Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVÉRTIX – FACULDADE VÉRTIX TRIRRIENSE CURSO DE FARMÁCIA 2021.1 ÉMILE DURKHEIM E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA A SOCIOLOGIA Três Rios 2021 Trabalho apresentado ao Professor Bernardo Araujo, no curso de Farmácia, na disciplina de Sócio Antropologia, pelo aluno: Maria Elysa Machado Gaspar Correa Capítulo 1 – Introdução Três pensadores formam a base das perspectivas modernas. Émile Durkheim, Karl Marx e Max Weber desenvolveram diferentes abordagens teóricas para nos ajudar a entender como as sociedades funcionam. A premissa básica de toda a teoria sociológica clássica é que o mundo contemporâneo é o resultado de uma transição das sociedades “tradicionais” para as “modernas”. Emile Durkheim fez um conjunto diferente de perguntas para chegar à sua compreensão da transição das sociedades tradicionais para as modernas. Durkheim estava preocupado com o que mantinha as sociedades unidas. Essa preocupação acabou levando-o ao seu primeiro trabalho As Formas Elementais da Vida Religiosa (1995), onde ele analisou o significado e a função da religião no que ele se referia como sociedades primitivas. Durkheim queria entender como a religião desempenha um papel na forma como as pessoas vivem suas vidas em sociedade. A religião tem um poder regulatório na medida em que regula a vida das pessoas e esses regulamentos moldam e condicionam a vida das pessoas. A religião dá às pessoas moral, valores, uma maneira de entender o mundo e seu lugar nele. O compromisso com uma religião cria um regime regulatório com referência ao qual as pessoas conduzem suas vidas, gerando diferentes tipos de regulação para influenciar a vida social. Durkheim (2014) apresentou sua teoria da evolução da sociedade em seu conceito de divisão do trabalho. De acordo com Durkheim, a sociedade se desenvolveu de sociedades primitivas para sociedades avançadas. Dentro desse entendimento, Durkheim argumentou que as sociedades primitivas são estruturadas por relações de parentesco e carecem de muita diferenciação social. Durkheim argumentou que as sociedades primitivas produzem solidariedade mecânica (repressiva) que pune quem é diferente na sociedade. Nas sociedades primitivas existe uma cultura religiosa comum que não tolera a diferença (Durkheim 1995). Por outro lado, as sociedades modernas geram solidariedade orgânica (resultado das leis civis) onde as diferenças são apreciadas. Durkheim argumentou que as sociedades estão se afastando da solidariedade mecânica para uma solidariedade mais orgânica devido à divisão do trabalho e, portanto, surgiu uma sociedade que aprecia a diferença. A divisão do trabalho gera uma subjetividade onde as pessoas entendem que, embora façam coisas diferentes na sociedade, são interdependentes. Marx e Weber teorizam que a divisão do trabalho gera alienação, mas Durkheim argumenta que ela gera solidariedade orgânica. Durkheim discordou da noção de Auguste Comte de que as sociedades modernas carecem de uma consciência universal fornecida pela religião. As consequências da transição para a sociedade avançada moderna são anomia (as pessoas não conseguem encontrar seu lugar certo na sociedade). Durkheim pensava que o individualismo era a principal causa do colapso da ordem social nos tempos modernos. Durkheim afirma que o próprio individualismo não pode gerar solidariedade e coesão social. Durkheim estava argumentando que estávamos no período de transição e é por isso que a sociedade parece estar desmoronando. A falta de consciência coletiva é uma consequência da mudança da solidariedade mecânica para a orgânica. É por isso que Durkheim argumentou que precisamos trabalhar em prol da solidariedade orgânica e, se não, a anomia é a consequência. A patologia da sociedade moderna para Durkheim é a anomia e há coisas dentro dessa sociedade em transição que não permitem que as pessoas percebam seu verdadeiro potencial/função. Capítulo 2 – Fato Social Durkheim acreditava que a integração social, ou a força dos laços que as pessoas têm com seus grupos sociais, era um fator-chave na vida social. Seguindo as ideias de Comte e Spencer, Durkheim comparou a sociedade à estrutura de um organismo vivo, no qual cada órgão desempenha um papel necessário na manutenção do ser vivo. Mesmo os membros socialmente desviantes da sociedade são necessários, argumentou Durkheim, já que as punições por desvio afirmam valores e normas culturais estabelecidos. Ou seja, a punição de um crime reafirma nossa consciência moral. “Um crime é um crime porque nós o condenamos,” escreveu Durkheim em 1893. “Um ato ofende a consciência comum não porque é criminosa, mas é criminoso porque ofende essa consciência” (Durkheim 1893) Fato social é uma teoria desenvolvida pelo sociólogo Emile Durkheim para descrever como valores, cultura e normas controlam as ações e crenças dos indivíduos e da sociedade como um todo. Com isso, ele quis dizer que as forças sociais deveriam ser consideradas reais e existir fora do indivíduo. Em seu livro, “As Regras do Método Sociológico”, Durkheim delineou o fato social, e o livro se tornou um dos textos fundamentais da sociologia. Ele definiu sociologia como o estudo dos fatos sociais, que ele disse serem as ações da sociedade. Os fatos sociais são a razão pela qual as pessoas dentro de uma sociedade parecem escolher fazer as mesmas coisas básicas; por exemplo, onde vivem, o que comem e como interagem. A sociedade a que pertencem os molda para fazer essas coisas, continuando os fatos sociais. Durkheim usou muitos exemplos para demonstrar sua teoria dos fatos sociais, incluindo: • Casamento: Grupos sociais tendem a ter as mesmas ideias em relação ao casamento, como a idade apropriada para se casar e como deve ser uma cerimônia. Atitudes que violam esses fatos sociais, como a bigamia ou a poligamia no mundo ocidental, são vistas com nojo. • Idioma: Pessoas que vivem na mesma área tendem a falar o mesmo idioma. Na verdade, eles podem desenvolver e transmitir seu próprio dialeto e expressões idiomáticas. Anos depois, essas normas podem identificar alguém como parte de uma determinada região. • Religião: Os fatos sociais moldam a forma como vemos a religião. Diferentes áreas têm diferentes fortalezas religiosas, com a fé sendo uma parte regular da vida, e outras religiões são consideradas estrangeiras e estranhas. Uma das áreas que Durkheim explorou completamente foi a religião. O fato social é uma técnica de controle. As normas sociais moldam nossas atitudes, crenças e ações. Eles informam o que fazemos todos os dias, desde quem fazemos amizade até como trabalhamos. É uma construção complexa e incorporada que nos impede de sair da norma. Fato social é o que nos faz reagir fortemente a pessoas que se desviam das atitudes sociais. O que é um fato social em uma cultura pode ser abominavelmente estranho em outra; tendo em mente como a sociedade influencia suas crenças, você pode moderar suas reações ao que é diferente. Capítulo 3 - Solidariedade Mecânica e Orgânica Como funcionalista, a perspectiva de Émile Durkheim (1858-1917) sobre a sociedade enfatizou a interconectividade necessária de todos os seus elementos. Para Durkheim, a sociedade era maior do que a soma de suas partes. Ele afirmou que o comportamento individual não era o mesmo que o comportamento coletivo e que estudar o comportamento coletivo era bem diferente de estudar as ações de um indivíduo. Durkheim chamou as crenças, a moral e as atitudes comunitárias de uma sociedade de consciência coletiva. Em sua busca para entender o que faz com que os indivíduos ajam de maneira semelhante e previsível, eleescreveu: “Se eu não me submeto às convenções da sociedade, se em meu vestido eu não me conformo com os costumes observados em meu país e em minha classe, o ridículo que provoco, o isolamento social em que sou mantido, produzo, embora de forma atenuada, os mesmos efeitos que a punição” (Durkheim 1895). Como observador de seu mundo social, Durkheim não estava totalmente satisfeito com a direção da sociedade em sua época. Sua principal preocupação era que a cola cultural que mantinha a sociedade unida estava falhando, e as pessoas estavam se tornando mais divididas. Em seu livro Da Divisão do Trabalho Social (1893), Durkheim argumentou que, à medida que a sociedade se tornava mais complexa, a ordem social fazia a transição do mecânico para o orgânico. As sociedades pré-industriais, explicou Durkheim, eram mantidas juntas pela solidariedade mecânica, um tipo de ordem social mantida pela consciência coletiva de uma cultura. Sociedades com solidariedade mecânica agem de forma mecânica; as coisas são feitas principalmente porque sempre foram feitas dessa maneira. Esse tipo de pensamento era comum em sociedades pré-industriais, onde fortes laços de parentesco e uma baixa divisão do trabalho criavam moral e valores compartilhados entre as pessoas. Nas sociedades industriais, a solidariedade mecânica é substituída pela solidariedade orgânica, que é uma ordem social baseada em uma aceitação das diferenças econômicas e sociais. Nas sociedades capitalistas, escreveu Durkheim, a divisão do trabalho se torna tão especializada que todos estão fazendo coisas diferentes. Em vez de punir membros de uma sociedade por não assimilarem valores comuns, a solidariedade orgânica permite que pessoas com valores diferentes coexistam. As leis existem como moral formalizada e são baseadas na restituição e não na vingança. Embora a transição da solidariedade mecânica para a orgânica seja, a longo prazo, vantajosa para uma sociedade, Durkheim observou que pode ser um momento de caos. Um dos resultados da transição é algo que ele chamou de anomia social. A anomia— literalmente, “sem lei”—é uma situação em que a sociedade não tem mais o apoio de uma consciência coletiva firme. As normas coletivas estão enfraquecidas. As pessoas, embora mais interdependentes para realizar tarefas complexas, também são alienadas umas das outras. Anomia é vivida em tempos de incerteza social, como guerra ou uma grande recuperação ou recessão na economia. À medida que as sociedades atingem um estágio avançado de solidariedade orgânica, evitam a anomia ao reconstruir um conjunto de normas compartilhadas. De acordo com Durkheim, uma vez que uma sociedade alcança a solidariedade orgânica, ela terminou seu desenvolvimento. Capítulo 4 – Conclusão Durkheim (1858-1917), que se dedicou ao estudo científico da sociologia, é amplamente considerado um pioneiro na sociologia francesa. Sabe-se que Emile Durkheim herdou algumas das ideias de Auguste Comte e Herbert Spencer e desenvolveu uma sociologia sistemática tanto na teoria quanto na metodologia (Moñivas, 2007, p. 18). No entanto, algumas de suas obras foram questionadas e criticadas. Para examinar a contribuição de Emile Durkheim para o estudo científico da sociedade criticamente, deve-se considerar os trabalhos inovadores de Durkheim, incluindo: Da Divisão do Trabalho Social(1893), As Regras do Método Sociológico (1895) e O Suicídio (1897), que refletem um tópico popular sobre o individualismo e uma nova regulação social na sociedade industrial moderna (Barnes, 1920, p. 4). A contribuição geral de Durkheim continua sendo um dos picos da sociologia moderna. Na metodologia das ciências sociais de Durkheim, ele enfatiza a importância de olhar para a sociedade cientificamente e descobrir as formações (consciências coletivas etc.), bem como as funções (coesão social, mudança etc.) dos fatos sociais e como eles têm efeitos sobre os indivíduos no âmbito da sociedade (Brown, 2008). Em 'Da Divisão do Trabalho Social’, Durkheim argumenta que existem outras abordagens para integrar a sociedade além da religião. Uma delas é a divisão do trabalho, que ele considerava uma poderosa evidência de como os laços sociais transitam da consciência coletiva para a divisão do trabalho (Brown, 2008). Durkheim destaca a interdependência funcional de diferentes indivíduos ou unidades da sociedade que poderia ser explicada pelo termo "solidariedade" (Allan, 2005, p. 122). Na divisão do trabalho, ele ilustra dois tipos de solidariedade: solidariedade mecânica e solidariedade orgânica. Ele comparou a sociedade primitiva e a sociedade moderna usando a abordagem orgânica para explorar como os indivíduos mantêm a solidariedade. Na sociedade primitiva, onde há baixa produtividade, os indivíduos são automaticamente ligados pelas "consciências coletivas", uma crença uniforme externa imposta aos indivíduos. Por outro lado, a solidariedade orgânica existe na sociedade. Segundo Barnes (1920, p. 240), para Durkheim, “a evolução social é caracterizada por uma diminuição desse tipo repressivo e mecânico de coesão social ou solidariedade e por um correspondente aumento no desenvolvimento da consciência e da personalidade individuais”. Ou seja, com um crescimento denso da população como causa determinante da divisão intensiva e elevada do trabalho, os indivíduos são mais interdependentes da contribuição diversificada de outros para desempenhar uma função cooperativa em vez do domínio da consciência coletiva (Sirianni, 1984). Brown (2008) aponta que o “individualismo se torna mais importante do que o coletivo” para manter a solidariedade social e representa a característica da sociedade moderna. Em conclusão, este trabalho acadêmico explorou os principais trabalhos de Durkheim na sociologia. Como um dos fundadores da sociologia profissional, Durkheim identificou fatos sociais, construindo assim a dimensão, bem como o esqueleto da sociologia. Com base em trabalhos anteriores, ele formula uma metodologia sistemática para descobrir as leis sociais observando e comparando as relações entre diferentes variáveis. Durkheim aplicou ainda mais sua metodologia e teoria em seu trabalho de 'Da Divisão do Trabalho Social’ e 'O Suicídio’. Ele descobriu o procedimento pelo qual os indivíduos se integram socialmente à sociedade e fornecem diferentes fatores para explicar a relação entre as pessoas e a sociedade. Embora haja certa interpretação indistinta em termos de conceitos e correlações, o trabalho de Durkheim é considerado significativo para o estudo científico da sociedade.
Compartilhar