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Concessão de medidas cautelares contra o Poder Público (Lei 8437)

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CONCESSÃO DE MEDIDAS CAUTELARES CONTRA O PODER PÚBLICO – Lei 8.437/92
MATERIAL COM QUESTÕES DE CONCURSO e ALGUMAS REFERÊNCIAS À SÚMULAS E JULGADOS DOS TRIBUNAIS SUPERIORES
Material confeccionado por Eduardo B. S. Teixeira.
	Última atualização legislativa: nenhuma
Última atualização jurisprudencial: Info 644 (art. 4º, §1º); Sem Info (art. 4º); Info 654 (art. 4º, §6º)
Última atualização questões de concurso: 02/03/2021.
Observações quanto à compreensão do material:
1) Cores utilizadas:
· EM VERDE: destaque aos títulos, capítulos, bem como outras informações relevantes, etc.
· EM ROXO: artigos que já foram cobrados em provas de concurso.
· EM AZUL: Parte importante do dispositivo (ex.: questão cobrou exatamente a informação, especialmente quando a afirmação da questão dizia respeito à situação contrária ao que dispõe na Lei 8.437/92).
· EM AMARELO: destaques importantes (ex.: critério pessoal)
2) Siglas utilizadas:
· MP (concursos do Ministério Público); M ou TJPR (concursos da Magistratura); BL (base legal, etc).
LEI Nº 8.437, DE 30 DE JUNHO DE 1992.
	
	Dispõe sobre a concessão de medidas cautelares contra atos do Poder Público e dá outras providências.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei:
Art. 1° Não será cabível medida liminar contra atos do Poder Público, no procedimento cautelar ou em quaisquer outras ações de natureza cautelar ou preventiva, toda vez que providência semelhante não puder ser concedida em ações de mandado de segurança, em virtude de vedação legal. (MPDFT-2009) (TRT3-2013) (MPPR-2014) (MPGO-2010/2016) (TJRO-2019)
	##Atenção: A vedação da concessão de liminares as restringe às hipóteses em que é cabível mandado de segurança.
§ 1° Não será cabível, no juízo de primeiro grau, medida cautelar inominada ou a sua liminar, quando impugnado ato de autoridade sujeita, na via de mandado de segurança, à competência originária de tribunal.
§ 2° O disposto no parágrafo anterior não se aplica aos processos de ação popular e de ação civil pública. (PGEMA-2016)
	(AGU-2004-CESPE): Com relação aos atos administrativos, julgue o item seguinte: Os atos administrativos da administração pública federal dotados de autoexecutoriedade e praticados por ministro de Estado, após o devido processo administrativo em que tenham sido assegurados ao administrado o contraditório e a ampla defesa, ainda que possam causar sérios gravames aos indivíduos, não poderão ser objeto de concessão de liminar em medida cautelar inominada proposta perante juiz de primeiro grau federal. BL: art. 1º, §§1º e 2º, Lei 8437/92.
##Atenção: Em uma leitura rápida, pode-se levar a cogitar o erro da assertiva, haja vista que a Constituição Federal, em seu art. 5º, XXXV, não afasta quaisquer lesão ou ameaça a direito da apreciação do judiciário. Ou então, pode-se considerar que o direito de ação estaria sendo prejudicado, o que equivaleria ao desacerto do presente item. Todavia, a assertiva em exame não sustenta que não poderá ser exercido o direito de ação. Afirma, categoricamente, que os atos praticados por ministros de Estado, dotados de autoexecutoriedade, não poderão ser objeto de liminares ou de medidas cautelares inominadas concedidas por juiz de primeiro grau, estando, portanto, de acordo com o art. 1º, §§1º e 2º da Lei n. 8.437/1992.
§ 3° Não será cabível medida liminar que esgote, no todo ou em qualquer parte, o objeto da ação. (PGEPR-2015)
§ 4° Nos casos em que cabível medida liminar, sem prejuízo da comunicação ao dirigente do órgão ou entidade, o respectivo representante judicial dela será imediatamente intimado. (Incluído pela Medida Provisória nº 2,180-35, de 2001)
§ 5o Não será cabível medida liminar que defira compensação de créditos tributários ou previdenciários.        (Incluído pela Medida Provisória nº 2,180-35, de 2001) (MPPR-2014)
Art. 2º No mandado de segurança coletivo e na ação civil pública, a liminar será concedida, quando cabível, após a audiência do representante judicial da pessoa jurídica de direito público, que deverá se pronunciar no prazo de setenta e duas horas. (MPDFT-2009/2011) (MPSC-2014) (DPERN-2015) (MPSP-2017)
	##Atenção: Disposição semelhante no art. 22, §2º da Lei 12.016/09 (Lei do MS): “No mandado de segurança coletivo, a liminar só poderá ser concedida após a audiência do representante judicial da pessoa jurídica de direito público, que deverá se pronunciar no prazo de 72 (setenta e duas) horas.”
Art. 3° O recurso voluntário ou ex officio, interposto contra sentença em processo cautelar, proferida contra pessoa jurídica de direito público ou seus agentes, que importe em outorga ou adição de vencimentos ou de reclassificação funcional, terá efeito suspensivo. (PGEPA-2012)
Art. 4° Compete ao presidente do tribunal, ao qual couber o conhecimento do respectivo recurso, suspender, em despacho fundamentado, a execução da liminar nas ações movidas contra o Poder Público ou seus agentes, a requerimento do Ministério Público ou da pessoa jurídica de direito público interessada, em caso de manifesto interesse público ou de flagrante ilegitimidade, e para evitar grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia públicas. (MPDFT-2004) (MPF-2008) (AGU-2012) (PGEGO-2013) (Cartórios/TJES-2013) (PGEPA-2015) (TJMSP-2016)
	(MPSC-2013): Não será cabível medida liminar contra atos do Poder Público, no procedimento cautelar ou em quaisquer outras ações de natureza cautelar ou preventiva, toda vez que providência semelhante não puder ser concedida em ações de mandado de segurança, em virtude de vedação legal. Compete ao presidente do tribunal, ao qual couber o conhecimento do respectivo recurso, suspender, em despacho fundamentado, a execução da liminar nas ações movidas contra o Poder Público ou seus agentes, a requerimento do Ministério Público ou da pessoa jurídica de direito público interessada, em caso de manifesto interesse público ou de flagrante ilegitimidade, e para evitar grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia públicas. BL: arts. 1º e 4º, Lei 8437/92.
(PGEGO-2013): Acerca do pedido de suspensão de liminar ou de sentença, previsto na Lei nº 8.437/92, é CORRETA a seguinte proposição: O presidente do tribunal, ao decidir o pedido de suspensão, em caso de manifesto interesse público ou de flagrante ilegitimidade, e para evitar grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia públicas, não adentra o mérito da decisão guerreada, tanto que a Fazenda Pública poderá se valer do recurso de agravo de instrumento para tal desiderato. BL: art. 4º, Lei 8437/92.
§ 1° Aplica-se o disposto neste artigo à sentença proferida em processo de ação cautelar inominada, no processo de ação popular e na ação civil pública, enquanto não transitada em julgado.
	##Atenção: ##STJ: ##DOD:A legislação não prevê requisitos formais no pedido de contracautela (suspensão de segurança). Para sua análise, exige-se tão somente requerimento da pessoa jurídica que exerce munus público, formalizado em simples petição dirigida ao presidente do tribunal ao qual couber o conhecimento do respectivo recurso na causa principal. STJ. Corte Especial. AgInt no AgInt na SLS 2116-MG, Rel. Min. Laurita Vaz, j. 7/11/18 (Info 644).
##Atenção: ##DOD: Conceito: O pedido de suspensão é 
- um instrumento processual (incidente processual)
- por meio do qual as pessoas jurídicas de direito público ou o MP
- requerem ao Presidente do Tribunal que for competente para o julgamento do recurso
- que suspenda a execução de uma decisão, sentença ou acórdão proferidos,
- sob o argumento de que esse provimento jurisdicional prolatado causa grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia públicas.
##Atenção: ##DOD: Nomenclatura: Comumente, esse instituto é chamado de pedido de “suspensão de segurança”. Isso porque ele foi previsto originalmente na lei apenas para suspender as decisões liminares ou sentenças proferidas em mandados de segurança. Ocorre que, com o tempo, foram editadas novas leis trazendo a possibilidade de suspensão para praticamente toda e qualquerdecisão judicial prolatada contra a Fazenda Pública. Por essa razão, atualmente, além de “suspensão de segurança”, pode-se falar em “suspensão de liminar”, “suspensão de sentença”, “suspensão de acórdão” etc. Alguns julgados também falam em “pedido de contracautela”.
##Atenção: ##DOD: Previsão legal: Há cinco diferentes dispositivos legais prevendo pedido de suspensão:
• art. 12, § 1º da Lei 7.347/85 (suspensão de liminar em ACP);
• art. 4º da Lei 8.437/92 (suspensão de liminar ou sentença em ação cautelar, em ação popular ou em ACP). É considerada pela doutrina como a previsão mais geral sobre o pedido de suspensão;
• art. 1º da Lei 9.494/97 (suspensão de tutela antecipada concedida contra a Fazenda Pública);
• art. 16 da Lei nº 9.507/97 (suspensão da execução de sentença concessiva de habeas data);
• art. 15 da Lei nº 12.016/09 (suspensão de liminar e sentença no mandado de segurança).
##Atenção: ##DOD: Natureza jurídica: Prevalece que se trata de um “incidente processual” (Leonardo José Carneiro da Cunha).
##Atenção: ##DOD: A decisão de suspensão de segurança possui caráter político ou jurisdicional?
	1ª corrente: POLÍTICO
	2ª corrente: JURISDICIONAL
	Trata-se de um juízo político a respeito da lesividade do ato judicial à ordem, à saúde, à segurança e à economia públicas.
É a posição pacífica do STJ.
É com base nesse entendimento que o STJ não admite recurso especial contra decisões proferidas no âmbito do pedido de suspensão de segurança. Segundo o STJ, o recurso especial se destina a combater argumentos que digam respeito a exame de legalidade, ao passo que o pedido de suspensão ostentaria juízo político.
	A 1ª Turma do STF entendeu que a decisão em sede de suspensão de segurança não é estritamente política, possuindo conteúdo jurisdicional. 
Com base nessa compreensão, a 1ª Turma do STF chegou à conclusão que é cabível, em tese, recurso especial contra decisões proferidas no âmbito do pedido de suspensão de segurança (RE 798740 AgR/DF).
 
##Atenção: ##DOD: ##STJ: ##MPF-2017: I - Consoante a legislação de regência (v.g. Leis 8.437/92 e 12.016/09) e a jurisprudência deste eg. Superior Tribunal e do col. Pretório Excelso, somente será cabível o pedido de suspensão quando a decisão proferida contra o Poder Público puder provocar grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia públicas. II - O deferimento do pedido de suspensão exige a comprovação cabal de ocorrência de grave dano as bens tutelados pela legislação de regência (art. 4º da Lei 8.437/92), situação inocorrente na hipótese. (...) (AgRg na PET na SLS 1.883/PR, Rel. Min. Felix Fischer, Corte Especial, j. 20/8/14).
	(MPF-2017): Segundo o entendimento do STJ: A suspensão de liminar, concedida em ação civil pública ajuizada pelo MP para proteção do meio ambiente, exige a demonstração, precisa e cabal, de que a decisão a quo importa em grave lesão à ordem, à saúde, à segurança ou à economia públicas. BL: art. 4º, §1º, Lei 8437 e Entendimento do STJ.
	(PGM-Suzano/SP-2015-VUNESP): Nas ações movidas contra o Poder Público, o pedido de suspensão da execução da liminar ao presidente do tribunal ao qual couber o conhecimento do respectivo recurso, com o objetivo de evitar grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia pública, é cabível: no mandado de segurança, na ação civil pública, na ação popular e na ação cautelar inominada. BL: art. 4º, §1º, Lei 8437/92 e art. 15 da Lei do MS.
##Atenção: Art. 15 da Lei do MS: “Quando, a requerimento de pessoa jurídica de direito público interessada ou do Ministério Público e para evitar grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia públicas, o presidente do tribunal ao qual couber o conhecimento do respectivo recurso suspender, em decisão fundamentada, a execução da liminar e da sentença, dessa decisão caberá agravo, sem efeito suspensivo, no prazo de 5 (cinco) dias [obs.: atualmente, 15 dias, nos termos do art. 1.070, NCPC], que será levado a julgamento na sessão seguinte à sua interposição.” Agora, vejamos o art. 12 e §1º da LACP: “Art. 12. Poderá o juiz conceder mandado liminar, com ou sem justificação prévia, em decisão sujeita a agravo. (...) § 1º A requerimento de pessoa jurídica de direito público interessada, e para evitar grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia pública, poderá o Presidente do Tribunal a que competir o conhecimento do respectivo recurso suspender a execução da liminar, em decisão fundamentada, da qual caberá agravo para uma das turmas julgadoras, no prazo de 5 (cinco) dias a partir da publicação do ato.”
        § 2o  O Presidente do Tribunal poderá ouvir o autor e o Ministério Público, em setenta e duas horas.        (Redação dada pela Medida Provisória nº 2,180-35, de 2001)
        § 3o  Do despacho que conceder ou negar a suspensão, caberá agravo, no prazo de cinco dias [obs.: atualmente, 15 dias, nos termos do art. 1.070, NCPC], que será levado a julgamento na sessão seguinte a sua interposição.  (Redação dada pela Medida Provisória nº 2,180-35, de 2001) (PGEGO-2013) (PGEPA-2015) (TJMSP-2016) (DPERO-2017)
	JDPC nº 58. O prazo para interposição do agravo previsto na Lei n. 8.437/92 é de quinze dias, conforme o disposto no art. 1.070 do CPC.
        § 4o  Se do julgamento do agravo de que trata o § 3o resultar a manutenção ou o restabelecimento da decisão que se pretende suspender, caberá novo pedido de suspensão ao Presidente do Tribunal competente para conhecer de eventual recurso especial ou extraordinário. (Incluído pela Medida Provisória nº 2,180-35, de 2001) (PGEPA-2012) (TJMSP-2016) 
	##Atenção: ##STJ: ##DOD: Novo pedido de suspensão: Se, na decisão do agravo, não for concedida ou mantida a suspensão, a Fazenda Pública ainda terá outro instrumento: apresentar novo pedido de suspensão, desta vez para o STJ ou para o STF, a depender da natureza da matéria (se infraconstitucional ou constitucional). É nesse sentido o que dispõe o art. 4º, §4º da Lei nº 8.437/92. Vejamos dois exemplos: 
· Ex1: juiz concede liminar contra a Fazenda Pública, que formula pedido de suspensão para o Presidente do TJ; este concede a suspensão; a parte autora agrava da decisão do Presidente para o Plenário, que reforma a decisão do Presidente e restabelece a liminar concedida em primeira instância. Dessa decisão do Plenário, a Fazenda Pública terá a possibilidade de formular novo pedido de suspensão para o STJ ou para o STF.
· Ex2: juiz concede liminar contra a Fazenda Pública, que formula pedido de suspensão para o Presidente do TJ; este não concede a suspensão; a Fazenda Pública agrava da decisão do Presidente para o Plenário, que mantém a decisão do Presidente e a liminar concedida em primeira instância. Dessa decisão do Plenário, a Fazenda Pública terá a possibilidade de formular novo pedido de suspensão para o STJ ou para o STF.
##Atenção: ##DOD:A doutrina afirma que se trata de um pedido de suspensão “por salto de instância”.
        § 5o  É cabível também o pedido de suspensão a que se refere o § 4o, quando negado provimento a agravo de instrumento interposto contra a liminar a que se refere este artigo. (Incluído pela Medida Provisória nº 2,180-35, de 2001)
        § 6o  A interposição do agravo de instrumento contra liminar concedida nas ações movidas contra o Poder Público e seus agentes não prejudica nem condiciona o julgamento do pedido de suspensão a que se refere este artigo. (Incluído pela Medida Provisória nº 2,180-35, de 2001) (MPMG-2010) (TJDFT-2011) (PGEGO-2013) (PGM-São Paulo/SP-2014) (DPERO-2017)
	##Atenção: ##DOD: Possibilidade de formular pedido de suspensão e interpor recurso: Contra uma decisão interlocutória proferida por um juiz, em 1ª instância, poderão ser interpostos o agravo de instrumento e, concomitantemente, o pedido de suspensão. Isso porque o pedido de suspensão não é recurso. Logo, não há violação ao princípio da singularidade ou unirrecorribilidade. Além disso, os objetivos do agravo e do pedido de suspensão são diferentes. Vale ressaltar que essa possibilidade é prevista expressamente no art. 4º, §6ºda Lei 8.437/92 e no art. 15, §3º da Lei 12.016/09.
##Atenção: ##DOD: Legitimidade: Quem pode formular pedido de suspensão?
a) União, Estados, Distrito Federal e Municípios;
b) Autarquias e fundações;
c) Ministério Público;
d) Concessionárias de serviço público (desde que para tutelar o interesse público primário).
##Atenção: ##DOD: Competência: 
	Decisão prolatada por juiz de 1ª instância:
	A competência para apreciar o pedido de suspensão é do Presidente do Tribunal que teria competência para julgar o recurso contra a decisão.
Ex: concedida liminar por juiz federal do AM, o pedido de suspensão será julgado pelo Presidente do TRF1.
Ex2: concedida liminar por juiz de direito do AM, o pedido de suspensão será julgado pelo Presidente do TJAM.
	Decisão prolatada por membro de TJ ou TRF:
	O pedido de suspensão será decidido pelo:
• Presidente do STF: se a matéria for constitucional.
• Presidente do STJ: se a matéria for infraconstitucional. 
Ex: concedida liminar pelo Desembargador do TJ/AM, o pedido de suspensão será dirigido ao Presidente do STF ou do STJ, e não ao Presidente do TJ/AM (art. 25 da Lei nº 8.038/90).
	Decisão prolatada por membro de Tribunal Superior:
	Se a causa tiver fundamento constitucional, é possível o ajuizamento de pedido de suspensão dirigido ao Presidente do STF. 
Se a causa não tiver fundamento constitucional, não há possibilidade de pedido de suspensão.
 
##Atenção: ##DOD: Recurso contra a decisão proferida no pedido de suspensão: Da decisão do Presidente do Tribunal de 2ª instância (TJ / TRF) que conceder ou negar a suspensão cabe algum recurso? SIM. Caberá agravo interno para o Plenário ou Corte Especial do próprio Tribunal.
##Atenção: ##STJ: ##DOD: Não é cabível ação rescisória contra decisão do Presidente do STJ proferida em Suspensão de Liminar e de Sentença, mesmo que transitada em julgado. STJ. Corte Especial. AR 5857-MA, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, j. 7/8/19 (Info 654).
	##Comentários sobre o julgado acima: ##DOD: Um dos requisitos para a propositura da ação rescisória é a existência de coisa julgada, mais especificamente, a existência de “decisão de mérito, transitada em julgado” (art. 966 do CPC/15). A decisão do Ministro Presidente do STJ não tornou indiscutível o objeto meritório da ação ordinária. Esta decisão apontou apenas a ocorrência de grave lesão à ordem pública e à ordem econômica. Com essa decisão do Ministro Presidente, os efeitos da decisão interlocutória do juízo de 1º grau foram suspensos, mas não necessariamente de forma permanente. Se a decisão de suspensão não é modificada, ela vigora, em tese, até o trânsito em julgado da decisão de mérito na ação principal, conforme prevê o art. 4º, § 9º, da Lei 8.437/92. Assim, o objeto na ação principal continua controvertido e não há decisão que tornou indiscutível e imutável a lide. Apenas os efeitos da decisão interlocutória, de natureza provisória e satisfativa, estão suspensos. Desse modo, a decisão do Presidente do STJ – que se quer rescindir – não está fundamentada no art. 487 do CPC/15, que trata das “sentenças” de mérito. Apesar de ter transitado em julgado, a decisão do Presidente do STJ não formou coisa julgada material nos termos dos arts. 502 e 503, do CPC/15, eis que não teve natureza exauriente. Logo, a decisão do Ministro Presidente do STJ que determina a suspensão dos efeitos da antecipação de tutela contra a Fazenda Pública, mesmo quando transitada em julgado, não se sujeita a ação rescisória. Isso porque não faz coisa julgada material nem impede a rediscussão do objeto controvertido na ação principal.
##Atenção: ##DOD: Não se examina o mérito no pedido de suspensão: Na análise do pedido de suspensão, é vedado o exame do mérito da demanda principal. O que será examinado pelo Tribunal é se a decisão prolatada acarreta risco de grave lesão à: a) ordem; b) saúde; c) segurança; ou d) economia públicas.
 
A suspensão de liminar e de sentença limita-se a averiguar a possibilidade de grave lesão à ordem, à segurança, à saúde e à economia públicas. Os temas de mérito da demanda principal não podem ser examinados nessa medida, que não substitui o recurso próprio. STJ. Corte Especial. AgRg na SLS 1.135/MA, Rel. p/ Acórdão Min. Cesar Asfor Rocha, j. 12/4/10.
	(AGU-2012-CESPE): Com relação à suspensão de segurança, julgue o item subsequente: Se determinado juiz, em ação civil pública, conceder liminar desfavorável à fazenda pública, esta poderá interpor pedido de suspensão de segurança, ainda que esteja pendente de julgamento agravo de instrumento interposto contra a mesma decisão. BL: art. 4º, §6º, Lei 8437/92 e art. 12, §1º da LACP.
	
OBS: Além disso, dispõe a Lei 7.347/85, em seu art. 12 e seu §1º, o seguinte: “Poderá o juiz conceder mandado liminar, com ou sem justificação prévia, em decisão sujeita a agravo. §1º. A requerimento de pessoa jurídica de direito público interessada, e para evitar grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia pública, poderá o Presidente do Tribunal a que competir o conhecimento do respectivo recurso suspender a execução da liminar, em decisão fundamentada, da qual caberá agravo para uma das turmas julgadoras, no prazo de 5 (cinco) dias a partir da publicação do ato.” Portanto, juntamente com o agravo, é possível, sendo a liminar concedida contra a Fazenda Pública, ou havendo interesse desta última que tenha sido atingido pelo provimento de urgência, haver pedido de suspensão dirigido ao presidente do respectivo tribunal. (DIDIER JR., Fredie; DA CUNHA, José Carneiro. Curso de direito processual civil, v.3. 6 ed. Salvador: Jus Podivm, 2008, p. 474). Em suma, podemos extrair as seguintes conclusões:
· Contra uma decisão interlocutória proferida por um juiz, em 1ª instância, poderão ser interpostos o agravo de instrumento e, CONCOMITANTEMENTE, o pedido de suspensão, já que este último não é considerado recurso, mas sim um incidente processual Diante disso, não há incidência, no caso, do princípio da unirrecorribilidade ou da unicidade recursal, pois o pedido de suspensão não tem natureza de recurso, mas de incidente processual.
· Além disso, os objetivos do agravo e do pedido de suspensão são diferentes. O agravo, por exemplo, objetiva a reforma ou a anulação da decisão interlocutória através da demonstração de "error in judicando" ou "error in procedendo", enquanto que o pedido de suspensão se limita a sustar a eficácia da decisão, a impedir a produção de efeitos.
        § 7o  O Presidente do Tribunal poderá conferir ao pedido efeito suspensivo liminar, se constatar, em juízo prévio, a plausibilidade do direito invocado e a urgência na concessão da medida.        (Incluído pela Medida Provisória nº 2,180-35, de 2001)
        § 8o  As liminares cujo objeto seja idêntico poderão ser suspensas em uma única decisão, podendo o Presidente do Tribunal estender os efeitos da suspensão a liminares supervenientes, mediante simples aditamento do pedido original. (Incluído pela Medida Provisória nº 2,180-35, de 2001) (MPF-2008) (PGEPA-2012/2015)
        § 9o  A suspensão deferida pelo Presidente do Tribunal vigorará até o trânsito em julgado da decisão de mérito na ação principal. (Incluído pela Medida Provisória nº 2,180-35, de 2001) (PGEGO-2013) (PGEPA-2015)
	(DPERO-2017-VUNESP): A suspensão de liminares e de sentenças contrárias ao poder público deferida pelo Presidente do Tribunal vigorará até o trânsito em julgado da decisão de mérito na ação principal. BL: art. 4º, §9º, Lei 8437.
Art. 5° Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 6° Revogam-se as disposições em contrário.
Brasília, 30 de junho de 1992; 171° da Independência e 104° da República.
FERNANDO COLLOR
Célio Borja
Marcílio Marques Moreira
Este texto não substitui o publicado no DOU de 1.7.1992

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