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Prévia do material em texto

2017
Mercado do
agronegócio
Prof. Pablo Rodrigo Bes Oliveira
Copyright © UNIASSELVI 2017
Elaboração:
Prof. Pablo Rodrigo Bes Oliveira
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
332.04 
O48m Oliveira, Pablo Rodrigo Bes
Mercado do agronegócio / Pablo Rodrigo Bes Oliveira: 
UNIASSELVI, 2017.
160 p. : il. 
 
ISBN 978-85-515-0075-0
1. Mercado Financeiro.
I. Centro Universitário Leonardo da Vinci.
Impresso por:
III
apresentação
Queridos acadêmicos, este Livro de Estudos foi construído na intenção 
de inseri-los nos estudos relativos ao Mercado do Agronegócio, um mercado 
hoje em expansão e com destaque no cenário nacional e internacional. Para 
conseguirmos cumprir com esta finalidade teremos que estudar conceitos de 
áreas diversas que convergem e tangenciam o tema. Áreas como a Economia, 
Finanças, Contabilidade, Marketing e específicas relacionadas ao segmento 
como Agricultura, Pecuária e o Agronegócio se farão presentes nas discussões. 
Na primeira unidade de estudos iremos retomar alguns tópicos 
importantes da área da Economia, procurando estabelecer conexões entre 
os diversos mercados que fazem parte de um sistema econômico. Iremos 
destacar princípios básicos como o da escassez, que correlaciona os aspectos 
das necessidades ilimitadas versus recursos que se mostram escassos tanto 
na vida pessoal quanto no interior das organizações. Da mesma forma, 
estaremos verificando a lei da oferta e da demanda que versa sobre os autores 
envolvidos nas transações no interior destes mercados. Também iremos 
focar nesta unidade inicial o Fordismo e o Toyotismo, entendendo que suas 
ideias são potentes e acabam reconfigurando as formas como as organizações 
em todos os segmentos se estruturam após estes eventos. Finalizando a 
unidade veremos um panorama inicial sobre o agronegócio no Brasil e 
problematizaremos a abertura de mercados e suas consequências.
Na segunda unidade de estudos iremos abordar primeiramente a 
globalização, seus antecedentes históricos que preparam e planificam o mundo, 
parafraseando a ideia de um dos autores estudados. Iremos abordar como 
este fenômeno acaba sendo refletido sobre a economia, sobre a cultura e sobre 
a sociedade em geral, principalmente focando a pobreza. Logo após, iremos 
falar sobre o comércio eletrônico e a democracia digital que se encontram 
muito relacionadas ao advento da globalização e se apresentam como as 
lógicas dominantes hoje no mercado. Finalizando a unidade iremos realizar 
uma reflexão sobre como o mundo torna-se centrado na lógica matemática, 
o que chamamos de matematização do mundo da vida, procurando realizar 
um resgate histórico de como este discurso se constitui e se estabelece como 
uma verdade a ser seguida.
Já na Unidade 3 iremos focar com maior ênfase os aspectos relacionados 
na gestão da empresa agrícola, focando as áreas da contabilidade agrícola e do 
marketing voltado para o setor. Iremos visualizar alguns conceitos e ferramentas 
que servirão de base para o gestor conduzir com sucesso seu empreendimento 
no agronegócio.
O Livro de Estudos foi construído com muito empenho e carinho, 
buscando uma imersão e pesquisa nos referencias teóricos destas áreas que 
possam agregar na sua formação acadêmica. 
Desejamos ótimos estudos a todos!
IV
UNI
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfi m, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades 
em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o 
material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato 
mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação 
no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir 
a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
Bons estudos!
Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos 
materiais ofertados a você e dinamizar ainda 
mais os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza 
materiais que possuem o código QR Code, que 
é um código que permite que você acesse um 
conteúdo interativo relacionado ao tema que 
você está estudando. Para utilizar essa ferramenta, 
acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor 
de QR Code. Depois, é só aproveitar mais essa 
facilidade para aprimorar seus estudos!
UNI
V
VI
VII
suMário
UNIDADE 1 - UM PANORAMA DO BRASIL FRENTE ÀS MUDANÇAS DO MERCADO .. 1
TÓPICO 1 - RELEMBRANDO CONCEITOS DA ECONOMIA .................................................... 3
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3
2 ALGUNS CONCEITOS DA ECONOMIA ....................................................................................... 3
2.1 A ESCASSEZ ..................................................................................................................................... 3
2.2 OS PROBLEMAS ECONÔMICOS FUNDAMENTAIS .............................................................. 5
2.3 OS MERCADOS ............................................................................................................................... 6
2.3.1 O mercado consumidor ......................................................................................................... 7
2.3.2 O mercado concorrente .......................................................................................................... 7
2.3.3 O mercado fornecedor ........................................................................................................... 7
2.3.4 O mercado de trabalho........................................................................................................... 8
2.3.5 O mercado financeiro ............................................................................................................. 8
2.3.5.1 O mercado de capitais ............................................................................................... 8
2.3.5.1.1 O mercado de futuros ................................................................................ 9
2.3.5.1.2 O mercado de opções ................................................................................. 10
2.4 AS TEORIAS ELEMENTARES DE MERCADO .......................................................................... 11
2.4.1 A teoria da demanda .............................................................................................................. 11
2.4.2 Teoria da oferta ....................................................................................................................... 12
2.4.3 O equilíbrio do mercado ........................................................................................................ 13
2.5 RELAÇÕES ENTRE O ESTADO E OS MERCADOS .................................................................. 14
LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................................17
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 19
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 20
TÓPICO 2 - AS NOVAS ORGANIZAÇÕES ...................................................................................... 21
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 21
2 O FORDISMO ....................................................................................................................................... 22
2.1 UMA VISÃO CULTURAL SOBRE O FORDISMO ..................................................................... 26
3 O TOYOTISMO .................................................................................................................................... 27
3.1 A ELIMINAÇÃO DO DESPERDÍCIO .......................................................................................... 29
3.2 O JUST-IN-TIME .............................................................................................................................. 29
3.2.1 Ninben no tsuita jidoka ............................................................................................................. 30
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 30
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 33
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 34
TÓPICO 3 - A ABERTURA DOS MERCADOS NO BRASIL ......................................................... 35
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 35
2 UM RESGATE DA HISTÓRIA DA AGRICULTURA AO AGRONEGÓCIO NO BRASIL .. 35
3 ABERTURA DE MERCADO E A ECONOMIA .............................................................................. 39
3.1 ABERTURA DE MERCADO E A POBREZA ............................................................................... 41
3.2 ABERTURA DE MERCADO E A CULTURA .............................................................................. 43
3.3 ABERTURA DE MERCADO E A EMPRESA AGRÍCOLA ........................................................ 44
VIII
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 48
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 50
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 51
UNIDADE 2 - O MUNDO AGORA É PLANO .................................................................................. 53
TÓPICO 1 - AS FORÇAS QUE TORNARAM O MUNDO PLANO.............................................. 55
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 55
2 AS DEZ FORÇAS QUE ACHATARAM O MUNDO ..................................................................... 55
3 OS BLOCOS ECONÔMICOS ............................................................................................................ 59
3.1 O MERCADO COMUM DO SUL ................................................................................................. 61
4 GLOBALIZAÇÃO E POBREZA ......................................................................................................... 65
4.1 GLOBALIZAÇÃO, PODER, CULTURA E MEIO AMBIENTE ................................................. 67
4.2 REFLEXÕES CRÍTICAS SOBRE A GLOBALIZAÇÃO ............................................................... 68
4.3 AS EMPRESAS TRANSNACIONAIS ........................................................................................... 70
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 71
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 74
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 75
TÓPICO 2 - A DEMOCRACIA E O COMÉRCIO ELETRÔNICO ................................................. 77
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 77
2 O COMÉRCIO ELETRÔNICO E A ORGANIZAÇÃO DOS MERCADOS .............................. 77
2.1 PARTICULARIDADES DO COMÉRCIO ELETRÔNICO .......................................................... 80
3 DEMOCRACIA DIGITAL E CIDADANIA ..................................................................................... 82
3.1 ÉTICA E CIBERCRIME ................................................................................................................... 84
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 86
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 89
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 90
TÓPICO 3 - A MATEMATIZAÇÃO DO MUNDO DA VIDA ........................................................ 91
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 91
2 ENUNCIADOS CONSTRUINDO REALIDADES......................................................................... 91
3 O MUNDO CARTESIANO ................................................................................................................ 93
4 A METROLOGIA.................................................................................................................................. 97
5 OS ÁTOMOS, OS BITS E A INTERNET .......................................................................................... 100
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 102
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 104
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 105
UNIDADE 3 - A GESTÃO DA EMPRESA AGRÍCOLA .................................................................. 107
TÓPICO 1 - EM BUSCA DE UMA GESTÃO EFICAZ ..................................................................... 109
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 109
2 ADMINISTRAÇÃO E GESTÃO ........................................................................................................ 109
3 A CONSTRUÇÃO DA PROPRIEDADE MODERNA ................................................................... 112
4 ORGANIZAR A PRODUÇÃO OU PRODUZIR A ORGANIZAÇÃO? ..................................... 114
4.1 PLANEJAMENTO ........................................................................................................................... 115
4.2 ORGANIZAÇÃO ............................................................................................................................. 1174.3 DIREÇÃO .......................................................................................................................................... 117
4.4 CONTROLE ...................................................................................................................................... 118
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 119
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 121
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 122
IX
TÓPICO 2 - A CONTABILIDADE E A EMPRESA AGRÍCOLA .................................................... 123
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 123
2 CULTURAS TEMPORÁRIAS ............................................................................................................ 124
2.1 FLUXO CONTÁBIL DA CULTURA TEMPORÁRIA ................................................................. 125
2.2 CULTURAS PERMANENTES ....................................................................................................... 126
2.2.1 Fluxo contábil da cultura permanente ................................................................................. 127
2.2.2 Informações gerenciais contábeis ......................................................................................... 128
2.3 A CÉDULA DO PRODUTO RURAL ............................................................................................ 133
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 135
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 137
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 138
TÓPICO 3 - MARKETING E AGRONEGÓCIO ................................................................................. 139
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 139
2 O PLANEJAMENTO DE MARKETING ........................................................................................... 141
3 OS PS DO MARKETING ..................................................................................................................... 147
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 150
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 153
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 154
REFERÊNCIAS ......................................................................................................................................... 155
X
1
UNIDADE 1
UM PANORAMA DO BRASIL FRENTE 
ÀS MUDANÇAS DO MERCADO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade tem por objetivos:
• compreender os principais conceitos econômicos que se fazem necessários 
para entender o mercado do agronegócio brasileiro nos dias atuais;
• identificar as teorias de mercado e sua aproximação com o setor analisado;
• conhecer o Fordismo e o Toyotismo;
• compreender o processo de abertura de mercado no Brasil e suas implica-
ções nas áreas da economia e na cultura;
• perceber como o processo de abertura do mercado nacional reflete no se-
tor do agronegócio.
Esta unidade está dividida em três tópicos. Ao final de cada um deles você 
encontrará atividades que o auxiliarão no seu aprendizado.
TÓPICO 1 – RELEMBRANDO CONCEITOS DA ECONOMIA
TÓPICO 2 – AS NOVAS ORGANIZAÇÕES
TÓPICO 3 – A ABERTURA DO MERCADO NO BRASIL
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
RELEMBRANDO CONCEITOS DA ECONOMIA
1 INTRODUÇÃO
Queridos acadêmicos, com a intenção de prepará-los para um melhor 
aprendizado dos objetivos que nos propomos neste tópico inicial do nosso livro 
de estudos, iremos rever alguns conceitos básicos da área da Economia. Este 
caminho se faz necessário para que possamos nos situar bem no interior das 
diversas análises que serão propostas na disciplina, no decorrer de suas unidades 
e respectivos tópicos.
2 ALGUNS CONCEITOS DA ECONOMIA
Para todos aqueles que adentram nas áreas da gestão, sejam nos setores 
primários, secundários ou terciários, seja no terceiro setor ou mesmo nos 
estabelecimentos públicos diversos, se faz necessário um conhecimento prévio 
da área da Economia. Isso nos possibilita analisar e perceber como, atualmente, 
o Estado se vale de uma série de medidas de regulação do mercado que refletem 
sobre os negócios que, muitas vezes, estamos gerindo. Desta forma, iniciamos 
pontuando algumas questões básicas da economia e, posteriormente, como o 
Estado se relaciona com o mercado.
2.1 A ESCASSEZ 
O agronegócio no Brasil, hoje, representa riqueza e prosperidade, uma vez 
que o segmento tem participação efetiva no PIB nacional e se destaca pelo grande 
volume de exportações, tanto nas áreas agrícolas quanto pecuárias, de produtos 
finais e insumos. 
Para começarmos nosso entendimento sobre estas questões, temos que 
realizar uma incursão sobre alguns dos principais conceitos econômicos que 
nos ajudarão a entender este setor e perceber como, historicamente, chegamos 
ao patamar em que nos encontramos hoje. E é nesta direção que partimos agora, 
procurando esse resgate de noções básicas da economia.
Começaremos por recordar a definição do problema básico da economia, 
que é a ESCASSEZ, lembra? O que isso quer dizer? 
UNIDADE 1 | UM PANORAMA DO BRASIL FRENTE ÀS MUDANÇAS DO MERCADO
4
A escassez representa que todos os recursos são escassos, ou seja, sempre 
possuiremos, em todas as áreas que analisarmos, uma gama muito maior de 
necessidades do que podemos atender através de nossos recursos. O conceito 
fica simples de entendimento quando levamos para nossa vida pessoal: imagine 
que você recebe um salário mensal com o qual deve viver (ou ao menos deveria), 
com base neste salário você realiza seu orçamento e decide sobre o que irá pagar, 
comprar ou investir. Porém, algumas vezes você pode ter a sensação de não 
conseguir comprar tudo aquilo que queria, não é mesmo? Já se sentiu assim? Se a 
resposta for positiva, calma, isso traduz essa máxima da economia: os recursos são 
escassos, por isso temos que fazer escolhas, por isso planejamos nossas compras e 
pautamos nossas vidas em decisões dentro daquilo que poderíamos comprar.
Nas empresas, de modo geral, este princípio também se evidencia, uma 
vez que os recursos envolvem os insumos, matérias-primas, custos e despesas e 
evidenciam se os produtos ou serviços serão viáveis economicamente de serem 
produzidos. Por essa razão se investe em bons projetos, através dos quais as 
empresas poderão decidir em qual deles investir seus recursos. Mesmo que se 
tenha inúmeros bons projetos possíveis de serem alocados recursos, fatalmente se 
terá que optar por alguns, dada a escassez de recursos.
FIGURA 1 - OS RECURSOS SÃO ESCASSOS
FONTE: Disponível em: <http://bp2.blogger.com/_Ysd6Bm18a1o/SC1fq_Aw7cI/
AAAAAAAAAA4/dECUXsYhjI0/s320/imagem1.JPG>. Acesso em: 20 mar. 2017.
Na realidade, ocorre que a escassez dos recursos disponíveis acaba por 
gerar a escassez dos bens - chamados "bens econômicos" -, por exemplo: as 
jazidas de minério de ferro são abundantes, porém, o minério pré-usinável, as 
TÓPICO 1 | RELEMBRANDO CONCEITOS DA ECONOMIA
5
chapas de aço e finalmente o automóvel são bens econômicos escassos. Logo, o 
conceito deescassez econômica deve ser entendido como a situação gerada pela 
razão de se produzir bens com recursos limitados, a fim de satisfazer as ilimitadas 
necessidades humanas. Todavia, somente existirá escassez se houver uma procura 
para a aquisição do bem. Por exemplo: o hino nacional escrito na cabeça de um 
alfinete é um bem raro, mas não é escasso porque não existe uma procura para sua 
aquisição (VASCONCELLOS; PINHO, 2006).
 
Lembramos com o exemplo acima que os bens são procurados quando são 
úteis, originando-se daí a definição de bem econômico. Bem é tudo aquilo que é 
capaz de atender uma necessidade do homem, tendo sido comprado através da 
entrega de trabalho ou moeda, diferente dos bens livres que estão ao acesso das 
pessoas sem esta necessidade.
QUADRO 1 - BENS LIVRES E BENS ECONÔMICOS
BENS ECONÔMICOS BENS LIVRES
São os bens pelos quais o 
homem necessita despender um 
valor monetário ou seu trabalho para 
poder utilizá-los. Considera-se como 
bens escassos, pois percebemos um 
desajuste entre a quantidade necessária 
e a existente desse tipo de bem.
Ex.: casa, carro, viagens, 
alimentos, vestuários etc.
São os bens que cada pessoa 
pode usufruir sem ter que entregar 
moeda ou trabalho em troca. Estes bens 
existem na natureza e, normalmente, 
se apresentam em quantidade superior 
para a satisfação das necessidades dos 
indivíduos.
Ex.: ar, água dos mares, gelo 
das regiões polares.
FONTE: O autor
2.2 OS PROBLEMAS ECONÔMICOS FUNDAMENTAIS
Ao prosseguirmos em nossos estudos, temos que recordar que, ao 
trabalharmos com os conceitos econômicos e sua inserção numa comunidade, três 
são as perguntas que caracterizam o que é visto como representativo dos principais 
problemas econômicos. São elas:
• O que produzir?
• Como produzir?
• Para quem produzir?
Quando falamos sobre O QUE produzir, consideramos quais produtos 
deverão ser produzidos, e em quais quantidades serão disponibilizados aos 
consumidores.
Ao definirmos COMO iremos produzir, estamos nos referindo às pessoas 
que ficarão encarregadas desta tarefa, e quais os recursos e as técnicas ou tecnologias 
serão empregados.
UNIDADE 1 | UM PANORAMA DO BRASIL FRENTE ÀS MUDANÇAS DO MERCADO
6
Por fim, ao definirmos PARA QUEM iremos produzir, nos referimos aos 
compradores em potencial, aqueles que possuem renda para adquirir nossos 
produtos.
Como podemos perceber, devido à escassez e ao atendimento das 
perguntas relativas aos problemas econômicos fundamentais, temos evidenciado 
a importância e necessidade de fazer escolhas!
Ao decidir "o que" deverá ser produzido e "como", o sistema econômico 
terá realmente decidido como alocar ou distribuir os recursos disponíveis entre 
as milhares de diferentes possíveis linhas de produção. Quanta terra destinar-
se-á ao cultivo do café? Quanta pastagem? Quantas fábricas para a produção de 
camisas? Quantos automóveis? Analisar todos esses problemas simultaneamente 
é por demais complicado. Para simplificá-lo, suponhamos que somente dois 
bens econômicos deverão ser produzidos: camisas e carros. Haverá sempre uma 
quantidade máxima de carros (camisas) produzida anualmente, quando todos os 
recursos forem destinados à sua produção e nada à produção de camisas (carros). A 
quantidade exata depende da quantidade e da qualidade dos recursos produtivos 
existentes na economia e do nível tecnológico com que sejam combinados. 
Evidentemente, fora das quantidades máximas existem infinitas possibilidades 
de combinações intermediárias entre carros e camisas a serem produzidos 
(VASCONCELLOS; PINHO, 2006).
2.3 OS MERCADOS
 
A palavra mercado, na economia, serve para definir relações entre os vários 
aspectos observados.
Podemos definir o mercado como o ambiente propício e com condições para 
a compra e venda de bens e serviços. O conceito de mercado muda na economia a 
partir da existência das redes digitais, que possibilitam que possam existir relações 
de compra virtuais, sem a presença física de um local previamente estabelecido. 
Hoje, sabemos que a grande maioria das organizações possui uma página na 
internet para efeito de divulgação de seus produtos ou mesmo a comercialização 
deles. Os consumidores, de certa forma, estão se habituando a realizar suas 
pesquisas de compra via internet e a compra efetiva nas lojas, ou pela própria rede.
O importante é que se entenda o mercado como a organização na qual os 
ofertantes (vendedores) e os demandantes (compradores) estabelecem suas relações 
comerciais. Nesta lógica, podemos elencar três tipos de mercados básicos. Seriam 
eles: o mercado consumidor, o mercado concorrente e o mercado fornecedor.
TÓPICO 1 | RELEMBRANDO CONCEITOS DA ECONOMIA
7
2.3.1 O mercado consumidor
Quando pensamos em produzir algo para a venda, ou prestamos algum 
tipo de serviço, temos que dimensionar a quem estamos destinando ou projetando 
nossos produtos ou serviços, quem serão as pessoas que comprarão nossos 
produtos ou utilizarão nossos serviços ofertados. 
Esse universo abrange o chamado mercado consumidor, conforme 
estudamos anteriormente com a lei da demanda, lembram? São os demandantes, 
compradores em potencial dos bens econômicos para quem produzimos enquanto 
empresas.
Aqui reside a importância das pesquisas realizadas pelas empresas, 
procurando mapear necessidades e realizar pré-testes antes do lançamento de um 
novo produto, visando verificar se este será bem aceito ou não pelos clientes.
2.3.2 O mercado concorrente
Chamamos de mercado concorrente a junção daquelas empresas que estão 
atuando no mercado e que ofertam um produto ou serviço igual ou similar ao 
seu, ou seja, vamos supor que você definiu como foco do seu negócio o cultivo de 
produtos orgânicos para a venda aos consumidores em feiras do gênero. Para medir 
e monitorar o seu mercado concorrente, você deve perceber quantos agricultores 
têm feito a mesma escolha e produzido também de forma orgânica, e mais, quais 
os produtos eles têm cultivado, como têm vendido estes produtos, no varejo ou 
em formato de cestas. Enfim, quanto mais informações você possuir sobre a sua 
concorrência, melhores condições terá para atuar neste mercado.
2.3.3 O mercado fornecedor
O mercado fornecedor é aquele que reúne as organizações que irão 
oferecer os equipamentos, insumos, matérias-primas, embalagens e toda a gama 
de materiais que você possa vir a necessitar no seu processo de produção ou na sua 
prestação de serviços. Aqui destacamos a importância de se possuir mais de um 
fornecedor para os itens necessários.
Devemos observar os aspectos de qualidade, preço, prazo, garantias e 
assistência técnica ao selecionarmos nossos fornecedores e estabelecermos esta 
parceria nos negócios.
UNIDADE 1 | UM PANORAMA DO BRASIL FRENTE ÀS MUDANÇAS DO MERCADO
8
2.3.4 O mercado de trabalho
Representa a relação entre os trabalhadores e as organizações 
(empregadores). Representa o local onde as ofertas e demandas de emprego se 
confrontam e as quantidades oferecidas e demandadas se ajustam em função do 
preço (que seria o salário no mercado de trabalho) (OLIVEIRA; PICCININI, 2011).
O mercado de trabalho abrange o espaço onde estas relações entre 
empregados e empregadores ocorrem, sendo de suma importância para o 
funcionamento da economia. Segundo a interpretação clássica da economia, o 
trabalho é um produto no qual os trabalhadores são vendedores, os empregadores 
atuam como compradores, os salários são considerados o preço e o mercado de 
trabalho representa o espaço onde ocorrem as transações.
As diferenças de preços entre companhias serão reduzidas com o 
livre deslocamento dos trabalhadores entre organizações, o que permite que, 
eventualmente, se alcance o equilíbrio dos salários em todo o mercado. Segundo 
Horn (2006), este arranjo está inserido no sistema mais amplo da economia 
capitalista, cumprindo duas funções: aloca os trabalhadores de uma sociedade 
em diferentes espaços produtivos e assegura renda àqueles que participam desta 
relação.
2.3.5 O mercado financeiro
Segundo o sitede finanças Portal Action (s.d.), o mercado financeiro é o 
mercado onde os recursos excedentes da economia (poupança) são direcionados 
para o financiamento de empresas e de novos projetos (investimentos). No mercado 
financeiro tradicional, o dinheiro que é depositado pelos poupadores nos bancos 
é utilizado pelas instituições financeiras com o intuito de financiar alguns setores 
da economia que precisem de recursos. Para realizar essa intermediação, os bancos 
cobram do tomador do empréstimo o spread, uma taxa, a título de remuneração 
para cobrir os seus custos operacionais e o risco da mesma. Quanto maior for o 
risco de não recebimento do dinheiro de volta pela instituição financeira, maior 
será o spread.
Um dos componentes do mercado financeiro é o mercado de capitais, que 
mais nos interessa conhecer nesta disciplina.
2.3.5.1 O mercado de capitais
É no mercado de capitais que as empresas que precisam de recursos 
conseguem financiamento, por meio da emissão de títulos, vendidos diretamente 
TÓPICO 1 | RELEMBRANDO CONCEITOS DA ECONOMIA
9
aos poupadores/investidores, sem a intermediação bancária. Dessa forma, os 
investidores acabam emprestando o dinheiro de suas poupanças a empresas, 
também sem a intermediação bancária (PORTAL ACTION, s.d.).
O mercado de capitais é composto por cinco ramificações. São elas: o 
Mercado de Renda Variável, Mercado de Renda Fixa, Mercado de Câmbio, 
Mercado de Fundos de Investimento e o Mercado de Derivativos.
Como boa parte das transações que envolvem o agronegócio ocorre hoje 
no mercado de derivativos, mais especificamente nas operações do mercado de 
futuros e de opções, é sobre estes que estaremos nos aprofundando um pouco 
mais neste momento.
2.3.5.1.1 O mercado de futuros
Os participantes aqui se comprometem a comprar ou vender certa 
quantidade de um ativo por um preço estipulado para a liquidação em data 
futura. Estes contratos futuros são negociados somente em bolsas e têm seus 
compromissos ajustados diariamente, mapeando as possíveis perdas e os ganhos 
dos investidores.
FONTE: Adaptado de Schouchana (2004) 
Neste mercado, muito utilizado nas operações que envolvem transações 
agrícolas, é possível a realização de diversas operações (dependendo do nível de 
risco do investidor), que variam da proteção do lucro (hedge), de renda fixa (baixo 
risco) e especulativas (alto risco). Desta forma, o mercado futuro serve como uma 
ferramenta para controlar o risco futuro ao qual o investidor se encontra exposto.
Embora se associe o mercado futuro com estratégias de investimentos de 
alto risco, sua origem é de proteção, o que ocorre com o hedge, que visa a eliminação 
do risco de preço. Por hedge entendemos uma garantia de preço no futuro e seu 
FIGURA 2 - CARACTERÍSTICAS DO MERCADO FUTURO
Nos negócios efetuados a futuro, compradores e vendedores 
de determinados ativos ou produtos fixam preço com 
vencimento para data futura.
O comprador futuro fixa preço de compra de seu produto 
antecipadamente, visando assegurar custo compatível com a 
margem de rentabilidade para proteger-se do risco de alta no 
preço desse insumo.
O vendedor a futuro fixa o preço de venda de sua mercadoria 
antecipadamente, para se proteger do risco de queda no preço 
e garantir a margem de rentabilidade.
UNIDADE 1 | UM PANORAMA DO BRASIL FRENTE ÀS MUDANÇAS DO MERCADO
10
funcionamento está muito associado ao produtor agrícola. Exemplo: vamos 
imaginar um produtor de soja. Este realiza a plantação de sua lavoura meses antes 
da colheita e, consequentemente, da venda da produção, não é mesmo? Durante 
o plantio o produtor pode incorrer em inúmeros gastos, como o financiamento de 
máquinas e sua manutenção, salário dos trabalhadores, arrendamentos de terras, 
entre outros. Todos estes gastos ocorrem ainda antes do agricultor ter uma noção 
exata do preço que receberá pela saca de sua soja plantada. Neste caso, o produtor 
pode realizar uma operação de hedge com uma empresa que utilize a sua soja como 
insumo e que comprará a mesma daqui a quatro meses a um preço predefinido. 
O produtor, ao fazer o hedge da sua produção, se protege contra a queda do preço 
da soja, enquanto o comprador, por sua vez, se protege contra a subida do preço.
2.3.5.1.2 O mercado de opções
As opções são uma das modalidades operacionais que compõem o mercado 
de derivativos. São instrumentos financeiros que permitem a transferência do risco 
de oscilação dos preços entre os participantes do mercado.
Neste caso, quem adquire o direito deve pagar um prêmio ao vendedor. 
Este prêmio não é o valor do bem, mas apenas um valor pago para ter a opção 
(possibilidade) de comprar ou vender o bem em uma data futura por um preço 
previamente acordado.
O Portal do Investidor (s.d.) indica que o objeto dessa negociação pode ser 
um ativo financeiro ou uma mercadoria, sendo negociado em pregão com ampla 
transparência. O comprador da opção, também chamado titular, sempre terá o 
direito do exercício, mas não a obrigação de exercê-lo. O vendedor da opção, por 
sua vez, chamado de lançador, terá a obrigação de atender ao exercício caso o 
titular opte por exercer o seu direito.
• Preço de exercício – é o preço que o titular paga (ou recebe) pelo bem em caso 
de exercício da opção.
• Prêmio – é o valor pago pelo titular (e recebido pelo lançador) para adquirir o 
direito de comprar ou vender o ativo pelo preço de exercício em data futura.
É importante destacar que no mercado de opções o titular pode perder, no 
máximo, o prêmio pago, enquanto para o lançador os riscos são ilimitados.
Exemplificando: Vamos simular um exemplo de hedge no mercado de 
opções. Um produtor de café tem sua safra para colheita estimada em 1.000 sacas 
e teme que, ao vendê-la, em 60 dias, os preços tenham caído muito e deseja se 
proteger desse risco. Para assegurar um preço de venda capaz de garantir sua 
margem de lucro, decide comprar opções de venda do café ao preço do exercício 
de 500 reais por saca, negociados na bolsa a um vencimento compatível (em torno 
de 60 dias), a um prêmio de 25 reais por saca, desembolsando de imediato 25.000 
reais para adquirir tal direito de venda (1.000 sacas ao prêmio de 25 reais cada).
TÓPICO 1 | RELEMBRANDO CONCEITOS DA ECONOMIA
11
• Vamos supor que, no vencimento da opção, o preço à vista esteja em 450 reais. O 
produtor exercerá seu direito de vender a 500 reais a saca, auferindo o resultado 
de 475.000 reais, correspondente aos 500.000 reais deduzido o prêmio pago de 
25.000 reais.
• Outra hipótese possível seria que, no vencimento da opção, o preço à vista 
estivesse em 550 reais, o titular da opção irá perder o seu interesse em vendê-la 
a 500 reais a saca, preferindo perder os 25.000 reais pagos como prêmio, porém 
mantendo a possibilidade de vender sua produção pelos 550 reais por saca que 
estão sendo pagos no mercado à vista, obtendo assim um resultado líquido de 
525.000 reais.
Obs.: para este exemplo didático não consideramos os custos de transação 
envolvidos.
2.4 AS TEORIAS ELEMENTARES DE MERCADO
Antes de adentrarmos em análises mais rigorosas sobre as teorias de mercado 
que refletem sobre o setor do agronegócio, no Brasil e no mundo, sobretudo com 
ênfase nas ideias liberais, nos cabe entender bem questões elementares sobre o 
mercado. Faremos isso analisando, num primeiro momento, a teoria da demanda 
e, logo após, a teoria da oferta.
2.4.1 A teoria da demanda
A forma mais usual de definirmos a demanda ou procura seria com o 
número máximo de quantidades de um bem ou serviço que o consumidor deseja 
comprar durante um certo período de tempo. Perceba que estamos falando de um 
desejo e não necessariamente a realização da compra, mas sim de uma aspiração 
a ela. Da mesma forma, precisamos destacar que se estabelece esta relação num 
determinado período de tempo.
Poderíamos nos perguntar: do que depende este desejo de consumir? Que 
fatores podem influenciar nesta procura?
Como tínhamos falado no início desta unidade, os recursos escassos 
obrigam o consumidora realizar escolhas entre diferentes bens e serviços que 
gostaria de adquirir contemplando a sua renda, constituindo este um dos principais 
aspectos que determinam a demanda. Para entendermos um pouco melhor, vamos 
acompanhar o exemplo:
UNIDADE 1 | UM PANORAMA DO BRASIL FRENTE ÀS MUDANÇAS DO MERCADO
12
GRÁFICO 1 - DEMANDA
Preço
P1
P2
Q1 Q2
Demanda
Quantidade Demandada
FONTE: Ferguson (1987 apud VASCONCELLOS; PINHO, 2006)
Supondo que um indivíduo vá almoçar num restaurante, vamos verificar o 
que influencia sua escolha. Recebendo o cardápio, a primeira coisa que ele olha são 
os preços. Assim, a escolha de um determinado prato, digamos um filé, depende 
não só do preço do filé, mas também do preço das outras carnes, do preço das 
massas etc. Pode-se facilmente ver que, quanto maior for o preço do filé, menos 
propenso estará o indivíduo a pedir um. Da mesma forma, quanto menor o preço 
dos outros pratos principais: massas, carnes etc., menor desejo ele terá de comer um 
filé. Isto se dá porque o filé, as outras carnes e as massas são substitutos. Ele escolhe 
ou um ou outro. Dificilmente o consumidor pedirá um frango acompanhado de 
um peixe. De outra parte, existem os acompanhamentos ou complementos. É 
um filé com fritas, ou com arroz, ou mesmo com arroz e fritas. Caso o preço dos 
acompanhamentos seja alto, ele reduzirá sua vontade de pedir um filé. Além dos 
preços, uma outra variável afeta esta escolha: a renda. Se o indivíduo não tiver 
dinheiro para pagar a conta, não irá pedir o filé com fritas. Também o gosto do 
consumidor determina a escolha. Mesmo que o preço do bife de fígado e seus 
acompanhamentos sejam baixos, o indivíduo não pedirá caso não suporte fígado 
(VASCONCELLOS; PINHO, 2006).
Dessa forma, podemos dizer que a lei da demanda estabelece uma relação 
inversa entre a quantidade e o preço dos bens ou serviços, ou seja, quanto maior 
for o preço do produto, menor o desejo de compra por parte do consumidor.
É importante conhecermos essa lei da demanda, pois através dela também 
podemos analisar como o comportamento do consumidor ocorre ao ter que optar, 
da mesma forma, entre produtos diversos ao realizar suas escolhas de compra.
2.4.2 Teoria da oferta
Podemos definir a oferta como a quantidade de um bem ou serviço que os 
produtores desejam vender a um determinado preço num determinado período.
TÓPICO 1 | RELEMBRANDO CONCEITOS DA ECONOMIA
13
Desta forma, quanto maior for o preço de um bem, maior a intenção ou o 
desejo daqueles que o produzem em vender tal bem. Podemos dizer haver uma 
relação direta entre o preço e a quantidade, ao contrário da lei da procura.
GRÁFICO 2 - OFERTA
FONTE: Ferguson (1987 apud VASCONCELLOS; PINHO, 2006)
Além do preço, a oferta de um bem também depende do preço dos fatores 
de produção empregados e da tecnologia utilizada. Estes dois elementos compõem 
o que chamamos de custo de produção.
Vamos dar um exemplo: aumentando o preço da terra, teremos um grande 
aumento nos custos de produção do setor agrícola, enquanto em outros segmentos, 
que utilizam em menor intensidade o fator terra, verificaremos um aumento menor 
dos custos.
2.4.3 O equilíbrio do mercado
O preço é muito importante para que atinjamos o equilíbrio do mercado, 
sendo determinado tanto pela oferta quanto pela procura de bens e serviços.
GRÁFICO 3 - EQUILÍBRIO DO MERCADO
FONTE: Ferguson (1987 apud VASCONCELLOS; PINHO, 2006)
UNIDADE 1 | UM PANORAMA DO BRASIL FRENTE ÀS MUDANÇAS DO MERCADO
14
Olhando para o gráfico apresentado, podemos imaginar algumas situações:
• Quando existe um excesso de procura, surgem pressões para o aumento dos 
preços, pois, como os compradores são incapazes de comprar tudo o que 
desejam ao preço existente, se dispõem e passam a pagar mais. Já os vendedores, 
por sua vez, ao perceberem a escassez como oportunidade de elevar os preços 
sem ocasionar queda nas suas vendas.
• Quando existe um excesso de oferta, surgem pressões para os preços caírem, 
pois os vendedores percebem que não podem vender tudo o que desejam, 
aumentando seus estoques (o que também é custo) e, assim, passam a oferecer 
a preços menores. Já os compradores notam a fartura e passam a negociar/
pechinchar o preço destes bens.
2.5 RELAÇÕES ENTRE O ESTADO E OS MERCADOS
 
Agora que já fizemos uma breve introdução a alguns elementos iniciais 
e elementares da economia, nos cabe analisarmos como o Estado exerce sua 
participação na regulação das atividades do mercado, seja este mercado de fatores 
de produção ou mercado de produtos propriamente ditos.
Essa análise é interessante, pois sabemos ser conhecidas historicamente 
dentro do setor agrícola nacional as políticas de incentivos e subsídios relacionados 
ao incremento da produção. Estas ações, entre outros fatores, explicam a ascensão 
do agronegócio aos patamares que encontramos hoje no Brasil.
A intervenção ativa e continuada do Estado na economia tornou-se um 
aspecto essencial das economias capitalistas modernas, pelo menos desde o final 
da Segunda Grande Guerra (CARVALHO, 1999). No Brasil não é diferente, basta 
constatarmos que o Estado demanda bens e serviços em volume muito superior ao 
que é exportado e, até mesmo, superior aos investimentos externos.
Recorrendo aos antecedentes históricos que nos levam a entender o papel 
do Estado na regulação da economia e consequentemente do mercado, temos que 
nos reportar ao século XVII, com o início da teoria econômica, na figura de Adam 
Smith, conhecido como o Pai da Economia. Adam Smith, em sua obra A Riqueza 
das Nações (1776), realiza sua famosa afirmação de que uma “mão invisível” seria 
capaz de regular as ações do mercado (oferta e procura, lembram?), defendia 
a ideia de um sistema econômico fechado, onde não existia intervenção estatal 
alguma. Acreditava que a própria relação entre produtores e consumidores seria 
suficiente para que os preços se ajustassem e o equilíbrio entre oferta e demanda 
fosse estabelecido.
Ao término do século XVIII, os economistas clássicos liberais conseguem 
grande aceitação de suas teorias. Essa reação para o liberalismo culmina com a 
ocorrência da Revolução Francesa. As ideias liberais decorrem do direito natural: 
a ordem natural é a ordem mais perfeita. Os bens naturais, sociais e econômicos 
TÓPICO 1 | RELEMBRANDO CONCEITOS DA ECONOMIA
15
são os bens que possuem caráter eterno. Os direitos econômicos humanos são 
inalienáveis e existe uma harmonia preestabelecida em toda a coletividade de 
indivíduos. Segundo o liberalismo, a vida econômica deve afastar-se da influência 
estatal, uma vez que o trabalho segue os princípios econômicos e a mão de obra está 
sujeita às mesmas leis da economia que regem o mercado de matérias-primas ou o 
comércio internacional. Os operários, contudo, estão à mercê dos patrões, porque 
estes são os donos dos meios de produção. A livre concorrência é o postulado 
principal do liberalismo econômico (CHIAVENATO, 1993).
Estas ideias, que constituem resumidamente o pensamento dos economistas 
liberais da época, irão perdurar pelos próximos 200 anos, compondo as teorias 
econômicas de outros pensadores liberais pós-smithianos, como James Mill, David 
Ricardo e John Stuart Mill.
Cabe esclarecer que o desenvolvimento industrial era visto também 
como atrelado ao desenvolvimento da agricultura, como nos escritos de David 
Ricardo, que pensava a economia constituída por dois setores: o manufatureiro e 
o agrícola. O primeiro estaria sujeito ao desenvolvimento tecnológico e o segundo 
apresentaria uma tecnologia quase estacionária. Para simplificar a argumentação, 
admitiremos uma tecnologia completamente estacionária para a agricultura. Ora, 
dado um país que, embora em franca industrialização, ainda fosse basicamente 
agrícola, como a Inglaterra à época de Ricardo, é fácil entender porque este 
concebia a economia em seu conjunto como sujeito aos rendimentos marginais 
decrescentes. Isto seria simplesmente uma decorrência da grande importância 
relativa da agricultura. Mesmo quehouvesse uma tendência para um aumento na 
produtividade no setor manufatureiro decorrente do desenvolvimento tecnológico, 
este ganho de produtividade desapareceria em face das fortes tendências aos 
rendimentos marginais decrescentes na agricultura – o setor básico da economia 
(ALBUQUERQUE, 1987).
NOTA
Os rendimentos marginais decrescentes na agricultura apresentados por David 
Ricardo relacionavam-se ao entendimento de que, à medida que a população crescesse, a 
produção agrícola deveria aumentar para alimentar esse número maior de indivíduos. Para 
isto seria necessária a utilização de uma quantidade maior de terras. Ricardo acreditava que a 
tendência era de que, a princípio, seriam utilizadas as terras mais produtivas, e à medida que 
se fizesse necessário, as terras de produtividade decrescente. Isto implicava que, à medida que 
a população aumentasse, a produção agrícola cresceria com um aumento na extensão das 
áreas sob cultivo, porém esses aumentos adicionais à produção seriam cada vez menores.
Podemos afirmar que o liberalismo econômico corresponde ao período 
de máximo desenvolvimento da economia capitalista, que era baseada no 
individualismo e se regia pelo jogo das leis naturais do mercado, pregando a 
UNIDADE 1 | UM PANORAMA DO BRASIL FRENTE ÀS MUDANÇAS DO MERCADO
16
livre concorrência. Claro que esta livre concorrência acaba dando início a alguns 
dos conflitos sociais que perduram até os dias de hoje, principalmente devido à 
acumulação crescente de capital por algumas corporações.
Com base no estudo destes conflitos e ainda se valendo da teorização de 
Adam Smith e David Ricardo, Karl Marx e Friedrich Engels publicam o Manifesto 
Comunista, onde analisam diversos sistemas econômicos e sociais, principalmente 
o capitalista, e lançam as ideias da luta de classes posicionando o Estado como um 
órgão sempre a serviço da classe dominante.
As condições mudam drasticamente ao final da Segunda Guerra Mundial. 
Por um lado, pela primeira vez, a teoria se desenvolve no sentido de abrir espaços 
para a intervenção do governo na economia, com a teoria keynesiana. Por outro, 
desenvolvimentos políticos seguindo uma lógica própria levaram a uma ampliação 
do peso do Estado no produto nacional (CARVALHO, 1999).
John Maynard Keynes (1883-1946) apontava para a necessidade de se criar 
uma política econômica por parte do Estado para corrigir falhas do mercado e 
realizar seu acompanhamento constante. Da mesma forma, quando necessário, 
poderiam ser feitas intervenções e regulações em busca do equilíbrio de mercado. 
Hoje podemos dizer que estamos vivendo no mundo, mais especificamente 
no Brasil, um retorno às ideias liberais, encontradas no neoliberalismo, onde a 
concepção neoliberal de sociedade e de Estado se inscreve na – e retoma à – tradição 
do liberalismo clássico, dos séculos XVIII e XIX. Enquanto a obra A riqueza das 
nações: Investigação sobre sua natureza e suas causas, de Adam Smith (publicada 
em 1776), é identificada como o marco fundamental do liberalismo econômico, 
O caminho da servidão, de Friedrich Hayek (publicado em 1944), é identificado 
como o marco do neoliberalismo.
As teorias políticas liberais concebem as funções do Estado essencialmente 
voltadas para a garantia dos direitos individuais, sem interferência nas esferas 
da vida pública e, especificamente, na esfera econômica da sociedade. Entre os 
direitos individuais, destacam-se a “propriedade privada como direito natural” 
(Locke, 1632-1704), assim como o direito à vida, à liberdade e aos bens necessários 
para conservar ambas. Na medida em que o Estado, no capitalismo, não institui, 
não concede a propriedade privada, não tem poder para interferir nela. Tem sim 
a função de arbitrar – e não de regular – conflitos que possam surgir na sociedade 
civil, onde proprietários e trabalhadores estabelecem relações de classe, realizam 
contratos, disputam interesses etc. (HÖFLING, 2001).
TÓPICO 1 | RELEMBRANDO CONCEITOS DA ECONOMIA
17
Sociedade e Economia do Agronegócio no Brasil
Beatriz Heredia
Moacir Palmeira
Sérgio Pereira Leite
Introdução
A associação entre “modernidade” e “agricultura” no Brasil tem uma longa 
história. Desde, pelo menos, a segunda metade do século XIX, que pensadores 
e homens de ação opõem propostas de uma “agricultura” ou mesmo de uma 
“indústria rural” moderna ao que seria uma agricultura “tradicional” ou “práticas 
tradicionais” das empresas agrícolas. Assim foi com a introdução dos engenhos a 
vapor e com as usinas de açúcar no Nordeste canavieiro; ou com o uso sistemático 
de máquinas no arroz e no trigo no sul do país nos anos 50 do século XX. Mas 
foi, sobretudo, a partir dos anos 70 do século que findou - com a política de 
“modernização da agricultura” promovida pelo regime militar - que se começou a 
falar mais explicitamente da existência de uma “agricultura moderna” ou de uma 
“agricultura capitalista” no Brasil, de “empresas rurais” (figura contraposta no 
Estatuto da Terra ao “latifúndio”) e de “empresários rurais”.
Com a importância assumida pelas exportações de produtos agropecuários 
e agroindustriais e com o envolvimento nesses empreendimentos de capitais das 
mais diferentes origens, e não só do chamado “capital agrário” (PALMEIRA; 
LEITE, 1998), a própria resistência dos grandes proprietários de terras às tentativas 
de mudança do sistema fundiário deslocou-se da defesa da “propriedade” e das 
“tradições” para a defesa do que seria a “atividade empresarial” no campo e “as 
(grandes) propriedades produtivas”, “responsáveis pelo desenvolvimento do 
país”.
Nos anos 1980 e início dos 1990, autores com diferentes formações 
profissionais e com referenciais teóricos e ideológicos os mais variados 
começam a substituir a expressão “agricultura (ou agropecuária) moderna” por 
“agroindústria” e a figura dos CAI (complexos agroindustriais) passa a ser moeda 
corrente (GRAZIANO DA SILVA, 1991; KAGEYAMA et al., 1990; MULLER, 1981, 
1983 e 1991, entre outros). A preocupação era assinalar a integração agricultura-
indústria pelas “duas pontas”: insumos e produtos, expressão que teria assumido 
a “industrialização da agricultura” (GRAZIANO DA SILVA, 1995) formulada por 
Kautsky ([1899] 1986) no final do século XIX. A ideia do agronegócio vai ser uma 
espécie de radicalização dessa visão, em que o lado “agrícola” perde importância 
e o lado “industrial” é abordado tendo como referência não a unidade industrial 
local, mas o conjunto de atividades do grupo que a controla e suas formas de 
gerenciamento. O boom das exportações de produtos agrícolas e agroindustriais 
nos anos mais recentes levou à adoção da expressão agronegócio ou da sua matriz 
agribusiness por associações de produtores e até pelos próprios empresários.
LEITURA COMPLEMENTAR
UNIDADE 1 | UM PANORAMA DO BRASIL FRENTE ÀS MUDANÇAS DO MERCADO
18
Da perspectiva da análise dos economistas rurais é interessante notar, 
adicionalmente, que a resistência do mainstream ao uso de uma abordagem 
“intersetorial” agricultura-indústria até meados dos anos 1980 (por considerarem 
que tal perspectiva feria a propriedade do setor agrícola em atestar os atributos 
de concorrência pura ou perfeita na análise das funções econômicas e produtivas) 
é completamente revertida no início dos 1990, quando verifica-se uma adesão, 
política é certo, aos novos termos (agribusiness primeiramente e, na sequência, o 
agronegócio) e sua capacidade “explicativa”, em termos da análise econômica, do 
novo estatuto do setor agropecuário, agora funcionando de forma “integrada”.
Da “agricultura moderna” à “sociedade do agronegócio”
As fronteiras entre “agricultura moderna”, “complexos agroindustriais” e 
“agronegócio” não são exatamente coincidentes. Mesmo que esses rótulos apontem 
alguns elementos recorrentes e, com frequência, sejam utilizados como sinônimos, 
as combinações feitas e as ênfases atribuídas são distintas.
O uso de “máquinas e insumos modernos” está presente nas três expressões, 
mas o direcionamento para exportaçãonão tem nas duas primeiras o mesmo peso 
que na última. A integração agricultura-indústria não era o maior destaque que se 
dava à “agricultura moderna” tal como formulada nos anos 1970 (MENDONÇA, 
2005). O gerenciamento de um negócio que envolve muito mais que uma planta 
industrial ou um conjunto de unidades agrícolas é uma das tônicas da ideia de 
“agronegócio”. Mesmo que a grande propriedade territorial esteja associada às 
três formas, na segunda ela é vinculada às práticas de “integração” que envolvem 
também pequenos produtores; e na terceira, mesmo que as grandes propriedades 
sejam uma marca das atividades rurais do “agronegócio”, a referência à propriedade 
territorial desaparece das formulações de seus técnicos e há até quem tente, no 
plano ideal dos projetos, associá-la com perspectivas favoráveis aos pequenos 
produtores. 
FONTE: Disponível em: <www.anpocs.com/index.php/encontros/papers/33...da-anpocs/gt...
sociedade/file>. Acesso em: 5 maio 2017.
DICAS
Querido acadêmico, queira se aprofundar com a leitura do artigo completo, 
acesse os anais do evento: 33° Encontro Anual da ANPOCS Caxambu, 26 a 30 de outubro de 
2009.
19
Neste tópico, você aprendeu que:
• Alguns conceitos da economia são importantes para que possamos compreender 
o mercado que envolve agronegócio e suas particularidades.
• A escassez, traduzida na impossibilidade de recursos para satisfazer as 
necessidades humanas e organizacionais, o que leva à realização de escolhas por 
parte das pessoas e das empresas.
• A teoria da oferta: mantém uma relação inversa entre o preço e a quantidade 
vendida.
• A teoria da demanda: relaciona diretamente o desejo de compra do consumidor 
com o preço do bem.
• O equilíbrio de mercado, perseguido através do equilíbrio entre a oferta e a 
procura.
• A existência de inúmeros mercados: consumidor, fornecedor, concorrentes, de 
trabalho e financeiro.
• O mercado financeiro e suas divisões, focando no mercado de capitais e, dentro 
deste, nas operações de mercados futuros e no mercado de opções, amplamente 
utilizadas para comercialização dos ativos agrícolas (comoditties).
• No mercado de futuros os participantes se comprometem a comprar ou vender 
certa quantidade de um ativo por um preço estipulado para a liquidação em data 
futura.
• Vimos ainda que o mercado de opções se caracteriza pelos instrumentos 
financeiros que permitem a transferência do risco de oscilação dos preços entre os 
participantes do mercado, e que é um valor pago para ter a opção (possibilidade) 
de comprar ou vender o bem em uma data futura por um preço previamente 
acordado.
• A influência das teorias econômicas para o equilíbrio e condução dos mercados, 
mais particularmente nas ideias liberais onde o mercado deve regular-se sem a 
intervenção do fator econômico.
RESUMO DO TÓPICO 1
20
Caro acadêmico! Para fixar melhor o conteúdo estudado, vamos exercitar um 
pouco. Leia as questões a seguir e responda-as em seu livro de estudos. Bom 
trabalho!
1 O mercado de derivativos possui algumas modalidades, entre 
elas encontramos os Mercados Futuros e o Mercado de Opções. 
Analise as afirmativas sobre estes e responda:
I – Ambos, os mercados futuros e o mercado de opções, fazem 
parte do mercado financeiro.
II – Os mercados futuros caracterizam-se pela existência do comprometimento 
da compra do ativo na data futura estipulada.
III – O mercado de opções possibilita a disponibilidade do investidor em optar 
pela compra ou não do ativo negociado, na data futura estipulada.
IV – O prêmio é o valor pago pelo lançador para adquirir o direito de comprar 
ou vender o ativo pelo preço de exercício em data futura.
V – O preço de exercício é o preço que o titular paga (ou recebe) pelo bem em 
caso de exercício da opção.
É correto o que afirma em: 
a) ( ) As assertivas I e III, apenas. 
b) ( ) As assertivas I, II, III e V, apenas. 
c) ( ) As assertivas I, II e III, apenas. 
d) ( ) As assertivas I e V, apenas.
e) ( ) A assertiva I, apenas.
2 A escassez é sempre destacada como um problema essencial a 
ser estudado na economia. Desenvolva uma análise sobre como 
a escassez pode ser percebida na nossa vida pessoal e dentro de 
uma empresa que atua no agronegócio.
AUTOATIVIDADE
21
TÓPICO 2
AS NOVAS ORGANIZAÇÕES
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
O início do século XX marca a história do desenvolvimento industrial no 
mundo de forma muito clara, uma vez que, fomentado pela Revolução Industrial, 
começam-se os estudos em busca de uma administração científica que fosse 
capaz de conduzir as empresas existentes rumo ao sucesso no mundo capitalista 
emergente.
A Revolução Industrial propiciou que houvesse um crescimento acelerado 
e desorganizado das empresas, exigindo mais complexidade na sua administração, 
o que era feito ainda de forma empírica. Além disso, sabemos que o aumento do 
tamanho das empresas também desafia a busca de novas formas de gerenciamento, 
necessitando planejar para reduzir instabilidades e improvisações. 
Da mesma forma, surge aí a necessidade de aumentar a competitividade 
e a eficiência das organizações, pois, como vimos, a concorrência, que era a lógica 
da economia liberal, ainda ressoa nessa época e, inclusive, em nossos dias atuais.
É neste cenário que irão surgir estudos nos Estados Unidos propostos pela 
Escola da Administração Científica. Escola esta formada por Frederick Winslow 
Taylor, Henry Lawrence Gantt, Frank Bunker Gilbreth, Harrington Emerson e, 
por associação, pela aplicação de seus princípios em seus negócios, Henry Ford. 
A preocupação básica dessa escola era o aumento da produtividade das empresas 
por meio do aumento da eficiência do setor operacional, dos operários em si. 
Enfatizando as tarefas, em seus estudos acabam por desenvolver a chamada 
Organização Racional do Trabalho (ORT).
Paralelamente a este movimento ocorrido nos Estados Unidos, surge na 
França outra corrente de pensamento e estudos, que se denominava de Anatomistas 
e Fisiologistas das organizações, pois mesmo tendo a mesma preocupação com 
o aumento da produtividade, procuravam enxergar a empresa por meio da 
disposição dos seus órgãos internos (departamentos) e suas relações. Entre os 
autores dessa escola se incluem Henri Fayol, James D. Mooney, Lyndall F. Urwick, 
Luther Gulick, entre outros.
Já no Japão, mudanças significativas nas áreas da indústria somente irão 
surgir posteriormente, na década de 30, como reação ao Fordismo, associadas ao 
surgimento da Toyota.
UNIDADE 1 | UM PANORAMA DO BRASIL FRENTE ÀS MUDANÇAS DO MERCADO
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Desses movimentos todos que citamos, irão surgir novas organizações, 
dentre as quais iremos nos aprofundar no estudo de duas delas: o Fordismo e o 
Toyotismo.
2 O FORDISMO
Henry Ford sempre é lembrado como um visionário da administração por 
suas ideias de vanguarda e inovações na área industrial. O engenheiro americano 
Henry Ford (1863-1947) era filho de fazendeiros irlandeses e iniciou sua vida como 
mecânico, chegando posteriormente a engenheiro-chefe de uma fábrica. Ford funda 
em 1899, com alguns colaboradores, sua primeira fábrica de automóveis, que logo 
após é fechada. Porém, continua seus projetos e, após conseguir financiamento, 
funda a Ford Motor Co. 
Ford utiliza-se das ideias de Taylor com a ênfase nas tarefas, no operacional, 
e nas ideias de Fayol, ao olhar para a estrutura da sua empresa, aliado ao uso das 
tecnologias advindas com a segunda fase da Revolução Industrial, para criar um 
verdadeiro império. Seu projeto pioneiro e muito conhecido foi o Ford Modelo 
T, onde inaugura um processo de produção que dá início à linha de montagem e 
destacando-se pelo aproveitamento minucioso e calculado de matéria-prima na 
sua construção (daí o modelo em T para o aproveitamento otimizado das chapas 
de aço). Daí podemos afirmar que o Fordismo é o taylorismo aperfeiçoado e 
ampliado. 
Vamos conhecer algumas das características do Fordismo:
QUADRO 2 - CARACTERÍSTICAS DO FORDISMO
Realização de uma única tarefa pelo trabalhador
Pagamento pro rata(baseado em critérios da definição do emprego
Alto grau de especialização das tarefas
Pouco ou nenhum treinamento no trabalho (disciplinamento da força de trabalho)
Nenhuma ou pouca preocupação com a segurança no trabalho
Autocracia
Layout compartimentado (ambiente de trabalho fechado)
FONTE: Tachizawa e Saico (1997, p. 44)
TÓPICO 2 | AS NOVAS ORGANIZAÇÕES
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FIGURA 3 - TRABALHADORES DA FORD MONTANDO O FORD MODELO T
FONTE: Disponível em: <http://noticias.r7.com/carros/ha-um-seculo-fabrica-da-ford-
mudou-a-sociedade-13102013>. Acesso em: 5 maio 2017.
Em 1913, já fabricava 800 carros por dia. Em 1914, reparte com seus 
funcionários o controle acionário. Estabeleceu nessa época o salário-mínimo de 
cinco dólares por dia e a jornada diária de oito horas de trabalho, quando na época, 
na maioria dos países da Europa, a jornada variava entre dez e doze horas. Em 
1926, já tinha 88 usinas e já empregava 150 mil pessoas, fabricando então 2.000.000 
de carros por ano (CHIAVENATO, 1993). Com o incentivo monetário oferecido 
aos trabalhadores, pagando um salário acima da média da época, Ford atraiu uma 
quantidade enorme de operários.
FIGURA 4 - LINHA DE MONTAGEM
FONTE: Disponível em: <https://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&source=
images&cd=&cad=rja&uact=8&ved=0ahUKEwjKyOvq3OLTAhVFlpAKHY67BfwQjRwIBw&ur
l=http%3A%2F%2Fhistorialuiz.blogspot.com%2F2015%2F11%2Fa-revolucao-industrialhtml&p
sig=AFQjCNE9a58dSrcH1q_rSPTQ2YSGAMPXZw&ust=1494416340737559>. Acesso em: 9 
maio 2017. 
UNIDADE 1 | UM PANORAMA DO BRASIL FRENTE ÀS MUDANÇAS DO MERCADO
24
Esse aumento dos salários favoreceu não apenas o padrão de vida dos 
funcionários da Ford, mas também impulsionou de maneira significativa o 
progresso dos Estados Unidos nas áreas social e econômica. 
Além de ter sido pioneiro na fabricação de um automóvel popular em larga 
escala, Ford destaca-se por ter se concentrado em abarcar toda a cadeia produtiva, 
produzindo desde a matéria-prima inicial ao produto final acabado, além da 
distribuição comercial por meio de suas próprias agências.
Podemos dizer que o período de nascimento e consolidação do que 
chamamos Fordismo se confunde com o próprio estilo de vida, enfatizando 
o consumo que vinha se desenvolvendo durante todo o século XX no mundo 
ocidental.
As ideias de Ford ressoam até hoje em nossos tempos, sendo observadas 
em quase todos os produtos e serviços do nosso cotidiano. Alguns autores chegam 
a afirmar que a própria sociedade moderna e capitalista que conhecemos é fruto da 
universalização do pensamento e da prática de Ford.
Vamos conhecer algumas das ideias de Ford, que o elevam à condição de 
visionário e pensador de vanguarda na área empresarial:
Quem trabalha seriamente não necessita de título honorífico. Sua obra o honra.
Não nos interessa conhecer o que tinha sido o indivíduo. (...) é preciso que 
comece de baixo e dê provas da sua capacidade. Cada homem é forjador do seu 
próprio futuro.
Ausência de timidez quanto ao futuro e de veneração quanto ao passado. Quem 
teme o futuro, quem receia falhar, limita sua atividade. O insucesso é uma 
oportunidade para recomeçar de novo mais inteligentemente. Não há mal em 
insucesso honesto; o mal reside no medo de falhar. O que passou serve apenas 
como sugestão de novas sendas e novos meios de ir avante.
Despreocupar-se com a competição. Quem pode fazer melhor uma coisa, esse 
deve ser o único a fazê-la. É criminoso tentar arrancar um negócio das mãos 
de outrem – criminoso porque é, com fito de lucro, rebaixar a condição de um 
semelhante e querer dominar pela força, não pela inteligência.
Antepor o fito do serviço social ao lucro. Sem lucro, impossível a indústria. O 
lucro é justo. Empresas bem conduzidas não podem deixar de dar lucros, mas 
esses lucros devem vir como recompensas ao bom serviço social. Não podem ser 
o ponto de partida, devem ser o resultado do serviço.
Manufaturar não é produzir barato e vender caro. É comprar matéria-prima em 
boas condições e, com o menor acréscimo de despesas possível, transformá-la 
em artigos de consumo, fazendo-os chegar ao consumidor. Jogo, especulações, 
espertezas não podem senão entravar a marcha das operações.
FONTE: Ford (1960 apud GOUNET, 1992)
TÓPICO 2 | AS NOVAS ORGANIZAÇÕES
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Segundo Thomas Gounet (1992), o processo de produção e trabalho fordista 
apoiou-se em cinco pontos:
1. Produção em massa com extrema racionalização do trabalho operário, sem 
desperdício do tempo. Prevalecia o princípio dos ganhos de escala, isto é, 
quanto maior o número de operações, melhor o resultado para a empresa.
2. Parcelamento das tarefas. Em vez de montar um veículo inteiro, cada trabalhador 
cuidava de uma parte da montagem. Essa segmentação levava à economia de 
tempo e reduzia as operações físicas e mentais.
3. Ritmo e habilidades do trabalho controlado por um sistema encadeado e 
sequencial de tarefas parciais e repetitivas.
4. Padronização de peças, processos e produtos e integração vertical, com controle 
de todas as etapas diretas e indiretas do processo de produção.
5. Possibilidade de automação do trabalho.
Dessa maneira, por meio de uma redução radical no custo do processo 
produtivo e dos automóveis, e significativa diminuição do tempo de produção 
com a linha de montagem, propiciando ainda um aumento maior de salários aos 
operários, a indústria automobilística fordista segue no topo das vendas para o 
mundo todo nas décadas de 20 e 30, inclusive para o Japão. 
Somente na década de 30 é que a indústria fordista experimenta mostras de 
seu esgotamento, com a retração do mercado, o início do movimento sindical, ao 
qual Ford era oposto, e as primeiras greves de operários. Também a concorrência 
interna com a General Motors e seus variados modelos de automóveis ao contrapor 
o Modelo T e a Chrysler.
No Japão, da mesma forma que nos Estados Unidos, algumas indústrias 
nacionais tentam aplicar o Fordismo em suas organizações, como a Datsun, atual 
Nissan. Porém, com a instalação das três maiores empresas americanas do ramo, 
Ford, General Motors e Chrysler no Japão, na década de 1920, a indústria japonesa 
se mantém estagnada e seu mercado interno é invadido pelos mais diversos 
modelos de automóveis norte-americanos. Como medida protecionista ao mercado, 
o governo fascista de Tóquio edita, em 1936, a lei da indústria automobilística 
japonesa, que, entre outras coisas, proíbe a produção de automóveis de indústrias 
de fora em seu território. Assim, em 1939 as três empresas se retiram do país.
No Brasil, Monteiro Lobato encarrega-se da tradução das duas primeiras 
obras de Ford, “Minha Vida e Minha Obra” e “Hoje e amanhã”. Entusiasta das 
ideias de Henry Ford, comenta no prefácio da obra “Hoje e amanhã” que Ford 
foi um gênio porque “enriqueceu enriquecendo a humanidade, enriquecendo e 
tornando feliz o operário, enriquecendo e facilitando a vida do consumidor”, e 
defendeu a aplicação do Fordismo no Brasil.
UNIDADE 1 | UM PANORAMA DO BRASIL FRENTE ÀS MUDANÇAS DO MERCADO
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2.1 UMA VISÃO CULTURAL SOBRE O FORDISMO
Não podemos perceber o Fordismo somente como um movimento 
industrial que modifica as relações de trabalho e cria novos layouts e maneiras de 
produzir e gerenciar as organizações empresariais. Pesquisadores deste período e 
dos seus possíveis desdobramentos na cultura norte-americana e, por extensão, de 
seus conceitos quase que na totalidade do nosso mundo, afirmam que os efeitos 
vão muito além destes analisados em nível empresarial.
O antropólogo David Harvey, em sua obra “Condição Pós-Moderna” (1992), 
mapeia vários eventos ocorridos na Modernidade que refletem no que denomina 
como Pós-Modernidade, dedicando um de seus capítulos a uma interessante 
análise sobre o Fordismo. 
Em muitos aspectos, as inovações tecnológicas e organizacionais de Ford 
eram mera extensão de tendências bem estabelecidas. A forma cooperativa de 
organização de negócios, por exemplo, tinha sido aperfeiçoada pelas estradas de 
ferro ao longo do século XIX e já tinha chegado,em particular depois da onda 
de fusões e de formações de trustes e de cartéis no final do século, a muitos 
setores industriais (um terço dos ativos manufatureiros americanos passou 
por fusões somente entre os anos de 1888 e 1902). Ford também fez pouco 
mais do que racionalizar velhas tecnologias e uma detalhada visão do trabalho 
preexistente, embora, ao fazer o trabalho chegar ao trabalhador numa posição 
fixa, ele tenha conseguido dramáticos ganhos de produtividade. Os Princípios da 
Administração Científica, de F. W. Taylor – um influente tratado que descrevia 
como a produtividade do trabalhador podia ser radicalmente aumentada através 
da decomposição de cada processo de trabalho em movimentos componentes e 
da organização de tarefas de trabalho fragmentadas segundo padrões rigorosos 
de tempo e estudo do movimento – tinham sido publicados, afinal, em 1911. E o 
pensamento de Taylor tinha uma longa ancestralidade, remontando, através dos 
experimentos de Gilbreth, na década de 1890, às obras dos escritores da metade do 
século XIX, como Ure e Babbage, que Marx considerara reveladoras. A separação 
entre gerência, concepção, controle e execução (e tudo o que isso significava em 
termos de relações sociais hierárquicas e de desabilitação dentro do processo de 
trabalho) também já estava bem avançada em muitas indústrias. O que havia de 
especial em Ford (e que, em última análise, distingue o Fordismo do Taylorismo) 
era a sua visão, seu reconhecimento explícito de que produção de massa significava 
consumo de massa, um novo sistema de reprodução da força de trabalho, uma 
nova política de controle e gerência do trabalho, uma nova estética e uma nova 
psicologia, em suma, um novo tipo de sociedade democrática, racionalizada, 
modernista e populista (HARVEY, 1992).
Desta constatação podemos dizer que o Fordismo cria um novo tipo de 
trabalhador e um novo tipo de homem na esteira de suas transformações no 
mundo industrial. Segundo Gramsci (1985 apud HARVEY, 1992, p. 124), os novos 
métodos de trabalho utilizados por Ford “são inseparáveis de um modo específico 
de viver e de pensar e sentir a vida”.
TÓPICO 2 | AS NOVAS ORGANIZAÇÕES
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Ford, como já dissemos, era um visionário e acreditava que um novo tipo 
de sociedade poderia ser construído simplesmente com a aplicação adequada ao 
poder corporativo. Ao propor a jornada de trabalho de oito horas e o salário de 
cinco dólares a hora, pensava muito além da disciplina e da produtividade da 
linha de montagem. Queria proporcionar aos operários renda e tempo de lazer 
suficientes para que consumissem os produtos produzidos em massa que as 
corporações fabricavam em quantidades cada vez maiores.
3 O TOYOTISMO
A história do Sistema Toyota de Produção remonta à Toyoda Spinning and 
Weaving Company, fundada por Sakichi Toyoda, em 1918. Posteriormente, esta 
empresa veio a chamar-se Toyota Automatic Loom Works. Em 1936 a empresa 
entra para o ramo automobilístico com o lançamento do Modelo AA, sendo que 
em 1937 constitui-se a Toyota Motor Company.
Após a derrota na Segunda Guerra, retorna a intervenção norte-americana 
no conjunto do aparelho econômico, político e militar, o Japão se vê imerso em 
discussões na busca por uma indústria automobilística autônoma que fosse capaz 
de concorrer em competitividade com os Estados Unidos. Acontece que o mercado 
japonês na época possuía inúmeras restrições, entre elas:
RESTRIÇÕES NO MERCADO JAPONÊS PRÉ-TOYOTA
• É demasiadamente restrito. O nível de vida dos japoneses não é o mesmo dos 
norte-americanos. A possibilidade de consumo de massa é limitadíssima nessa 
época. Desde o início os fabricantes devem produzir com custos equivalentes aos 
da produção em massa.
• A demanda não é apenas débil. Ela dirige-se preferencialmente para veículos 
menores, que correspondem melhor ao bolso dos japoneses e à configuração 
acidentada e pouco espaçosa do país.
• A demanda é também mais diversificada. O que obriga a produzir mais 
modelos, cada um deles em pequena quantidade. Um desafio a mais.
• Acrescente-se a falta de espaço, o que eleva muito os custos imobiliários. 
Afinal, o Fordismo exigia espaço para os estoques da produção em massa.
FONTE: Adaptado de Gounet (1992)
No cenário descrito no quadro acima, já na década de 1950, os japoneses 
Kiichiro Toyoda, filho de Sakichi, engenheiro e empreendedor, e Taiichi Ohno, 
engenheiro especialista em produção, visitaram por três meses as instalações da 
Ford em Detroit. Depois dessas análises na indústria fordista, eles concluem que 
a produção em massa não seria aplicável ao Japão, podendo favorecer o fracasso 
caso utilizada.
UNIDADE 1 | UM PANORAMA DO BRASIL FRENTE ÀS MUDANÇAS DO MERCADO
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É assim que surge o ohnismo, que propõe uma reformulação do sistema 
fordista de produção em massa a ser aplicado na indústria japonesa, tendo início 
na empresa Toyota. São estes os princípios do ohnismo, resumidos:
OHNISMO
1. Reduzir o custo por meio da eliminação dos desperdícios técnicos e sociais, 
com especial atenção ao uso inadequado da força de trabalho na produção.
2. Produzir com o menor número possível de trabalhadores pelo trabalho 
cooperativo ou em grupo.
3. Racionalizar o trabalho com estudos de tempo e métodos no processo de 
produção.
4. Produzir sem defeitos e nos prazos corretos.
5. Criar o trabalhador polivalente, para estar pronto para desempenhar qualquer 
função no grupo de trabalho.
6. Flexibilizar a alocação dos trabalhadores nos grupos de trabalho.
FONTE: Adaptado de Hirata (1996, p. 11-14)
Analisando os princípios acima, podemos perceber que também o 
Toyotismo acaba influenciando o mundo empresarial, com suas ideias aliadas à 
industrialização automobilística que ressoam até os dias atuais.
Acreditava-se, na Toyota, que a ênfase ao trabalho do grupo desenvolvia o 
espírito de colaboração e o estimulava psicologicamente para a motivação.
Assim, o trabalhador desenvolve maior responsabilidade no processo 
de trabalho, facilitando bastante a atuação da gerência, voltada sempre para 
o aperfeiçoamento contínuo dos processos. Por outro lado, a empresa oferece 
padrões salariais bem elevados e garantias no emprego. O modelo japonês, 
manifesto principalmente nas grandes empresas, teve a capacidade de articular 
em um processo único os traços dos demais paradigmas – técnico, humanista, 
organizacional, sistêmico, participativo e da qualidade – em torno da estratégia 
global da empresa (NOGUEIRA, 2007). O Toyotismo tem por características:
Múltiplas tarefas.
Pagamento pessoal em função e resultado por equipe.
Eliminação da delimitação de tarefas.
Longo treinamento no trabalho “educação continuada” do trabalhador.
Grande estabilidade no emprego para trabalhadores centrais (emprego 
vitalício).
Liderança participativa.
Layout flexível e aberto (ambiente de trabalho panorâmico) 
(TACHIZAWA; SAICO, 1997, p. 44).
TÓPICO 2 | AS NOVAS ORGANIZAÇÕES
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3.1 A ELIMINAÇÃO DO DESPERDÍCIO
Uma parte importante da filosofia do Sistema Toyota de Produção baseia-
se na busca pela redução de custos através da Muda, que significa a eliminação de 
operações de desperdício. Ohno dividiu este desperdício em sete categorias:
1. Superprodução
2. Transporte
3. Existência de estoque desnecessário
4. Produção de mercadorias defeituosas
5. Espera (tempo ocioso/não produtivo)
6. Processamento
7. Movimento desnecessário
Acreditavam que o segredo para a eliminação do desperdício era localizar 
onde ele ocorria e assegurar que fosse reconhecido por todos da fábrica como tal 
para que fosse evitado.
3.2 O JUST-IN-TIME
Conhecido por JIT, o Just-in-time foi criado por Kiichiro Toyoda e 
implementado por Ohno, e significa fornecer a cada processo o que necessita, na 
hora em que necessita e na quantidade específica necessária.
As ideias de Ohno sobre a implementação do Just-in-time também surgiram 
de sua experiência no supermercado. Os clientes vão ao supermercado para comprar 
o que precisam, na quantidade e no momento em que precisam. Quando chegou 
à Toyota,

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