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2013_tcc_governança corporativa nos bancos pdf

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, ATUÁRIA, CONTABILIDADE E SECRETARIADO EXECUTIVO – FEAACS
CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS
CAMILA MARTINS CARMO
PRÁTICAS DE GOVERNANÇA CORPORATIVA NAS EMPRESAS DO SETOR BANCÁRIO
FORTALEZA 2013
PRÁTICAS DE GOVERNANÇA CORPORATIVA NAS EMPRESAS DO SETOR BANCÁRIO
Monografia apresentada à Faculdade de Economia,	Administração,	Atuária, Contabilidade e Secretariado Executivo, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Ciências Contábeis.
Orientador: Prof. Dr.Vicente Lima Crisóstomo
FORTALEZA 2013
 (
CAMILA MARTINS CARMO
)
PRÁTICAS DE GOVERNANÇA CORPORATIVA NAS EMPRESAS DO SETOR BANCÁRIO
Esta monografia foi submetida à Coordenação do Curso de Ciências Contábeis, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis, outorgado pela Universidade Federal do Ceará – UFC e encontra-se à disposição dos interessados na Biblioteca da referida Universidade.
A citação de qualquer trecho desta monografia é permitida, desde que feita de acordo com as normas de ética científica.
Data da aprovação / / 
Nota Prof. Vicente Lima Crisóstomo, Dr.	 	
Prof. Orientador
Nota Profª Luciana Moura Reinaldo	_ 	
Membro da Banca Examinadora
Nota
Prof. José Alberto Soares	_ 	
Membro da Banca Examinadora
AGRADECIMENTOS
A DEUS, que me concedeu a vitória de concluir esta monografia.
Aos meus pais, Pedro Segundo Ximenes Carmo e Solana Maria Martins Carmo, pelo apoio, incentivo e amor irrestritos que dedicam a mim.
À minha irmã, Gabriela Martins Carmo, pela paciência, compreensão e solidariedade durante a realização do trabalho.
Ao meu namorado, Anderson de Freitas Aragão Pontes, pelo companheirismo e apoio em minhas decisões.
Aos meus avós, em especial, Juassara Mendes Martins e Maria Aparecida Ximenes Carmo, por suas orações e palavras de incentivo.
Aos meus amigos, familiares e padrinhos, que me ajudaram, direta ou indiretamente, com a intensa troca de experiência.
Aos colegas, pelos momentos de diversão e companheirismo proporcionados durante toda a graduação.
Ao professor e orientador, Vicente Lima Crisóstomo, por sua paciência, orientação, atenção e inspiração, itens essenciais para a execução e conclusão desta monografia.
Ao corpo docente da UFC, pelas reflexões e sugestões recebidas.
“Sozinha não posso mudar o mundo, mas posso lançar uma pedra sobre as águas e fazer muitas ondulações”. (Madre Teresa de Calcutá)
RESUMO
Governança Corporativa é um tema atual e de crescente interesse. Instituições como IBGC, CVM e BM&F Bovespa estão estimulando a adoção, por parte das empresas, de boas práticas de governança corporativa, porém, mesmo com a crescente pressão do mercado para que as empresas adotem boas práticas de governança, as companhias brasileiras aparentam não adotá-las por completo. Este trabalho tem por objetivo analisar e comparar as práticas de governança corporativa recomendadas pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) com as práticas adotadas pelos bancos listados na Bovespa. A metodologia utilizada no trabalho foi de caráter descritivo, documental, bibliográfico e quantitativo em uma amostra de 26 bancos. Conclui-se que o setor bancário possui bancos que colocam em prática as recomendações de boas práticas de governança corporativa, principalmente os bancos mais novos, porém alguns bancos ainda têm que aprimorar suas práticas. É essencial a utilização das boas práticas de governança corporativa pelas instituições financeiras, pois os bancos são componentes fundamentais para a economia capitalista, o que torna necessário a transparência administrativa frente aos variados stakeholders.
Palavras-chaves: Governança Corporativa, setor bancário, Brasil.
ABSTRACT
Corporate Governance is a topic of increasing interest and current. Institutions like IBGC, CVM and BM & F Bovespa are encouraging the adoption by businesses of good corporate governance practices, but even with the increasing market pressure for companies to adopt good governance practices, Brazilian companies appear not adopt them completely. This work aims to analyze and compare corporate governance practices recommended by the Brazilian Institute of Corporate Governance (IBGC) with the practices adopted by banks listed on Bovespa. The methodology used in the study was a descriptive, documentary, bibliographic and quantitative in a sample of 26 banks. We conclude that the banking sector has banks that put into practice the recommendations of good corporate governance practices, especially newer banks, but some banks still have to improve their practices. It is essential to use good corporate governance practices by financial institutions because the banks are key components of the capitalist economy, which makes it necessary administrative transparency forward to the varied stakeholders.
Keywords: Corporate Governance, banking, Brazil.
LISTA DE TABELAS
Quadro 1 - Comparativo dos níveis de governança	38
Tabela 1 - Práticas de governança corporativa relacionadas ao número de membros do Conselho de Administração	45
Tabela 2 - Práticas de governança corporativa relacionadas ao mandato e reeleição do Conselho de Administração	46
Tabela 3 - Práticas de governança corporativa relacionadas ao mandato do Conselho de Administração por segmento Bovespa	47
Tabela 4 - Práticas de relacionadas ao Presidente do Conselho de Administração e aos Conselheiros Independentes	48
Tabela 5 - Práticas de governança corporativa relacionadas aos Conselheiros Independentes por segmento Bovespa	49
Tabela 6 - Práticas de governança corporativa relacionadas ao número de ações ordinárias e preferenciais	50
Tabela 7 - Práticas de governança corporativa relacionadas ao número de bancos por cada segmento da BM&F Bovespa	51
Tabela 8 - Comparação entre a quantidade de bancos no Mercado Tradicional e demais segmentos da BM&F Bovespa	52
Tabela 9 - Comparação entre segmentos da BM&F Bovespa e tempo de registro na CVM	53
Tabela 10 - Comparação de média entre segmentos da Bovespa e tempo de mandato do Conselho de Administração	54
Tabela 11 - Comparação de média entre segmentos da Bovespa e tempo de registro na CVM	54
Tabela 12 - Comparação de média entre segmentos da Bovespa e percentual de ações ordinárias	55
Tabela 13 - Comparação de média entre segmentos da Bovespa e percentual de ações preferenciais	55
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO	10
2 GOVERNANÇA CORPORATIVA: ORIGEM E DESENVOLVIMENTO	13
2.1 Conceito e função de Governança Corporativa	13
2.1.1 Princípios de Governança	15
2.2 Histórico da Governança Corporativa	17
2.2.1 Teoria da Agência	19
2.2.2 Disclosure	23
3 RECOMENDAÇÕES DE GOVERNANÇA NO BRASIL	26
3.1 IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa)	26
3.2 CVM ( Comissão de Valores Mobiliários)	28
3.3 BM&F BOVESPA	30
4 GOVERNANÇA CORPORATIVA NOS BANCOS	40
4.1 Breve histórico	40
4.2 Importância do sistema financeiro	40
4.2.1 A Importância da Governança Corporativa nas Instituições Bancárias	41
4.2 Metodologia	43
4.3 Comparação de Práticas de Governança Corporativa entre bancos no Brasil	43
5 CONCLUSÃO	56
REFERÊNCIAS	58
1 INTRODUÇÃO
Num ambiente econômico globalizado, o financiamento para a viabilização de empreendimentos é essencial, tanto para o crescimento das companhias como para o desenvolvimento econômico dos países onde estão inseridas.
Com o surgimento da necessidade de atrair capitais e fontes de financiamento, que foi acelerado pelo processo de globalização e privatizações de empresas estatais, as empresas passaram a preocupar-se em adotar boas práticas de governança corporativa.
A possibilidade de ter acesso a um mercado com mais opções de fontes de financiamento requer que a empresa esteja sendo bem administrada e capacitada para relacionar-se com prováveis investidores. O processo depende essencialmente da confiança dos investidores, atrelado a um conjunto de fatores relacionadosao ambiente institucional no qual a empresa está inserida, principalmente, a proteção ao investidor, a infraestrutura legal, os direitos de propriedade e a garantia de cumprimento dos contratos.
Casos como o da Enron, Parmalat, General Motors, alertaram os acionistas sobre a importância de uma maior transparência e participação nas decisões estratégicas de gestão (CARMO, 2003). Após grandes prejuízos, gerados por má administração e fraudes contábeis, o mercado passou a exigir das empresas melhores níveis de profissionalização da gestão das empresas. A adoção de boas práticas de gestão e mecanismos de controle da direção das empresas passou a ser relevante para empresas que queiram financiar-se via mercado de capitais.
O que decisivamente protege o investidor contra a expropriação de seus recursos pelos executivos e controladores das empresas é a existência de regras de proteção aos investidores e a garantia de aplicação destas. Estas regras podem ser estabelecidas por instrumento legal ou via acordo entre mercado e empresas.
Contextualmente, a governança corporativa está inserida em um conjunto de instrumentos, que incluem leis, recomendações de mercado e regulamentos internos das companhias que organizam e direcionam a relação entre os controladores e administradores de uma empresa, de um lado, e aqueles que nela investem recursos através da aquisição de valores mobiliários por ela emitidos, entre outros, os acionistas minoritários.
Este trabalho está inserido dentro desta conjuntura da governança corporativa que está diretamente associada à relação entre empresa e investidores do mercado. Considerando a
 (
10
)
relevância do setor financeiro como um dos principais financiadores da atividade produtiva, o trabalho faz uma pesquisa sobre a qualidade da governança corporativa no setor bancário no Brasil. Busca-se, então, responder a seguinte questão: Qual o nível de adoção das práticas de governança corporativa nas empresas do setor bancário listadas na Bovespa?
Para responder a esta pergunta foi traçado o seguinte objetivo geral: Analisar as práticas de governança corporativa nas empresas do setor bancário no Brasil. Para alcançar este objetivo geral, foi também necessário definir outros três objetivos específicos:
· Averiguar as boas práticas de governança corporativa apresentadas pelos bancos em relação ao Conselho de Administração e composição do capital;
· No contexto brasileiro, analisar as idades dos bancos, em relação a data de registro na CVM, que apresentam as melhores práticas de governança corporativa;
· Observar as boas práticas de governança corporativa adotadas pelos bancos pertencentes a algum nível diferenciado na Bovespa comparativamente aos demais.
Segundo Martins (1994, p.26), uma abordagem quantitativa “tem forte preocupação com a relação causal entre as variáveis e a validação da prova científica é buscada através de testes dos instrumentos, graus de significância e sistematização das definições operacionais”.
De acordo com Gil (1996, p.46), uma das características principais da pesquisa descritiva é a “utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados, tais como o questionário e a observação sistemática”. Quanto à tipologia, este trabalho se caracteriza pelo estudo descritivo e pela realização de uma análise comparativa entre empresas.
A coleta de dados será através de pesquisa documental e bibliográfica, ou seja, a partir de livros, artigos, revistas, monografias e a legislação pertinente, além das informações relativas às Entidades em questão, que serão retiradas principalmente de seus estatutos, constantes na página de Relação com Investidores, em seu portal eletrônico.
Conforme Oliveira (2002), a pesquisa bibliográfica tem por finalidade conhecer as diferentes formas de contribuição científica que se realizaram sobre determinado assunto, é realizado em bibliotecas públicas, e especialmente, nos acervos que fazem parte do catálogo coletivo das universidades e das bibliotecas virtuais.
O trabalho encontra-se estruturado da seguinte maneira: além desta introdução, tem-se a seção dois sobre governança corporativa, onde foram abordadas as conceituações, o histórico e desenvolvimento, aspectos legais, principais características presentes no modelo
brasileiro, bem como contribuições dadas a esse movimento pelas recomendações de mercado.
Considera-se na terceira seção do trabalho, as recomendações da governança corporativa conforme o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa - IBGC, a Comissão de Valores Mobiliários - CVM e a BM&F Bovespa, discorrendo sobre as atribuições de cada parte da corporação para a efetivação das boas práticas de governança.
A quarta seção trata do setor bancário, considerando seu histórico, função e importância para a sociedade. É determinada importância da governança corporativa nas instituições financeiras e também é realizada a delimitação do número de bancos, a análise dos dados, comparação das práticas de governança corporativa entre bancos.
Por último, têm-se a conclusão sobre o trabalho realizado. Esta se apresenta em um breve resumo da pesquisa utilizada e sua importância, uma síntese dos resultados e sugestões de novos trabalhos na área.
2 GOVERNANÇA CORPORATIVA: ORIGEM E DESENVOLVIMENTO
2.1 Conceito e função de Governança Corporativa
A governança corporativa é uma ferramenta imprescindível na idealização de uma empresa moderna e atualizada. Essa ferramenta pode ser utilizada em todos os tipos de empresa, com o objetivo de trazer transparência aos acionistas, fidelidade para com seus clientes e acesso a informações para os interessados.
A existência de diversas questões relacionadas à governança corporativa, como as dimensões da empresa e as estruturas de propriedade, faz com que a mesma apresente as mais variadas definições.
Para Andrade e Rossetti (2012), as diferentes definições de governança corporativa podem ser reunidas em 4 grupos: guardiã de direitos, sistema de relações, estrutura de poder e sistema normativo.
No quesito guardiã de direitos, é definida pela OECD (1999), como um sistema pelo qual as corporações são dirigidas e controladas. Onde a estrutura da governança corporativa determina a distribuição dos direitos e responsabilidades entre os diversos participantes como conselho de administração, diretores executivos e acionistas. Os requisitos e procedimentos para a tomada de decisão na corporação, os meios para se alcançarem os objetivos e os instrumentos para acompanhar o desempenho da corporação também são determinados pela Governança.
Sistema de relações, é definida por Shleifer e Vishny (1997) como um sistema que envolve o relacionamento entre acionistas, conselho de administração, diretoria e outras partes interessadas. Suas boas práticas determinam os caminhos pelos quais os investidores são assegurados do retorno dos seus investimentos.
Na forma de estrutura de poder, Babic (2003) a define, como uma estrutura que envolve questões relacionadas ao processo de tomada de decisões estratégicas, ao exercício de liderança, aos métodos com que se atendem aos interesses estabelecidos e aos pleitos emergentes, ou seja, ao poder exercido na corporação.
A governança corporativa como sistema normativo, é definida por Mathiesen (2002) como campo de investigação focado em uma forma de monitorar as corporações, através de objetos normativos, estabelecidos em estatutos legais, termos contratuais e estruturas organizacionais que levam ao gerenciamento eficaz das corporações.
Steinberg (2003) considera que a governança corporativa é uma maneira de aperfeiçoar o desempenho da empresa, atuando como um instrumento que colabora com o crescimento e qualidade de gestão da organização, através de regras e normas que a empresa deve seguir para conseguir interagir suas atividades e metas com as dos stakeholders.
O conceito de governança corporativa ainda pode ser resumido em criar um ambiente de controle dentro de um modelo balanceado de distribuição do poder, onde o poder na empresa se torna mais descentralizado, mas nuncadesmerecendo as responsabilidades de cada colaborador baseando essa responsabilidade em regras que devem ser seguidas. Steinberg (2003) também avalia que a aplicação da governança corporativa não é somente acatar regras, pois ela tem tudo a ver com qualidade da atitude e escala de valores, no mais puro sentido humano.
A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) ao publicar, em junho de 2002, uma cartilha intitulada de Recomendações da CVM sobre governança corporativa conceituou o assunto como:
O conjunto de práticas que tem por finalidade otimizar o desempenho de uma companhia ao proteger todas as partes interessadas tais como investidores, empregados e credores, facilitando o acesso de capital. A análise das práticas de governança corporativa aplicada ao mercado de capitais envolve, principalmente: transparência, equidade de tratamento dos acionistas e prestação de contas.
Analisando este conceito, vê-se que a preocupação com os resultados alcançados pela empresa que decorrem da sua gestão. Outro fator que deve ser levado a reflexão nesse conceito é a ideia de proteção às partes interessadas, o que confere maior interesse à organização. Além disso, enfatiza-se a figura dos stakeholders, mostrando o surgimento de outro conflito de interesses entre estes e os acionistas existentes nas organizações.
O Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC, 2009), em relação à conceituação do termo governança corporativa, considera a seguinte definição:
Governança Corporativa é o sistema pelo qual as organizações são dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo os relacionamentos entre Proprietários, Conselho de Administração, Diretoria, e órgãos de controle. As boas práticas de governança corporativa convertem princípios em recomendações objetivas, alinhando interesses com a finalidade de preservar e otimizar o valor da organização, facilitando seu acesso a recursos e contribuindo para a sua longevidade.
Explorando esta definição, percebe-se que a governança corporativa é um tema multifacetado, principalmente pela natureza e pela extensão da responsabilidade de indivíduos específicos na organização. Um dos impactos de um sistema de governança corporativa é na eficiência econômica, com ênfase no bem-estar de acionistas.
Dentre as razões fundamentais que levaram ao despertar da governança corporativa destacam-se pelo menos três razões adicionais externas e três internas. São elas: a) as mudanças no macroambiente, como desfronteirização de mercados reais e financeiros, desengajamento do Estado-empresário e ascensão de novos players globais; b) as mudanças no ambiente de negócios, como as reestruturações setoriais; e c) as revisões nas instituições do mercado de capitais, junto com posturas mais ativas dos investidores institucionais. Entre as internas, destacam-se: a) as mudanças societárias; b) os realinhamentos estratégicos; e c) os reordenamentos organizacionais, que vão da profissionalização à implantação de controles preventivos contra a ganância e fraudes.
Em sua essência, a governança corporativa tem como principal objetivo recuperar e garantir a confiabilidade em uma determinada empresa para os seus acionistas, criando um conjunto eficiente de mecanismos, tanto de incentivos como de monitoramento, a fim de assegurar que o comportamento dos executivos esteja sempre alinhado com o interesse dos acionistas.
Destaca-se que uma boa governança corporativa contribui para um desenvolvimento econômico sustentável, proporcionando melhorias no desempenho das empresas. Por estes motivos, torna-se tão importante ter conselheiros qualificados e sistemas de governança corporativa de qualidade, evitando-se assim diversos fracassos empresariais como abusos de poder, erros e fraudes.
Em síntese, a governança corporativa torna-se um sistema pelo qual as empresas são monitoradas e dirigidas envolvendo os relacionamentos entre acionistas e o corpo de administração que a empresa possui e, gera boas práticas, que têm a finalidade de aumentar o valor da empresa, facilitar o acesso ao capital e contribuir para sua perenidade. As empresas precisam de uma boa administração para manter-se no mercado e é nessa perspectiva que a governança corporativa atua.
2.1.1 Princípios de Governança
Em geral, os conceitos de governança corporativa apresentam, como os supramencionados, implícita ou explicitamente, os 4 valores que servem de sua base,
fundamentação e sustentação, que são os princípios: Fairness, Disclosure, Accountability e
Compliance (ANDRADE e ROSSETTI, 2012).
Fairness (Equidade) é o senso de justiça, tratamento igual para todos os acionistas. O princípio da equidade enfatiza o respeito aos interesses de todos os elementos da companhia, pois várias dessas partes não têm direitos diretos, mas indiretamente são impactados. Seria respeitar, reconhecer que as partes que têm interesses e, em condições iguais, não devem tratadas de formas diferentes. Esse senso de justiça é um princípio que está presente em quase todos os códigos de governança corporativa no mundo.
Disclosure (Transparência) determina que todas as informações, principalmente, as de alta relevância devem ser disponibilizadas às partes interessadas, excetuando-se as informações de caráter sigiloso. O princípio da transparência afirma que a estrutura de governança corporativa deverá incentivar a divulgação precisa de informações financeiras e não financeiras para permitir o acompanhamento das ações da organização pelos interessados (stakeholders). Transparência significa divulgar informação que a outra parte tem interesse em conhecer assim como o direito de acesso a esta informação. É necessário informar o que as partes interessadas no seu negócio querem saber, o que é importante para elas. A idéia que está por trás, que é muito importante, é que a partir da comunicação interna e externa, espontânea, direta, franca, rápida, todos tenham conhecimento da situação da empresa e possam melhor orientar sua tomada de decisão relativamente a seu relacionamento com a empresa.
Accountability (Prestação de contas) é a prestação de contas dos atos dos sócios, administradores, conselheiros fiscais. Pode-se dizer que este valor está intimamente ligado ao da transparência. Prestação de contas significa assumir a conseqüência pelos atos e omissões praticados no exercício dos seus mandatos, principalmente, em relação aos mandatos da direção e conselho de administração da empresa. Sob a ótica deste princípio a direção da empresa tem que prestar contas de seus atos. No exercício do mandato, de acordo com a lei e com as boas práticas de Governança, a direção da empresa tem o dever de lealdade, o dever de diligência e o dever fiduciário. Isto vale para o presidente, para os auditores, conselheiros, diretores e todos os cargos de auto poder decisório dentro da empresa. É um princípio importantíssimo, pois se tem a obrigação de dar satisfação do que se fez.
Compliance (Responsabilidade corporativa) é o cumprimento de normas reguladoras conforme estabelecidas nos estatutos sociais, nos regimentos internos e nas instituições legais
do país, visando à sua longevidade, incorporando considerações de ordem social e ambiental na definição dos negócios e operações. Compliance está relacionado com a sustentabilidade e com os agentes da governança corporativa, indo além, pois adiciona o papel estratégico que a Governança pode oferecer na definição das políticas, das diretrizes organizacionais e na definição de objetivos, assim como evitar, detectar e tratar qualquer inconformidade que possa ocorrer. Uma empresa, ao adotar as boas práticas de governança corporativa, objetiva promover o alinhamento de interesses entre todos os seus stakeholders e os níveis de confiança, dependendo das práticas, podem ser afetados positivamente ou não por elas. Com atividades de compliance, os acionistas e investidores têm a segurança de que suas aplicações e orientações serão geridas conforme as diretrizes previamente estabelecidas por eles.
2.2 Histórico da Governança Corporativa
A origem daGovernança está intimamente ligada à formação, o desenvolvimento e a evolução do capitalismo e do mundo corporativo. A Revolução Industrial e a produção em grandes escalas, nos séculos XVIII e XIX, trouxeram mudanças substanciais para o sistema capitalista e o mundo corporativo. A produção passou a ser subordinada ao acúmulo de capital, e com isso a terra, que antes era o fator dominante, perdeu seu poder (ANDRADE e ROSSETTI, 2012).
Em decorrência do crescimento das empresas, mudanças como, a abertura de capital e a partilha da companhia, devido à sucessão de seus acionistas fundadores, iniciaram um processo de dispersão do capital de controle das corporações e de despersonalização da propriedade. Com a dispersão da propriedade e a ausência dos acionistas, denominados proprietários passivos, a propriedade desligou-se da administração, os objetivos deixaram de se limitar à maximização de lucros e surgiram conflitos de interesses entre acionistas e gestores (ANDRADE e ROSSETTI, 2012).
Durante as décadas de 70 e 80, o governo adotou algumas iniciativas para promover o mercado de capitais. Foram concedidos incentivos fiscais para que as empresas lançassem ações e também foram criados incentivos para que os investidores comprassem estas ações. Exigiu-se que fundos de pensão e companhias de seguro investissem uma porcentagem mínima de seus ativos em ações. Ao final dos anos 80, havia aproximadamente 600 empresas na bolsa de valores, mas boa parte dessas empresas havia aberto o capital apenas para usufruir dos incentivos fiscais e não tinham interesse em ter uma base de acionistas ou negociação ativa de suas ações. No final dos anos 80, os incentivos financeiros para as empresas que
possuíam ações na bolsa foram eliminados. Desde então, muitas empresas que tinham lançado ações somente visando obter incentivos fiscais fecharam o capital. Ao mesmo tempo, o governo privatizou um grande número de empresas estatais.
O capitalismo no Brasil experimentou profundas transformações a partir da década de 1990. O País promoveu sua abertura econômica, eliminando barreiras comerciais e inúmeras reservas de mercado. No período, ocorreram as privatizações dos setores de siderurgia, ferrovias, mineração, energia elétrica e telecomunicações, dentre outros. Por causa da abertura econômica, privatizações, melhoria da conjuntura macroeconômica e criação de um ambiente legal e regulatório, ocorreu uma onda inédita de fusões e aquisições. Esses fenômenos contribuíram, de um lado, para fortalecer o capitalismo familiar e privado, e, de outro lado, para alterar o perfil da estrutura de propriedade das companhias abertas brasileiras, que passou a contar com a presença representativa de investidores estrangeiros e institucionais, notadamente dos fundos de pensão.
Ocorre também que na primeira metade dos anos 90, em um movimento iniciado principalmente nos Estados Unidos, acionistas despertaram para a necessidade de novas regras que os protegessem dos abusos da diretoria executiva das empresas, da inércia de conselhos de administração inoperantes e das omissões das auditorias externas.
Um novo cenário de intensa regulação tornou exemplo de administração transparente em lei. É nesse contexto que a Lei Sarbanes-Oxley, conforme Andrade e Rossetti (2012), foi promulgada em 2002 nos Estados Unidos. A base dessa lei vem das boas práticas de Governança, pregando a conformidade legal, a prestação responsável de contas, mais transparência e senso de justiça.
O Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) foi criado em 1995 com o nome de Instituto Brasileiro de Conselheiros de Administração (IBCA). Em 1999, alterou sua denominação para Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) e voltou sua atenção para a promoção de educação e capacitação para os administradores e pesquisas relacionadas à governança corporativa adequada à realidade brasileira, bem como lançou seu Código sobre Melhores Práticas de Governança Corporativa.
Atendendo às demandas do mercado, a Bovespa criou em 2000 , o Novo Mercado e os níveis diferenciados de governança corporativa, segmentos de negociação de papéis com regras de proteção aos investidores em nível muito superior ao legal e regulamentar aplicável ao segmento tradicional.
Em 2002, a CVM emitiu as suas próprias recomendações sobre governança corporativa, dentre elas que as companhias informassem as políticas de divulgação e negociação de papéis pelos controladores e administradores. Em contraste com outros países estas recomendações não são mandatórias ou apoiadas num regime de adote ou explique.
2.2.1 Teoria da Agência
Os conflitos existentes entre gestores e acionistas ou entre acionistas majoritários e minoritários, devido seus diferentes objetivos e interesses dentro das organizações, é chamado de Teoria de Agência.
Conforme Dey (2008), o relacionamento entre acionistas e gerentes corporativos é cheio de conflitos de interesses que surgem devido à separação de propriedade e controle, objetivos divergentes entre a gestão e o acionista, e assimetria de informações entre gestores e acionistas.
A dependência dos proprietários em relação às decisões tomadas pelos agentes fez surgir os conflitos de agência. Os gestores deveriam tomar decisões favoráveis aos acionistas, porém muitos decidiam apenas sob a ótica de seus próprios interesses, ou seja, visando maiores remunerações, empréstimos vantajosos e estratégias de curto prazo. Esse comportamento oportunista por parte do gestor é incorreto, pois ele foi contratado para satisfazer os interesses dos acionistas, maximizando o retorno sobre o investimento por estes realizados (SILVA, 2011).
O problema de agência (ou problema agente-principal) aparece quando o bem-estar de uma parte (denominada principal) depende das decisões tomadas por outra (denominada agente). Jensen e Meckling (1976), entendem que a possibilidade de contratação de gestores que não fazem parte do capital, ou seja, não participem do capital da empresa, conduz ao problema da separação entre propriedade e controle, sendo que se ambas as partes (o principal e o agente) agem tendo em vista a maximização de suas utilidades pessoais, existe uma razão para se acreditar que o agente não agirá sempre no melhor interesse do principal.
Uma relação do tipo principal-agente pode ser vista em diversas situações, como por exemplo, na relação entre administradores (agente) e acionistas (principal) de uma empresa, ou numa relação entre corretores (agente) e investidores (principal), ou entre advogados (agente) e seus clientes (principal). São inúmeros os tipos de relação principal-agente identificados no dia a dia.
O principal, em geral, não tem as melhores condições para observar e medir as ações dos agentes. Deste modo, a decisão do agente em esforçar-se, não é inteiramente observada pelo principal. O agente e o principal buscarão sempre maximizar suas funções utilidades, portanto, seus interesses não são coincidentes, dessa forma origina-se o problema da agência.
Para a aplicabilidade da governança corporativa na minimização dos conflitos de agência, torna indispensável compreender que entre os proprietários e os demais constituintes organizacionais estabelece-se uma relação biunívoca de importância, que tem levado a complexas discussões e mudanças nos institutos legais dos países, todas elas gravitando em torno de uma questão essencial: os interesses do quais a gestão das companhias deve atender.
Duas orientações básicas de gestão são dadas quanto a esta questão: 1. A gestão focada no objetivo de máximo retorno total dos investidores; e 2. A gestão voltada para a harmonização do retorno dos investidores com os dos demais grupos com interesses em jogo nas companhias.
Na ótica financeira, depreende-se que as empresas são constituídas para gerarem retornos aos proprietários que integralizaram o capital subscrito nos contratos sociais. O lucro é a motivação mobilizadora. Razões altruístas ocorrem em outros campos da cooperação humana, porém, no meio em que as empresas são criadase geridas, prevalecem as forças utilitárias do benefício financeiro.
A maximização deste benefício é amparada pela lógica dos riscos assumidos pelos investidores, superiormente aos dos demais stakeholders. Estes têm direitos contratuais com as empresas, podem interromper sua relação quando desejarem e, caso as empresas não honrem compromissos com eles assumidos, podem até apelar para ações radicais, como requerer falência. Quanto ao retorno dos proprietários é incerto, quanto ao valor e ao momento em que se realizará; o capital investido é passivo não exigível, que só retornará se os negócios forem bem conduzidos; enfim, os direitos dos proprietários são residuais. E como são eles que assumem os maiores riscos, é em favor deles que as decisões devem ser tomadas.
A legitimidade dos shareholders está no valor, para a sociedade como um todo, do espírito de empreendimento, de iniciativa, de inovação e de geração de riquezas, sendo o retorno sobre os investimentos condição sine qua non para a sua continuidade. Os stakeholders legitimam-se por serem grupos sem os quais as empresas deixariam de existir ou pelo seu compromisso com a sobrevivência, o crescimento e continuidade das empresas.
De acordo com Crisóstomo e López-Iturriaga (2011), a seleção adversa nasce da incapacidade de um indivíduo em reconhecer a qualidade de um objeto que adquire, pois existe uma variação aleatória na qualidade do produto no mercado, uma assimetria de informação em relação à qualidade desse produto e uma negociação a baixo preço por vendedores de produtos de má qualidade. Como consequência dessa incapacidade, o acionista cobra um ágio pelo risco de enfrentar perdas com produtos de má qualidade, com resultados ruins.
Em relação à teoria de agência, geralmente verifica-se a existência de um claro conflito de interesses entre o principal e o agente. Quando, em uma relação, uma parte é menos responsável pelas consequências de seus atos, deixando a outra parte sujeita às consequências destes atos, tem-se um típico caso de risco moral, que está presente no contexto principal-agente, previsto na teoria da agência. O agente (gestor) tem conhecimento mais aprofundado do funcionamento da corporação, porém o principal (acionista) nem sempre pode monitorar completamente as ações do agente. O agente tem a possibilidade de atuar com má intenção para favorecer seus interesses, caracterizando assim o risco moral (CRISÓSTOMO e LÓPEZ-ITURRIAGA, 2011).
Os custos de monitoramento das ações do agente podem ser extremamente altos para o principal. Cita-se como exemplo, uma empresa que pode monitorar o horário de entrada e a saída de seus administradores no local de trabalho com base no cartão de ponto, mas para monitorar o desempenho destes teria que investir em um sistema de indicadores que calculasse a produtividade e avaliasse o desempenho de cada um deles. É verdade, que muitas empresas utilizam a avaliação de desempenho como meio de monitorar a ação dos seus funcionários, mas essa é uma prática passível de erros ou visão tendenciosa por parte de quem avalia.
Quando as partes preveem a ocorrência desse tipo de problema, estas recorrem à elaboração de contratos que visam minimizar os obstáculos na relação principal-agente. Esses contratos anteveem alguns mecanismos que gerarão custos aos envolvidos, denominados custos de agência. Segundo Jensen e Meckling (1976), os custos de agência compreendem os custos de contratos entre o principal e o agente, seu monitoramento, os custos incorridos pelos agentes na sinalização ao principal de sua honestidade e perdas decorrentes dos conflitos entre agente e principal no que tange às decisões tomadas que não maximizem valor.
Para Milgrom e Roberts (1992), observam-se as duas classificações de contratos:
1 - Contrato First-Best que se dá quando o principal remunera o agente com uma quantia exatamente igual ao mínimo que este espera receber em troca de um trabalho executado de forma eficiente; e
2 - Contrato Second-Best acontece quando não é possível estabelecer contratos do tipo firs-best. Ou seja, quando as condições first-best não são alcançadas, recorre-se a duas alternativas de contrato:
(I) baseado no custo da tarefa e no pagamento de custos extras, o que pode gerar um estímulo para o aumento dos mesmos;
(II) baseado no desempenho do agente gerando riscos maiores para este, e por isso, concedendo-lhe um prêmio de risco que pode ser pago por meio de uma remuneração variável atrelada ao seu desempenho.
O contrato second-best se dá pela composição das duas alternativas anteriores de forma que seja capaz de balancear as duas condições da melhor maneira para o principal.
Ainda em relação aos mecanismos contratuais de incentivo, Posner (2000) ensina três tipos de contratos que podem ser firmados pelas partes e as consequências de cada um para a relação:
1 - Flat-Rate Contract: é um contrato com pagamento fixo. Nesse tipo de contrato não há incentivo para o agente se empenhe em sua tarefa.
2 - High Power Incentive Contract: o contrato prevê um pagamento se o agente quando ele chegar ao resultado esperado pelo principal e nenhum pagamento, caso não alcance. Nesse tipo de contrato é necessário avaliar qual a probabilidade de se chegar ao resultado esperado e dependendo do grau de aversão ao risco do agente, o principal terá que oferecer uma remuneração vantajosa para este aceitar o contrato.
3 - Mixed Contract – o principal paga um valor maior ao agente, caso este alcance o objetivo esperado e um valor menor caso não alcance, ou seja, principal e agente compartilham o risco do negócio.
Observa-se que, de acordo com as classificações expostas, os contratos mais eficientes na mitigação dos problemas de risco moral e seleção adversa, visto que os agentes são racionais e buscam maximizar suas utilidades, são os que prevêem o compartilhamento do risco entre os envolvidos, ou seja, são aqueles que tanto o principal quanto o agente ganham quando o resultado esperado é alcançado bem como perdem quando não é alcançado.
No entendimento de Andrade e Rosseti (2012) os conflitos de agência resultam de interesses assimétricos entre acionistas e gestores e manifestam-se quando se dá a separação entre propriedade e gestão, com a outorga da direção das corporações a executivos contratados. Os outorgantes são as grandes massas de acionistas que investem seus recursos na aquisição de ações das empresas ou que as recebem em processos sucessórios. Os outorgados são os gestores contratados para a direção executiva das companhias.
O interesse dos outorgantes é que exista o máximo retorno total de seus investimentos, enquanto que os dos outorgados podem ser outros que gerem conflitantes com os dos acionistas, como a busca de status, altas remunerações, preferência por crescimento em detrimento a retornos, além de diversas formas de benefícios autoconcedidos.
A governança corporativa surgiu para cuidar desses conflitos e de outros desalinhamentos nas companhias. Das reações de ativistas por boas práticas de governança resultaram a criação de institutos legais e de marcos regulatórios protecionistas dos direitos e interesses dos acionistas. Resultaram também mudanças internas nas corporações.
Com essa percepção defini-se a governança como um conjunto de princípios, propósitos, processos e práticas que regem o sistema de poder e os mecanismos de gestão das corporações, tentando obter a maximização da riqueza dos proprietários e o atendimento dos direitos de outras partes interessadas, reduzindo conflitantes com esse fim.
Diante do exposto, nota-se a importância da governança corporativa para melhorar os acertos, gerando sucesso e lucro para ambas as partes interessadas.
2.2.2 Disclosure
Um dos objetivos básicos da Contabilidade no Mercado de Capitais é a evidenciação (disclosure), uma vez que através dela é possível garantir a todos os tipos de usuários as informações completas e confiáveis sobre a situação financeira e os resultados da companhia.
A evidenciação para a contabilidade é um requisito essencial na plena realizaçãode seu objetivo principal: fornecer informações corretas, em tempo hábil, para a tomada de decisões. Através da evidenciação, a contabilidade procura traduzir, em seu trabalho final, o máximo de transparência, de compreensão e legibilidade dos dados coletados, a fim de obter eficaz na interação entre usuários e o sistema contábil.
Verificando a importância desta interação, a contabilidade tem se esmerado para melhorar as formas de evidências já existentes, aprimorando suas demonstrações e relatórios
para todos que necessitamos das informações, indistintamente, sejam um grupo de usuários específicos ou não. Como consequência dessa busca de redimensionamento do campo de ação, as práticas contábeis sujeitam-se a novos questionamentos no instante de evidenciar as informações encontradas. Fato que ocorre com a ampliação da quantidade e dos tipos de usuários interessados, pois se passou a refletir não só sobre a relevância da qualidade em contraponto à quantidade das informações, como também sobre o grau de termos técnicos que devem compor os demonstrativos e tanto quanto o tempo hábil de se evidenciar informações para que, de fato, estas sejam tomadas com base nos processos decisórios. Logo, a evidenciação somente será plena quando a contabilidade deixar claro o seu propósito, a sua caracterização, a sua forma e conhecer o usuário a quem se destina a informação.
Na verdade, o disclosure constitui um compromisso da Contabilidade com seus próprios objetivos, que tem por finalidade atender às necessidades de informações de seus usuários no processo decisório (LOPES e MARTINS, 2005). A informação contábil divulgada deve possuir características essenciais, como relevância, confiabilidade, uniformidade, consistência e comparabilidade (YAMAMOTO e SALOTTI, 2006)
Segundo Yamamoto e Salotti (2006), as informações contábeis devem ser disponibilizadas para os usuários por meio de demonstrações contábeis tradicionais, notas explicativas e outras formas alternativas, como demonstrações complementares e relatórios da administração.
O disclosure influencia o comportamento dos investidores, ao afetar a sua percepção em relação ao risco da companhia, assim como a percepção dos gestores, que decidirão o nível de evidenciação tomando por base o custo a ser incorrido para fornecer as informações (CRUZ e LIMA, 2010). Para auxiliar nesse processo informacional, conforme Lopes e Martins (2005), a Contabilidade deve guardar estreita relação com a realidade econômica, sob pena de perder sua utilidade para os agentes.
Salienta-se ainda que, no âmbito do mercado de capitais, o disclosure reduz a assimetria informacional entre os agentes participantes, por meio da evidenciação de informações relevantes sobre o valor e o desempenho das companhias (LANZANA, 2004)
Segundo Verrechia (2001), os estudos sobre disclosure podem ser agrupados em três grandes linhas de pesquisa: Association-based Disclosure, Discretionary-based Disclosure e Efficiency-based Disclosure. A primeira investiga a relação entre a divulgação de determinada informação e o comportamento dos investidores; a segunda procura identificar os motivos que levam a empresa a divulgar determinadas informações; a terceira estuda a existência de
algumas formas de divulgação que promovem a eficiência da divulgação, ou seja, são preferidas incondicionalmente (YAMAMOTO e SALOTTI, 2006).
Lanzana (2004) observou que empresas de controle privado nacional, maiores, com maior nível de endividamento, mais bem avaliadas pelo mercado e com maior desempenho, tendem a apresentar maior nível de transparência. Malacrida e Yamamoto (2006) concluíram que um maior nível de evidenciação de informações resulta em uma menor volatilidade das ações. O estudo de Costa, Goldner e Galdi (2007) indica que a independência do conselho de administração, o tamanho, a listagem das ações no mercado de capitais, a participação nos níveis diferenciados de governança corporativa da BM&FBovespa, bem como a emissão de ADRs na Bolsa de Nova Iorque influenciam o disclosure dos maiores bancos brasileiros.
3 RECOMENDAÇÕES DE GOVERNANÇA NO BRASIL
Alguns institutos começaram a difundir no Brasil recomendações com o objetivo de melhorar a relação entre proprietários e gestores, para que o ambiente organizacional do mercado de capitais brasileiro se torne mais sólido, justo, responsável e transparente.
As recomendações mais importantes de governança corporativa no Brasil são do IBGC, através do código brasileiro de governança corporativa; as recomendações da CVM, com a edição da cartilha da CVM em 1995; e a BOVESPA, com as práticas diferenciadas de governança corporativa.
3.1 IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa)
Fundado em 27 de Novembro de 1995, como uma sociedade civil de âmbito nacional, sem fins lucrativos, o IBGC é uma organização que se dedica exclusivamente a fomentar o crescimento da governança corporativa no Brasil.
O código de governança corporativa, lançado em 1999 e cuja última edição atualizada é datada de 2010, está dividida em 06 capítulos. Cada capítulo trata de um agente ativo do sistema de gestão: propriedade, conselho de administração, gestão, auditoria independente, conselho fiscal e conduta e conflito de interesses. Tal código baseou-se em Códigos de Melhores Práticas que já existiam em outros países, tais como o Relatório Cadbury (1992) e o Relatório Hampel (1997).
O código de Boas práticas de Governança do IBGC, inicialmente, apresenta seu conceito de Governança e os princípios que serviram de base para a elaboração do código.
O primeiro capítulo trata da Propriedade, onde o IBGC expõe a idéia de que cada sócio tem o direito de votar, pois é também proprietário da organização. Cada ação é igual a um voto, assegurando a todos os sócios o direito de voto. Tal assertiva tem a finalidade de evitar privilégios, tornando o capital alinhado com o interesse de todos os sócios.
Os proprietários devem ter acesso a todos os acordos societários e neste capítulo também é definida a importância das Assembléias Gerais, a autonomia das mesmas, as regras, as reuniões, os prazos e assuntos que podem ser discutidos. A publicidade dessas reuniões é elemento essencial para a manutenção da transparência na corporação.
O Conselho de Administração, tratado no capítulo 2, é o principal órgão componente do sistema de governança, pois é ele quem determina as estratégias da empresa, elege os
diretores, fiscaliza a gestão, fazendo a ligação entre a propriedade e as outras partes interessadas na empresa (stakeholders e shareholders).
Conforme o IBGC (2009), a missão do Conselho de Administração é proteger e valorizar a companhia, otimizando o retorno do investimento do acionista e buscando o equilíbrio entre os desejos de todas as partes interessadas na corporação.
O Número de membros do Conselho varia conforme o tamanho e a complexidade das atividades da companhia, porém é importante enfatizar que conselhos em números reduzidos podem ser influenciáveis e que conselhos com grande quantidade de membros podem não chegar a um consenso, devido a variedade e divergência das idéias. Vislumbrando evitar este cenário, o IBGC aconselha que sejam entre 5 e 11 o número de membros do Conselho.
As funções de Presidente do Conselho e Diretor Presidente devem ser segregadas para que não haja concentração de poder. A cumulatividade de funções de Presidente do Conselho e Diretor Presidente pode ser prejudicial a supervisão adequada gestão da corporação. É qualificação dos conselheiros serem capazes de expressar seus pontos de vista com franqueza, agregando ao processo decisório as reais necessidades para a manutenção da entidade.
Os membros do Conselho de Administração não devem ter o mandato com prazo superior a 2 anos e a reeleição é permitida. Essa nova eleição dos conselheiro anteriores torna possível a construção de um Conselho mais experiente e produtivo, porém deve-se evitar a vitaliciedade.
O terceiro assunto tratado pelo código IBGC é a Gestão, ou seja, trata sobre a existência da diretoria dentroda corporação. A gestão é formada por cada um dos diretores e suas respectivas atribuições. No Estatuto Social estão definidas as atribuições de cada diretor, que foi deliberado pela Assembléia Geral da empresa.
O diretor-presidente, juntamente com os outros diretores, são os responsáveis pela gestão da organização e coordenação da Diretoria. Esta é responsável pela elaboração e divulgação do relatório anual da administração, em caráter objetivo e claro.
No quarto capítulo, o código do IBGC trata da auditoria independente, que possui como atribuição principal verificar a conformidade das demonstrações financeiras, revisar e a avaliar os controles internos da organização. Este órgão da entidade deve ser independente de qualquer setor da entidade.
O Conselho Fiscal, que é tratado no 5º capítulo, não se confunde com a Auditoria Independente, nem com Auditoria Interna, pois tem competência definida na Lei das Sociedades por Ações. Dependendo do Estatuto Social da empresa, o Conselho Fiscal pode ser permanente ou não. Seus componentes são eleitos pelos diretores e proprietários. Sua principal atribuição é fiscalizar os atos dos administradores, denunciar caso não sejam tomadas as providências necessárias para a proteção dos interesses da companhia, opinar sobre estratégias, e verificar o cumprimento dos deveres legais e estatutários.
O último item, Conduta e Conflito de Interesses, recomenda que o Código de Conduta da corporação seja o reflexo da cultura da mesma e que exponha os princípios em que está fundamentado. Um código de conduta deve ser como um manual de controle interno, onde envolve tanto administradores quanto funcionários, mostrando formas para a resolução de conflitos de ordem ética.
É fundamental separar as funções e definir claramente os papéis e as responsabilidades de todos os agentes de Governança, de modo a minimizar quaisquer possíveis focos de conflitos de interesse.
3.2 CVM ( Comissão de Valores Mobiliários)
A cartilha da CVM, que trata sobre boas práticas de Governança, procurou estimular o desenvolvimento do mercado de capitais do Brasil. A CVM buscou adaptar alguns conceito governança corporativa internacional às características brasileiras, principalmente no que tange às empresas com ações negociadas na bolsa de valores. Desta modo, a CVM já requer a inclusão, nas informações anuais destas corporações, das práticas que lhe foram recomendadas.
A Cartilha de Recomendações da CVM, publicada em 2002, é dividida em 4 (Quatro) capítulos. Esta cartilha é mais resumida do que o código de governança corporativa do IBGC e seu enfoque é, principalmente, a proteção aos acionistas, ampla transparência, a função dos conselhos de administração e controle.
a) Transparência: Assembléias, Estrutura Acionária e Grupo de Controle
Este tópico trata sobre as decisões que só podem ser tomadas a respeito da entidade após o conhecimento e aceitação da maioria dos sócios através de votação. As Assembléias Gerais, onde acontecem essas votações, devem ter regras, prazos e definição de tempo hábil para facilitar ao máximo a acessibilidade da maioria dos sócios.
É defendido pela CVM, que as sessões da Assembléia Geral ordinária sejam realizadas na data mais próxima possível ao fim do exercício fiscal a que ela se refere para que seja tratado o maior número possível de assuntos de interesse da empresa, evitando convocação de novas assembléias.
b) Estrutura e Responsabilidade do Conselho de Administração
O Conselho de Administração é o setor que protege o patrimônio da companhia e orienta a diretoria a fim de maximizar o lucro, agregando valor para a empresa.
O Conselho de Administração adota um regimento onde deve estar definido o número de participantes, o mandato, a constante fiscalização mútua, a terceirização de serviços quando necessário. O regimento do conselho deve também incluir disposições sobre o método de convocação de reuniões, direitos e deveres dos conselheiros, relacionamento com a diretoria e procedimentos para a solicitação de informações por conselheiros.
Os cargos de Presidente do Conselho de Administração e Presidente da Diretoria não devem ser exercidos pela mesma pessoa, sem exceções, a fim de evitar o risco de choque de interesses.
c) Proteção a Acionistas Minoritários
A proteção aos acionistas minoritários, complementando o princípio da transparência, determina que o direito seja igual aos acionistas, minoritários ou majoritários, principalmente nas decisões mais complexas e relevantes, como a alteração do objeto social, ou ainda a cisão, fusão, incorporação.
A restrição de direito de voto que houver sido imposta às ações preferenciais não deve subsistir, pois, devido a importância das decisões, seu impacto nos direitos dos acionistas dar- se-á sem diferenciação. Para ser integrante do Novo Mercado, um dos requisitos básicos é que a companhia possua somente ações ordinárias.
Adoção da arbitragem será tomada, visando acelerar a solução de impasses, quando não houver consenso entre os sócios, sem prejuízo da qualidade do julgamento. As câmaras arbitrais devem ter membros de reconhecida capacidade técnica nos assuntos empresariais para que essa disposição estatutária seja eficaz quando for necessário escolher o arbitro.
d) Auditoria e demonstrações financeiras
Os acontecimentos importantes do período coberto devem ser comentados e analisados pela administração, tanto pela ótica contábil-financeira, como pela ótica estratégica. A auditoria, resumidamente, delega as responsabilidades de controle ao conselho fiscal, à auditoria interna e à auditoria independente. É primordial a independência dos auditores para que haja qualidade em sua atuação.
A companhia deve adotar, além dos princípios de contabilidade em vigor no Brasil, normas internacionais de contabilidade promulgadas pelo International Accounting Standards Board (IASB) ou utilizadas nos Estados Unidos da América (United States Generally Accepted Accounting Principles-US GAAP), verificados por auditor independente.
3.3 BM&F BOVESPA
Em 2000, foi criada pela Bolsa de Valores de São Paulo (BOVESPA), para as empresas com ações negociadas, uma lista segmenta como uma forma de incentivo para que as empresas seguissem aos princípios da boa governança corporativa. Para cada segmento da lista existe uma série de princípios, e, esses princípios são um conjunto de regras que disciplinam as relações empresariais e garantem o alinhamento de interesses entre companhia, acionistas, administradores, controladores, e demais partes interessadas.
A adesão às práticas de governança corporativa proporciona uma gestão mais transparente, o que atende ao propósito de nivelar o conhecimento e dar mais proteção aos investidores. Esses fatores levam a maximização na criação do valor de uma empresa e propicia, às partes interessadas, elementos para a uma melhor e mais segura relação.
As empresas possuem a opção de aderirem a este conjunto de regras, e à medida que ocorre esta adesão essa lista segmentada é divulgada ao mercado, sendo que, quanto mais bem conceituado nos níveis dessa lista um empresa está, mais ela é considerada, perante o mercado, confiável. Esses segmentos de listagem da Bovespa com níveis diferenciados de governança corporativa são: Nível 1, Nível 2, Novo Mercado e Bovespa Mais.
a) Nível 1 de governança corporativa:
Para que uma empresa possa ser enquadrada na lista como Nível 1 é necessário duas
etapas:
Uma delas é a assinatura do contrato de adoção de práticas diferenciadas de
governança corporativa Nível 1, que é celebrado entre: de um lado a empresa, os acionistas e
o acionista controlador desta ,e, do outro, a BM&F Bovespa.Com assinatura deste contrato a Bovespa se torna responsável por fiscalizar a empresa e , caso esta venha a descumprir algum requisito necessário para continuar sendo enquadrada como nível em práticas de governança corporativa, esta empresa será punida.
A outra etapa é uma série de requisitos que a companhia deve cumprir. A maior parte dos compromissos assumidos por estas empresasque são em relação aos investidores dizem respeito do fornecimento de informações que auxiliam na avaliação sobre o valor da própria empresa. Uma empresa aberta no Nível 1 tem como obrigações extras à legislação:
i. Melhoria nas informações prestadas, acrescentando às ITRs (documento que é enviado trimestralmente pelas companhias listadas à CVM e à Bovespa, disponibilizado ao público e que contém demonstrações financeiras trimestrais):
· Nas demonstrações financeiras consolidadas;
· Na abertura da posição acionária ao acionista que tiver mais de cinco por cento das ações de cada classe e espécie do capital social de forma direta ou indireta até o nível de pessoa física;
· Na demonstração dos fluxos de caixa da empresa e do consolidado;
· No volume de ações em circulação, por espécie e classe, e seu percentual em relação ao total das ações emitidas;
· Na quantidade e as características dos valores mobiliários de emissão da empresa retidos pelos grupos de controladores, membros do conselho de administração, diretores e membros do conselho fiscal;
· No crescimento da posição descrita acima em relação aos 12 meses antecedentes;
· No relatório de revisão especial escrito por auditor independente.
ii. Melhoria nas informações em relação a cada exercício social, acrescentando às Demonstrações Financeiras Padronizadas (DFPs), que é um documento que é enviado pelas corporações á CVM a Bovespa no fim de março de cada ano, disponibilizado ao público e que contém demonstrações financeiras:
· Nas demonstrações financeiras relacionadas ao exercício encerrado e outros comentários considerados relevantes.
· Nas demonstrações dos fluxos de caixa da corporação e do consolidado, discriminadas em fluxos de operação, dos financiamentos e dos investimentos relativos ao exercício encerrado.
iii. Melhoria nas informações prestadas, adicionando às Informações Anuais (IANs) ,que é um documento que é enviado pelas companhias listadas à CVM e à Bovespa, disponibilizado ao público e que contém informações das empresas sobre:
· A quantidade e as características dos valores mobiliários de emissão da companhia detidos pelos grupos de controladores, membros do conselho de administração, diretores e membros do conselho fiscal.
· Crescimento da posição descrita acima em relação aos 12 meses passados.
· Quantidade de ações em circulação, por espécie e classe, e sua porcentagem em relação ao total das ações emitidas.
iv. Realização de ao menos uma reunião pública anual, com analistas e outros interessados, para a empresa apresentar sua situação econômica financeira, projetos e perspectivas. O objetivo desses encontros é promover maior aproximação com os investidores.
v. Apresentação de um calendário anual, até o final de janeiro de cada ano, no qual conste a programação dos eventos corporativos, tais como: assembleias, divulgação de resultados financeiros trimestrais e anuais, reunião pública com analistas, reuniões do conselho de administração, dentre outros. O objetivo é facilitar o acompanhamento das atividades da corporação por parte dos investidores e outros interessados.
vi. Divulgação dos termos dos contratos feitos entre a companhia e partes relacionadas, cujos valores, em um único contrato ou em contratos sucessivos, atinjam os fixados no regulamento de Nível 1. O objetivo é fornecer dados para que os acionistas investidores avaliem esses contratos em comparação às condições normais de mercado.
vii. Divulgação anual, por parte da empresa ,das negociações de valores mobiliários e derivativos de emissão da companhia por parte dos acionistas controladores. E, o acionista controlador deve divulgar, mensalmente, quaisquer negociações relativas a valores mobiliários de emissão da companhia e de seus derivativos que venham a ser efetuadas. O objetivo é garantir transparência aos negócios de pessoas que possam ter acesso a informações privilegiadas.
viii. Manutenção em circulação de uma parcela mínima de ações, representando vinte e cinco por cento do capital social da empresa.
ix. Quanto a realização de distribuições públicas de ações, a empresa deve adotar mecanismos que favoreçam a dispersão do capital. Abaixo estão as regras de distribuição pública e dispersão:
· Para melhorar a liquidez e a pulverização das ações da companhia no mercado secundário, o regulamento impõe que a corporação mantenha um percentual mínimo de vinte e cinco por cento de ações em circulação. É importante salientar que ações em circulação são todas as emitidas pela companhia, exceto aquelas detidas pelo acionista controlador, por pessoas a ele vinculadas, por administradores da empresa, aquelas em tesouraria e preferenciais de classe especial que tenham como objetivo garantir direitos políticos diferenciados, sejam intransferíveis e de propriedade exclusiva do ente estatizante.
· Quando das distribuições públicas, a empresa deverá garantir esforços para alcançar a dispersão acionária com a adoção de métodos especiais de distribuição que podem ser, dentre outros, a garantia de acesso a todos os investidores interessados ou a distribuição a pessoas físicas ou investidores não institucionais de, no mínimo, dez por cento do total a ser distribuído. O procedimento de dispersão deverá estar descrito no prospecto de distribuição pública.
· Os prospectos de distribuição pública da companhia deverão obedecer aos requisitos do regulamento quanto às informações a ser divulgadas. Dentre as informações solicitadas, encontram-se, por exemplo, as descrições dos fatores de risco e dos negócios e os processos produtivos e mercados etc. Quanto mais informações forem abrangidas, maior será a precisão de análise sobre a empresa.
b) Nível 2 de governança corporativa
No Nível 2 de governança corporativa da BM&F Bovespa, as companhias listadas se comprometem, além das regras aplicadas ao Nível 1, a principalmente com transparência, dispersão acionária e equilíbrio de direitos. Tais compromissos referem-se à prestação de informações que facilitam o acompanhamento e a fiscalização dos atos da administração e dos controladores da companhia; e à adoção de regras societárias que melhor equilibram os direitos de todos os acionistas, independentemente da sua condição de controlador ou investidor. Essas práticas diminuem o risco e a redução deste gera melhor precificação das ações, o que, por sua vez, incentiva novas aberturas de capital e novas emissões, fortalecendo o mercado de ações como alternativa de financiamento às empresas.
Assim como no Nível 1 de governança corporativa, as empresas só podem adentrar o Nível 2 caso optem pela a adesão através que concretiza-se com a assinatura de um contrato entre a companhia, seus controladores, administradores e a BM&F Bovespa. Através do termo
de adesão, as partes acordam em cumprir o regulamento de práticas diferenciadas de governança corporativa Nível 2, que consolida todos os requisitos adicionais desse segmento, e também adotam a arbitragem para a solução de eventuais conflitos societários que possam surgir. Por isso, foi constituída pela Bolsa a Câmara de Arbitragem do Mercado que em caso de desistência do contrato por parte da companhia, ela desobrigaria dos compromissos assumidos e, como compensação, os acionistas investidores teriam o direito de receber uma oferta pública de aquisição por suas ações, no mínimo, pelo valor econômico desta.
A companhia aberta listada no Nível 2 tem como obrigações adicionais à legislação:
i. Direito de voto às ações preferencias em:
· Avaliação de bens que levem ao aumento de capital.
· Transformação, incorporação, fusão ou cisão da empresa.
· Desde que seja matéria de assembleia, a aprovação de contratos entre a companhia e o seu controlador ou outras sociedades em que o controlador tenha interesse.
· Escolha de empresa especializada para fixação do valor econômico da empresa, nos casos exigidos pelo Regulamento.
· Quando da venda do controle da companhia e de, no mínimo, oitenta por cento deste valor para os detentores de ações preferenciais, deverá haver extensão para todos os acionistasdetentores de ações ordinárias das mesmas condições obtidas.
· A empresa não deve ter partes beneficiárias.
· O Conselho de Administração da empresa deve, no mínimo, ser composto por cinco membros com mandato no máximo dois anos.
· Em caso de fechamento de capital ou cancelamento do contrato do Nível 2, o controlador ou a companhia, conforme o caso, deve fazer uma oferta pública de aquisição das ações em circulação tendo por base, no mínimo, o valor econômico da companhia, determinado por empresa especializada e esta, deve ser escolhida, em assembleia geral, a partir de uma lista tríplice indicada pelo conselho de administração. Vale salientar que não se computam os votos em branco, e a escolha dar-se-á por maioria de votos dos acionistas das ações em circulação presentes na assembleia que, se instalada em primeira convocação, deverá contar com a presença de, no mínimo, vinte por cento do total das ações em circulação ou, se instalada em segunda convocação, poderá contar com a presença de qualquer número.
ii. A divulgação de informações que auxiliam na avaliação sobre o valor da companhia.
iii. Ter informações adicionais nas Informações Trimestrais (ITRs), que são documentos enviados à CVM e à BM&F Bovespa. Nesse documento, além das informações econômicas e financeiras já obrigatórias por lei, deve-se incluir:
· Demonstrações financeiras consolidadas.
· Demonstração dos fluxos de caixa da companhia e do consolidado.
· Abertura da posição acionária, por espécie e classe, de qualquer acionista que detiver mais de cinco por cento das ações de cada espécie e classe do capital social, de forma direta ou indireta, até o nível de pessoa física.
· A quantidade e as características dos valores mobiliários de emissão da companhia detidos pelos grupos de controladores, membros do conselho de administração, diretores e membros do conselho fiscal.
· Crescimento da posição descrita acima em relação aos 12 meses anteriores.
· Número de ações em circulação, por espécie e classe, e seu percentual em relação ao total das ações emitidas.
· Relatório de revisão especial feito por auditor independente.
· Informação da existência e vinculação à Cláusula Compromissória de arbitragem.
iv. Informações adicionais nas Demonstrações Financeiras Padronizadas (DFPs) que é um documento que todas as empresas listadas devem enviar à CVM e à Bolsa até o final de março de cada ano, contendo demonstrações financeiras referentes ao exercício encerrado, as demonstrações dos fluxos de caixa da companhia e do consolidado, discriminadas em fluxos de operação, dos financiamentos e dos investimentos referentes ao exercício encerrado, bem como, no Relatório da Administração, a informação da existência e vinculação à Cláusula Compromissória de arbitragem e outros comentários considerados importantes.
v. Informações adicionais nas Informações Anuais (IANs) que se constitui de um documento que as empresas listadas entregam à CVM e à Bolsa até o final de maio, anualmente, que possui informações corporativas. Junto com o conteúdo já exigido pela legislação vigente, devem também apresentar os seguintes dados:
· O número e as características dos valores mobiliários de emissão da empresa retidos pelos grupos de controladores, membros do conselho de administração, diretores e membros do conselho fiscal.
· Crescimento da posição descrita acima em relação aos 12 meses anteriores.
· Informação da existência e vinculação à Cláusula Compromissória de arbitragem.
vi. Divulgação de informações financeiras em padrão internacional para aumentar sua visibilidade aos investidores estrangeiros, a empresa deve:
· Divulgar as demonstrações financeiras de acordo com padrões internacionais, aceitando-se o IFRS (International Financial Reporting Standards) ou US GAAP (United States Generally Accepted Accounting Principles).
· Elaborar as demonstrações financeiras trimestrais de acordo com os padrões internacionais ou divulgar as ITRs traduzidas para a língua inglesa.
vii. A empresa deve realizar ao menos uma reunião pública anual, com analistas e outros interessados, para apresentar a sua situação econômico-financeira, projetos e perspectivas.
viii. A corporação deve também divulgar em janeiro o calendário anual no que deverá ter as datas dos principais eventos corporativos.
ix. A companhia deve divulgar termos dos contratos firmados com partes relacionadas, cujos valores, em um único contrato ou em contratos sucessivos, atinjam os pré estabelecidos no Regulamento de Listagem, e, o acionista controlador deve mensalmente divulgar as negociações relativas a valores mobiliários de emissão da companhia e de seus derivativos que venham a ser efetuadas.
x. A empresa deve manter percentual mínimo de vinte e cinco por cento de ações em circulação.
xi. A empresa deve aderir à Câmara de Arbitragem do Mercado para resolução de conflitos societários.
xii. Quanto à distribuição pública, a empresa deverá garantir esforços para alcançar a dispersão acionária e observar os requisitos do regulamento quanto às informações que devem ser divulgadas.
xiii. Os controladores e administradores devem abster-se de negociar com ações de que eram titulares logo depois da referida oferta por um período de seis meses. Decorrido ainda esse período inicial, devem abster-se de negociar com sessenta por cento dessa posição por mais seis meses, salvo algumas exceções.
xiv. Por fim, nas hipóteses de fechamento do capital ou cancelamento do registro de negociação neste Nível a empresa deverá realizar uma oferta pública de aquisição de todas as ações em circulação, no mínimo, pelo valor econômico.
c) Novo Mercado
O Novo Mercado da BM&F Bovespa representa o mais alto dos níveis de segmentação da listagem de empresas que seguem os princípios da governança corporativa.
Para entrar nesse segmento de listagem é necessária a negociação de ações emitidas por companhias que se comprometam, voluntariamente, com a adoção de práticas de governança corporativa adicionais além do que é exigido pela legislação. O Novo Mercado, portanto está acima do Nível 1 e Nível 2. Sua diferença principal para o nível que o antecede, o Nível 2, refere-se à emissão de ações preferenciais, quer dizer: as empresas do Novo Mercado só possuem ações ordinárias enquanto que as empresas do Nível 2 têm ações preferenciais, apesar dos titulares delas tenham direito de voto em algumas matérias específicas.
Basicamente, as exigências do Novo Mercado são:
i. Proibição de emissão de ações preferenciais;
ii. Disponibilização de balanço anual seguindo as normas internacionais de contabilidade do US GAAP ou IASC GAAP, seguindo uma tendência de harmonização contábil mundial.
iii. Em caso de venda do controle acionário, o comprador estenderá a oferta de compra a todos os demais acionistas, assegurando-se o mesmo tratamento dado ao controlador vendedor (Tag along).
iv. Em caso de fechamento de capital ou cancelamento do contrato do Novo Mercado, o controlador ou a companhia, conforme o caso, fará uma oferta pública de aquisição das ações em circulação, tendo por base, no mínimo, o valor econômico da companhia determinado por empresa especializada.
v. O conselho de administração da companhia deve ser composto por, no mínimo, cinco membros, com mandato unificado de, no máximo, dois anos.
vi. A companhia não deve ter partes beneficiárias.
vii. Extensão para todos os acionistas das mesmas condições obtidas pelos controladores quando da venda do controle da companhia (não apenas 80% como no Nível 2).
d) Bovespa Mais
O segmento BOVESPA Mais da BM&F Bovespa foi criado pensando beneficiar especialmente empresas de pequeno e médio porte com interesse de adentrar no mercado de ações de maneira gradativa. Este segmento torna o mercado de ações mais acessível a um maior número de empresas e proporcionar às mesmas, criação de valor e captação de recursos ainda que seja em volumes menores.
Vale salientar que as empresas estão sujeitas a regras semelhantes às do segmento do Novo Mercado, portanto, propicia melhores conceitos a essas empresasperante os investidores e transparência com o mercado.
Quadro 1 - Comparativo dos Níveis de Governança
	
	Mercado Tradicional
	Bovespa Mais
	Nível 1
	Nível 2
	Novo Mercado
	Características das Ações Emitidas
	Permite a existência de ações ordinárias e preferenciais (conforme
legislação)
	Somente ações ordinárias podem ser negociadas e emitidas, mas é permitida a existência de
preferenciais
	Permite a existência de ações ordinárias e preferenciais (conforme
legislação)
	Permite a existência de ações ordinárias e preferenciais (com direitos adicionais)
	Permite a existência somente de ações ordinárias
	Percentual Mínimo de Ações em Circulação (free float)
	Não há regra
	25% de free float até o 7º ano de listagem, ou condições mínimas de
liquidez
	No mínimo 25% de free float
	No mínimo 25% de free float
	No mínimo 25% de free float
	Distribuições públicas de ações
	Não há regra
	Não há regra
	Esforços de
dispersão acionária
	Esforços de
dispersão acionária
	Esforços de dispersão acionária
	Vedação a disposições estatutárias (a partir de 10/05/2011)
	Não há regra
	Não há regra
	Não há regra
	Limitação de voto inferior a 5% do capital, quorum qualificado e
“cláusulas pétreas”
	Limitação de voto inferior a 5% do capital, quorum qualificado e “cláusulas pétreas”
	Composição do Conselho de Administração
	Mínimo de 3 membros (conforme lesgislação)
	Mínimo de 3 membros (conforme lesgislação)
	Mínimo de 3 membros (conforme lesgislação)
	Mínimo de 5 membros, dos quais pelo menos 20% devem ser
independentes
	Mínimo de 5 membros, dos quais pelo menos 20% devem ser
independentes
	Vedação à acumulação de cargos
	Não há regra
	Não há regra
	Presidente do conselho e diretor presidente ou principal executivo pela mesma pessoa (carência de 3 anos a partir
da adesão)
	Presidente do conselho e diretor presidente ou principal executivo pela mesma pessoa (carência de 3 anos a partir da adesão)
	Presidente do conselho e diretor presidente ou principal executivo pela mesma pessoa (carência de 3 anos a partir da adesão)
	Obrigação do Conselho de Administração
	Não há regra
	Não há regra
	Não há regra
	Manifestação sobre qualquer oferta pública de
aquisição de ações da companhia
	Manifestação sobre qualquer oferta pública de aquisição
de ações da companhia
	Demonstrações
Financeiras
	Conforme
legislação
	Conforme
legislação
	Conforme
legislação
	Traduzidas para o
inglês
	Traduzidas para o
inglês
	Reunião Pública Anual e Calendário de Eventos
Corporativos
	Facultativo
	Facultativo
	Obrigatório
	Obrigatório
	Obrigatório
	Divulgação Adicional de Informações
	Não há regra
	Não há regra
	Política de negociação de valores mobiliários e código de
conduta
	Política de negociação de valores mobiliários e código de conduta
	Política de negociação de valores mobiliários e código de conduta
	Concessão de Tag Along
	80% para ações ordinárias (conforme
legislação)
	100% para ações ordinárias
	80% para ações ordinárias (conforme
legislação)
	100% para ações ordinárias e preferenciais
	100% para ações ordinárias
	Oferta pública de aquisição de ações no mínimo pelo valor
econômico
	Conforme legislação
	Obrigatoriedade em caso de fechamento de capital ou saída do
segmento
	Conforme legislação
	Obrigatoriedade em caso de fechamento de capital ou saída do
segmento
	Obrigatoriedade em caso de fechamento de capital ou saída do segmento
	Adesão à Câmara de Arbitragem do
Mercado
	Facultativo
	Obrigatório
	Facultativo
	Obrigatório
	Obrigatório
Fonte: BM&F Bovespa (2009)
4 GOVERNANÇA CORPORATIVA NOS BANCOS
4.1 Breve histórico
Os relatos de sistema financeiro são datados desde a antiguidade, pois na Babilônia já existiam pessoas que tomavam empréstimos e guardavam dinheiro de outros, mas foram os fenícios os primeiros a realizar operações bancárias utilizando documentos de créditos em suas transações comerciais.
De acordo com Wonnacott, P. et AL. (l982), foi a busca de lucro que determinou o desenvolvimento do sistema bancário, e este processo pode ser melhor ilustrado pela história dos ourives medievais. Quando as pessoas faziam depósitos para os ourives na forma de barras e moedas de ouro, não havia necessidade de receber o mesmo objeto de volta, apenas o objeto reposto deveria ter o mesmo valor. Os ourives então perceberam que boa parte da quantia que as pessoas depositavam permanecia sempre em estoque, já que as retiradas dos clientes não ocorriam de uma só vez. Surgiu então a ideia de emprestar uma parcela do estoque de ouro que eles sempre tinham. O ourives emprestaria ouro e receberia em troca o valor correspondente em notas promissórias nas quais eram especificados a taxa de juros e o período de resgate das mesmas. Neste momento, sua atividade deixa de ser a de uma simples casa de penhores para transformar-se na de um banco comercial, como o conhecemos hoje.
Os romanos deram o nome à instituição banco, que vem do italiano e significa a mesa que os cambistas utilizavam para suas operações monetárias. No século XVII os bancos se firmaram com o dinheiro sendo emitido em papel-moeda pelo banco de Estocolmo. Outros bancos surgiram a partir do século XIX, com o progresso da revolução industrial, pois era necessário um banco para mobilizar as grandes somas de dinheiro das indústrias.
No Brasil, o surgimento do sistema financeiro brasileiro se deu em 1808 com a criação do banco do Brasil. Em 1945, após surgir à necessidade de um controle maior do sistema é criada a SUMOC (Superintendência de Moeda de Crédito) com a função de controlar o mercado monetário e prepará-lo para o surgimento de um Banco Central, fato que se deu em
31 de dezembro de 1964, através da lei 1.895, juntamente com a criação do Conselho Monetário Nacional.
4.2 Importância do sistema financeiro
A importância dos bancos deve-se, especialmente, pelo fato de que eles são componentes essenciais em qualquer economia capitalista. A atividade financeira
desenvolvida por eles é universalmente regulamentada e os bancos têm autorização dos governos para funcionar. Cada banco é regulado pelo Banco Central de seu país, sendo função do Banco Central: emitir dinheiro, captar recursos financeiros; e regular os bancos comerciais e industriais. As regras e controle do sistema financeiro geral de cada país são estabelecidos pelos seus respectivos Bancos Centrais.
Existem também os bancos internacionais, que concedem empréstimos a Bancos Centrais de países necessitados, ajudando no desenvolvimento dos países.
O setor bancário é o provedor de recursos financeiros para os negócios comerciais, de serviços financeiros para toda a população e de acesso ao sistema de pagamentos. Alguns bancos também têm a missão de tornar o crédito acessível e de manter a liquidez do mercado em momentos de crise.
O sistema financeiro é fundamental para o desenvolvimento, crescimento e manutenção de todos os outros setores do comércio, ele é através dele que o capital circula e a economia do país se fortalece. Os bancos através da capacidade de transformar recursos financeiros em investimentos produtivos dão sustentabilidade aos negócios das empresas.
A existência de um sistema financeiro na economia justifica-se pelas funções que este deve ter junto à economia: direcionar os recursos para os setores mais produtivos e notar potenciais tomadores de acordo com diversas possibilidades de investimento assim estimulando o crescimento econômico.
4.2.1 A Importância da Governança Corporativa nas Instituições Bancárias
Devido a sua relevância econômica, é fundamental que os bancos tenham um sistema de governança corporativa para que haja transparência dentro das instituições financeiras, que são empresas essenciais para o mercado financeiro.
A estrutura empresarial brasileira encontra-se num oportuno momento ao desenvolvimento do mercado e de suas instituições, onde grande parte das instituições financeiras adotam práticas de governança corporativa dentre suas políticas internas, atualmente, como forma de aumentar o grau de confiança dos clientes e investidores ao sinalizar ao mercado mais controle

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