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DIREITO APLICADO 
AO AGRONEGÓCIO
Luis Fernando Pereira
Institutos jurídicos do 
direito agrário e suas 
aplicabilidades
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 Conceituar atividade agrária, imóvel rural e função social da
propriedade.
 Diferenciar módulo rural e módulo fiscal, bem como pequena, média 
e grande propriedade.
 Compreender o processo de desapropriação para reforma agrária.
Introdução
A tecnificação da produção agrícola no Brasil, na década de 1970, fez do 
setor de produção de alimentos um dos mais importantes da economia 
e transformou gradativamente o Brasil em exportador de commodities, 
garantindo saldo positivo na balança comercial. 
O crescimento da população mundial e da consequente demanda 
por alimentos reafirmam as perspectivas do País como celeiro do mundo. 
Em 2050, com quase 10 bilhões de habitantes, o planeta precisará 60% 
mais alimentos, indicam as estimativas da ONU. 
Garantir uma boa posição nesse cenário exige constantes evoluções 
e estudos científicos e tecnológicos, além de uma gestão sustentável das 
terras produtivas. Os fundamentos abordados neste capítulo têm ligação 
intrínseca com o agronegócio e a capacidade produtiva do Brasil, tra-
zendo efeitos práticos e jurídicos relevantes para nossa sociedade. Neste 
capítulo, você vai estudar os principais aspectos e institutos jurídicos do 
direito agrário, bem como suas aplicabilidades.
Atividade agrária, imóvel rural e função social 
da propriedade
O Brasil é conhecido pela sua vasta extensão, o que permitiu que se tornasse 
líder na produção de diversas commodities agrícolas. O País é referência para 
o mundo em produção agrícola, exportando conhecimento e tecnologia ligados 
à atividade do campo.
No setor agropecuário, temos a participação de diversos atores, começando 
pelo produtor rural, até aqueles comercializam os produtos beneficiados e/
ou processados, passando pela indústria de insumos e implementos, pelos 
transportadores e por aqueles que realizam as atividades de beneficiamento 
e processamento.
Segundo Trentini e Alabrese (2017), o professor Antonio Carroza:
[...] vislumbrou que uma definição jurídica da atividade agrária era imprescin-
dível para a qualificação do empresário agrário, bem como para a organização 
dos temas atinentes (tributários, empresariais, trabalhistas etc.) à produção 
agrícola sob as mesmas bases. Diante dessa constatação, formulou a Teoria 
da Agrariedade, em que destaca o fator comum entre as atividades agrárias, o 
desenvolvimento de um ciclo biológico, concernente tanto à criação de animais 
como de vegetais, ligado direta ou indiretamente ao desfrute das forças e dos 
recursos naturais, resultando na obtenção de frutos (vegetais ou animais).
É em todo esse contexto que entra a atividade agrária, que torna viável 
toda a produção de alimentos. Mas qual é o conceito de atividade agrária?
Atividade agrária é aquela na qual se inter-relacionam certo trato de terra, 
o processo agrobiológico e o homem, este agindo profissionalmente e sujeito 
ao risco biológico, visando a um produto, agrícola, pecuário, florestal ou do 
extrativismo e, até mesmo, ao beneficiamento, à transformação e à alienação 
deste, quando pertinente à exploração da terra rural, de acordo com conceito 
trazido pelo Esboço Parcial de Anteprojeto de Consolidação de Diplomas 
Agrários.
Essa definição nos deixa claro que, para se caracterizarem como ativi-
dades pertencentes ao conceito de atividade agrária, o beneficiamento, a 
transformação e a alienação do produto — agrícola, pecuário, florestal ou do 
extrativismo — devem apresentar-se como acessórios à atividade de produ-
ção rural, pois, quando se apresentam como complementares, passam a ser 
atividades independentes e autônomas.
De forma mais objetiva, Cardoso (1956) entende que atividade agrária é 
aquela representada pelo trabalho da terra para a produção primária de vegetais 
Institutos jurídicos do direito agrário e suas aplicabilidades2
e animais, indispensáveis e úteis à vida humana, sendo a única atividade apta 
a criar a riqueza; a indústria apenas transforma essa riqueza para posterior 
distribuição pelo comércio. No entanto, em poucas palavras é difícil expressar 
todo o conteúdo complexo que envolve essa atividade, pois seria necessário 
avaliar de forma minuciosa cada fase da produção agropecuária para distinguir 
a que tipos de atividade agrária essas fases pertencem, se da atividade agrária, 
industrial, ou, ainda, comercial. Basicamente, é necessário analisar cada 
produção, tanto quanto ao seu tipo de produção (agrícola, pecuária, florestal 
ou extrativismo) como também com relação ao tipo de produto (soja, milho, 
gado bovino, gado suíno, madeira, óleo vegetal, celulose, ouro, pesca, frutos, 
etc.). Assim, a atividade agrária é fundamental para o País.
Paralelamente a esse conceito, temos o imóvel rural, dentro do qual ocorre 
propriamente a produção, que deve cumprir com sua função social, esteja ele 
localizado em área urbana ou rural, independentemente do seu tamanho. O art. 
4º, I, da Lei nº. 4.504, de 30 de novembro de 1964, o Estatuto da Terra, define 
“imóvel rural” como sendo “o prédio rústico, de área contínua qualquer que 
seja a sua localização que se destina à exploração extrativa agrícola, pecuária 
ou agroindustrial, quer através de planos públicos de valorização, quer através 
de iniciativa privada” (BRASIL, 1964, documento on-line). 
Acrescentando alguns detalhes, a fim de definir as possíveis localizações 
de um imóvel rural, o art. 5º, do Decreto nº. 55.891, de 31 de março de 1965, 
regulamentando o dispositivo da Lei citada anteriormente, dispõe que “Imóvel 
rural é o prédio rústico, de área contínua, qualquer que seja a sua localização 
em perímetros urbanos, suburbanos ou rurais dos municípios, que se destine 
à exploração extrativa, agrícola, pecuária ou agroindustrial, quer através de 
planos públicos de valorização, quer através da iniciativa privada” (BRASIL, 
1965, documento on-line).
No entanto, conforme Proença (2007), o aspecto relevante para a caracteri-
zação de um imóvel como sendo rural não é a sua localização, mas sim a sua 
destinação, seja para exploração extrativa, agrícola, pecuária ou agroindustrial.
3Institutos jurídicos do direito agrário e suas aplicabilidades
Anteriormente à edição do Estatuto da Terra, existia o entendimento de que prédio 
rústico seria apenas aquele situado em zona rural, distante do perímetro urbano. 
Consequentemente, o imóvel urbano seria o que estivesse estabelecido dentro da 
cidade. O advento da nova lei afastou, portanto, as indefinições e polêmicas que giravam 
em torno da definição de imóvel rural, conforme explicam Barroso e Passos (2004).
No entanto, para fins de cobrança do Imposto Territorial Rural (ITR), o Código Tributário 
Nacional de 1996 estabelece que o fato gerador do imposto é a propriedade, o domínio 
útil ou a posse de imóvel por natureza, localizado fora da zona urbana do município 
(BRASIL, 1966). Para pacificar o assunto quanto a essa questão da localização do imóvel, 
que veio à tona novamente, nossos Tribunais Superiores firmaram entendimento de 
que a classificação do imóvel como rural ou urbano não depende de sua localização, 
mas da sua finalidade econômica, ou seja, da sua destinação.
Uma propriedade rural ou propriedade rústica é geralmente composta por 
um imóvel e um terreno destinados à prática da agricultura e da pecuária, 
existindo nomes variados para diferentes tipos de propriedades rurais, conforme 
a localidade e os tipos de atividade produtiva ali realizados, por exemplo: sítio, 
chácara, roça, estância, herdade, granja, fazenda, engenho, etc. 
Assim, em um conceito prático, podemos dizer que imóvel rural é a área 
formada por uma ou mais matrículas de terras contínuas, do mesmo titular 
(proprietário ou posseiro), localizada tanto na zona rural quanto urbana do 
município. O que o caracteriza é a sua destinação agrícola, pecuária, extrativavegetal, florestal ou agroindustrial.
Se você quiser aprofundar seu conhecimento, leia a ementa do julgado do Superior 
Tribunal de Justiça, que pode ser acessada no sítio do STJ: no menu “Pesquisa por 
campos específicos”, selecione Denise Arruda no campo “Ministro”, Primeira Seção no 
campo “Órgão Julgador”, e preencha o campo “Ementa/Indexação” com as seguintes 
palavras “DEFINIÇÃO DA NATUREZA DA ÁREA DO IMÓVEL - FINALIDADE ECONÔMICA”. 
Acesse o site do STJ no link abaixo:
https://goo.gl/kFc0qA
Institutos jurídicos do direito agrário e suas aplicabilidades4
Portanto, observamos que o Estatuto da Terra utiliza o critério de destinação 
para diferenciar o imóvel urbano do rústico ou rural, incorporando-o, assim, 
ao princípio da função social da propriedade, instituto jurídico ao qual está 
condicionada a propriedade da terra. A função social da propriedade é um 
princípio que levou muitas décadas para ser admitido pela legislação brasileira. 
De forma objetiva, pode-se dizer que a propriedade atende à sua função social 
quando é dada uma finalidade a ela, seja a moradia, seja fins comerciais e 
econômicos, sendo contrários à ideia de função social os terrenos e edificações 
ociosos, utilizados para fins especulativos.
Dentro desse contexto, extraímos que, apesar de a nossa Constituição 
Federal de 1988 também garantir o direito de propriedade privada, não basta o 
proprietário de um imóvel ser titular do bem; ele deve sensibilizar-se e atender, 
em caráter obrigacional, o dever social imposto pela mesma Lei, garantindo 
à sua propriedade a correta destinação em atendimento à sua função social 
(BRASIL, 1988).
O caráter social da propriedade existe no Brasil desde a época da Coroa 
Portuguesa, que colonizou nosso território, que exigia dos produtores possui-
dores, chamados sesmeiros, que utilizassem racionalmente a terra, a fonte de 
força e o trabalho, produzindo alimentos para atender ao interesse de todos 
os cidadãos, sob pena até mesmo de repasse da terra para outro produtor.
Como princípio do Direito, a função social da propriedade é um instituto 
um tanto quanto recente. Apesar de, como já dito, ter seu surgimento sinalizado 
em legislações mais antigas, foi concebido de forma explícita pelo art. 2º do 
Estatuto da Terra, que dispõe que é assegurada a oportunidade de acesso à 
propriedade da terra, condicionada pela sua função social , contanto que a 
propriedade desempenhe integralmente a sua função social.
A lei também define as exigências para considerar o enquadramento das 
propriedades como cumpridoras da função social, devendo simultaneamente: 
favorecer o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores que nela labutam, 
assim como o de suas famílias; manter níveis satisfatórios de produtividade; 
assegurar a conservação dos recursos naturais; e observar as disposições legais 
que regulam as justas relações de trabalho entre os que a possuem e a cultivam.
A Constituição recepcionou o princípio da função social trazendo no art. 
186 o seguinte texto:
Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, 
simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em 
lei, aos seguintes requisitos:
I – aproveitamento racional e adequado;
5Institutos jurídicos do direito agrário e suas aplicabilidades
II – utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do 
meio ambiente;
III – observância das disposições que regulam as relações de trabalho;
IV – exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores 
(BRASIL, 1988, documento on-line).
Portanto, o princípio tornou-se premissa constitucional, ganhando força 
como instituto. 
Apesar de o texto constitucional ter alterado sensivelmente o texto que 
originou o princípio na legislação brasileira, dado pelo Estatuto da Terra, a 
definição das exigências enumeradas por ambas as leis são as mesmas, com 
a diferença de que a Constituição dispõe que os critérios e graus de exigência 
dos requisitos sejam definidos por lei específica. Essa lei foi editada em 1993, 
definindo tais critérios. No caput de seu art. 9º, a Lei nº. 8.629, de 25 de fevereiro 
de 1993, que dispõe sobre a regulamentação dos dispositivos constitucionais 
relativos à reforma agrária, ratifica nos mesmos termos o conteúdo do art. 
186 da CF/88, acrescendo o texto que define os critérios a serem atendidos 
simultaneamente para o cumprimento da função social da propriedade. Em 
seus §§ 1º ao 5º, o dispositivo prevê o seguinte:
§ 1º Considera-se racional e adequado o aproveitamento que atinja os graus 
de utilização da terra e de eficiência na exploração especificados nos §§ 1º 
a 7º do art. 6º desta lei.
 § 2º Considera-se adequada a utilização dos recursos naturais disponíveis 
quando a exploração se faz respeitando a vocação natural da terra, de modo 
a manter o potencial produtivo da propriedade.
 § 3º Considera-se preservação do meio ambiente a manutenção das caracte-
rísticas próprias do meio natural e da qualidade dos recursos ambientais, na 
medida adequada à manutenção do equilíbrio ecológico da propriedade e da 
saúde e qualidade de vida das comunidades vizinhas.
 § 4º A observância das disposições que regulam as relações de trabalho implica 
tanto o respeito às leis trabalhistas e aos contratos coletivos de trabalho, como 
às disposições que disciplinam os contratos de arrendamento e parceria rurais.
 § 5º A exploração que favorece o bem-estar dos proprietários e trabalhadores 
rurais é a que objetiva o atendimento das necessidades básicas dos que tra-
balham a terra, observa as normas de segurança do trabalho e não provoca 
conflitos e tensões sociais no imóvel (BRASIL, 1993, documento on-line).
Já os graus exigidos, conforme o trecho final do texto do § 1º transcrito 
acima, estão estabelecidos pelo art. 6º da mesma lei, que dispõe o seguinte:
Institutos jurídicos do direito agrário e suas aplicabilidades6
Art. 6º Considera-se propriedade produtiva aquela que, explorada econômica e 
racionalmente, atinge, simultaneamente, graus de utilização da terra e de efi-
ciência na exploração, segundo índices fixados pelo órgão federal competente.
 § 1º O grau de utilização da terra, para efeito do caput deste artigo, deverá ser 
igual ou superior a 80% (oitenta por cento), calculado pela relação percentual 
entre a área efetivamente utilizada e a área aproveitável total do imóvel.
 § 2º O grau de eficiência na exploração da terra deverá ser igual ou superior 
a 100% (cem por cento), e será obtido de acordo com a seguinte sistemática:
 I – para os produtos vegetais, divide-se a quantidade colhida de cada produto 
pelos respectivos índices de rendimento estabelecidos pelo órgão competente 
do Poder Executivo, para cada Microrregião Homogênea;
 II – para a exploração pecuária, divide-se o número total de Unidades Animais 
(UA) do rebanho, pelo índice de lotação estabelecido pelo órgão competente 
do Poder Executivo, para cada Microrregião Homogênea;
 III – a soma dos resultados obtidos na forma dos incisos I e II deste artigo, 
dividida pela área efetivamente utilizada e multiplicada por 100 (cem), deter-
mina o grau de eficiência na exploração (BRASIL, 1993, documento on-line).
O dispositivo continua dispondo em outros parágrafos acerca das especifici-
dades do Grau de Eficiência e Exploração da Terra (GEE) e Grau de Utilização 
da Terra (GUT), com diversos detalhamentos acerca de questões específicas.
Finalmente, observando-se a parte final do caput do art. 6º da Lei nº. 
8.629/93, podemos ver que o GEE e o GUT serão fixados por índices esta-
belecidos pelo órgão federal competente. Trata-se do Instituto Nacional de 
Colonização e Reforma Agrária (Incra), órgão criado em 1970 por meio de 
decreto presidencial, hoje implantado em todo o território nacional por meio 
de 30 superintendências regionais, tendo como missão prioritária executar a 
reforma agrária e realizar o ordenamento fundiário nacional. É o Incra que 
fixa, a partir de instruções normativas, os índices de fixação doGEE e do GUT.
Módulo rural e módulo fiscal 
É fato que, nos mais diversos ramos de atividades, existem termos, conceitos 
e fi nalidades específi cas, acerca dos quais quem atua ou pretende atuar num 
determinado ramo deve e precisa desenvolver conhecimento. Na atividade rural 
não é diferente, sendo necessário e muito importante o conhecimento de alguns 
conceitos, entre eles o de módulo fi scal e módulo rural, bem como o conceito 
legal de pequena, média e grande propriedade rural, sabendo diferenciá-los 
para aplicação na prática e reconhecer as especifi cidades de cada conceito.
O Estatuto da Terra definiu o módulo rural e instituiu o módulo fiscal, nos 
arts. 4º, III, e 50, § 2º, respectivamente. O conceito de módulo rural é similar 
7Institutos jurídicos do direito agrário e suas aplicabilidades
ao de propriedade familiar pelo inciso II do mesmo art., já que o inciso III 
remete ao anterior. Define-se, portanto, módulo rural nas seguintes palavras: 
[...] a área fixada em imóvel rural que, direta e pessoalmente explorado pelo 
agricultor e sua família, lhes absorva toda a força de trabalho, garantindo-lhes 
a subsistência e o progresso social e econômico, com área máxima fixada 
para cada região e tipo de exploração, e eventualmente trabalho com a ajuda 
de terceiros (BRASIL, 1964, documento on-line).
O conceito de módulo rural é derivado do conceito de propriedade familiar 
e, sendo assim, é uma unidade de medida, expressa em hectares, que busca 
exprimir a interdependência entre a dimensão, a situação geográfica dos 
imóveis rurais e a forma e as condições do seu aproveitamento econômico. De 
forma sucinta, podemos dizer que o módulo rural é calculado para cada imóvel 
rural separadamente, e sua área reflete o tipo de exploração predominante na 
região de localização do imóvel.
Já o módulo fiscal foi instituído pela Lei nº. 6.746, de 10 de dezembro de 
1979, que foi editada para alterar os arts. 49 e 50 do Estatuto da Terra, que 
tratam do Imposto Territorial Rural, inserindo o conceito de módulo fiscal 
na Lei mais antiga. Assim, com a dita alteração, o art. 50, § 2º, do Estatuto 
da Terra, passou a dispor o seguinte:
 § 2º O módulo fiscal de cada Município, expresso em hectares, será determi-
nado levando-se em conta os seguintes fatores:
 a) o tipo de exploração predominante no Município:
 I – hortifrutigranjeira;
 Il - cultura permanente;
 III - cultura temporária;
 IV – pecuária;
 V – florestal;
 b) a renda obtida no tipo de exploração predominante;
 c) outras explorações existentes no Município que, embora não predominantes, 
sejam expressivas em função da renda ou da área utilizada;
 d) o conceito de "propriedade familiar", definido no item II do artigo 4º desta 
Lei. (BRASIL, 1964, documento on-line).
Portanto, o módulo fiscal é estabelecido para cada município e sua tabela 
está anexa à Instrução Especial Incra nº. 20/1980. Tal instrumento busca refletir 
a área mediana dos módulos rurais dos imóveis do município. Essa tabela já 
passou por alterações em razão da modificação das características consideradas 
para fixação do módulo fiscal, e a última tabela disponibilizada pelo Incra 
Institutos jurídicos do direito agrário e suas aplicabilidades8
é de 2013. A Figura 1 apresenta os módulos fiscais no Brasil e o Quadro 1 
apresenta um comparativo entre os conceitos de módulo rural e módulo fiscal.
Figura 1. Módulos fiscais no Brasil.
Fonte: EMBRAPA ([2018]).
Para verificar a quantidade de hectares que possui o seu município ou qualquer outro 
que você tenha curiosidade ou necessidade de saber, acesse o site do Incra pelo link 
abaixo e clique em “Acesse aqui a tabela e localize o módulo fiscal do seu município”.
https://goo.gl/YqDnvQ
9Institutos jurídicos do direito agrário e suas aplicabilidades
 
Módulo rural Módulo fiscal
Medida de área instituída 
pelo Estatuto da Terra
Unidade de medida de área 
instituída pela Lei nº. 6.746/79 (altera 
dispositivos do Estatuto da Terra)
Equivalente à área da 
propriedade familiar
Elemento constitutivo de fixação 
do Imposto Territorial Rural
Varia de acordo com a região 
do país em que se encontra
Parâmetro para classificação 
dos imóveis rurais em pequenas 
e médias propriedades
Varia de acordo com o 
tipo de exploração
Identifica os beneficiários do 
Programa Nacional de Fortalecimento 
da Agricultura Familiar — PRONAF
Implica um mínimo de 
renda a ser obtido
Identifica os beneficiários do fundo 
de terras e da reforma agrária
Define o limite de terras a serem 
adquiridas por estrangeiros
 Quadro 1. Diferenças entre módulo rural e módulo fiscal 
Dos conceitos de módulo rural e módulo fiscal é que surge a classificação 
das propriedades rurais em pequena, média ou grande. A CF/88 trata da 
pequena e da média propriedade rural, sem, contudo, conceituá-las, apenas 
estabelecendo que as propriedades rurais que estejam inseridas nessa classi-
ficação são insuscetíveis de desapropriação para fins de reforma agrária, bem 
como as propriedades produtivas, remetendo essa última exclusão à questão 
do cumprimento das exigências da função social.
Restou assim uma lacuna na legislação no que diz respeito à definição das 
propriedades com relação aos seus respectivos tamanhos, vindo a ser superada 
essa carência com a edição da Lei nº. 8.629/93, já citada anteriormente. Os 
incisos I e II do art. 4º da referida Lei, definem respectivamente a pequena 
propriedade como aquela que possui área de até quatro módulos fiscais, res-
peitada a fração mínima de parcelamento, e a média propriedade como aquela 
que possui área superior a quatro e até 15 módulos fiscais (BRASIL, 1993). 
Mas e a grande propriedade rural? Esta não foi conceituada diretamente pela 
Institutos jurídicos do direito agrário e suas aplicabilidades10
Lei, mas, por questões óbvias, é possível concluir que a grande propriedade 
rural é o imóvel com área superior a 15 módulos fiscais.
O respeito à fração mínima de parcelamento de que trata o inciso que conceitua a 
pequena propriedade significa dizer que o imóvel não poderá ter dimensão inferior a 
essa fração. O Estatuto da Terra estabelece, em seu art. 65, que o imóvel rural não pode 
ser dividido em áreas de dimensão inferior à constitutiva do módulo de propriedade 
rural, salvo os parcelamentos de imóveis rurais em dimensão inferior à do módulo, 
fixada pelo órgão fundiário federal, quando promovidos pelo Poder Público, em 
programas oficiais de apoio à atividade agrícola familiar, cujos beneficiários sejam 
agricultores que não possuam outro imóvel rural ou urbano, conforme disposição 
do § 5º do artigo (BRASIL, 1964).
No entanto, no que diz respeito à sua capacidade produtiva, a classificação 
das propriedades rurais em pequena, média ou grande não é numérica ou esta-
tística, não se podendo estabelecer pelo número de hectares se uma propriedade 
é grande, média ou pequena. É só imaginarmos uma propriedade situada em 
áreas pouco povoadas ou de condições climáticas e geografia desfavoráveis 
e, ainda, com solo infértil — Amazônia ou Nordeste semiárido do Brasil, 
por exemplo —, que pode ter centenas ou até milhares de hectares e, mesmo 
assim, não possuir condições de sustentar, em níveis de vida razoáveis, uma 
família. Por outro lado, em regiões onde há bons índices de incidência do sol, 
níveis pluviais favoráveis e, ainda, proximidade dos centros consumidores 
dos produtos produzidos, teremos propriedades que poderão ser altamente 
produtivas.
Atente-se:
  Pequena propriedade rural: até quatro módulos fiscais.
  Média propriedade rural: superior a quatro e até 15 módulos fiscais.
  Grande propriedade rural: superior a 15 módulos fiscais.
11Institutos jurídicos do direito agrário e suas aplicabilidades
A desapropriação para fins de reforma agrária
Os conceitos de módulos rural e fi scal, de pequena, média e grande propriedades 
rurais e, especialmente, de função social da propriedade, estão diretamente 
ligados à questão da desapropriação de imóvel rural para fi ns de reforma 
agrária.É necessário compreender que todo o imóvel rural, independentemente 
do seu porte, deve atender aos critérios exigidos por lei para cumprimento 
da sua função social.
Em seu artigo 185, a Constituição Federal dispõe que não são suscetíveis 
de desapropriação para fins de reforma agrária a pequena e média propriedade 
rural, desde que seu proprietário não possua outra, e a propriedade produtiva 
(BRASIL, 1988).
O artigo 186, que trata da função social da propriedade, exige que, além de 
outros requisitos, a propriedade seja produtiva. Ou seja, o imóvel produtivo não 
poderá sujeitar-se ao processo de desapropriação para fins de reforma agrária.
Apesar desta exceção conferida pelo texto constitucional, o proprietário da 
pequena e da média propriedade rural continua obrigado a cumprir as demais 
exigências estabelecidas pelo artigo 186, devendo garantir a preservação do 
meio ambiente e a utilização adequada dos recursos naturais, respeitar a legis-
lação trabalhista e favorecer o bem-estar de si próprio e de seus trabalhadores.
Na prática, podemos dizer que esta exceção retira as propriedades de tal 
porte do foco do Incra, órgão responsável por executar a reforma agrária, que 
concentra seus esforços nos latifúndios.
Para melhor compreendermos a questão da desapropriação de proprieda-
des rurais e seu processo, é necessário conhecer os conceitos de minifúndio 
e latifúndio. O Estatuto Rural conceitua minifúndio como imóvel de área e 
possibilidades inferiores às da propriedade familiar. Ou seja, trata-se de pro-
priedade rural que não possui área suficiente e capaz de garantir a subsistência 
e o progresso social e econômico do agricultor e sua família.
Por sua vez, o latifúndio pode ser por exploração ou por extensão. Latifúndio 
por extensão é o imóvel rural com área que excede a 600 vezes o módulo fiscal; 
já o latifúndio por exploração é o imóvel rural com área igual ou superior a um 
módulo fiscal e que não excede a 600 módulos fiscais, mantido inexplorado 
ou explorado de forma deficiente ou inadequada, prestando-se apenas para 
fins especulativos.
O procedimento de desapropriação para fins de reforma agrária tem previsão 
no art. 184 e seguintes da Constituição Federal de 1988, e a Lei Complementar 
nº. 76/93 estabelece o rito judicial do processo. A Constituição determina que 
cabe à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, 
Institutos jurídicos do direito agrário e suas aplicabilidades12
o imóvel rural que não cumpra sua função social, mediante prévia e justa 
indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do 
valor real, resgatáveis no prazo de até 20 anos, a partir do segundo ano de sua 
emissão, e cuja utilização será definida em lei.
Mas o que é desapropriação?
Desapropriação é o procedimento administrativo pelo qual o Poder Público, 
ou seus delegados, mediante prévia análise e declaração de necessidade (ur-
gência) ou utilidade (sem urgência) pública ou ainda interesse social (melhoria 
de vida social, redução desigualdades), impõe a perda de um bem ao seu 
proprietário, mediante o pagamento de indenização justa.
O ato que inaugura o procedimento administrativo de desapropriação 
para fins de reforma agrária é a notificação ao proprietário, cientificando-o 
da realização da vistoria preliminar para averiguar se os requisitos da função 
social da propriedade estão sendo cumpridos.
Após a vistoria, verificada a improdutividade do imóvel, ele será consi-
derado passível de desapropriação por interesse social e, consequentemente, 
será editado o decreto expropriatório, o que autoriza à União a propor ação 
de desapropriação contra o proprietário no prazo de dois anos.
Se tal não ocorrer nesse prazo, nova ação somente será possível após a 
publicação de novo decreto expropriatório, observando-se o lapso temporal 
mínimo de um ano. Vale dizer que o imóvel objeto de desapropriação não 
pode ter sofrido invasão ou ocupação motivada por conflito agrário ou fun-
diário de caráter coletivo, ocasião em que sequer poderá ser vistoriado. Caso 
a propriedade tenha sofrido invasão, não poderá ser desapropriada nos dois 
anos subsequentes à desocupação do imóvel.
Também não poderá sofrer desapropriação para fins de reforma agrária 
o imóvel que, seis meses antes da notificação ao proprietário, tenha projeto 
técnico aprovado e em implantação com vistas ao aproveitamento de 80% 
da área da propriedade no prazo máximo de três anos para culturas anuais e 
cinco para culturas permanentes. 
A lei garante ao expropriado requerer, ainda na contestação, que o Incra 
estenda a desapropriação à totalidade do imóvel, quando intentada a desapro-
priação de forma parcial. Para suscitar esse direito, no entanto, o expropriado 
deverá demonstrar que a área remanescente ficou reduzida ou prejudicada 
substancialmente em suas condições de exploração econômica.
A indenização ao proprietário é garantida pela Constituição, pelo Estatuto 
da Terra e pela Lei Material da Reforma Agrária, que fixam as formas de 
resgate dos títulos da dívida agrária, em percentual proporcional ao prazo, 
tanto para a indenização por via judicial quanto pela via administrativa.
13Institutos jurídicos do direito agrário e suas aplicabilidades
Conforme disposição do artigo 184, § 1º, da Constituição Federal, diferentemente do 
valor da terra nua, pago em títulos da dívida agrária, as benfeitorias úteis e necessárias 
são indenizadas em dinheiro e sua avaliação também é realizada pelo Incra. As ben-
feitorias voluptuárias são excluídas dessa forma de indenização. Já o artigo 184, § 5º, 
dispõe que são isentas de impostos federais, estaduais e municipais as operações de 
transferência de imóveis desapropriados para fins de reforma agrária (BRASIL, 1988).
Eventuais prejuízos causados por ato do Estado e suportados pelo desapro-
priado no decorrer do processo administrativo e judicial serão indenizados. Na 
prática, caso não haja invasão ou ocupação do imóvel durante os processos de 
desapropriação, a questão mais conflituosa é a indenização. Rara é a situação 
em que o proprietário não contesta o valor fixado. O proprietário que tem seu 
imóvel rural declarado como de interesse social e está na iminência de tê-lo 
expropriado pelo Estado não costuma aceitar o primeiro valor proposto, em 
geral considerando-o abaixo do mercado e da realidade das condições do 
imóvel.
BARROSO, L. A.; PASSOS, C. L. Direito agrário contemporâneo. Belo Horizonte: Del Rey, 2004.
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Acesso em: 01 ago. 2018. 
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I e a Seção III do Capítulo IV do Título II da Lei nº 4.504, de 30 de novembro de 1964 
- Estatuto da Terra. Brasília, DF, 1965. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/Decreto/1950-1969/D55891.htm>. Acesso em: 01 ago. 2018.
BRASIL. Lei nº 4.504, de 30 de novembro de 1964. Dispõe sobre o Estatuto da Terra, e dá 
outras providências. Brasília, DF, 1964. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
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BRASIL. Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966. Dispõe sobre o Sistema Tributário Nacional 
e institui normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados e Municípios. 
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Brasília, DF, 1966. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5172.
htm>. Acesso em: 01 ago. 2018.
BRASIL. Lei nº 8.629, de 25 de fevereiro de 1993. Dispõe sobre a regulamentação dos 
dispositivos constitucionais relativos à reforma agrária, previstos no Capítulo III, Título 
VII, da Constituição Federal. Brasília, DF, 1993. Disponível em: <http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/Leis/L8629 compilado.htm>. Acesso em: 01 ago. 2018.
CARDOZO, F. M. Tratado de direito rural brasileiro. São Paulo: Saraiva,1956. 3 v.
EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA (EMBRAPA). Módulos fiscais. [2018]. 
Disponível em: <https://www.embrapa.br/codigo-florestal/area-de-reserva-legal-arl/
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PROENÇA, A. M. Compêndio de direito agrário. Pelotas, RS: Ed. Universidade Católica 
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2017. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2017-mar-31/direito-agronegocio-
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Leituras recomendadas
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2018. Disponível em: <http://www.incra.gov.br/o-que-e-modulo-rural>. Acesso em: 
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15Institutos jurídicos do direito agrário e suas aplicabilidades

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