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www.trilhante.com.br RECLAMAÇÃO CONSTITUCIONAL - PEÇA PRÁTICA ÍNDICE 1. APONTAMENTOS INICIAIS .......................................................................................... 4 Hipóteses de Cabimento...................................................................................................................................................4 Legitimidade Ativa e Passiva .........................................................................................................................................6 Competência .............................................................................................................................................................................6 Medida Cautelar.......................................................................................................................................................................6 Procedimento .............................................................................................................................................................................7 Pedidos ...........................................................................................................................................................................................7 2. MÉTODO DE IDENTIFICAÇÃO ....................................................................................9 Identificação de Casos .......................................................................................................................................................9 3. MODELO DE RECLAMAÇÃO CONSTITUCIONAL ................................................ 13 1 APONTAMENTOS INICIAIS www.trilhante.com.br 4 1. Apontamentos Iniciais A reclamação constitucional trata-se de uma ação com o fim de preservar a competência de determinado tribunal e, ainda, garantir a autoridade de decisão proferida por tribunal, ou de Súmula Vinculante que tenha sido editada pelo Supremo Tribunal Federal, possibilidade esta inserida pela Emenda Constitucional n°45/2004 (§ 3º do artigo 103-A da CF/88). Observemos os seguintes artigos da CF: Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: I - processar e julgar, originariamente: l) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas decisões; Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: I - processar e julgar, originariamente: f) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas decisões A reclamação decorre do direito de petição previsto no art. 5º da CRFB/88. Vejamos: Art. 5º XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas: a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; Ato contínuo, algo muito importante é que a decisão a qual se pensa ter desrespeitado decisão de tribunal não pode ter transitado em julgado, ou seja, não podem ter se esgotado todos os recursos da decisão da qual se quer reclamar: Art. 988, § 5º, CPC - É inadmissível a reclamação: I – proposta após o trânsito em julgado da decisão reclamada; Súmula 734: “não cabe reclamação quando já houver transitado em julgado o ato judicial que se alega tenha desrespeitado decisão do Supremo Tribunal Federal”. Hipóteses de Cabimento As hipóteses de cabimento da reclamação estão elencadas no Código de Processo Civil, no art. 988. Vejamos: www.trilhante.com.br 5 Art. 988. Caberá reclamação da parte interessada ou do Ministério Público para: I - preservar a competência do tribunal; II - garantir a autoridade das decisões do tribunal; III – garantir a observância de enunciado de súmula vinculante e de decisão do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de constitucionalidade; IV – garantir a observância de acórdão proferido em julgamento de incidente de resolução de demandas repetitivas ou de incidente de assunção de competência; No caso do inciso I, caberá reclamação no caso de juiz ou tribunal julgar ação ou recurso que seja de competência do STF ou STJ, cuja competência se quer preservar (ex: STJ julga processo de partes União x Paraguai, contrariando a competência do STF disposta no art. 102, II da CF/88). Assim, caso alguma autoridade judicial ou administrativa venha a interferir na competência do STF ou do STJ, caberá o remédio da reclamação. O inciso II será aplicado quando as decisões colegiadas ou monocráticas do STF ou STJ forem desrespeitadas por autoridade judiciária ou administrativa, podendo este desrespeito consistir em desobediência a decisões destas Cortes, em cometimento de atos contraditórios ou conflitantes com o estabelecido por elas, ou simplesmente em interpretações diferentes das feitas por elas (ex: STF concede decisão impondo à autoridade administrativa o dever de revelar certa informação. Não cumprida a ordem judicial, cabe reclamação). O inciso III trata do desrespeito a decisão proferida pelo STF com efeito vinculante e eficácia erga omnes, assim como do desrespeito a súmula vinculante que tenha sido editada anteriormente ao ato ou decisão impugnada. Assim, caberá reclamação constitucional contra decisão que contrariar, negar vigência ou aplicar inadequadamente decisão vinculante ou súmula vinculante. Nesse sentido, ainda sobre o inciso III., importante assinalar uma observação quanto ao contencioso administrativo atenuado ou curso forçado: no caso de omissão ou de ato administrativo, só se admite reclamação após esgotadas, previamente, as vias administrativas para correção do ato impugnado. Por fim, a hipótese do inciso IV é bem clara, buscando garantir a observância de acórdão proferido em julgamento de incidente de resolução de demandas repetitivas ou de incidente de assunção de competência. Essa hipótese é nova e diz mais respeito ao processo civil em si, estando mais atrelada aos tribunais de forma geral e não tanto ao STF. Dessa forma, não estudaremos com profundidade essa hipótese, porque não diz respeito ao direito constitucional propriamente e não tem cabimento na 2ª fase da OAB. www.trilhante.com.br 6 Legitimidade Ativa e Passiva A legitimidade ativa para essa ação é de toda e qualquer pessoa atingida pela decisão que está sendo reclamada e do Ministério Público, nos termos do art. 988 do Novo Código de Processo Civil. No entanto, caso seja descumprida decisão do STJ ou STF proferida em controle difuso e incidental de constitucionalidade, somente serão legitimados a propor reclamação os que compuseram a relação processual do julgado. Por outro lado, a legitimidade passiva será do órgão ou autoridade pública que proferiu a decisão judicial ou editou o ato administrativo impugnado, e do beneficiário da decisão impugnada (art. 989, III, CPC). Competência Nos termos do art. 988, §1º do CPC, a reclamação pode ser proposta perante qualquer tribunal, e seu julgamento compete ao órgão jurisdicional cuja competência se busca preservar ou cuja autoridade se pretenda garantir, inclusive para garantir decisão proferida em controle de constitucionalidade concentrado estadual. Todavia, os principais casos a serem lembrados acerca da competência estão relacionados na Constituição Federal: 1. STF – art. 102, I, “l”: para preservar sua competência e garantia da autoridade de suas decisões; 2. STF – art. 103-A, §3º: contra ato ou decisão que contraria súmula vinculante; 3. STJ – art. 105, I, “f”: para a preservação de sua competência e garantia da au- toridade de suas decisões; 4. TST – art. 111-A, §3º: para preservar sua competência e garantia de autoridade de suas decisões. Medida Cautelar A medida cautelar é plenamente possível em sede de reclamação constitucional. Os requisitos para sua concessão são os clássicos, quais sejam: fumus bonis juris (verossimilhança das alegações e do direito) e periculum in mora (perigo de dano irreparável na demora). A fundamentação legal para a medida cautelarestá prevista no art. 989, II do Código de Processo Civil. Vejamos: Art. 989. Ao despachar a reclamação, o relator: II - se necessário, ordenará a suspensão do processo ou do ato impugnado para evitar dano irreparável; www.trilhante.com.br 7 Procedimento O procedimento segue os requisitos gerais de petição inicial previstos no art. 319 do Novo Código de Processo Civil. Adicionalmente, nos termos do art. 988, §2º, CPC, a reclamação deverá ser instruída já com prova documental e dirigida ao Presidente do tribunal. Em seguida, o relator, ao receber a ação, tomará as devidas providências, conforme o caso, nos termos do art. 989, CPC: Art. 989. Ao despachar a reclamação, o relator: I - requisitará informações da autoridade a quem for imputada a prática do ato impugnado, que as prestará no prazo de 10 (dez) dias; II - se necessário, ordenará a suspensão do processo ou do ato impugnado para evitar dano irreparável; III - determinará a citação do beneficiário da decisão impugnada, que terá prazo de 15 (quinze) dias para apresentar a sua contestação. Importante ressaltar que o inciso III do supramencionado artigo deve ser colocado no pedido da reclamação constitucional, ou seja, o autor da ação deve requisitar a citação do beneficiário da decisão impugnada. Por fim, nos termos do art. 991 do Novo Código de Processo Civil, nas reclamações que não foram iniciadas pelo Ministério Público, ele terá vista do processo por 5 dias, após o decurso do prazo para informações e para o oferecimento da contestação pelo beneficiário do ato impugnado. Pedidos Os pedidos pertinentes na reclamação constitucional são notavelmente numerosos. Vejamos: • Concessão da tutela de urgência ou medida liminar para suspender o ato ou decisão impugnada, nos termos do art. 989, II, CPC; • Notificação da autoridade reclamada, nos termos do art. 989, I, CPC; • Citação do beneficiário da decisão impugnada, nos termos do art. 989, III, CPC; • Dê-se vistas ao Ministério Público (art. 991, CPC); • Deferimento do pedido, confirmando a liminar e cassando a decisão ou ato impugnado (art. 992, CPC); • Requisição da juntada dos documentos para a comprovação do alegado. 2 MÉTODO DE IDENTIFICAÇÃO www.trilhante.com.br 9 2. Método de Identificação Na reclamação constitucional, existirá, necessariamente, um caso concreto, ou seja, não se tratará de uma ação objetiva em abstrato, como nos casos de ações de controle concretado perante o Supremo Tribunal Federal. A reclamação também deverá dizer respeito à defesa de alguém diante de alguma ilegalidade ou abuso de poder claramente definidos, tendo por finalidade preservar a competência de algum tribunal, garantir sua autoridade ou preservar a aplicação correta de súmula vinculante. Dessa forma, a reclamação constitucional terá o fim de: • Preservar a competência do tribunal (havendo usurpação de sua competência; • Garantir a autoridade do tribunal (no caso de descumprimento de decisão deste); • Garantir súmula vinculante (contra ato atentatório a esta, o qual só pode ser impugnado se posterior à sumula, por óbvio); • Garantir decisão em sede de controle concentrado (que seja vinculante e erga omnes); • Garantir a observância de acórdão proferido em julgamento de incidente de resolução de demandas repetitivas (IRDR) ou de incidente de assunção de competência (IAC) – art. 988, IV, CPC. Ressalte-se: a decisão ou ato impugnado não podem ter transitado em julgado. Além disso, no caso de ato administrativo, deve-se observar o curso forçado (esgotamento das vias administrativas) para se propor a reclamação. Identificação de Casos CASO 01 Tício da Silva, brasileiro, solteiro, contador, foi surpreendido com um boleto de cobrança de IPTU em valor 10 vezes superior ao que vinha pagando. Ao investigar o motivo, descobriu que foi um erro em relação ao tamanho e localização de seu imóvel. Diante disso, Tício dirigiu-se à repartição competente do Município Y para apresentar recurso administrativo, pugnando pela correção do valor. Quando do protocolo de seu pedido, foi novamente surpreendido com a informação que, com base em lei municipal, Tício deveria primeiro depositar o valor constante do boleto do IPTU, como condição de admissibilidade recursal na instância administrativa. Inconformado, Tício apresentou recurso hierárquico ao Secretário da Fazenda, além de outras medidas, esgotando a batalha na esfera administrativa após ter suas medidas todas indeferidas. www.trilhante.com.br 10 Sabendo que a cobrança é indevida, com base na Súmula Vinculante 21 do STF, procura você, advogado, para que tome a medida apta a assegurar seu direito de petição aos poderes públicos Então vejamos: temos um caso concreto em que súmula vinculante está sendo desrespeitada por ato administrativo. Houve esgotamento das vias administrativas (curso forçado). Dessa forma, encontram-se claramente presentes todos os requisitos para identificação de uma reclamação constitucional. CASO 02 Em 2012 foi julgada a ADPF nº 54, pelo STF, tendo sido declarado, ao final, a inconstitucionalidade da interpretação segundo a qual a interrupção da gravidez de feto anencefálico seria conduta tipificada nos arts. 124, 126 e 128, I e II, do Código Penal. Um ano após o episódio, Maria da Cunha, brasileira, jornalista, solteira, residente no Município J do Estado K, descobriu estar grávida de um feito com condição de anencefalia grave, contando com mínimas chances de sobrevivência após seu nascimento. Diante da triste notícia, dirigiu-se à seu médico de confiança, que indicou a interrupção médica da gravidez (aborto), a qual acabou por acatar. Contudo, tendo solicitada a cirurgia ao hospital conveniado à seu plano de saúde, deparou-se com a negativa do hospital, por escrito, sob o fundamento de que o aborto somente poderia ser realizado com autorização judicial do juiz da comarca J, e que não haveria como reavaliar a decisão. Inconformada, Maria procura você, advogado, para saber qual medida pode tomar, diante da recusa do hospital, para realizar o aborto médico nos moldes autorizados pelo STF. No caso em tela, temos uma decisão tomada pelo STF com efeito erga omnes, ou seja, que deveria ser observada por todos, inclusive pelo hospital. Assim, estão novamente presentes todos os requisitos necessários para proposição de uma reclamação constitucional: caso concreto + desrespeito de decisão com efeito vinculante + ato administrativo causador de dano e sem possibilidade de recurso. CASO 03 João Roberto, brasileiro, casado, Governador do Estado K, foi denunciado pelo parquet do Município W, capital do Estado, perante a 4ª vara criminal da comarca W, em 1ª instância, por crime de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A denúncia foi recebida pelo juízo, iniciando-se o processo e citando o réu para apresentação de defesa. Diante disso, você, advogado, foi contratado para a defesa do Governador, que lhe indagou se seria possível a ocorrência de seu julgamento por juiz www.trilhante.com.br 11 de 1ª instância, e em caso negativo, pediu que se adotasse a medida judicial cabível a anular o processo antes da prolação da sentença. Após tomar medidas processuais para imputar a incompetência do juízo, este permaneceu inerte, rejeitando as alegações e declarando-se competente. Diante da situação apresentada, redija a peça cabível para cassar o processo em questão. Diante disso, teremos: caso concreto + usurpação de competência + antes do trânsito em julgado. Destarte, também neste caso estão presentes todos os requisitos para a propositura da reclamação constitucional. 3 MODELO DE RECLAMAÇÃO CONSTITUCIONAL www.trilhante.com.br 13 3. Modelo de Reclamação Constitucional PROVA OAB CESPE - 2017.3 Um contingente de servidores públicos do município A, inconformado com a política salarial adotada pelo governo municipal, decidiu, após ter realizado paralisação grevista sem qualquer sucesso, tomar providencias para fazer valer um suposto direitoa reajuste de 15% sobre o vencimento básico percebido. O referido valor corresponderia a um aumento remuneratório real, equiparando ao reajuste obtido, nos últimos três anos, por diversas classes profissionais. Os servidores públicos procuraram a entidade sindical correspondente e esta decidiu ajuizar, na justiça comum, ação ordinária a fim de satisfazer a pleito apresentado. Dada a premência do tempo em ver reconhecido, pelo Judiciário, o reajuste de 15%, a entidade sindical formulou, na própria petição inicial, pedido de antecipação de tutela, sob a alegação de que, na situação, estavam em jogo verbas de caráter nitidamente alimentar, a que reforçaria a necessidade de um provimento judicial mais célere. Ao fazer uma primeira análise, a juiz do feito decidiu indeferir a pedido de tutela antecipada. Após pedido de reconsideração formulado pela entidade sindical, o juiz decidiu reverter seu primeiro posicionamento e optou por deferir o pedido de tutela antecipada, determinando a imediata implementação em folha de pagamento do reajuste de 15% sobre a vencimento básico dos servidores públicos. Inconformado com a decisão judicial, a município decidiu contratar serviços advocatícios para promover as medidas cabíveis e reverter a situação o quanto antes, em virtude do iminente impacto orçamentário do reajuste concedido. O advogado tentou, por todos os modos possíveis, suspender a decisão que concedeu a tutela antecipada no tribunal de justiça competente, sem ter obtido êxito. A antecipação de tutela continua mantida, em toda sua extensão, e o mérito da ação ainda não foi apreciado. Sabe-se que o Supremo Tribunal Federal, no julgamento da ADCMC 4, assim decidiu: “Medida cautelar deferida, em parte, por maioria de votos, para se suspender, “ex nunc”, e com efeito vinculante, até o julgamento final da ação, a concessão de tutela antecipada contra a Fazenda Pública, que tenha por pressuposto a constitucionalidade ou inconstitucionalidade do Art. 1º da Lei nº. 9.494, de 10/9/1997, sustando-se, igualmente “ex nunc”, os efeitos futuros das decisões já proferidas, nesse sentido”. Diante da situação hipotética apresentada, na condição de advogado do município A, redija a peça judicial apropriada para o caso, a ser apresentada ao órgão judicial competente, com os argumentos que reputar pertinentes. www.trilhante.com.br 14 ESTRUTURAÇÃO DA PEÇA: - Resumo dos fatos: Ação ordinária proposta por sindicato de servidores públicos a fim de obter reajuste salarial com pedido de antecipação de tutela (deferida pelo juiz de primeiro grau). - Ação: Reclamação – artigo 102, I, “l”, CF/88 e artigos 156 a 162 do RISTF. Obs.: Pedido de liminar para cassar a decisão proferida. - Competência: Supremo Tribunal Federal – artigo 102, I, “a”, CF/88. - Legitimidade Ativa: Município A. - Legitimidade Passiva: Juízo monocrático da seção judiciária do Estado. - Fundamentos: art. 1º da Lei 9.494/97 e art. 5º da Lei 4.348/64. Não é cabível tutela antecipada e concessão de liminar visando ao aumento ou extensão de vantagens de servidor público. Ainda, artigos 5º, II, 37, 61 e 167 da CF/88 (legalidade orçamentária, separação entre os poderes). - Ao final: ratificação da liminar deferida para garantir a autoridade da decisão proferida pela STF. Valor da causa. Nesses termos, pede e espera deferimento. Local e data. Advogado/OAB. SUGESTÃO DE RESOLUÇÃO: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO PRESIDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL O Município A, pessoa jurídica de direito público interno, com sede na rua (...), por seu advogado inscrito na OAB/ ... sob nº ..., que esta subscreve (instrumento de mandato anexo), com endereço na (Rua ..., nº..., Bairro...), local indicado para receber intimações (art. 39 do CPC), vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com fundamento no art. 102, I, “l”, da CF/1988, art 988, III, do CPC, arts. 156 a 162 do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal e art. 282 e seguintes do Código de Processo Civil, propor a presente RECLAMAÇÃO CONSTITUCIONAL COM PEDIDO DE LIMINAR em face do Juízo monocrático da seção judiciária do Estado que deferiu o pedido de tutela antecipada, determinando a imediata implementação em folha de pagamento do reajuste de 15% sobre o vencimento básico dos servidores públicos, contrariando decisão deste Supremo Tribunal Federal, consoante os motivos e fatos a seguir aduzidos: I – DA LEGITIMIDADE ATIVA E PASSIVA A legitimidade ativa para a reclamação é da parte interessada, atingida pela decisão ou ato impugnado, conforme se depreende do art. 988, caput, do Código de Processo www.trilhante.com.br 15 Civil. Por sua vez, a legitimidade passiva está relacionada ao autor da decisão ou ato impugnado e, para fins do art. 989, III, do CPC, ao seu beneficiário. II – DOS FATOS A entidade sindical de servidores públicos municipais ajuizou ação ordinária a fim de obter um reajuste salarial em 15% (quinze por cento) sobre o vencimento básico percebido, considerando a política salarial adotada pelo governo municipal, principalmente pelo valor correspondente a um aumento remuneratório real, equiparando ao reajuste obtido, nos últimos três anos, por diversas classes profissionais. O juízo monocrático, ao apreciar o pedido de tutela antecipada, a princípio, indeferiu-o, tendo, posteriormente, em razão de pedido de reconsideração formulado pela entidade sindical, revertido a decisão, optando pelo deferimento do pedido de tutela antecipada com a consequente implantação imediata em folha de pagamento do reajuste de 15% (quinze por cento) sobre o vencimento básico dos servidores. O Tribunal de Justiça do Estado, ao apreciar o recurso interposto da referida decisão concessiva da liminar, entendeu por mantê-la. III - DO DIREITO De acordo com o art. 102, inciso I, “l”, da Constituição Federal vigente, compete precipuamente ao Supremo Tribunal Federal a guarda da Constituição, cabendo-lhe processar e julgar originariamente a reclamação para a preservação de sua competência e a garantia da autoridade de suas decisões. No caso relatado, ficou evidente que foi violada a garantia da autoridade de decisão do Supremo Tribunal Federal. Diante do exposto, a Reclamada (juízo monocrático), ao conceder a tutela antecipada para ser feito o reajuste dos servidores públicos municipais vinculados à entidade sindical, desconsiderou o pronunciamento proferido no âmbito do Egrégio Tribunal em que se reconheceu, como visto, a impossibilidade de concessão de liminares contra a Fazenda Pública que tenha como pressuposto a constitucionalidade ou inconstitucionalidade do art. 1° da Lei n° 9.494/1997. A decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal na citada ADC 4 vincula todos os órgãos jurisdicionais, justificando o processamento e o julgamento da presente reclamação pelo Egrégio Tribunal, nos termos do art. 102, inciso I, “l”, da Constituição Federal vigente. Da conjugação do art. 1º da Lei n° 9.494/1997 com o art. 5º da Lei nº 4.348/1964, entende- se que não é cabível a tutela antecipada em caso de reclassificação ou equiparação de servidores públicos, ou a concessão de aumento ou extensão de vantagem. www.trilhante.com.br 16 Dessa forma, evidente que liminar concedida age contra legem, por determinar o pagamento contra a Fazenda Pública, além de violar a autoridade deste egrégio tribunal que já havia decidido nesse sentido, pelo que esta reclamação deverá ser julgada procedente. IV - DA LIMINAR Presentes o “fumus boni iuris”, tendo em vista que existe decisão do Supremo Tribunal Federal não admitindo tutela antecipada para fins de reajuste da remuneração de servidores públicos, bem como o “periculum in mora”, pois existe grave lesão aos cofres públicos quando da não observância do pedido ora posto, justifica-se plenamente o pedido de liminar. V - DOS PEDIDOS Em face do exposto, requer o Reclamante que o Egrégio Supremo Tribunal Federal determine: a) a concessão de medida liminar no sentido de cassar a decisãoproferida nos autos da ação ordinária em referência, quando se reconheceu o direito aos servidores vinculados ao Sindicato ao reajuste na ordem de 15% (quinze por cento), em violação expressa a vedação imposta pelo art. 1º da Lei nº 9.494/1997, no intuito de preservar a autoridade da decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal na ADC 4; b) requisição de informações da autoridade a quem é imputada a prática do ato impugnado, no prazo de 10 (dez) dias, nos termos do art. 989, I, do CPC. c) intimação do Sindicato por ser interessado na presente demanda judicial; d) vista ao membro do Ministério Público pelo prazo de 5 (cinco) dias, após o decurso do prazo para informações, nos termos do art. 991, do CPC e) ao julgar o mérito, a confirmação da liminar de cassação da decisão judicial, nos termos requeridos; f) que sejam admitidas as provas, com a subsequente juntada dos documentos. Dá-se à causa, para efeitos fiscais e de alçada, o valor de R$ ( ... ). Nesses termos, pede deferimento. Local e Data. Advogado/OAB www.trilhante.com.br /trilhante /trilhante /trilhante Reclamação Constitucional - Peça Prática
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