mota Rossas de Gutiérrez Prof. Gil de Aquino Farias Prof. Italo Gurgel Prof. José Edmar da Silva Ribeiro Diretor da Faculdade de Educação Luís Távora Furtado Ribeiro Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Educação Brasileira Enéas Arrais Neto Chefe do Departamento de Fundamentos da Educação Nicolino Trompieri Filho DIÁLOGOS INTEMPESTIVOS cooRdenação editoRial José Gerardo Vasconcelos (Editor-ChEfE) Kelma Socorro Alves Lopes de Matos Wagner Bandeira Andriola dra AnA MAriA iório diAs (UfC) dra ÂngElA ArrUdA (UfrJ) dra ÂngElA t. soUsA (UfC) dr. Antonio gErMAno M. JUnior (UECE) dra AntôniA dilAMAr ArAúJo (UECE) dr. Antonio PAUlino dE soUsA (UfMA) dra CArlA ViAnA CosCArElli (UfMg) dra CEllinA rodrigUEs MUniz (Ufrn) dra dorA lEAl rosA (UfBA) dra EliAnE dos s. CAVAllEiro (UnB) dr. ElizEU ClEMEntino dE soUzA (UnEB) dr. EMAnUEl lUís roqUE soArEs (UfrB) dr. EnéAs ArrAis nEto (UfC) dra frAnCiMAr dUArtE ArrUdA (Uff) dr. hErMínio BorgEs nEto (UfC) drailMA ViEirA do nAsCiMEnto (UfMA) dra JAilEilA MEnEzEs (UfPE) dr. JorgE CArVAlho (Ufs) dr. José AirEs dE CAstro filho (UfC) dr. José gErArdo VAsConCElos (UfC) dr. José lEVi fUrtAdo sAMPAio (UfC) dr. JUArEz dAyrEll (UfMg) dr. Júlio CEsAr r. dE ArAúJo (UfC) dr. JUstino dE soUsA Júnior (UfMg) dra KElMA soCorro AlVEs loPEs dE MAtos (UfC) dra lUCiAnA loBo (UfC) dra MAriA dE fátiMA V. dA CostA (UfC) dra MAriA izABEl PEdrosA (UfPE) dra MAriA JUrACi MAiA CAVAlCAntE (UfC) dra MAriA noBrE dAMAsCEno (UfC) dra MArly AMArilhA (Ufrn) dra MArtA ArAúJo (Ufrn) dr. MEssiAs holAndA diEB (UErn) dr. nElson BArros dA CostA (UfC) dr. ozir tEssEr (UfC) dr. PAUlo sérgio tUMolo (UfsC) dra rAqUEl s. gonçAlVEs (UfMt) dr. rAiMUndo ElMo dE PAUlA V. Júnior (UECE) dra sAndrA h. PEtit (UfC) dra shArA JAnE holAndA CostA AdAd (UfPi) dra silViA roBErtA dA M. roChA (UfCg) dra VAlEsKA fortEs dE oliVEirA (UfsM) dra VEriAnA dE fátiMA r. ColAço (UfC) dr. WAgnEr BAndEirA AndriolA (UfC) conselho editoRial Ymiracy N. de Souza Polak José Alves Diniz José Rogério Santana A U t o r E s Fortaleza 2011 Dialogando SOBRE Metodologia Científica Helena Marinho José Alves Diniz José Rogério Santana Mauro C. Pequeno Pedro Ivo Polak Júnior Ymiracy N. de Souza Polak Dialogando sobre Metodologia Científica © 2011 Ymiracy N. de Souza Polak, José Alves Diniz e José Rogério Santana (Autores) Impresso no Brasil / Printed in Brazil Efetuado depósito legal na Biblioteca Nacional TODOS OS DIREITOS RESERVADOS Editora Universidade Federal do Ceará — UFC Av. da Universidade, 2932, Benfica, Fortaleza-Ceará CEP: 60.020-181 — Tel/Fax: (85) 3366.7439. Diretoria: 3366.7766. Administração: 3366.7499 Site: www.editora.ufc.br — e-mail. editora@ufc.br Faculdade de Educação Rua Waldery Uchoa, No 1, Benfica — CEP: 60.020-110 Telefones: (85) 3366.7663/3366.7665/3366.7667 — Fax: (85) 3366.7666 Distribuição: Fone: (85) 3214.5129 — e-mail: aurelio-fernandes@ig.com.br Normalização Bibliográfica Perpétua Socorro Tavares Guimarães CRB 3/801 Projeto Gráfico e Capa Carlos Alberto Alexandre Dantas (carlosalberto.adantas@gmail.com) Revisão Silvânia BravoBezerra Nunes Catalogação na Fonte Dialogando sobre Metodologia Científica./Ymiracy N. de Souza Polak, José Alves Diniz e José Rogério Santana et. al. [autores].— Fortaleza: Edições UFC, 2011. 177p. Isbn: 978-85-7282-463-7 (Coleção Diálogos Intempestivos, n. 104) 1. Metodologia da Pesquisa CDD: 001.4 A todos aqueles que têm interesse na construção de novos saberes, de novas práticas e de uma SOCIEDADE INCLUDENTE. Agradecimentos Aos colegas que acreditaram em meu sonho ao abrirem espaço em suas agendas para contribuir com a socialização do conheci- mento e com a desmitificação da metodolo- gia científica, mediante uma escrita diferen- ciada que reitera a ideia de que o LEITOR seja um COAUTOR. Ao Diretor do INSTITUTO VIRTUAL DO CEA- RÁ, professor Dr. Mauro C. Pequeno e ao Co- ordenador do Programa da Escola de Gestores e o do Grupo de Pesquisa professor Dr. José Rogério Santana que viabilizaram a custo- mização do presente livro, sem a qual seria impossível a editoração. Ao professor Dr. José M. F. Alves Diniz, que mesmo com sua indisponibilidade de agen- da, abraçou meu sonho e possibilitou que ele se tornasse uma realidade. Ao Pedro Ivo Po- lak Jr. e a Helena que somaram esforços na escrita e organização de minhas ideias, sem os quais a jornada seria mais árdua. A minha família em especial ao Pedro Ivo, meu esposo e aos meus três filhos, Aninha, Tony e Ivo, que cedem o espaço da mãe e da esposa para a profissional e vêm me ajudan- do durante anos a enfrentar desafios e a acre- ditar que todo o sonho é possível. A todos os que não foram mencionados no- minalmente, mas que sabem que foram e são importantes. SOBRE OS AUTORES Helena de Lima Marinho Rodrigues Araújo helenamarinho@virtual.ufc.br Doutoranda em Educação na Linha de Pesquisa: História e Me- mória da Educação (Universidade Federal do Ceará — UFC); mestre em Filosofia (UFC); especialista em Gestão Escolar (Universidade Es- tadual Vale do Acaraú — UVA) e Educação a Distância — (SENAC- -CE). Graduada em Filosofia Licen- ciatura e Pedagogia Licenciatura (Universidade Estadual do Ceará — UECE). Profa. tuto- ra e orientadora do TC dos Cursos de Pós-graduação do Instituto UFC-Virtual; docente colaboradora da Univer- sidade Estadual Vale do Acaraú — (UVA) e faculdades particulares (nos cursos de Graduação e Pós-gradua- ção). Pesquisadora dos Grupos de Estudo e Pesquisa da UECE (CNPq): Ética e Direitos Humanos e Ética e Meta- física. Membro da Associação Brasileira de Educação a Distância (ABED). Trabalha com as áreas de pesquisa: Filosofia (Fenomenologia e Ética) e Educação (Ensino Normal, Memória, Gestão Escolar, Formação de Profes- sores, Estágio Supervisionado, Avaliação e Educação a Distância). José Rogério Santana rogerio@virtual.ufc.br Professor adjunto do Instituto UFC Virtual da Universidade Federal do Ceará. Doutor em Educação pela UFC — Pesquisador em Educação Matemática assistida por Compu- tador. Professor do Programa de Pós-Graduação em Educação com linha de pesquisa no NHIME — Nú- cleo de História e Memória da Edu- cação pela FACED/UFC com área de pesquisa em Imagem, memória e educação. Coordena- dor do Grupo de Pesquisa BioDigital do Instituto UFC Vir- tual que envolve Labicult/UECE e FATECI/CE. Membro do LABICULT/UECE na área de Bioinformática e Educação Biomédica e Biológica Assistida por Computador. Mauro Cavalcante Pequeno mauro@virtual.ufc.br Graduado em Engenharia Civil, mestrado em Ciência da Compu- tação e doutorado em Engenharia Elétrica. Atualmente é professor associado II da Universidade Fe- deral do Ceará, consultor Ad Hoc do Conselho Nacional de Desen- volvimento Científico e Tecnoló- gico (CNPq), da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), da Secretaria de Educação a Distância (MEC) e da Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado da Paraíba. É coordenador do Programa Um computador por Aluno (UCA) no Ceará, coordenador do Programa Universidade Aberta do Brasil (UAB) na UFC e Diretor do Instituto Universidade Virtual. Áreas de Atuação: — Uso das Tecnologias de Informação e Comunicação na Educação — Educação a Distância. Pedro Ivo Polak Júnior pedroivopolak@gmail.com Formado em Odontologia. Espe- cialista em Implantodontia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Mestrado em Enge- nharia Mecânica pela Universi- dade Federal do Paraná. Autor de diversos artigos na área de ciência dos materiais. Professor tutor e orientador do Instituto virtual do Ceará onde participou na forma- ção de turmasde especialização em Mídias. SUMÁRIO APRESENTAÇÃO Ymiracy N. de S. Polak .........................................................15 PREFÁCIO Mauro C Pequeno .................................................................19 CAPÍTULO 1 CIÊNCIA E CONHECIMENTO: UMA INICIAÇÃO À PESQUISA Ymiracy N. de S. Polak José Alves Diniz ....................................................................23 CAPÍTULO 2 ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO ACADÊMICO Ymiracy N. de S. Polak José A. Diniz Pedro Ivo Polak Júnior ..........................................................39 CAPÍTULO 3 CONVERSANDO SOBRE PESQUISA Ymiracy N de Souza Polak José Alves Diniz ....................................................................67 CAPÍTULO 4 METODOLOGIAS E PEDAGOGIA DE PROJETOS José Rogério Santana ............................................................99 CAPÍTULO 5 PROJETO DE PESQUISA Ymiracy N. de S. Polak Mauro C. Pequeno ............................................................. 117 CAPITULO 6 PROJETO VIVENCIAL Ymiracy N. de S. Polak José Alves Diniz Helena Marinho ................................................................ 139 CAPÍTULO 7 ORIENTAÇÃO QUANTO À REDAÇÃO DO TRABALHO ACADÊMICO Ymiracy N. de S Polak José Alves Diniz ................................................................. 153 15 APRESENTAÇÃO A escola do século XXI exige o pensar reflexivo, sistematizado e crítico; exige docentes e alunos com competências para transitar na pluralidade cultural, a conviver num ambiente altamente competitivo, o que por sua vez, requer a busca, o projetar e o planejar con- tínuo. Exige dos futuros profissionais competências para: diagnosticar problemas, organizar e validar suas ações; habilidades para saber fazer, saber conviver e saber ser; coletar dados e informações necessários ao seu en- torno profissional e social; a compreensão e o interpre- tar situações complexas; trabalhar com a infinidade de tecnologias presentes na sociedade da informação Como atender a estas exigências sem a pesqui- sa, sem um método que indique o caminho e ajude na busca de soluções para problemas que surgem no entorno da escola e da sociedade como todo? Acreditamos que a resposta seja a pesquisa e a metodologia científica, as quais podem assegurar o de- senvolvimento das competências e habilidades elenca- das, além de outras. Contudo, para que isso seja possível é preciso que: seja assegurado a todos os interessados, ambiente e recursos que assegurem a elaboração de projetos e sua implementação; haja investimento na formação de profissionais independentemente de suas áreas de conhecimento e que os recursos investidos se- jam devidamente monitorados; investimento em uma formação sólida, textos que oportunizem aos alunos a compreensão do método científico, de sua finalidade e aplicabilidade. Esta realidade nos leva a acreditar que a pesqui- sa e o método científico são instrumentos inclusivos e, por isso, devem ser conhecidos, ter seus princípios apropriados, assimilados por um grande contingente de pessoas, o que lamentavelmente, não ocorre, pois 16 como orientadores de monografias, de projetos de tra- balho, de dissertações e de teses, constatamos uma grande dificuldade em nossos orientandos em entender a pesquisa e em aplicar as normas e as regras básicas da metodologia científica. Esta problemática se faz presente, quer nas orien- tações presenciais quer nas efetuadas no ambiente on line. No ambiente virtual, a dificuldade toma outra dimensão, pois nem sempre o orientando tem à sua disposição, fontes de consulta ou os textos indicados pelo orientador não estão mais disponibilizados na internet, problemas esses que aumentam o estresse e dificultam a elaboração do trabalho. Tais dificuldades tomam maior vulto quando o uso das ferramentas constituintes dos Ambientes de Aprendizagem, AVAs; a legislação que regula o uso das fontes bibliográficas, e o como navegar no ciberespa- ço são desconhecidos pelos orientandos e orientadores, que são na maioria das vezes imigrantes digitais. Cientes desta problemática, assumimos o desa- fio, o sonho de escrever um livro sobre Metodologia Científica com outra linguagem e que fosse disponibi- lizado ao leitor em diversas mídias, uma vez que vive- mos no cenário da convergência midiática. Para concretização deste sonho, percorremos uma trajetória nem sempre amena, vivenciando de- safios de naturezas diversas. Contudo, apesar das difi- culdades e dos desafios enfrentados desde o momento em que foi gestada a ideia de lançar o presente livro, nunca desanimamos. O cansaço servia de estimulo, pois fomos e somos movidos pelo desejo de presentear a todos aqueles interessados na pesquisa com um livro escrito em uma linguagem familiar ao leitor, assegu- rando contudo, o teor da cientificidade.. Nosso objetivo no presente trabalho é ajudar a desmitificar o método, a valorizar o pensar, o planejar e a investigação científica. 17 Assim, foi a escrita deste livro, uma jornada de- safiadora, instigante e corajosa, uma jornada, ponti- lhada de reflexões, discussões e trocas, o que a tornou muito gratificante. O mais gratificante foi ter encontrado no cami- nho colegas com o mesmo sonho, que aceitaram de imediato o convite de participar da produção de um li- vro com uma nova abordagem, destinado à uma clien- tela interessada na sistematização de seus processos e pouco familiarizada com a pesquisa. Desta forma, reunimos colegas que se encon- tram em países e Estados distintos, com vasto conhe- cimento em metodologia científica e de pesquisa; que são mestres e sonhadores, e, que abriram suas agen- das para participar da escrita do livro Dialogando Sobre a Metodologia Científica, sem pretensões fi- nanceiras, movidos apenas pelo desejo de contribuir com a construção ou reconstrução do conhecimento e de compartilhar suas experiências com você, caro leitor, com a intenção de ter você como um parceiro, e em torná-lo um coautor, e um colaborador. Aí reside o diferencial deste livro: ser uma pro- posta resultante de um trabalho cooperativo, colabora- tivo, e em rede; um trabalho interdisciplinar e mediado pela Web2, o qual foi executado nos finais de semana, madrugadas adentro, com a intenção de partilhar com o outro, com você, nossas experiências como pesquisa- dores, tendo em vista minimizar a sua dificuldade e a dificuldade de outros, que estão trabalhando ou pre- tendem trabalhar com projetos, independentemente de sua natureza. Além do sonho, contamos com o apoio de dois visionários, o Diretor do Instituto Virtual da UFC, Dr. Mauro C. Pequeno e o Coordenador do Programa da Escola de Gestores do Estado do Ceará, Dr. José Rogério Santana e da SEDUC/MEC, que investem e lutam em prol de uma sociedade mais justa e inclusiva. 18 Agradeço também à Fundação de Ciencia e Tec- nologia do Estado do Ceará — FUNCAP —, pela bolsa de Desenvolvimento Científico Regional DCR, o que possi- bilitou o vivenciar com um grupo de comprometido com a ciência e a construção do conhecimento no Estado. O universo conspirou a nosso favor, ao possibi- litar recursos financeiros e tecnológicos sem os quais, talvez, ainda estivéssemos no plano dos sonhos. Desta forma, todos os autores com sua cota, um pedaço de si e juntos, no tear dos teclados, teceram um texto contendo múltiplos matizes, o que o diferencia dos demais textos que abordam a temática em foco. Ressaltamos também, a importância da me- diação tecnológica, a qual foi instrumento basilar na busca, nas discussões, revisões e escrita do texto e nos ajudou na concretização de nosso sonho: o de levar para pessoas que, apesar de distantes e de não serem conhecidas por nós, uma abordagem desmitificada da metodologia. Com o presente livro convidamos você a per- correr conosco o caminho da pesquisa, a tornar-se um parceiro na construção de uma sociedade inclusiva e na busca de um vir-a-ser mais profícuo para todos. Ymiracy N. de S. PolakCUritiBA, 2011 19 PREFÁCIO “A ciência se compõe de erros que, por sua vez, são os passos até a verdade.” (Julio Verne). A histó- ria está recheada de exemplos que comprovam essa afirmação. Aristóteles (384-322 a. C.), por exemplo, afirmou que, um corpo pesado cai mais rápido que outro, mais leve. Afirmação contestada séculos mais tarde por Isa- ac Newton. O próprio Galileu (1564-1642), reconheci- damente um notável cientista, afirmou que os cometas não passavam de fenômenos ópticos. Outro grande erro também cometido por ele foi o de atribuir à rota- ção da terra o fenômeno das marés, e não à atração da Lua, como foi comprovado mais tarde. A história da ciência está crivada de erros gros- seiros, e muitos deles poderiam ser evitados se os cien- tistas da época lançassem mão de uma metodologia de investigação, e que levassem em conta diversos aspec- tos da observação e comprovação dos fatos e fenôme- nos. Esses fatos ensejaram a criação de uma metodolo- gia científica de investigação. A Metodologia Científica como a conhecemos tem sua origem no pensamento de Descartes, que foi posteriormente desenvolvida empiricamente pelo físico inglês Sir Isaac Newton, recebendo diversos acréscimos de outros cientista como Karl Popper e Thomaz Kuhn. Embora seja reconhecidamente a base para o desenvolvimento de qualquer trabalho científico, o es- tudo da Metodologia Científica e seus princípios têm apresentado grande rejeição por parte dos alunos de graduação e de pós-graduação. Essa rejeição deve-se em grande parte pelo seu desconhecimento e pela for- ma que é apresentado aos alunos, que se sentem intei- ramente desmotivados a se debruçarem sobre o estudo de seus princípios e fundamentos. Esse livro veio com o intuito de desmistificar a Metodologia Científica, apresentando ao leitor os con- 20 teúdos de uma forma clara e objetiva, sem contudo, afastar da forma acadêmica, buscando a motivação do leitor através da dialogicidade presente em todos os capítulos do mesmo. O livro está disposto em sete capítulos, onde os fundamentos da Metodologia Científica são apresenta- dos de forma racional, onde a teoria e prática se mes- clam para dar ao aluno uma visão clara sobre cada um dos seus fundamentos. O Capítulo I, de autoria dos professores Ymiracy Polak e José Alves Diniz, inicia-se com uma introdu- ção à pesquisa, abordando o conceito de ciência e os diversos tipos de conhecimento, com a finalidade de introduzir o leitor ao método científico de uma forma científica, mas ao mesmo tempo, coloquial. No Capítulo II, os autores Ymiracy Polak, José Alves Diniz e Pedro Ivo Polak Jr., apresentam a tipolo- gia do trabalho acadêmico, produção de textos, análi- se textual, destacando a importância da Leitura e das Normas da ABNT. O Capítulo III trata das tipologias da pesquisa e suas etapas, devidamente fundamentada, tendo como diferencial a exploração estruturada da dialogicidade. Os autores, Ymiracy Polak e José Alves Diniz procura- ram abordar o tema de forma simples e objetiva, con- tudo, mantendo um estilo acadêmico e científico. No Capítulo IV, o Prof. Rogério Santana aborda a pedagogia de projetos enquanto metodologia, enfo- cando, sobretudo, as ações de pesquisa em educação, nos casos específicos em que o objeto da pesquisa está associado a situações reais que implicam em experi- ência vivencial, tanto dos pesquisadores quanto dos atores sociais. Além dos aspectos mencionados, o autor apresenta novos modos de investigação e articulação tomando por base as metodologias de pesquisa que utilizam recursos diversos, desde tecnologias digitais a concepções que envolvam pedagogia no campo e pe- dagogia da alternância. O leitor é instigado a aprofun- 21 dar aspectos da metodologia da pesquisa em educação tomando como base a pedagogia de projetos e suas possibilidades vivenciais. O Capítulo V trata do Projeto de Pesquisa, no qual é apresentada a importância do projeto e sua fi- nalidade, onde a visão dos autores de áreas diversas (Ymiracy Polak, José Diniz e Mauro Pequeno) trazem ao leitor, numa abordagem multidisciplinar, a temá- tica Projeto de Pesquisa, indo da teoria à prática, da prática à teoria, num processo reflexivo e crítico, des- mistificando o projeto, salientando que o mesmo está presente no cotidiano do ser humano, devendo contu- do, ser sistematizado e fundamentado segundo o rigor da Metodologia Científica. O capitulo VI trata do Projeto Vivencial, da au- toria das Professoras Ymiracy Polak e Helena Marinho, e visa solucionar um problema ou situação problema com o coletivo. Aqui, os conceitos são questionados, são feitas intervenções propondo uma nova denomi- nação para o projeto. O Capítulo VII encerra o livro, onde os autores, Professores Ymiracy Polak e José Alves Diniz fornecem orientações sobre a formatação do trabalho acadêmico, trazendo modelos e informações que subsidiarão aos inte- ressados a construção de seus próprios trabalhos. Ao aliar a teoria à prática e a prática à teoria, os autores desse livro conseguiram traduzir suas expe- riências tendo por base uma ampla bagagem científica em diferentes áreas do conhecimento. Essa diversidade de olhares contribuiu para a riqueza desse livro que, certamente será apreciada pelos leitores. Fortaleza, 2 de julho de 2011. Prof. Dr Mauro C Pequeno Diretor do Instituto Virtual da UFC 23 CAPÍTULO 1 CIÊNCIA E CONHECIMENTO: UMA INICIAÇÃO À PESQUISA Ymiracy N. de S. Polak José Alves Diniz Apresentação O conhecimento humano se faz presente du- rante toda a história da humanidade, devendo ser compreendido em sua trajetória evolutiva quando modifica-se, reconfigura-se conforme o paradigma vigente, o que justifica uma certa reflexividade com relação ao objeto a ser conhecido, exigindo sistema- tização. Método este que assegura a investigação, o estudo do objeto de interesse, dando início a Meto- dologia Científica, como um instrumento, um cami- nho baseado em critérios, em princípios, como res- posta ao problema. Assim, pode-se entender a Metodologia Cien- tífica como um caminho, uma via, uma ordem a ser seguida num estudo, pesquisa de objeto, visando um fim determinado (CUNHA, 1994). A metodologia exige rigor na abordagem do objeto, bem como logicidade e cientificidade no método, tendo em vista prevenir con- tradições e incoerências em sua aplicabilidade. Pelo ex- posto, pode-se inferir que a metodologia está a serviço da construção da ciência e nasceu sob a égide da razão e da verdade, rigor este que se faz presente em todos os discursos rotulados como científicos. A questão do rigor da ciência tem consequências importantes para a Metodologia Científica, uma vez que, por meio dela, o pesquisador pode diferenciar a construção de uma interpretação científica, em vista de uma determinada situação, e esta construção pode ser feita a partir de uma situação qualquer, ou seja, des- provida de fundamentação. YMIRACY N. DE S. POLAK • JOSÉ ALVES DINIZ 24 Neste capítulo, você terá oportunidade de refletir sobre a epistemologia que dá suporte ao pensar, à sis- tematização dos processos, ao compreender o que seja ciência e os diversos tipos de conhecimento que subsi- diam nossa visão de mundo e o nosso saber fazer e o saber ser. EPistEMologiA PAlAVrA dE origEM grEgA “EPistEME” CiênCiA E “logiE” lógiCA Considerando a amplitude do tema e que o mes- mo não é nosso objeto de estudo, apresentaremos fla- shes sobre ciência e os principais tipos de conhecimen- to, com o objetivo de ajudá–lo a correlacionar o seu saber fazer e seu saber ser com os conceitos que serão apresentados no presente capítulo. PARE E REFLITA! AntEs dE ProssEgUir, PArE E dEsCrEVA CoM sUAs PAlAVrAs o qUE VoCê EntEndE Por CiênCiA E CoMPArE CoM o APrEsEntAdo no itEM sEgUintE Ciência Ciência é uma palavra latina “Scientia”, de “scirei” (saber), que determina um conjunto coerente de conhecimentos relativos a certas categorias de ob- jetos1, fatos ou fenômenos2 que obedecem a leis e quesão verificados através do método experimental (ciên- 1 O termo objeto é usado num sentido lato e abstrato: uma pessoa, um lugar e um instrumento são objetos, tal como uma dor ou uma emoção (DAMÁSIO, 2000). 2 Pode signifi car: 1. Aquilo que acontece e que é visível à observa-Pode significar: 1. Aquilo que acontece e que é visível à observa- ção; 2. Qualquer dado; 3. Um fato ou um acontecimento provado. CAPÍTULO 1 — CIÊNCIA E CONHECIMENTO: UMA INICIAÇÃO À PESQUISA 25 cias factuais) ou pela demonstração (ciências formais3) (Nova Enciclopédia Larousse, 1994). A ciência visa a produção ou reconstrução do conhecimento de forma racional, exata, sistemática e devidamente fundamentada, sendo desenvolvida em todas as àreas do conhecimento. Componentes da Ciência As ciências possuem, como componentes: objeti- vo ou finalidade; ou função e um objeto a ser estudado. PARADA PARA REFLEXÃO! PEnsE EM sUAs PrátiCAs E VEJA CoMo APliCAr A MEtodologiA CiEntífiCA no Entorno dE sEU trABAlho. nEstE ProCEsso rEflExiVo idEntifiqUE o oBJEto dE sEU intErEssE dE EstUdo E disCUtA CoM sEU ProfEsor tUtor, PArA VErifiCAr A PossiBilidAdE do EstUdo E o Método A sEr sEgUido. Vejamos agora com mais clareza quais são os componentes da ciência: a) Objetivo ou finalidade: tem uma preocupação em distinguir a característica comum ou as leis gerais que regem determinados eventos.4 3 As ciências factuais, como a Física e a Sociologia, estudam fatos que supostamente ocorrem no mundo (natural ou social) e, em con- sequência, recorrem à observação e à experimentação para testar as suas hipóteses. As ciências formais, entre as quais encontram-se a Lógica e a Matemática, que não tendo relação com algo encontrado na realidade, não podem valer-se dos contatos com essa realidade para convalidar as suas fórmulas. A Lógica e a Matemática tratam de entes ideais, tanto abstratos quanto interpretados, existentes apenas na mente humana e, mesmo nela, em âmbito conceitual e não fisiológico (LAKATOS & MARCONI, 1999). 4 Ou seja, o propósito da Ciência é a construção de teoria e a ex- plicação de fenómenos naturais (KERLINGER, 1980). YMIRACY N. DE S. POLAK • JOSÉ ALVES DINIZ 26 b) Função: que se modifica no contínuo e visa aperfeiç ar o acervo de conhecimentos da re- lação do Homem com o seu mundo. c) O objeto da ciência se subdivide em dois: Objeto material: aquilo que se pretende estudar, analisar, interpretar ou verificar, de modo geral. Objeto formal: o enfoque especial, em face das diversas ciências que possuem o mesmo objeto mate- rial (LAKATOS & MARCONI, 1999)5. A ciência possui objetivo, finalidade e um objeto, sendo conhecida pelos seguintes critérios: 1. Confiabilidade em seu corpo de conhecimentos. 2. Sistematização e organização do conhecimento; e, 3. por ter um método. O homem, ao fazer ciência, interpreta as suas pró- prias ações e a natureza, como o objetivo de superar e controlar eventos de seu interesse, de um grupo ou social e seguindo o método, dá sentido, ressignifica e transfor- ma sua hermenêutica, sua interpretação num discurso considerado verdadeiro. Por isso, o discurso da ciência é um discurso que tem sentido. E significado. De acordo com Fourez (1995), a ciência possui um lado material e um lado intelectual: no primeiro encontram-se: bibliotecas, laboratórios, escolas, indús- trias etc.; no segundo, temos toda uma organização mental ou, como ele mesmo diz, uma matriz disci- plinar ou paradigma, ou seja, uma estrutura mental, consciente ou não, que serve para classificar o mundo e poder abordá-lo. Você deve estar se perguntando: E o que é paradigma? 5 Ou seja, o propósito da Ciência é a construção de teoria e a ex- plicação de fenómenos naturais (KERLINGER, 1980). 6 Por exemplo, o objeto de estudo da Psicologia é o comportamento e os processos mentais (MYERS, 1999). CAPÍTULO 1 — CIÊNCIA E CONHECIMENTO: UMA INICIAÇÃO À PESQUISA 27 PArAdigMA é UM tErMo introdUzido Por thoMAs KhUn, signifiCA UM ModElo, UMA Visão dE MUndo, UMA forMA dE VEr E ExPliCAr os fEnôMEnos. é UMA MAtriz qUE dá sUPortE Ao ConhECiMEnto dUrAntE dEtErMinAdA éPoCA, qUAndo é Consi- dErAdo CoMo UM Critério dE VErdAdE Vale ressaltar que a noção de paradigma traz o risco de pensarmos que existe apenas uma forma ver- dadeira de se ver o mundo, ou abordar os fatos, contu- do, cada pesquisador possui sua visão de mundo, de- vendo consequentemente, ter a liberdade de adotar um método, um caminho, uma forma de ver e interpretar os fatos, seguindo os ditames da ciência. A ciência tem como propósito investigar, conhe- cer a realidade de uma forma precisa e sistemática, or- ganizando os dados coletados em grupos, categorias de forma lógica e coerente, estabelecendo relações e corre- lações entre os fenômenos estudados. A ciência consiste uma disciplina científica, dado que possui um objeto, um método e um corpo conceitual. Atente que: 1. Toda disciplina científica tem obrigatoriamente um objeto, ou seja, seu foco a ser estudado. 2. Tem a objetividade como uma de suas princi- pais características. A concepção de objetividade se consolidou com o advento da Ciência Moderna, uma vez que preocupou- -se em distinguir o objeto de nossas percepções no sen- tido de conhecimento empírico e do objeto de nossa subjetividade. Podemos afirmar que a Ciência Moderna nasceu sob a égide do que se chamou método experimental. Aliás, ainda hoje, quando nos referimos à ciência em sala de aula, ouvimos frequentemente referências à experimentação. YMIRACY N. DE S. POLAK • JOSÉ ALVES DINIZ 28 Destaca-se que a ciência não aceita o que diz res- peito à subjetividade, e valoriza os fatos que podem ser mensurados, explicados e quantificados. No seu rigor, exige repetição de experimentos, visando evitar o risco de erro. Nessa perspectiva, o fato científico nada mais é do que o fato mensurável, o que é preconizado pelo pensamento cartesiano e positivista que subsidia o método científico. SAIBA MAIS! PArA CoMPrEEndEr MElhor o PEnsAMEnto CArtEsiAno, Por fAVor ACEssE o Artigo “sEgUindo os PAssos dA históriA” no sitE : http://www.webartigos.com/articles/5651/1/o- pensamento-cartesiano/pagina1.html#ixzz1HdSK38Jp Portanto, é primordial para o cientista poder repro- duzir, explicar e quantificar fatos, o que reitera a impor- tância e justifica a existência do método experimental. Na atualidade vemos duas correntes, ou modos de ver a ciência: uma concepção de ciência se impõe nos dias de hoje a chamada Ciência Pós-Moderna; e outra, nos leva a refletir sobre a concepção de método. PARE E RESPONDA! O Pensador do escultor francês Auguste Rodin o qUE VoCê CoMPrEEndE Por CiênCiA ModErnA E Por Método?PEnsE E disCUtA CoM sEU ProfEssor tUtor soBrE sUA CoMPrEEnsão do qUE sEJA CiênCiA ModErnA E Método. CAPÍTULO 1 — CIÊNCIA E CONHECIMENTO: UMA INICIAÇÃO À PESQUISA 29 A Ciência Moderna deslocou a questão do mé- todo do sujeito para o objeto. Com isso, criou-se um grande problema, principalmente para algumas áreas como, por exemplo, as ciências humanas, o que pas- sa exigir um debate e aprofundamento maior sobre da questão: método. Etimologicamente, método quer dizer caminho, isto é, ir de um lugar a outro, na pesquisa seria o cami- nho percorrido pelo sujeito em busca de uma resposta para o problema postulado. Segundo Lalande (1993), método é sempre a de uma direção definível e regular- mente seguida numa operação do espírito. Destaca-se que este sujeito não é apenas cognoscente, mais tam- bém crítico. CognosCEntE , oU sEJA o sUJEito qUE ConhECE dEtErMinAdo AssUnto; AqUElE qUE tEM A CAPACidAdE dE ConhECEr PAlAVrA dE origEM lAtinA, cognoscens. Por outro lado, poderia surgir a ideia de uma fragmentação da própria concepção de sujeito, tal qual as das antropologias contemporâneas, com relação à concepção de homem, absolutamente indefensáveis em tempos pós-modernos. Segundo Gil (1999), método é “um conjunto de procedimentos intelectuais e técnicos”imprescindível à pesquisa. Dentre os métodos consolidados da pesqui- sa científica estão o dedutivo e o indutivo (GIL,1999; LAKATOS; MARCONI, 1999). Desta forma, temos dois caminhos que podem ser usados para a construção do conhecimento. SOLICITAÇÃO! Por fAVor , dEsCrEVA CoM sUAs PAlAVrAs o qUE é Método dEdUtiVo E indUtiVo E CoMPArE CoM o ExPosto A sEgUir YMIRACY N. DE S. POLAK • JOSÉ ALVES DINIZ 30 Método dEdUtiVo, CArACtErizA-sE Por PArtir dE UMA sitUAção gErAl PArA UMA PArtiCUlAr. Método indUtiVo é AqUElE no qUAl o PEsqUisAdor PArtE dE UMA sitUAção PArtiCUlAr Vejamos, o método indutivo diferencia-se do de- dutivo, vez que a indução é um processo mental, que parte de dados particulares, inferindo generalização, verdades não presentes nas partes estudadas. Este mé- todo também é conhecido como empírico-indutivo e não permite a criação de novas leis e teorias. Por sua vez, o método dedutivo tem base no pen- samento cartesiano e considera que só a razão pode assegurar o conhecimento verdadeiro, possui uma pre- missa maior — a que estabelece relações com uma me- nor e a partir de uma visão,ou raciocínio lógico, chegar a verdade daquilo que se propõe a estudar. Parte-se de uma afirmação de caráter universal, demonstrando-a, chegando à dedução. PrEMissA é, UMA ArgUMEntAção , UMA sEntEnçA lógiCA PositiVA oU nEgAtiVA ConstitUídA no ContExto dE UM silogisMo. EstE, Por sUA VEz, é ConstitUído Por dUAs ProPosiçõEs dEClArAtiVAs qUE sE intErConECtAM E PErMitEM A dEdUção dE UMA ConClUsão. Por sua vez, no método empírico-indutivo, parte do objeto (a parte) para se chegar à generalização, o que exige uma sequência de operações prévias, a fim de evitar certos erros e alcançar o fim desejado. O conhecimento e a definição do método se constituem nos aspectos mais importantes da metodo- logia científica. CAPÍTULO 1 — CIÊNCIA E CONHECIMENTO: UMA INICIAÇÃO À PESQUISA 31 Conhecimento Durante o processo existencial, o homem, em seu cotidiano, interpreta a si e ao mundo em que vive, atribuindo-lhes significado. Neste processo de recodifi- cação da sua realidade, emerge o que denominamos conhecimento. O conhecimento enquanto entendimento, é a compreensão da realidade o que diferencia o ser hu- mano dos demais animais. Para Luckesi (1985), o co- nhecimento pode ser visto como: um mecanismo de compreensão e transformação do mundo, como algo imprescindível para ação e como um elemento liberta- dor e pode ser considerado de três formas. Para melhor compreender o pensamento do autor, vide figura 1. Figura 1 — Formas de conhecimento segundo Luckesi O conhecimento como mecanismo de compreen- são do mundo diz respeito não apenas ao plano teóri- co, como também o saber fazer, mediado pelo homem e pelas tecnologias. Por sua vez o conhecimento necessário e norte- ador do agir é o conhecimento que ilumina, que mos- tra o caminho a ser trilhado em vista dos objetivos delineados. YMIRACY N. DE S. POLAK • JOSÉ ALVES DINIZ 32 Enquanto que o conhecimento libertador é o que faz do homem cidadão, mais consciente do seu papel, possibilitando um agir coerente com seu entorno social. Conhecer e pensar constituem não somente uma capacidade, como também uma necessidade para o homem, conhecer é poder. Sabemos que existimos porque pensamos. Co- nhecer e pensar colocam o universo a nosso alcance e dá ao homem sentido, finalidade e razão de ser. O Que É Conhecimento e como Pode Ser Construído? Conhecimento é o que diferencia o homem dos demais seres, o que dá sentido à vida, podendo ser obti- do de várias formas e ser de vários tipos. É uma capaci- dade inerente ao ser humano e para que ele aconteça, pressupõe-se a existência de três elementos: o sujeito, objeto e a realidade. O conhecimento pode ser adquirido mediante várias formas: sensação, percepção, imaginação, me- mória, linguagem, raciocínio e intuição e pela pesqui- sa, conforme mostrado nas figuras 2 e 3: Figura 2 — Forma e aquisição de conhecimento. Fonte: Polak. Fonte: Polak CAPÍTULO 1 — CIÊNCIA E CONHECIMENTO: UMA INICIAÇÃO À PESQUISA 33 Figura 3 — Forma e aquisição de conhecimento. Fonte: Polak Para melhor visualização dos tipos e de onde resultam os conhecimentos, vide mapa conceitual ci- tado acima. Pelo exposto nas figuras acima, pode-se verifi- car que existem vários tipos de conhecimento e que este pode ser construído por inúmeros meios e, por diferentes pessoas. Tipos de conhecimento O conhecimento pode ser classificado sob vários títulos, a saber: conhecimento popular ou senso co- mum, mitológico, filosófico,e o científico. Veremos com mais detalhes cada um deles. YMIRACY N. DE S. POLAK • JOSÉ ALVES DINIZ 34 a) Conhecimento popular ou senso comum Segundo Galliano (1986), o conhecimento popu- lar (senso comum), também denominado “empírico”, é o adquirido no cotidiano, ao acaso, baseado apenas na experiência vivida ou transmitida por alguém. Em geral, resulta de repetidas experiências casuais de erro e acerto, sem observação metódica ou verificação sis- temática, e por isso, carece de caráter científico. Pode também resultar de simples transmissão de geração para geração ou fazer parte das tradições de uma co- letividade. O conhecimento do senso comum é espontâneo ou instintivo, visa resolução de problemas do cotidia- no, não exige um conhecimento, não sendo sistemáti- co, nem exige o rigor da cientificidade . Ele é passado de geração para exemplo: o trata- mento de dores estomacais com chás passando de avós, para mães e destas para as filhas. EstE ConhECiMEnto é PAssAdo dE forMA nAtUrAl E dEsProVido dE qUAlqUEr fUndAMEntAção tEóriCA b) Conhecimento Mitológico O conhecimento mítico, baseado na lingua- gem figurada, metafórica, fantasiosa, para expli- car a realidade em geral, fatos da existência ou a própria existência. Esta modalidade de conhecimento resulta da necessidade do homem controlar e modificar os fatos, de resolver seus problemas, sem questionar o mito. É um conhecimento centrado na fé e nas crendi- ces. É desprovido de uma sustentação lógica ou racio- nal, fundamenta-se no princípio da autoridade, por ter sido revelado por entes superiores a seres privile- giados (D’ONOFRIO, 1999). CAPÍTULO 1 — CIÊNCIA E CONHECIMENTO: UMA INICIAÇÃO À PESQUISA 35 c) Conhecimento Filosófico Resulta da experiência e não da experimentação. Constitui-se de hipóteses que não podem ser submetidas à observação pela experimentação. Caracteriza-se por ser: valorativo, racional, sistemático, não verificável, infalível e exato, e resulta do raciocínio e da reflexão humana. É o conhecimento especulativo sobre fenôme- nos, gerando conceitos subjetivos e busca dar sentido aos fenômenos gerais do universo, ultrapassando os li- mites formais da ciência. Segundo Oliveira (2002), o conhecimento filo- sófico busca conhecer as causas primeiras, as causas profundas e remotas de todas as coisas, a origem das coisas, e as respostas para as mesmas. Na acepção clássica, a filosofia é a busca das coi- sas em suas origens, ou seja das coisas em suas causas primeiras. Filosofia é o estudo de problemas fundamen- tais humanos tais como: éticos, estéticos, morais. Filosofar é argumentar filosoficamente e não científicamente, empiricamente. O conhecimento filosófico baseia-se na argumen- tação lógica e conceitual. Desta forma, filosofar é um interrogar, é ques- tionar continuamente em busca do sentido, é recor- rer a hermenêutica para compreender e explicar os fenômenos. d) Conhecimento Científico Considera-se como “real” porque lida com ocor- rências, fatos, fenômenos concretos e observáveis. Ne- cessita de uma teoria para tornar-se legítimo, de hipóte- ses para serem testadas e de um método para conduzir a investigação. Suas características são: real ou factual, contingente, falível, aproximadamente exato, racio- nal, objetivo, transcendente aos fatos, analítico, claro e preciso, comunicável, metódico, geral, explicativo, aberto e útil. É sistemático e verificável.YMIRACY N. DE S. POLAK • JOSÉ ALVES DINIZ 36 O conhecimento científico é fruto da pesquisa, ou seja, da busca sistematizada de respostas para um problema, ou situações-problemas realizadas segundo o rigor da metodologia científica. Para melhor compreender as características do conhecimento científico indicadas por Galliano (1986) vide figura 4. Figura 4 — Características do Conhecimento Científico segundo Galliano (1986) O Método Científico Método é um conjunto de passos a serem segui- dos ordenadamente na busca da verdade e deve: • Conduzir a realidade. • Permitir demonstração e prova. • Permitir a verificação do conhecimento PARE E REFLITA! Por fAVor, rElEiA os tiPos dE ConhECiMEntos APrEsEntAdos E difErEnCiE o ConhECiMEnto CiEntífiCo do téCniCo E do PoPUlAr oU lEigo. CAPÍTULO 1 — CIÊNCIA E CONHECIMENTO: UMA INICIAÇÃO À PESQUISA 37 Referências ANDRADE FILHO, F.A. Origem e desenvolvimento da filosofia numa perspectiva histórica: mito, razão e ci- ência. Disponível em: http://users.hotlink.com.br/fico/ refl0035.htm . Acesso em: 27 abr. 2011 D’ONOFRIO, Salvatore. Pequena enciclopédia de cultu- ra ocidental: o saber indispensável, os mitos eternos. São Paulo: Elsevier Editora/Campus Editora, 1999. 567p. FOUREZ, G. A Construção das Ciências. Introdução à Filosofia e à Ética das Ciências. São Paulo: UNESP, 1995. GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2004. GALLIANO, Antônio Guilherme. O método científico: Teoria e Prática. São Paulo: Harbra, 1986. KERLING, F. N. Metodologia da pesquisa em ciên- cias sociais: um tratamento conceitual. São Paulo: E.P.U.,1981. LADRIÉRE, J. Os desafios da racionalidade. Petrópolis: Vozes, 1979. LALANDE, A. Vocabulário técnico e crítico da filoso- fia. São Paulo: Martins Fontes, 1993. LAKATOS, Eva Maria & MARCONI, Marina Andrade. Técnicas de pesquisa. São Paulo: Atlas, 1999. LUCKESI, Cipriano Carlos. Fazer universidade: uma proposta metodológica. São Paulo: Cortez, 1985. MYERS, M. D. Ethnographic research methods in in- formation systems, ISWorld Net Virtual Meeting Cen- ter at Temple University, March 8-11, 1999. http://scho- lar.google.com.br/scholar?hl=pt-BR&q=MYERS%2C+1 999&btnG=Pesquisar&lr=&as_ylo=&as_vis=0. Acesso em: 27 abr. 2010. NOVA ENCICLOPÉDIA LAROUSSE São Paulo: Nova Cultural, 1998 Leitores, 1994 OLIVEIRA, Silvio Luiz de. Tratado de metodologia científica. São Paulo: Pioneira, 2002. 39 CAPÍTULO 2 ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO ACADÊMICO Ymiracy N. de S. Polak José A. Diniz Pedro Ivo Polak Júnior Apresentação Antes de adentramos na questão pesquisa é ne- cessário que você tenha conhecimento do que seja um trabalho acadêmico, a fim de que possa planejar o seu percurso metodológico; esta etapa será norteada pela metodologia científica, tendo em vista a construção do conhecimento após o percorrer de várias fases, as quais incluem a observação, a demonstração (interpretação dos dados) e a conclusão sobre o tema estudado. A metodologia científica oportunizará a você uma série de regras de normas, as quais darão suporte à organização do pensar, das etapas do estudo, bem como das atividades previstas em seu trabalho. Neste capítulo ou unidade, você conhecerá o tex- to acadêmico, os procedimentos necessários para sua leitura e como organizar, de forma sistemática, o seu pensar, os conceitos extraídos da literatura e os dados coletados empiricamente. Sintetizando, você encontrará neste capítulo orientações quanto a: • Tipologia e natureza dos textos. Leitura, tipo e finalidade • Citações • Referências. • Fichamento. • Resumo. • Diversos tipos de trabalho acadêmico 40 LEMBRE-SE QUE! A rEAlizAção dE UM trABAlho dEstA nAtUrEzA Exigirá Esforço, disCiPlinA, AtEndiMEnto dAs norMAs dA ABnt E o rigor dA MEtodologiA CiEntífiCA O material apresentado tem como objetivo: 1. Oferecer conteúdos que assegurem a elabora- ção, estruturação, redação e apresentação do seu trabalho. 2. Propiciar meios que oportunizem a correlação do seu trabalho com os conceitos ora apresen- tado neste módulo e nos anteriores ofertados durante o curso. 3. Instrumentalizá-lo quanto aos procedimentos necessários para a elaboração do trabalho acadêmico. Temos certeza que você deve estar se questionan- do: O que poderei realizar? Como apresentar o meu trabalho de forma diferente da habitual? Esperamos que você encontre as respostas, para estas e outras questões, ao findar sua leitura do presente capítulo, uma vez que esta é sua principal finalidade. Natureza e Tipos de Textos O trabalho acadêmico utiliza-se de um tipo de texto, redigido segundo normas e princípios científicos; logo é preciso que você saiba o que é um texto e tenha consciência da importância da leitura para o alcance dos objetivos delineados. CAPÍTULO 2 — ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO ACADÊMICO 41 tExto é UMA UnidAdE lingUístiCA qUE PodE sEr APrEEndidA PElos sEntidos, MEdiAntE A intErAção, o diálogo. ElE PodE sEr EsCrito, orAl oU AUdioVisUAl, sEr APrEsEntAdo isolAdAMEntE oU intEgrAdos, E tAMBéM nUMA MixAgEM, CoMo oCorrE nos filMEs. Para entender um texto é necessário que haja uma leitura do sentido e do significado presente no mes- mo, independentemente de sua forma de apresentação, advindo desta exigência a importância da leitura, uma vez que ela constitui uma ferramenta essencial para a vida, adquirindo maior relevância no processo de cons- trução, reconstrução e sistematização do conhecimento. O texto é uma foto, uma organização dos sabe- res. E, segundo Morin (2001): O conhecimento das informações ou dos dados isolados não é insuficiente. É preciso situar as informações e os dados em seu contexto para que adquiram sentido. Para ter sentido a palavra necessita do texto, que é o próprio contexto, e o texto necessita do contexto no qual se enuncia. Desse modo, a palavra ‘amor’ muda de sentido no contexto religioso e no contexto profano, e uma declaração de amor não tem o mesmo sen- tido de verdade se é enunciada por um sedutor ou um seduzido. (MORIN, 2001, p.36). A leitura constitui-se um dos fatores decisivos para o meio acadêmico e é imprescindível em qualquer tipo de investigação científica, uma vez que propicia a ampliação do conhecimento, tornando-se necessário para a pesquisa. LEMBRE SE QUE! lEr signifiCA ConhECEr, intErPrEtAr E dECifrAr. YMIRACY N. DE S. POLAK • JOSÉ A. DINIZ • PEDRO IVO POLAK JÚNIOR 42 A leitura pode ser concretizada em diversos tex- tos que estão disponibilizados em diferentes suportes abordando diferentes temas e diferentes informações, sobre o ontem, o hoje e o vir-a-ser da humanidade. Isso é o que faz da leitura um hábito que favorece ao ho- mem o aprender, o criar e o dialogar com os demais atores sociais, assegurando a passagem da cultura e das tradições de geração em geração. PARE E REFLITA! EstAMos fAlAndo soBrE tExto, Por fAVor, PArE E dEsCrEVA o qUE EntEndE Por tExto CoM sUAs PróPriAs PAlAVrAs. Texto É um tema desenvolvido e apresentado por um autor em diversas linguagens: escrita, oral ou audiovi- sual. Pode ser dividido em capítulos e seções, ou somen- te em capítulos. É uma sequência verbal (palavras), oral ou es- crita, que forma um todo e que tem sentido para uma pessoa ou grupo em determinado contexto, segundo Travaglia (1997). Um texto acadêmico, conteúdo do trabalho, ge- ralmente é constituído de: introdução, desenvolvimen- to e conclusão. • Introdução — consiste na apresentação do tema e explicação de como foi desenvolvido: objetivos, métodos e procedimentos seguidos assinalando- -se a relevância do trabalho, ou seja, o assunto é apresentado como um todo, sem detalhes. Trata-se do elemento explicativo do autor para o leitor. Em monografias, dissertações e teses. É indispensável a inclusão da revisão de literatura. CAPÍTULO 2 — ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO ACADÊMICO 43 • Desenvolvimento é o que denominamos — corpo do trabalho. Éuma unidade na qual o assunto é tra- balhado, descrito, apresentado. Pode ser subdividido em capítulos, subdivisões e seções. • Conclusão ou considerações finais, síntese final — etapa na qual é feita uma análise crítica do percurso e dos resultados obtidos. Neste item podem surgir ideias e abordagens novas para serem consideradas em outros trabalhos da área. É a apresentação das respostas à problemática do tema exposto, ou seja, uma síntese dos resultados aos quais o autor chegou, de uma maneira simples. Deve ser escrita de forma concisa, sem a inclusão de novos dados. Os textos são fontes inesgotáveis de ideias e co- nhecimentos podendo ser classificados em: acadêmi- co, didático e científico. Ou ainda como: literários, oficiais, comerciais e acadêmico científico. Não impor- ta a classificação, eles sempre resultam de necessidades específicas, têm características próprias e finalidades diversas, conforme pode ser visualizado no esquema 1 apresentado a seguir. Características dos textos: Resultam da demanda de um grupo ou uma pessoa, que possibilita ao autor expressar-se, comunicar- -se com o leitor, ou o re- ceptor da mensagem. Traduzem a visão de mun- do do autor e o perfil da clientela a que se destina. Mantém estreita relação com uma realidade espe- cífica. Deve constituir-se num todo. Possuem um código e são recodificados pelo leitor. Esquema 1 — Fonte: Adaptado de Santos (2010). YMIRACY N. DE S. POLAK • JOSÉ A. DINIZ • PEDRO IVO POLAK JÚNIOR 44 O texto pode ser classificado de diversas formas. Santos (2010) os classifica em: literários, oficiais e aca- dêmicos/científicos, conforme pode ser visualizado no quadro 1. Quadro 1 — Tipos de Textos x Objetivos Tipos de Textos Objetivos Textos literários • Finalidade artística • Priorizam a oralidade • Apresentam a leitura da realidade pe- los olhos do artista • Representantes mais comuns: anedo- tas, fábulas, novelas, contos e poemas Textos oficiais e comerciais • Visam uma comunicação formal • Mais comuns: memorando, ofício, avi- so, parecer, ordem de serviço e carta comercial etc. Textos acadêmi- cos e científicos • Têm como finalidade prestar informa- ções precisas • São redigidos segundo o método cien- tífico e apresentam geralmente dados passíveis de mensuração. Fonte: Adaptado de Santos (2010). Os textos técnicos e científicos são os mais in- dicados para a ampliação das reflexões e construção do referencial teórico. Eles dão sustentação ao estudo e serão o objeto deste capítulo. Os textos podem ser: verbais, escritos, visuais e mistos. O texto verbal oportuniza o diálogo a interlo- cução e deve ser objetivo coerente, ou seja, assegurar a organização interna das ideias contidas e garantir a coerência com o contexto. Coesão e coerência são dois conceitos importan- tes, pois dão sentido e unidade ao texto. CAPÍTULO 2 — ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO ACADÊMICO 45 coesão iMPliCA nA MAnUtEnção dAs rElAçõEs dE sEntido EntrE os CoMPonEntEs do tExto. coeRência são As rElAçõEs dE sEntido do tExto CoM o ContExto soCiAl, ContExto ExtErno. Os textos verbais ou orais são os obtidos graças à oralidade. Os mais comuns são: a entrevista e o debate. Entrevista A entrevista é um instrumento que oportuniza o conhecimento interpessoal, promovendo o encontro face a face, a apreensão de uma série de fenômenos, de elementos de identificação e de construção do potencial do entrevistado e do entrevistador (TURATO, 2003). Segundo Lobiondo-Wood & Haber (2001) a en- trevista pode ser definida como instrumentos escritos e planejados para reunir dados, oralmente, de indivídu- os a respeito de conhecimento, atitudes, crenças e sen- timentos. O referido instrumento, segundo os mesmos autores, apresenta vantagens, tais como: • A não exigência que o entrevistado saiba ler e escrever. • A possibilidade da obtenção de maior número de respostas. • O oferecimento de flexibilidade muito maior, pois o entrevistador pode esclarecer o significa- do das perguntas e adaptar-se mais facilmente às pessoas e às circunstâncias nas quais se desenvolve a entrevista. • A possibilidade de captar a expressão corporal do entrevistado, bem como a tonalidade de voz e ênfase nas respostas. YMIRACY N. DE S. POLAK • JOSÉ A. DINIZ • PEDRO IVO POLAK JÚNIOR 46 É uma técnica utilizada para obtenção de infor- mações, na qual há dois atores distintos: o entrevista- dor e o entrevistado. O primeiro é o responsável pela abertura do diálogo e o segundo, pelos dados obtidos mediante resposta. A entrevista é previamente planejada, quando são selecionados o tema, o local e os sujeitos a serem entrevistados. Geralmente se inicia com a apresenta- ção dos interlocutores, seguida da exposição de seus objetivos. A entrevista possui início e fim determina- do e seu desenvolvimento se inicia com uma questão provocativa à qual o entrevistado responde, podendo ser interrompido pelo entrevistador, com comentários. Neste processo se estabelece um diálogo. O final da entrevista é demarcado pelo entre- vistador quando considera sua questão provocativa respondida, podendo a mesma ser gravada e os dados transcritos a seguir, constituindo se num documento. Textos Escritos Os textos escritos e didáticos são usados tanto para a leitura como para a redação de trabalhos aca- dêmicos. Os mais comuns são: 1 Relatório e relatos de experiência. 2 Paper, artigo e monografia. 3 Resenha e resumo. 4 Outros. PARE E REFLITA! tEndo A CiênCiA dois tiPos dE tExto: CiEntífiCo E didátiCo; tEntE CArACtErizá-los E A sEgUir CotEJE CoM o APrEsEntAdo Por nós. CAPÍTULO 2 — ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO ACADÊMICO 47 Relatório e Relato de Experiências O relatório consiste numa descrição do que foi feito numa pesquisa ou na execução de uma proposta de tra- balho, isto é, consiste na descrição do vivido, do realizado. O relatório é elaborado após a coleta de dados, tabulação, tratamento estatístico, análise e interpre- tação, quando os resultados estão prontos para serem apresentados ao leitor. A estrutura do relatório final da pesquisa se asseme lha muito à estrutura do projeto apresentado anteriormente, sua estrutura pode ser visualizada no quadro 2. Quadro 2 — Elementos constituintes do Relatório da Pesquisa. Relatório de pequisa Introdução É a primeira parte textual do trabalho, con- siste na apresentação do tema, com uma pro- blematização, questão, objetivos e relevância do assunto a ser estudado e implicações para o entorno. D es en vo lv im en to R e f e r e n - cial teórico Capítulo destinado à fundamentação dos con- ceitos centrais do estudo, é resultante da busca do pesquisador às diversas fontes convergentes e divergentes ao tema estudado. Metodolo- gia Descrição detalhada dos instrumentos, méto- dos e procedimentos utilizados para coleta e seleção do material (ou corpus) a ser estudado e do processo de tratamento dos dados obtidos. Análise e discussão dos dados Apresenta os dados conforme a natureza do es- tudo realizado e fundamentados com o suporte teórico. Considera- ções finais Síntese da trajetória percorrida, na qual o pes- quisador coteja os dados com os objetivos e tece sua leitura final sobre o vivido. Fonte: Adaptado de Santos et al (2010). YMIRACY N. DE S. POLAK • JOSÉ A. DINIZ • PEDRO IVO POLAK JÚNIOR 48 Paper ou Artigo Cientifico e Monografia Paper ou Artigo Científico Consiste num trabalho elaborado para apresen- tação ou publicação em periódicos. Aborda um tema específico, podendo ser escrito por um ou mais autores. Para melhor compreensão vide quadro 3. Quadro 3 — Estrutura do Paper ou Artigo Científico Fonte: Autores. Estrutura do Paper ou artigo científico. Monografia É um trabalho sobre um tema ou problema de- vidamente delimitado, sendo um texto fundamentado em dados científicos no discurso presente na literatura. Do ponto de vista etimológico, monografia ori- gina-se do grego, da junção daspalavras: monos (um só) e graphein (escrever). É um estudo exaustivo sobre CAPÍTULO 2 — ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO ACADÊMICO 49 um tema devidamente delimitado, com valor represen- tativo elaborado segundo metodologia científica. Para Lakatos & Marconi (2009), monografia: [...] é um estudo sobre um tema específico ou par- ticular, [...] que estuda segundo os princípios da metodologia científica determinado assunto não só em profundidade, mas em todos os seus ângulos e aspectos, dependendo dos fins a que se destina. Lubisco e Vieira (2003, p. 16) ressaltam que o termo monografia refere-se a qualquer tipo de produção que aborde um único tema ou proble- ma, seja ela livro, relatório, manual, trabalho final de curso, dissertação de mestrado ou tese de doutorado. � Estrutura da Monografia A monografia tem a mesma estrutura do traba- lho científico: parte pré-textual, textual e pós-textual. Relembrando! VisitE o CAPítUlo 2 E lEiA As CArACtErístiCAs dos ElEMEntos tExtUAis E dos Pós-tExtUAis E rEtornE Ao tExto AtUAl. Na elaboração de uma monografia temos que percorrer seis (6) fases, conforme Figura 1. Figura 1 — Fases do trabalho monográfico YMIRACY N. DE S. POLAK • JOSÉ A. DINIZ • PEDRO IVO POLAK JÚNIOR 50 � Escolha do assunto Nesta fase são apresentados questionamentos delineados os objetivos, delimitação do tema e apre- sentado o problema. � Pesquisa bibliográfica Consiste na busca das fontes, selecionando auto- res que trabalham o tema a ser estudado. � Coleta da documentação Fase da coleta dos dados, capaz de oferecer solu- ção ao problema colocado. � Crítica da documentação Fase de exame do material. A análise dos dados coletados depende da diretriz que se segue para inter- pretar a autenticidade das fontes e o valor interno dos conteúdos. Os pressupostos dependem dos seus critérios de verdade. � Construção Etapa de construção, quando são reunidos os da- dos obtidos com a experiência do pesquisador e tecido um texto. Sintetizando! a monogRafia se caRacteRiza PoR: • Ser um trabalho eScrito, SiStemático e completo. • ter um tema eSpecífico ou particular de uma ciência ou PArtE dElA. • Ser um eStudo exauStivo, abordando várioS aSpectoS e ÂngUlos do CAso. • ter alcance limitado. • Ser uma metodologia importante, original e peSSoal PArA A CiênCiA. • utiliza-Se de metodologia eSpecífica. CAPÍTULO 2 — ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO ACADÊMICO 51 Lakatos & Marconi (2009) afirmam que a ca- racterística essencial não é o tamanho da monografia, mas o caráter do trabalho e a qualidade da tarefa. Resenha e Resumo Resenha Esta modalidade de texto resulta de outros tex- tos, exige conhecimento sobre o assunto e sua organi- zação textual varia conforme: • O tipo de obra que lhe deu origem. • Os objetivos resultantes; e, • Do suporte para sua publicação. Segundo Lakatos & Marconi (2009), a resenha é uma descrição minuciosa que compreende certo núme- ro de fatos; é a apresentação do conteúdo de uma obra. Consiste na leitura, no resumo, na crítica e na formu- lação de um conceito de valor sobre um livro ou artigo. A resenha objetiva informar ao leitor sobre o assunto abordado no livro ou periódico; consiste uma síntese crítica do texto, devendo ser escrita na terceira pessoa e propiciar ao leitor informações fidedignas. Ela diferencia-se do resumo, pois em sua reda- ção, o autor pode emitir comentários, opinião e juízo de valor. Resumo Consiste num texto de menor dimensão do que lhe deu origem, traz uma síntese do assunto estudado, do realizado, pontuando objetivos, metodologia, resul- tados e impacto do estudo ou da proposta. O resumo deve ser um retrato fiel do que foi realizado, preceden- YMIRACY N. DE S. POLAK • JOSÉ A. DINIZ • PEDRO IVO POLAK JÚNIOR 52 do o texto e deverá conter as ideias centrais do estudo, ou proposta, os objetivos, a metodologia, resultados e implicações. Deve ser redigido segundo as normas da ABNT e ser: conciso, preciso, claro e sua leitura permi- tir que o leitor tenha uma ideia precisa do estudo e da sua importância. Lakatos & Marconi (2009) salientam que o resu- mo pode ser de diversas naturezas: Informativo, indi- cativo ou descritivo e crítico. As autoras continuam enfatizando que o resumo pode ser uma apresentação de um sumário narrativo das partes mais significativas, não dispensando a leitura do texto; uma condensação do conteúdo, expondo ao mesmo tempo, tanto a meto- dologia e as finalidades, quanto os resultados obtidos e as conclusões, permitindo a utilização em trabalhos acadêmicos, dispensando, assim, a leitura posterior do texto original. LEMBRE-SE! qUE o sEU rEsUMo sErá UM ConVitE à lEitUrA dE sEU trABAlho � No resumo temos: • Título. • Autoria. • Objetivos. • Texto (novo parágrafo, num único bloco jus- tificado). • Metodologia usada. • Resultados. • Implicações do estudo. • (Fonte financiadora) Recomenda-se ainda que o resumo: • Deve conter 250 a 300 palavras no máximo. • Seja dividido em sessões separadas: objetivos, métodos, resultados e conclusões. CAPÍTULO 2 — ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO ACADÊMICO 53 • Evitar abreviações e referências a números e ta- belas que não devem ser utilizadas no resumo. • Contenha: Objetivos (o que, para quê?); Mé- todos (como?); Resultados (a que chegamos?); Conclusões (como o que obtivemos conversa com os objetivos?). • Seja escrito na 3ª pessoa singular, ou na 3ª pessoa plural e 1ª pessoa singular, com frases curtas e na ordem direta e num só parágrafo. SAIBA MAIS! PArA EntEndEr MElhor A AnálisE tExtUAl, lEiA MEtodologiA dA PEsqUisA E ElABorAção dE dissErtAção, oU lEitUrA, fiChAMEnto E rEsUMo E CitAçõEs PáginA, PhttP://WWW.tECnologiAdEProJEtos. CoM.Br/BAnCo_oBJEtos/%7B7Af9C03E- C286-470C-9C07-EA067CECB16d%7d_ MEtodologiA%20dA%20PEsqUisA%20E%20dA%20 dissErtA%C3%A7%C3%A3o%20%20UfsC%202005.Pdf ACEssE o sitE: <httP://www.Psicologia.sPo.com.bR/dicas_liVRos_ dezembRo.htm> lEiA UM BrEVE rEsUMo do liVro EstAção CArAndirU, dE drAUzio VArEllA. AProVEitAndo qUE VoCê Está nA intErnEt, PEsqUisE ExEMPlos dE rEsUMos dirECionAdos à sUA árEA dE EstUdo. PostEriorMEntE, CoMPArtilhE CoM sEUs ColEgAs E PrECEPtor o qUE EnControU. PARE E REFLITA! ACEssE o sitE <httP://WWW.CoMCiEnCiA.Br/rEsEnhAs/ intErnEt/hACKErs.htM.>, qUE trAz A rEsEnhA do liVro PUBliCAdA EM UMA rEVistA ElEtrôniCA dE JornAlisMo. YMIRACY N. DE S. POLAK • JOSÉ A. DINIZ • PEDRO IVO POLAK JÚNIOR 54 LEMBRE-SE QUE: rEsEnhA E rEsUMo são CoisAs distintAs. No resumo, o autor apresenta resultados do estu- do de uma proposta implementada ou a ser implemen- tada, sem inferências. Na resenha o autor traz uma avaliação crítica, faz indicações de leitura. Outros Dissertações: pesquisa desenvolvida na pós- -graduação, trabalho monográfico, na medida em que aborda temas únicos e delimitados, que são pessoais e devem ser autônomos, criativos e rigorosos. Esses tra- balhos exigem uma investigação, experimentação e reflexão na área científica em que se situam e têm ins- trumentos metodológicos específicos. Teses: sua característica principal é a originalida- de. Também é pesquisa desenvolvida na pós-graduação e um trabalho monográfico, defendido publicamente. Requisito para o grau acadêmico de doutor. Fichamento O fichamento tem por objetivo identificar um objeto de estudo (um livro, um capítulo de livro, um ar- tigo, um filme, um documento, um monumento, uma obra artística) ou reunir dados e proposições sobre de- terminado tema. Recomenda-se que, ao organizar as atividades de fichamento, estas sejam elaboradas mediante o uso de fichas classificadas como: CAPÍTULO 2 — ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO ACADÊMICO 55 • Bibliográficas, que contêm dados gerais sobre a obra lida. • Citações, com a reprodução literal entre aspas e a indicação da página dos textos lidos. • Resumo indicativo do texto lido. • Esboço contendo as principais ideias do autor lido.• Comentários com interpretação e crítica pessoal do pesquisador com relação às ideias expostas pelo autor da obra consultada. O Que Possibilita o Fichamento • A identificação das obras lidas. • A análise do conteúdo. • As anotações e citações que fundamentaram o trabalho. • A construção da apresentação de crítica ela- borada na etapa de análise dos discursos. PARADA PARA REFLEXÃO ConsidErAndo qUE VoCê Já CoMPrEEndEU o qUE é fiChAMEnto, ACrEditAMos qUE Já PossA ElABorAr sUAs fiChAs, APós A lEitUrA dos tExtos PErtinEntEs Ao sEU EstUdo. AgorA sABE qUE PErCUrso dEVE trilhAr? Vejamos: • Iniciar a etapa de análise e interpretação quan- do você assimilou o material necessário. Nesta etapa, você pode verificar se está incorrendo no ecletismo, reducionismo ou dualismo. • Construir um texto com as citações dos autores lidos conforme as Normas da ABNT. • Efetuar a revisão do texto. YMIRACY N. DE S. POLAK • JOSÉ A. DINIZ • PEDRO IVO POLAK JÚNIOR 56 Temos e (três) tipos de fichamento: o bibliográfi- co, o temático e o geral. Fichamento bibliográfico consiste num conjun- to de referência sobre livros, artigos e trabalhos dentro de uma área do saber, sendo muito útil para o pesqui- sador, uma vez que facilita o processo de consultas do conteúdo extraído de certa obra. Exemplo de fichamento bibliográfico Metodologia Científica CERVO, Amado Luiz; ALCINO, Pedro; BERVIAN. Me- todologia Científica. 6. ed. São Paulo: Prentice-Hall, 2006. JUNG, Carlos Fernando. Metodologia Científica. Ênfase em Pesquisa Tecnológica. 5 ed. 2003. Dispo- nível em: <http://www.geologia.ufpr.br/graduacao/ metodologia/metodologiajung.pdf>. Acesso em: 26 nov. 2009. Por sua vez, o fichamento temático consiste no registro de conceitos fundamentais ao seu estudo e visa apoiar a fundamentação teórica do trabalho a ser construído. O fichamento geral é o local de armazenamento do material a ser consultado na elaboração de seu tra- balho, tais como: artigos, vídeos, artigos de jornais etc. Para fazer o fichamento de um texto recomenda- -se várias etapas: 1º Passo: nesta etapa, deve-se definir o tema e pontuar os aspectos relevantes inerentes ao mesmo. 2º Passo: neste momento, deverá ser efetuada uma leitura do(s) texto(s) buscando levantar dados importantes que atendam a todos os itens pré-selecio- CAPÍTULO 2 — ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO ACADÊMICO 57 nados. É muito importante que as citações sejam devi- damente fichadas. Sugerimos que à medida que forem sendo efetuados os fichamentos, o pesquisador vá cons- truindo um texto síntese. 3º Passo: neste momento, deverá ser feito um agrupamento dos textos fichados, reunindo os discur- sos por similaridades e diferenças. 4º Passo: após o agrupamento dos textos, o pesquisador deverá redigir o seu texto de forma clara, objetiva, concisa, consistente, numa sequência lógica, assegurando a originalidade do mesmo. SAIBA MAIS! PArA EntEndEr MElhor A AnálisE tExtUAl, lEiA — MEtodologiA dA PEsqUisA E ElABorAção dE dissErtAção lEitUrA, fiChAMEnto E rEsUMo E CitAçõEs PhttP://WWW.tECnologiAdEProJEtos. CoM.Br/BAnCo_oBJEtos/%7B7Af9C03E- C286-470C-9C07-EA067CECB16d%7d_ MEtodologiA%20dA%20PEsqUisA%20E%20dA%20 dissErtA%C3%A7%C3%A3o%20%20UfsC%202005.Pdf Leitura de Textos Acadêmicos Sendo cada texto uma unidade de sentido, cada um, eles tem existência própria, mesmo relacionando- -se e correlacionando-se com os demais, por isso a ne- cessidade de sua contextualização do passado para ex- plicar o presente e poder projetar o amanhã. Ler é o momento no qual o leitor compreende o explicitado pelo outro dando, sentido ao lido. Isso nos leva a questionar se cada texto dá e exige novo sentido. Além da leitura de texto, temos ainda a leitura de ima- gens e a auditiva. Entretanto, é preciso saber ler, pois a leitura só é válida se assimilada. YMIRACY N. DE S. POLAK • JOSÉ A. DINIZ • PEDRO IVO POLAK JÚNIOR 58 A leitura só é proveitosa se o leitor tiver um ob- jetivo, pois do contrário não terá condições de efetuar uma análise do que foi lido muito menos em aplicá-lo. Para que a leitura seja proveitosa, segundo Lakatos e Marconi (2009), é necessário que o leitor te- nha atenção, uma intencionalidade, que reflita sobre o material lido, seja crítico e a seguir analise e construa uma síntese do texto. Em relação aos textos científicos, é importante a escolha dos textos e, para isso, faz-se necessário iniciar pelos trabalhos mais importantes e relevantes, deven- do ser feito sob a orientação do professor. A leitura deve ser feita ainda, se possível, em obras originais. Lembre- -se quem lê tem por objetivo aprender algo, rever deta- lhes ou buscar respostas e, como nem todos os textos atendem a determinado objetivo, surge a necessidade de seleção. Mas também não basta selecionar, a nível científico tem que se levar em consideração aquilo que é confiável. Segundo Severino (2002) a leitura deve ser feita segundo três tipos de análise a saber: análise textual, temática e interpretativa. A análise textual visa apresentar como o livro foi estruturado e busca ajudar na melhor compreensão dos termos utilizados pelo autor e dos conceitos utiliza- dos. É uma visão global do texto, uma breve explicação do docente com a primeira leitura feita pelo discente. Por sua vez, a análise temática visa compre- ender a mensagem do autor e exige resposta para as questões: qual o conteúdo do texto? Qual o objetivo do autor e o como o tema é problematizado, contextua- lizado? Qual a visão de mundo do autor e, o que ele pretende com sua obra? A análise interpretativa é a apreensão das ideias e estabelecimento de relações entre o texto e o contexto. Quando nos perguntamos: “o que o autor quis dizer com isso?”, objetiva-se que o leitor faça uma interpretação da fala do autor. Exige análise e uma CAPÍTULO 2 — ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO ACADÊMICO 59 avaliação crítica do pensamento do autor, da coerência e validade da argumentação, profundidade e originali- dade das colocações feitas. Ressaltamos que são várias as intenções de quem escreve, devendo o leitor atentar para as mesmas e dar novos sentidos, isto é, recodificar os códigos contidos em cada texto, por isso se faz necessário que frente a diferentes textos sejam feitas diferentes leituras. Ao ler as fontes que darão sustentação ao seu trabalho, você deve assinalar tudo o que for desconhe- cido ou relevante para você, atentando para os concei- tos principais e, paralelamente, buscar o significado de tudo que lhe é desconhecido. Leia o texto quantas vezes forem necessárias. Não passe adiante se for para deixar para trás algu- ma coisa que não entendeu. Faça anotações, pois elas poderão ajudar no momento da elaboração do traba- lho. Além dos livros, busque os periódicos na mídia im- pressa ou on-line – eles contêm os artigos mais atuais e mostram claramente as tendências do momento. SAIBA MAIS! ACEssAndo o tExto BEtini, gErAldo Antonio. leituRa, análise e inteRPRetação de textos: Por qUE todA EssA PrEoCUPAção? disPoníVEl EM: httP://189.20.243.4/oJs/EdUCACAo/ inClUdE/gEtdoC.PhP?id=47&ArtiClE=5&ModE=Pdf Citações As citações são elementos retirados dos documen- tos pesquisados e da leitura da documentação, e que se revelaram úteis para corroborar as ideias desenvolvidas pelo autor no decorrer do seu raciocínio. Estas citações YMIRACY N. DE S. POLAK • JOSÉ A. DINIZ • PEDRO IVO POLAK JÚNIOR 60 podem ser transcrições literais ou então, apenas algu- ma síntese do trecho lido, seja ele um parágrafo, um capítulo ou até mesmo o livro inteiro. Em todos os casos, é necessário citar a fonte de onde foram extraídos. A citação literal é aquela copiada ao pé da le- tra e colocada entre aspas. Caso haja no texto citado algo que se julgue dever ser corrigido, algo que cause estranheza coloca-se logo em seguida à palavra, a ex- pressão (sic!) entre parênteses, para indicar que estava assim mesmo no texto de origem. Tal expressão perten-ce ao Latim e significa “assim mesmo”. Ao referenciar uma fonte em seu estudo o au- tor estará fazendo uma citação e esta pode ser de diver- sas formas e escritas, segundo as Normas da ABNT. O objetivo da citação é oferecer ao leitor condições de comprovar as fon- tes das quais foram extraídas as ideias, frases ou conclusões, possibilitando-lhe ainda aprofundar o tema em discussão (CRUZ; RIBEIRO, 2003). É a apresentação das ideias de teóricos, presentes em publicações impressas e eletrônicas, que dá maior clareza e autoridade ao texto. As citações dividem-se em três tipos: 1. citação direta ou textual; 2. citação indireta; e 3. citação de citação. � Citação direta ou textual Consiste na transcrição textual da obra consul- tada. Ela deve ter de três a mais linhas. Quando trans- crita em 3 linhas deverá ser contida entre aspas duplas e redigidas com o mesmo tipo e tamanho de letra usa- da no texto Quando tiver mais de três linhas, deve ser escrita de forma recuada com 4 cm da margem esquer- da, em espaço simples e letra menor e sem aspas. CAPÍTULO 2 — ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO ACADÊMICO 61 � Citação indireta Ocorre quando o autor do trabalho interpreta o exposto pelo o outro (autor lido) e o menciona em seu texto. Nesse tipo de citação, não importa se a ideia a ser apresentada possui ou não mais de 3 linhas, a cons- trução é sempre seguindo-se o estilo do texto. � Citação de citação É feita quando citamos alguém mencionado por outrem. Nesta modalidade, o nome do autor indicado é procedido pela palavra latina apud seguida do nome do autor, no qual o texto foi encontrado. PARE E REFLITA! ACEssE o linK httP://WEBEdUC.MEC.goV.Br Síntese: Tipos de Trabalhos Científicos Os trabalhos científicos diferenciam-se em fun- ção dos seus objetivos e da natureza do tema ou proble- ma abordado. Assim, podem ser classificados em: � Monografia É um trabalho produzido por uma pessoa (mono), na medida em que reduz o trabalho à abor- dagem de um único assunto ou problema, por meio de um tratamento específico. Muitas vezes a monografia é utilizada para a conclusão de um curso. � Dissertação É uma pesquisa desenvolvida na pós-graduação, e é trabalho monográfico. Na medida em que aborda YMIRACY N. DE S. POLAK • JOSÉ A. DINIZ • PEDRO IVO POLAK JÚNIOR 62 temas únicos e delimitados, que são pessoais e devem ser autônomos, criativos e rigorosos. Estes trabalhos exigem uma investigação, experimentação e reflexão na área científica em que se situam e têm instrumentos metodológicos específicos. � Teses Têm como característica principal a originalida- de. Também é uma pesquisa desenvolvida na pós-gra- duação e um é trabalho monográfico, defendido publi- camente. Requisito para o grau acadêmico de doutor. � Paper ou Artigo Científico É o estudo científico apresentado reduzidamen- te. Apesar de ser um trabalho com características mo- nográficas, trata de um problema ainda mais específi- co e restrito inserido num determinado tema, realizado pelo autor ou vários autores. O artigo científico consta de Introdução, Desenvolvimento e Conclusão. � Relatório Técnico-Científico É a apresentação final do estudo, pesquisa ou atividade, geralmente de exigência institucional (rela- tivamente a financiamentos de bolsas ou de projetos), visa dar a conhecer o desenvolvimento, as atividades realizadas e os resultados obtidos relativamente a períodos específicos de um projeto ou estágio. � Resenha É uma síntese crítica de um livro ou artigo cientí- fico, que expressa um juízo de valor acerca do assunto, geralmente feita por pessoas ligada a área ou de com- provada capacidade. CAPÍTULO 2 — ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO ACADÊMICO 63 Referências CERVO, Amado; ALCINO, Pedro; BERVIAN. Metodolo- gia científica. 6. ed. São Paulo: Prentice-Hall, 2006. CRUZ, Carla; RIBEIRO, Uirá. Metodologia científica: teoria e prática. Rio de janeiro: Axcel Books, 2003. LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de metodologia científica. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2009. LOBIONDO-WOOD, G.; HABER, J. Pesquisa em enfer- magem: métodos, avaliação crítica e utilização. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, 2001. LUBISCO, Nídia Maria, VIEIRA, Sônia Chagas. Manual de estilo acadêmico: monografia, dissertações e teses. 2. ed. Salvador: EDUFBA, 2003. MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educa- ção do futuro. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2001 SANTOS, Antônio Raimundo dos. Metodologia cien- tífica: a construção do conhecimento. Rio de Janeiro: DP&A, 2001. SANTOS, Airá Manuel Santana dos. Metodologia do trabalho científico: material didático. Salvador: IMES, 2009, p.64-65. SANTOS Fábio Rocha et al. Metodologia da pesquisa. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010. SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do traba- lho científico. 22. ed. São Paulo: Cortez, 2002. SILVA , Edna L. MEIRELES. E M. Metodologia da pes- quisa e elaboração de dissertação. 4. ed. Ver. Atual- Florianópolis, UFSC. 2005. 138 p. TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Gramática e interação: uma proposta para o ensino de gramática no 1º e 2º graus. São Paulo: Cortez, 1997. YMIRACY N. DE S. POLAK • JOSÉ A. DINIZ • PEDRO IVO POLAK JÚNIOR 64 TURATO, Egberto Ribeiro. Tratado da metodologia da pesquisa clínico-qualitativa: construção teórico- -epistemológica, discussão comparada e aplicação nas áreas da saúde e humanas. — Petrópolis, RJ: Vo- zes, 2003. Webliografia <http://www.psicologia.spo.com.br/Dicas_Livros_ dezembro.htm> Leia um breve resumo do livro Estação Carandiru, de Drauzio Varella. Aproveitando que você está na Inter- net, pesquise exemplos de resumos direcionados à sua área de estudo. Posteriormente, compartilhe com seus colegas e preceptor o que encontrou. <http://www.comciencia.br/resenhas/internet/ha- ckers.htm.>, que traz a resenha de livro publicada em uma revista eletrônica de jornalismo. BETINI, Geraldo Antonio. Leitura, análise e interpre- tação de textos: por que toda essa preocupação? Disponível em: http://189.20.243.4/ojs/educacao/in- clude/getdoc.php?id=47&article=5&mode=pdf JUNG, Carlos Fernando. Metodologia científica: ênfa- se em pesquisa tecnológica. 5. ed. 2003. Disponível em: http://www.geologia.ufpr.br/gradua- cao/metodologia/metodologiajung.pdf. Acesso em: nov. 2009. http://www.tecnologiadeprojetos.com.br/ban- co_ob je tos /%7B7AF9C03E-C286-470C-9C07- EA067CECB16D%7D_Metodologia%20da%20Pesqui- sa%20e%20da%20Disserta%C3%A7%C3%A3o%20 %20UFSC%202005.pdf http://www.tecnologiadeprojetos.com.br/ban- co_ob je tos /%7B7AF9C03E-C286-470C-9C07- CAPÍTULO 2 — ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO ACADÊMICO 65 EA067CECB16D%7D_Metodologia%20da%20Pesqui- sa%20e%20da%20Disserta%C3%A7%C3%A3o%20 %20UFSC%202005.pdf Acesso em: 04/abr./2011. http://www.tecnologiadeprojetos.com.br/ban- co_ob je tos /%7B7AF9C03E-C286-470C-9C07- EA067CECB16D%7D_Metodologia%20da%20Pesqui- sa%20e%20da%20Disserta%C3%A7%C3%A3o%20 %20UFSC%202005.pdf 67 CAPÍTULO 3 CONVERSANDO SOBRE PESQUISA Ymiracy N. de Souza Polak José Alves Diniz Apresentação É cada vez mais frequente a exigência do desen- volvimento de pesquisas e de projetos na escola que en- volvam todos os segmentos relacionados ao cotidiano do trabalho. Estes projetos visam construir e reconstruir o co- nhecimento de forma colaborativa, crítica ou estraté- gica. Para tanto, é preciso que todos os sujeitos perten- centes a este cenário se envolvam com a pesquisa ou projeto, reflitam sobre o mesmo e façam preferencial- mente o planejamento da investigação com seus pares. O planejamento é uma ação puramente humana e se faz presente em nosso cotidiano de uma forma assis- temática. Exemplificando: quando desejamos comprar um carro, fazemos todo um planejamento no qual bus- camos respostas para questões como: “que carro com- prar?”, “qual o mais seguro?”, “qual o mais confortável e funcional?”, “de quanto disponho?”, “como pagar?”, etc. São perguntas de ordem prática para as quais você busca resposta de
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